sexta-feira, 12 de junho de 2009

A FÉ E OS MISTÉRIOS DE DEUS E DO HOMEM-III


III-REVELAÇÃO E CRIAÇÃO DO HOMEM

O Livro do Génesis diz que a criação do Homem mereceu uma atenção especial graças à qual, o Homem se tornou um interlocutor de Deus.

“Então o Senhor Deus formou o Homem do pó da Terra e insuflou-lhe o sopro da vida. E o Homem transformou-se um ser vivo” (Gn 2, 7).

Jesus Cristo, depois da sua ressurreição, repete o gesto primordial da comunicação do Espírito:
“Em seguida, soprou sobre ele e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20, 22).

O primeiro sopro inaugura a marcha da humanização do Homem.O segundo é o sopro da plenitude, o qual inicia a divinização do mesmo Homem.

Estas afirmações querem dizer