terça-feira, 7 de abril de 2009

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-I

I-JESUS CRISTO, O NOVO ADÃO

São Paulo diz que a distorção operada pelo pecado de Adão foi reparada de modo definitivo por Jesus Cristo.

Adão foi infiel ao plano de Deus, colocando a Humanidade no caminho do malogro e do fracasso.
Jesus Cristo, pelo contrário, foi totalmente fiel e por isso se tornou a cabeça de uma Nova Humanidade, diz São Paulo:

“Por isso, se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era velho passou. Eis que tudo se fez novo!

E isto vem de Deus que, em Jesus Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-18).

Jesus Cristo é, na verdade, o Novo Adão que restituiu ao Homem a possibilidade da comunhão com Deus e, portanto, de possuir a Vida Eterna.

Eis o que São Paulo diz na Carta aos Romanos: “De facto, se pela falta de um e por meio de um só homem reinou a morte, com muito mais razão, por meio de um só, Jesus Cristo, hão-de reinar na vida eterna aqueles que recebem em abundância a graça e o dom da justiça (…).

Tal como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só todos foram justificados” (Rm 5, 17-19).

A Redenção, para São Paulo, significa a reconciliação da Humanidade com Deus, graças à fidelidade de Jesus Cristo.

Graças a esta fidelidade, Deus concede-nos o dom do perdão universal, não levando mais em conta os pecados dos homens (2 Cor 5, 17-19).

A carta aos Hebreus vai nesta mesma linha, afirmando que, onde há perdão do pecado, já não há necessidade de oferenda pelos pecados (Heb 10, 18).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-II

II-UM SÓ HOMEM SALVA TODA A HUMANIDADE

Graças à ressurreição de Jesus Cristo, a força que o ressuscitou, isto é, o Espírito Santo, começa a actuar no coração dos seres humanos.

À medida que age em nós como força ressuscitadora também faz de nós filhos de Deus, ao ponto de Cristo se tornar o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

São Paulo vê Jesus como o Servo sofredor por quem Deus toma partido conduzindo-o à vitória da ressurreição.

Graças ao facto de Jesus ser um homem connosco, todos nós fomos feitos participantes da vitória de Cristo.

Não foi fácil para São Paulo afirmar que Jesus era o Filho amado de Deus, uma vez que morrera como um criminoso.

Para os judeus, a morte de Jesus foi a prova clara de que ele é um maldito aos olhos de Deus.
Fazendo com que Jesus morresse daquela maneira, Deus demonstrou que não confirmava as suas pretensões messiânicas.

Por um lado, Jesus morreu sem subir ao trono como anunciam as profecias, a começar pela primeira profecia messiânica (2 Sam 7, 12-16).

Além disso morreu como um criminoso. Esta foi certamente uma das maiores dificuldades que os Apóstolos tiveram de enfrentar perante os judeus.

A solução encontrada pelo Novo Testamento, sobretudo pelo teólogo Paulo, foi recorrer aos textos bíblicos do justo sofredor (Is 52,13-53,12; Sal 21).

Estes textos foram escritos no período do exílio do povo judeu na Babilónia. O povo estava a sofrer a dura prova da servidão e escravatura devido na Babilónia.

Nesta situação, os justos, por quererem ser fiéis às leis do Senhor ainda sofrem mais que os pecadores, os quais se adaptam aos costumes dos pagãos.

Deus não pode ver os justos sofrer e por isso decide libertá-los. Tanto os justos como os pecadores formam o único povo de Deus, isto é, uma totalidade unida de modo orgânico e interactivo.

Eis a razão pela qual Deus, ao libertar os justos, liberta também os pecadores. E foi assim que o sofrimento dos justos se tornou redentor para os pecadores, como diz o profeta Isaías.

Com as suas infidelidades, os pecadores criaram esta situação de sofrimento. Graças à fidelidade dos justos os pecadores vão ser libertos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-III

III-JESUS COMO SERVO SOFREDOR

O sofrimento do justo, portanto, não é inútil, pois Deus toma partido pelos justos quando estes estão em sofrimento.

Por ser um membro unido a todo o povo, o justo é solidário com o mesmo povo. Ao tomar partido pelo justo, Deus liberta-o e glorifica-o e com ele, todo o povo.

Deste modo o sofrimento do justo adquire um efeito redentor. O sofrimento do justo, portanto não é entendido como um sacrifício exigido por Deus para perdoar aos pecadores.

É o contrário, Deus não suporta o sofrimento do justo nem quer sacrifícios humanos. Quando Abraão pensou oferecer o seu filho em sacrifício para dar glória a Deus, o Senhor rejeitou a oferenda de Abraão:

“Abraão construiu um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho, e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha.

Depois, estendendo a mão, agarrou no cutelo para degolar o seu filho. Mas o mensageiro do Senhor gritou-lhe do Céu: “Abraão! Abraão!” Ele respondeu: “Aqui estou.”

O mensageiro disse: “Não levantes a mão contra o menino e não lhe faças qualquer mal” (Gn 22, 9-12).

Deus toma sempre partido pelo justo em sofrimento. Graças ao sofrimento do justo, Deus vai ressuscitar o povo, diz o profeta Ezequiel.

Utiliza a simbologia de um montão de ossos ressequidos que, pouco a pouco se vão cobrindo de carne.

Uma vez revestidos de carne, o Espírito Santo entra neles, fazendo que ganhem vida, tornando-se deste modo um Novo Povo de Deus (Ez 37, 1-14).

Ao tomar partido pelo justo sofredor, Deus ressuscita-o e glorifica-o. Ao mesmo tempo ressuscita e glorifica o povo, pois o justo faz uma união orgânica com ele.

Esta simbologia riquíssima é um terreno fértil para fazer uma leitura redentora dos sofrimentos e da morte de Jesus.

O profeta Isaías e o Salmo vinte e um afirmam que os pecadores, apesar das suas infidelidades, são redimidos, graças à fidelidade e à justiça do Servo sofredor (cf. Is 52, 13-53, 12; Sal 21).

Apoiados nestes textos, São Paulo e os evangelistas, defendem a autenticidade messiânica de Jesus, interpretando os seus sofrimentos e morte à luz do justo sofredor.

É nestes textos que se inspiram os relatos que nos apresentam a figura de Jesus como servo sofredor como vítima de expiação para salvar a Humanidade.

Esta interpretação fazia frente às acusações dos judeus, para quem os sofrimentos e a morte de Jesus eram o sinal de que ele tinha sido um amaldiçoado por Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-IV

IV-JESUS É A CABEÇA DA NOVA CRIAÇÃO

No entanto, para São Paulo e o Novo Testamento, Jesus é sobretudo o Filho amado do Pai que faz de nós membros da Família de Deus.

Ele é a cabeça da Nova criação. Cabe-lhe o papel de Senhor da Humanidade restaurada. Ele é o Novo Adão plenamente fiel, ao contrário do primeiro Adão que foi infiel.

É por esta razão que ele se torna a cabeça do Homem Novo e o princípio de uma Nova Criação (Col 1, 15-20).

Apesar de ser imagem perfeita de Deus, diz a Carta aos Filipenses, Jesus Cristo não reivindicou igual a Deus.

Pelo contrário, assumiu a sua condição de Servo fiel à missão que Deus lhe confiou. Por isso foi exaltado e constituído protótipo e modelo em vista do qual todas as coisas foram criadas e no qual todas encontram a própria plenitude (Flp 2, 6-11).

Assim como pelo Adão infiel veio a perdição, diz a Carta aos Romanos, pelo Adão fiel veio a Redenção do homem pecador (Rm 5, 17-19).

São Paulo diz que a paixão de Jesus obteve a salvação para a Humanidade, pois Deus, ao vê-lo sofrer tomou partido por ele ressuscitando-o.

Ao ressuscitar Jesus, todos nós tomámos parte na sua ressurreição, pois fazemos uma única Humanidade com ele:

“Se nós pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vós dizem que não há ressurreição dos mortos?

Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou” (1 Cor 15, 12-13).

Segundo São Paulo, os seres humanos tornaram-se filhos agradáveis a Deus em Jesus ressuscitado (Rm 3, 25).

Como a Humanidade é uma unidade orgânica, São Paulo insiste que a distorção operada no Homem pelo primeiro Adão é corrigida pelo segundo.

Do primeiro Adão, herdámos a morte. Do segundo herdámos a Vida Eterna através da sua ressurreição.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SÃO PAULO E A REDENÇÃO EM CRISTO-V

V-CRISTO E A FORÇA RESSUSCITADORA DO ESPÍRITO

A força ressuscitadora do Senhor ressuscitado é o Espírito Santo. Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo incorpora na Família de Deus, como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

Devido ao pecado, a divinização do Homem tornou-se redenção, isto é, restauração do homem distorcido pelo pecado e reconciliado com Deus:

Eis as palavras de São Paulo: “Se alguém está em Cristo é uma nova criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que nos resgatou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

A Carta aos Hebreus diz que foi a fidelidade incondicional de Jesus que agradou a Deus Pai (cf. Heb 10, 5-7).

Para entendermos o alcance da nossa salvação em Cristo é importante associarmos a nossa redenção á fidelidade de Jesus Cristo.

A Carta aos Hebreus diz que os cultos do Antigo Testamento não tinham qualquer valor para agradar a Deus.

Com a sua fidelidade, Jesus inaugurou o culto da Nova Aliança, isto é, fazer a vontade de Deus.

Este novo culto é a garantia da nossa salvação, pois a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Foi por este novo culto, diz a Carta aos Hebreus, que nós fomos salvos (Heb 10, 8-10).

No evangelho de São João, Jesus vai nesta mesma linha afirmando à Samaritana que a Nova Aliança não assenta nos cultos do templo de Jerusalém.

O culto que Deus quer, isto é, o culto da Nova Aliança acontece no Espírito e na Verdade.
O templo deste culto é constituído pelos membros da comunidade, diz São Paulo:

“Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor 3, 16-17).

E mais à frente acrescenta: “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus? É por esta razão que vós já não vos pertenceis” (1 Cor 6, 19).

O Culto em Espírito e Verdade acontece, pois, no coração dos crentes unidos de modo orgânico e dinamizados pelo Espírito Santo.

É este o novo culto de que Jesus fala no diálogo com a Samaritana (Jo 4, 21). O Espírito Santo é a Água Viva que Jesus, ao ressuscitar nos dá, diz Jesus noutra passagem do evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

No momento da morte de Jesus, o soldado abriu o coração de Jesus com alanca e logo saiu sangue e Água.

Com esta maneira simbólica de falar, São João quer afirmar que, no momento da morte e ressurreição de Jesus, acontece a difusão do Espírito Santo.

O Espírito Santo, aqui, aparece como a Água Viva de que Jesus falara e como o Sangue da Nova Aliança da Eucaristia (cf. Jo 19, 33-34).

Deus fez um plano para redimir a Humanidade através de Cristo, diz a Carta aos Efésios (Ef 1, 7).
Segundo este plano, acrescenta, Deus conduziu os tempos à sua plenitude, fazendo de Cristo a cabeça da Humanidade restaurada (Ef 1, 9-10).

Graças a Cristo ressuscitado, continua a Carta aos Filipenses, fomos marcados com o selo do Espírito Santo, garantia da nossa Redenção.

É por este Espírito que tomamos parte na herança da vida eterna (Ef 1, 13-14).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 4 de abril de 2009

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-I

I-A IDENTIDADE DO ESPÍRITO SANTO

Os evangelhos sublinham muito claramente a diferença essencial entre o baptismo de João, rito de purificação, e o baptismo que Jesus vinha inaugurar e a que dão o nome de Baptismo no Espírito:

“Depois de mim virá alguém que é maior do que eu. Eu nem sou digno de levar as suas sandálias. Ele vos baptizará no Espírito Santo e no Fogo” (Mt 3, 11).

O Espírito Santo é uma pessoa divina. Com seu jeito maternal de amar, ele anima as relações de amor de Deus Pai com o Filho de Deus.

No nosso íntimo, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos acolhe como irmãos (Rm 8, 14-17).

O Espírito Santo é o grande dom de Cristo ressuscitado. Dizer que o Espírito Santo é um dom não quer dizer que é uma coisa de que alguém possa dispor arbitrariamente.

Dizer que o Espírito Santo é um dom de Deus, significa que é uma pessoa que não actua em nome próprio, mas sim em nome de Deus.

Actua em nome de Deus Pai, conduzindo-nos à filiação divina (Gal 4, 4-7). Habita em nós como num templo, diz a Primeira Carta aos Coríntios:

“Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16). É ele que nos consagra, isto é, capacita para sermos servidores do Evangelho (Act 13, 2; 20, 28).

No nosso íntimo, o Espírito Santo é um apelo permanente à liberdade. Eis o que diz São Paulo: “Onde está o Espírito de Cristo ressuscitado aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-II

II-ESPÍRITO SANTO E A FORÇA DA FÉ

Antes da sua Ascensão, Jesus pede aos apóstolos para permanecerem em Jerusalém, a fim de receberem o Espírito Santo que os vai qualificar levar o Evangelho até aos confins da terra (Act 1, 8).

É o Espírito Santo que nos faz saborear a verdade da ressurreição de Cristo. A primeira Carta aos Coríntios diz que uma pessoa animada pelo Espírito Santo é incapaz de amaldiçoar Jesus ressuscitado.

Do mesmo modo, acrescenta, só uma pessoa animada pelo Espírito Santo é capaz de proclamar Jesus como o Senhor, isto é, o Messias ungido pelo Espírito Santo e sentado à direita de Deus (1 Cor 12, 3).

O Espírito Santo é a força da ressurreição de Cristo a actua em nós. É ele que nos faz compreender o sentido das Escrituras, alimentando em nós a vida cristã de fé, esperança e amor caridade, isto é, o amor ao jeito de Deus.

São Paulo diz que a sua pregação não se apoia na sabedoria humana, mas na manifestação do Espírito Santo, a fim de a fé das suas comunidades se apoiar mas no poder de Deus (1 Cor 2, 4-5).

O profeta Joel dizia que os tempos messiânicos se vão caracterizar pela abundância do Espírito:
“Depois disto derramarei o meu Espírito sobre toda a Humanidade.

Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão. Os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões.

Naquele dia também derramarei o meu Espírito sobre vossos servos e servas” (Jl 3, 1-2). Os Apóstolos vão interpretar a comunicação do Espírito, após a Páscoa, como a realização desta profecia de Joel (cf. Act 2, 16-21).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-III

III-ESPÍRITO SANTO E VIDA CRISTÃ

Os discípulos associavam o baptismo ao perdão dos pecados ao qual se seguia o dom do Espírito:
“Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo para a remissão dos pecados. Depois recebereis o dom do Espírito Santo” (Act 2, 38).

É pelo dom do Espírito Santo, diz São Paulo, que as pessoas estão unidas a Cristo: “Aqueles que não têm o Espírito Santo não pertencem a Cristo (Rm 8, 9).

Ter o Espírito Santo significa ser habitado com a força vital de Deus. São Lucas diz que os que recebem o Espírito Santo são revestidos como o poder do Alto (Lc 24, 49).

Ser revestido por Deus significa estar apto para entrar na festa da Salvação. São João diz que temos de nascer de novo, pois o que nasceu da carne é carne e o que nasceu do Espírito é espírito (Jo 3, 3-6).

O baptismo no Espírito vai gerando em nós um horizonte novo de vida, o qual consiste em ver e saborear as coisas com os critérios de Deus.

É o Espírito Santo que torna eficaz a Palavra de Deus no nosso coração, fazendo que ela realize em nós o seu significado profundo.

E é assim que os crentes vão crescendo na sabedoria que vem do Alto como diz São Paulo. A Carta aos Efésios diz que o baptismo no Espírito nos capacita para vivermos ao jeito de Jesus:

“No que toca à vossa conduta, deveis despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores.

Deveis renovar-vos de acordo com a acção do Espírito Santo que anima as vossas mentes.
Revesti-vos do homem novo criado por Deus em conformidade com Cristo na justiça e na santidade verdadeiras” (Ef 4, 22-24).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-IV


IV-BAPTISMO NO ESPÍRITO E MATURIDADE DE FÉ

Graças ao baptismo no Espírito Santo os mistérios de Deus são-nos revelados, acrescenta São Paulo:

“Foi ainda em Cristo que vós ouvistes a Palavra da verdade, o Evangelho que vos salva. Foi neste Evangelho que acreditastes e, por isso, fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido.

Ele é a garantia da herança que receberemos no dia da redenção, para louvor da glória de Deus” (Ef 1, 13-14).

Ao longo das suas viagens apostólicas, São Paulo encontrou um grupo de pessoas que tinham sido baptizadas por João Baptista, mas que ainda não conheciam a Boa Nova de Jesus Cristo. São Paulo deu-se logo conta que estas pessoas ainda não estavam a viver o baptismo no Espírito.

Foi então que ele tomou a iniciativa de os baptiza em nome de Jesus e impôs-lhes as mãos para que pudessem entrar na dinâmica do baptismo no Espírito (Act 19, 1-6).

O baptismo no Espírito e a celebração litúrgica do baptismo, estando embora relacionados não coincidem.

Podemos distinguir dois aspectos na questão da vida cristã: *A doutrina da Fé que o crente deve cultivar para dar razões da sua esperança às pessoas que o rodeiam.

*E a vivência da Fé, a qual implica um jeito de viver em sintonia com o Espírito Santo que nos vai interpelando e convidando a viver segundo as propostas do Evangelho.

O cristão estará tanto mais apto a viver o baptismo no Espírito quanto melhor conhecer e acolher a presença do Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

RITO BAPTISMAL E BAPTISMO NO ESPÍRITO-V

V-BAPTISMO NO ESPÍRITO E RITO BAPTISMAL

A dinâmica do baptismo no Espírito tem início no momento em que o Espírito Santo encontra condições para explicitar a Palavra de Deus no coração de uma pessoa.

Isto pode acontecer ainda antes de a pessoa ter recebido o rito baptismal. Foi isto que aconteceu na casa de Cornélio, o pagão ao qual Pedro foi anunciar a Palavra de Deus.

Eis as palavras do Livro dos Actos dos Apóstolos: “Ainda Pedro estava a falar, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra.

Os fiéis circuncisos que tinham vindo com Pedro ficaram estupefactos, ao verem que o dom do Espírito Santo fora derramado também sobre os pagãos, pois ouviam-nos falar línguas e glorificar a Deus.

Pedro, então, declarou: “poderá alguém recusar a água do baptismo aos que receberam o Espírito Santo como nós?”.

Pedro, então, ordenou que fossem baptizados em nome do Senhor Jesus Cristo” (Act 10, 44-48).
Também em Paulo o baptismo no Espírito teve início antes da celebração litúrgica do baptismo (Act 9, 18).

Podemos dizer que o baptismo no Espírito começa a partir do momento em que o Espírito Santo explicita a Palavra de Deus no coração dos crentes fazendo germinar a fé, a esperança e a caridade.

A salvação também é para os não cristãos, mas estes não vivem o baptismo no Espírito, pois não conhecem a Palavra de Deus.

“O Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.
Mas vós conhecei-lo porque Ele está convosco e em vós” (Jo 14, 17).

Pelo baptismo no Espírito, os crentes têm um guia e um mestre que os conduz para a Verdade plena:

“Fui-vos revelando estas coisas enquanto permaneci convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).

São Paulo, apesar de teólogo judeu, viveu também a experiência do baptismo no Espírito.
O Espírito Santo fez que lhe caíssem dos olhos uma espécie de escamas que o impediam de compreender e aceitar o mistério de Cristo:

“Então Ananias partiu, entrou na casa indicada, impôs as mãos sobre Saulo e disse: “Saulo, meu irmão, foi o senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho, a fim de recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo”.

Nesse mesmo instante caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e recobrou a vista. Depois, levantou-se e recebeu o baptismo” (Act 9, 17-18).

Tal como aconteceu com Cornélio (Act 10, 48), também São Paulo começou a viver da dinâmica do baptismo no Espírito ainda antes do rito baptismal.

Como vemos, a vivência do baptismo no Espírito é a dinâmica pentecostal da vida cristã.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 1 de abril de 2009

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-I

I-O HOMEM SÓ RESSUSCITA UNIDO A CRISTO

A fé cristã tem como alicerce a Boa Nova de Cristo ressuscitado. Ao anunciar a ressurreição de Jesus Cristo, o cristão também anuncia a Humanidade participa da sua vitória sobre a morte.

Eis o que São Paulo diz na Primeira Carta aos Coríntios: “E quando este corpo corruptível se tiver revestido de incorruptibilidade e este corpo mortal se tiver revestido de imortalidade.

Então cumprir-se-á a palavra da Escritura: “A morte foi tragada pela vitória. Onde está ó morte a tua vitória? Onde está, ó mote, o teu aguilhão?” (1 Cor 15, 54-55).

No evangelho de São João, Jesus garante-nos que a nossa ressurreição será como a sua, pois nós constituímos com ele uma união orgânica.

Eis a palavras de Jesus tal como no-las transmite o evangelho: “Permanecei em mim, que eu permaneço em vós.

Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, esse dá muito fruto” (Jo 15, 4-5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-II


II-O ESPÍRITO SANTO COMO FORÇA RESSUSCITADORA

A força ressuscitadora de Jesus Cristo, isto é, o Espírito Santo, foi-nos comunicada pelo próprio Jesus no momento de ressuscitar.

Jesus prometeu-nos a Água Viva, isto é, o Espírito Santo que nos ressuscita e nos dá a Vida Eterna:

“No dia mais solene da Festa, Jesus disse em voz alta: “Se alguém tem sede venha a mim e beba. Eu tenho uma Água Viva para dar, a qual fará brotar uma nascente de Vida Eterna no coração daqueles que a beberem”.

Jesus referia-se ao Espírito Santo, pois o Espírito ainda não viera por Jesus não ter ressuscitado” (Jo 7, 37-39).

São Paulo diz que nós formamos um corpo do qual Cristo é a cabeça. Graças ao Espírito Santo que anima a nossa união a Cristo, todos nós participamos da sua ressurreição:

“Assim como o corpo é um, apesar de ter muitos membros, assim também Jesus Cristo. De facto, nós fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo, tanto os judeus como os gregos, os escravos ou homens livres.

Todos nós bebemos de um só Espírito (1 Cor 12, 12-13). O evangelho de São João diz que vivemos de Cristo, por estarmos unidos a ele, tal como ele vive do Pai, por estar unido a ele:

“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 57).

O evangelho de São João faz uma comparação de Jesus com a Árvore da Vida, a qual tinha um fruto capaz de dar ávida eterna aos que o comem.

Ao sugerir que Jesus é a Árvore da Vida, São João diz que o fruto desta Árvore é o Espírito Santo, a Água que brota do seu coração e nos dá a Vida Eterna:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (…).

Com efeito, quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele” (Jo 6, 54-56).

Com este texto magnífico, São João está a dizer que a nossa ressurreição está garantida graças à ressurreição de Jesus Cristo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-III

III-IMORTALIDADE E RESSURREIÇÃO

É verdade que os seres humanos, por terem uma interioridade espiritual já são imortais. Mas a ressurreição não se reduz à simples imortalidade.

A ressurreição implica ser vivificado pelo Espírito Santo, a seiva que vem da cepa da videira para os ramos, a fim de os vivificar e tornar fecundos, como disse Jesus (Jo 15, 4-5).

Além da ressurreição de Cristo o evangelho é também a Boa Notícia da nossa ressurreição com ele.

Ressuscitar com Cristo implica a nossa assunção e incorporação na Comunhão da santíssima Trindade.

Podemos dizer que a nossa vida tem sentido na medida em que vivemos para amar e vamos morrendo por amor, isto é, à medida que nos vamos gastando pelas causas do amor.

Podemos dizer que o amor é uma dinâmica de bem-querer que vale tanto para viver como para morrer.

Ao dar-nos o mandamento do amor, Jesus estava a indicar-nos o caminho que nos conduz à plenitude da Vida.

A plenitude da Vida consiste em ser assumido no regaço da Santíssima Trindade. Como Árvore da Vida, Jesus dá-nos o fruto da Vida Eterna.

No momento da sua morte e ressurreição, abriu-nos as portas do Paraíso. É isto mesmo que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição:

“Em verdade te digo:”hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43). Jesus é o Novo Adão que abre as portas que tinham sido fechadas a Adão (Gn 3, 23-24).

A ressurreição de Cristo é a garantia de que a meta para a qual estamos a caminhar não é o vazio da morte, mas sim a Vida Eterna.

Não basta a pessoa ser imortal para atingir a plenitude da vida. Na verdade, se houver pessoas em estado de inferno, estas são imortais, mas não possuem a Vida Eterna.

São Paulo diz que por Adão veio a morte e por Cristo, o Novo Adão, veio a Vida Eterna (Rm 5, 18).

É verdade que só ressuscita o que em nós é imortal. Mas a simples imortalidade, só por si, não chega para participarmos na plenitude da vida eterna com Cristo ressuscitador.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PARTICIPAR NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO-IV

IV-A POSSIBILIDADE DA RESSURREIÇÃO COM CRISTO

Com o aparecimento do Homem sobre a terra, as sementes de vida espiritual germinaram no Universo e a Criação atingiu a plena possibilidade de comungar com o Criador.

Esta possibilidade radica no facto e a Humanidade ser pessoas e a Divindade também. A Divindade é uma comunhão orgânica e dinâmica de três pessoas.

A Humanidade está a emergir de modo concreto em cada ser humano e a convergir para a comunhão orgânica e dinâmica das pessoas divinas com as humanas.

Graças à Encarnação, o Filho de Deus uniu-se de modo orgânico à Humanidade, criando assim as condições para a ressurreição Universal em Cristo.

Podemos dizer que só não participa na plenitude da ressurreição com Cristo a pessoa que se estrutura em atitude de recusa progressiva ao Amor.

Ao criar-nos, diz São Paulo, Deus predestinou-nos para sermos conformes com o Seu Filho, a fim de este ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

Isto significa que estamos talhados para a Comunhão Universal da Família de Deus. Ao falar da morte, o cristão não pode deixar de anunciar a sua esperança na ressurreição de Cristo e na nossa ressurreição com ele.

São Paulo diz que a nossa ressurreição e a de Cristo são uma só dinâmica que funciona de modo orgânico.

Eis o que ele diz na Primeira Carta aos Coríntios: “Ora, se nós anunciamos Cristo ressuscitado, como é que alguns de vós dizem que não há ressurreição dos mortos?

Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou é
vã a nossa pregação e a vossa fé não tem fundamento” (1 Cor 15, 12-14).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

domingo, 29 de março de 2009

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-I

I-ANTES DE NOS CRIAR, DEUS FALOU SOBRE NÓS

O Livro do Génesis diz que Deus, ainda antes de criar o Homem, dialogou sobre ele: “Depois, Deus disse:

“Façamos o Homem à nossa imagem e à nossa semelhança, a fim de dominar sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra.

Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele os criou homem e mulher.
Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos. Enchei e dominai a terra” (Gn 1, 26-28).

Deus é no seu íntimo diálogo e comunicação. Na verdade, nós podemos dizer que Deus, por ser uma trindade de pessoas é por essência interacção amorosa e diálogo.

Este amor eterno de Deus concretiza-se na história de cada pessoa com matizes de uma ternura inefável.

Jesus é o rosto desta ternura inefável de Deus pela Humanidade. Pelo mistério da Encarnação, o Filho de Deus assumiu amissão de exprimir a maravilha do amor de Deus pela Humanidade.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-II

II-JESUS AMA-NOS AO JEITO DE DEUS

Os evangelhos dizem que Jesus exprimiu dos mais diversos modos a sua intenção de actuar em total harmonia com a vontade de Deus.

Eis algumas das suas afirmações sobre o seu propósito de exprimir e realizar a vontade de Deus Pai:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

“Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30).


“O pai não me deixa sozinho, pois eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8, 29).

“O mundo vai saber que eu amo o Pai e faço tudo como ele me ordenou” (Jo 14, 31).

De tal modo a vontade do Filho de Deus estava em sintonia com a vontade de Deus Pai que Jesus disse o seguinte: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Jesus procurava concretizar a salvação das pessoas, pois sabia ser esta a vontade do Pai:

“Não é da vontade do vosso Pai que está nos Céus, que um destes pequeninos se perca” (Mt 18, 14).

A terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito santo, ocupa um lugar central neste diálogo familiar e na comunhão da Trindade Divina.

Como amor maternal de Deus, o Espírito Santo é o princípio animador de relações e vínculo maternal de comunhão orgânica.

Podemos dizer que o Espírito Santo é o ponto de convergência familiar da Santíssima Trindade.

Isto quer dizer que ele inspira a constante novidade do dom paternal de Deus Pai para com o seu Filho e a resposta amorosa deste em relação ao seu Pai.

Por outras palavras, com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo sugere a Deus Pai matizes novos para amar o seu Filho.

Do mesmo modo sugere ao Filho de Deus novos jeitos de responder ao dom inefável do Pai e, juntamente com isto, sugere-lhe que acolha os seres humanos como irmãos, a fim de o Pai nos acolher como filhos (Rm 8, 14-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-III

III-FAZEMOS PARTE DO DIÁLOGO CRIADOR DE DEUS

O plano criador e salvador de Deus, portanto, faz parte do próprio diálogo amoroso da Santíssima Trindade.

O Espírito Santo é também o vínculo que une e alimenta a comunhão orgânica no mistério da Encarnação.

A partir da ressurreição de Cristo, nós ficamos a ser dinamizados de modo intrínseco pelo Espírito Santo.

Graças a esta interacção nova, a Vida Divina passou a circular nos nossos corações. Como Jesus disse à Samaritana, o Espírito Santo é a Água Viva que faz jorrar em nós rios de Vida Eterna.

Deste modo o Espírito Santo é o sangue da Nova e Eterna Aliança, isto é, o portador da Vida de Deus para o Homem Novo reconciliado com Deus em Cristo (2 Cor 5, 17-19).

É como a seiva da laranjeira robusta na qual foi enxertado o ramo frágil e doente d e um limoeiro.
Graças à seiva que circula da laranjeira para o limoeiro, este volta a ficar robusto e a dar limões de excelente qualidade.

Graças ao mistério da Encarnação, o divino enxertou-se em Jesus, o qual se tornou a laranjeira robusta da qual vem a seiva para todos nós, ramos frágeis do limoeiro.

Deste modo, os frutos de vida que vamos produzindo, são resultado da seiva divina a circular nas “veias” interiores do nosso ser espiritual.

Eis as palavras de Jesus: “Permanecei em mim, que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos.

Do mesmo modo ele alimenta a união orgânica que nos liga a Jesus Cristo, o único caminho para chegarmos ao Pai:

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6).

No evangelho de São Lucas Jesus explica esta mesma verdade de maneira muito bonita quando diz:

“Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho achar por bem revelar-lho” (Lc 10, 22).

Graças ao facto de fazermos um todo orgânico com Cristo fomos incorporados na comunhão familiar de Deus.

E graças à interacção intrínseca que existe entre nós e o Espírito Santo, nós formamos uma união orgânica com Deus.

Pela Encarnação, diz o evangelho de São João, Foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Pela ressurreição de Jesus, acrescenta São João, nós fazemos uma união orgânica com Deus, formando a Família Divina (Jo 17, 21-23).

O Espírito Santo é, realmente, o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-IV

IV-DEUS AMOU-NOS ANTES DE NÓS O PODERMOS AMAR

Deus não esteve à espera que o Homem fosse bom para o amar. Pelo contrário, ama-nos de modo incondicional e concede-nos o dom do Espírito Santo, a fim de nos configurar com o Filho de Deus, diz São Paulo:

“Porque àqueles que Deus conheceu por antecipação também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que ele é o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

Graças a esta interacção que nos une com o Espírito Santo, nós somos introduzidos no próprio diálogo da Santíssima Trindade em forma de oração:

“Deste modo, o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos pedir e dialogar de modo adequado.

Mas o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis. E o Pai que examina os corações conhece as intenções do Espírito Santo, pois é de acordo com o sentir de Deus que o Espírito Santo intercede por nós” (Rm 8, 26-27).

É difícil explicar de modo mais bonito o papel activo do Espírito Santo nesta união orgânica e dinâmica que une o Homem com Deus.

Podemos dizer que o Espírito Santo é o coração da convergência familiar da Santíssima Trindade e o impulso gerador de fraternidade entre as pessoas humanas.

É por ele que entramos no diálogo da Santíssima Trindade, como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação a Deus Filho.

Eis a razão pela qual quando oramos no Espírito Santo estamos a dialogar com Deus em termos de comunicação familiar.

Na verdade, a nossa comunicação com Deus só é adequada quando acontece no Espírito Santo.
É no Espírito Santo que Deus Pai comunica connosco e nos revela o seu jeito de ser Pai:

Pai justo e amoroso.
Pai misericordioso e paciente.
Pai amável e solícito.
Pai acolhedor e sempre disposto a perdoar.
Pai fiel que ama a Verdade e a Justiça.
Pai responsável, protector, atento e amigo.

O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus.
Com seu jeito maternal de amar, ele é em nós uma presença compreensiva,
Pronta a servir; dedicada, generosa e gratuita.

Está sempre atento e disposto a aperfeiçoar os elos de comunhão com Deus Pai. Faz-nos exultar como filhos agradecidos, como aconteceu com Jesus.

Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Nesse mesmo instante, Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos simples e pequeninos. Sim, Pai, porque foi este o teu agrado” (Lc 10, 21).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR DE DEUS POR NÓS É ETERNO-V

V-O ESPÍRITO SANTO E O AMOR DE DEUS

Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo é o consolador que nos dá ânimo e consagra para a missão de anunciar a Boa Nova da Salvação em Cristo Ressuscitado.

É o vínculo maternal que nos liga de modo orgânico a Cristo, fazendo de nós membros do corpo cuja cabeça é Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27).

É pelo Espírito Santo que nascemos de novo para a Família Divina (Jo 3, 3-6). Ele é a semente da vida divina em nós (1 Jo 3, 9). É o grande dom do Pai do Céu (Lc 11, 13),

Ele é o Consolador que nos inspira nos momentos de grande aflição, como diz Jesus no evangelho de São Mateus (Mt 10, 20).

É Ele que nos capacita e dá força para testemunharmos Cristo ressuscitado (Act 4, 31). Como Espírito da Verdade, ele ajuda-nos a compreender o sentido da Palavra de Deus, conduzindo-nos para a verdade plena:

“Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a verdade plena” (Jo, 16, 13). A Carta aos Efésios diz-nos que é o Espírito Santo quem nos faz compreender o plano salvador de Deus (Ef 3, 3-5).

Faz cair dos olhos da nossa mente as sombras que nos impedem de ver com clareza a verdade de Deus e do Homem.

Estas sombras são para a mente o que as cataratas são para os olhos, obstáculos que nos impedem de ver o essencial.

O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que o Espírito Santo fez cair dos olhos de São Paulo umas escamas que o impediam de ver a ver de Jesus ressuscitado (Act 9,18).

É no Espírito Santo que o Filho de Deus se comunica connosco e nos revela o seu jeito especial de ser nosso irmão:

Irmão generoso e solidário, companheiro fiel sempre disposto a partilhar connosco. Nas dificuldades, nunca hesita em ser para nós apoio e ajuda solícita.

É um irmão leal e verdadeiro. Irmão sempre disposto a partilhar connosco o melhor de si.
Nunca faz alarde da ajuda que nos presta e das coisas boas que partilha connosco.

A comunhão familiar na qual fomos integrados por Cristo ressuscitado é dinamizada pelo Espírito Santo, o sangue de Deus a circular no coração de cada um de nós.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 26 de março de 2009

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-I

I-A FÉ CRISTÃ COMO EXPERIÊNCIA

Podemos dizer que a fé cristã é um jeito de viver que resulta do encontro com o Cristo ressuscitado no nosso íntimo.

Este encontro acontece pelo Espírito Santo que, com seu jeito maternal de amar, cria uma interacção espiritual entre nós e o Senhor ressuscitado.

São Paulo diz que ninguém é capaz de reconhecer Jesus como o Senhor ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

Na verdade, o Espírito Santo habita no nosso coração como num templo, diz a Primeira Carta aos Coríntios:

“Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus e por isso já não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 19).

A nossa fé confere-nos horizontes mentais amplos e profundos para olharmos as coisas com os critérios de Deus.

Ao mesmo tempo capacita-nos para agirmos com a segurança própria de quem sabe que o próprio Deus está consigo, para si e por si.

Para terem uma fé cristã adulta, os crentes precisam de cultivar os conteúdos da mesma fé.

De facto, uma coisa é esforçar-se por ser uma pessoa boa, outra coisa bem diferente é esforçar-se por possuir uma fé cristã adulta.

No entanto, a nossa fé não se esgota nos seus conteúdos doutrinais. Um crente que tome Deus e os conteúdos da Fé a sério, procura exercitar e experimentar a verdade dessa mesma fé.

Na verdade, se a doutrina da fé é verdadeira, então tem de ser eficaz no concreto da vida, isto é,
tem de dar frutos de veracidade.

Por outras palavras, os cristãos que tomam Deus e a fé a sério decidem correr riscos e apostar.
É este o conselho que nos dá a Carta aos Efésios quando afirma:

“Não andeis como os gentios, na futilidade dos seus pensamentos, com o entendimento obscurecido, alienados da vida de Deus devido à ignorância e dureza de coração” (Ef.4,18).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-II

II-EFEITOS LIBERTADORES DO EXERCÍCIO DA FÉ

A veracidade da fé experimenta-se na interacção entre o cristão e Deus mediante a acção do Espírito Santo.

A nossa interioridade pessoal é um manancial de energias espirituais, as quais formam uma identidade pessoal.

Quando acontece a interacção entre a nossa interioridade pessoal e o Espírito Santo, acontecem maravilhas em nosso favor e em favor daqueles que se cruzam connosco.

Na verdade, as nossas energias espirituais são dinamizadas e optimizadas pela acção do Espírito Santo e a luz da Palavra de Deus.

Isto quer dizer que o ponto de encontro entre nós e Deus é o nosso coração. Por outro lado, este encontro acontece como interacção entre nós e o Espírito Santo, exercendo em nós um efeito libertador.

É este o dinamismo no qual acontece o milagre. Com efeito, não há milagre sem fé nem acontece sem interacção entre o ser humano e Deus.

Jesus declarou que os ritos e cultos não têm qualquer valor salvífico. O culto que liberta não é feito de ritos vazios sem valor mas aquele que acontece como interacção com o Espírito da Verdade:

“Deus é espírito e os que o adoram devem adorá-lo em Espírito e Verdade” (Jo.4,24). A nossa fé garante-nos que Deus é a origem e a cúpula das forças espirituais do Universo.

Se pelos ensinamentos da fé acredito que Deus está em mim e por mim, então vou confiar e agir em conformidade com estas verdades. É isto o exercício da fé!

Deus é amor omnipotente. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem as pessoas e como meta a comunhão.

Se Deus está em mim, então o amor omnipotente está em mim.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-III

III-A FÉ E A FORÇA DOS MILAGRES

A Divindade é uma emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em convergência de comunhão amorosa.

Se o dinamismo espiritual que criou o Universo está ao meu alcance, então o melhor está ao meu alcance.

São Paulo estava convencido desta verdade quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações.

Se nos prepararmos para acolher o melhor, então o melhor está ao nosso alcance. Esta certeza é legítima para os crentes que tomam Deus e a fé a sério.

Como vimos mais acima, a fé é fundamental para acontecer interacção entre a pessoa humana e Deus.

Os nossos pensamentos, emoções e decisões são a força que determina em grande parte o que vamos ser.

A Fé é que nos confere estes horizontes e a capacidade de conseguirmos o melhor, como diz o
evangelho de São Marcos:

“Se acreditas, todas as coisas são possíveis para o que acredita” (Mc.9,23). A fé converte-nos em crentes, capacitando-nos para as nossas realizações aconteçam de modo a acontecer o melhor para nós.

Lembremo-nos de que a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.
No evangelho de São Marcos, Jesus dá-nos a garantia do sucesso pleno dos que acreditam e tomam Deus a sério:

“Todas as coisas são possíveis para aquele que acredita” (Mc.9,23). Jesus repete esta ideia no evangelho de São Mateus quando afirma:

“Se tiveres fé nada será impossível para ti” (Mt 17, 21). A Fé capacita-nos para tudo podermos em Deus: “Faça-se segundo a tua fé” (Mt 9, 29).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

A FÉ COMO JEITO DE VIVER E COMUNICAR-IV

IV-A FÉ OPTIMIZA AS POSSIBILIDADES HUMANAS

Podemos ter a certeza de que muita gente é derrotada pela vida, não por falta de habilidade ou competência, mas por falta de confiança, entusiasmo e fé.

A fé dinamiza as nossas forças espirituais, as quais formam o núcleo da nossa personalidade.

Quando realizamos o exercício de Fé, o nosso pensamento e a nossa acção ficam em sintonia com Deus:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir sobre a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12, 2).

Como vemos é possível atingir os objectivos que mais nos encantam e concretizar os sonhos que queríamos realizar.

Mas isto só é possível se estivermos conscientes dos objectivos que queremos atingir e dos sonhos que desejamos realizar.

Por outras palavras, Deus não nos substitui. Está connosco, mas não em nosso lugar. Com Deus podemos realizar o melhor dos nossos talentos e possibilidades, mas nada disto poderá ser feito se não soubermos onde queremos ir.

Eis a razão pela qual é tão importante criar espaços de diálogo com Deus sobre os nossos planos e objectivos.

Eis o que a Carta aos Gálatas diz a este respeito: “Se vivemos pelo Espírito, pautemos também a nossa vida pelo Espírito” (Gal 5, 25).

Se tomarmos Deus e a nossa fé a sério, a força de Deus fica ao nosso dispor e nós podemos realizar maravilhas como Jesus ensinava:

“Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: “Tira-te daí e lança-te ao mar.

E se ao fazer isto acreditar firmemente e não vacilar no seu coração, isto acontecerá” (Mc 11, 22-23). Isto quer dizer que mediante o exercício da fé temos acesso à força de Deus.

Os evangelhos dizem que os apóstolos várias vezes deram provas de não serem capazes de passar da doutrina da fé ao exercício da mesma fé:

Certo dia, Pedro quis caminhar ao lado de Jesus sobre as águas, símbolo dos problemas e dificuldades da vida.

Como a sua fé começou a fracassar, Pedro começou a afundar-se. Então Jesus disse-lhe:
“Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14, 31).

A fé é um dado fundamental neste processo processo de comunhão com Deus. Quando Jesus foi a Nazaré, diz o evangelho de São Mateus, não fez lá muitos milagres pela falta de fé dos seus conterrâneos:

“E não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles” (Mt 15,38; cf. Mc 6, 6). Por vezes uma missão parece-nos fácil. Outras vezes parece-nos muito difícil.

Normalmente isto não depende do tipo de missão, mas do modo como estamos a viver a
presença e a união com Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 23 de março de 2009

A ARTE DE MOLDAR O HOMEM NOVO-I

I-O HOMEM NOVO GERA PAZ

Nos seus ensinamentos, Jesus comunicou os critérios e os valores essenciais para nós moldarmos o Homem Novo segundo o coração de Deus.

Eis alguns critérios e valores essenciais para edificarmos o Homem Novo configurado com Cristo:
Aprender a viver e a tirar partido de coisas de que não gostamos e que não podemos mudar.

É muito importante a pessoa saber aceitar-se, apesar das suas limitações. O Homem Novo é um ser em Construção e não um super-homem.

É importante que a pessoa saiba alimentar pensamentos construtivos e partilhar com os outros uma visão positiva da vida.

O Homem Novo é um facilitador a humanização dos irmãos. O Homem Novo emerge num clima de relações honestas consigo e com os outros.

É importante habituar-se a enfrentar as dificuldades com confiança. Numa vida de sucesso há sempre fracassos e dificuldades pelo meio.

O Homem Novo procura realizar-se com os talentos que tem e não anda sempre a comparar-se com os outros.

A pessoa só pode realizar-se com os seus próprios talentos. A pessoa que pretende realizar-se com os talentos do outro será uma pessoa fracassada.

Na verdade, o leque dos talentos varia de pessoa para pessoa, pois cada pessoa é única, original e irrepetível.

Não nos devemos deixar esmagar com situações cuja solução não está nas nossas mãos. Não será feliz quem não aprende a partilhar com os outros o seu tempo, os seus bens e o seu saber.

É importante cultivar o sentido de humor, impedindo que os pensamentos negativos nos dominem.

Não nos devemos esquecer de cuidar de nós. Quem não gosta de si não conseguirá gostar dos outros.

Ajudemos os outros sempre que se nos ofereçam ocasiões para o fazer. Procuremos manter-nos o mais possível calmos, evitando situações de stress.

Procuremos ser moderados na comida e na bebida. Nas relações com os outros procuremos adoptar sempre uma atitude discreta e humilde.

A humildade é a capacidade de se aceitar como tal como é, e saber situar-se de modo adequado e verdadeiro em sociedade.

O Homem Novo é uma Pessoa que sabe escutar as mensagens que os outros nos querem transmitir, a fim de os poder entender.

O Homem Novo procura estar sempre actualizados nos assuntos que fazem parte do seu trabalho ou missão.

Após um fracasso, o Homem Novo sabe sempre partir para outra. As mudanças trazem com frequência novas possibilidades de crescimento e realização pessoal.

A pessoa humana será tanto mais Homem Novo quanto mais viver a vida com paixão. Isto quer dizer que a mediocridade não faz emergir o Homem Novo.

O Homem Novo sabe respeitar os outros como gosta de ser respeitado por eles.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE MOLDAR O HOMEM NOVO-II

II-O HOMEM NOVO E AS RIQUEZAS

O Homem Novo não tem como objectivo de vida o simples o amontoar de riquezas. Lembremo-nos de que a fonte da felicidade é o amor, não o dinheiro.

Isto quer dizer que as pessoas que têm muito dinheiro, se quiserem ser felizes, têm de pôr o dinheiro ao serviço do amor.

O Homem Novo sabe aplicar os seus bens ao serviço da sua realização pessoal e da fraternidade.
Sabe cultivar o sentido de partilha com os mais pobres.

O Homem Novo é uma pessoa profundamente sensata. m relação ao ter, ele não pretende ter demasiadas coisas, pois quando são muitas não as pode usufruir nem dominar completamente.

Ter muitas coisas torna as pessoas ansiosas, preocupadas e muitas vezes desconfiadas.
Procuremos ser gratos para com os outros, aceitando os seus dons e as oportunidades de realização que eles nos oferecem.

O Homem Novo sabe elaborar objectivos de vida e procura realizá-los numa linha de fidelidade a si mesmo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias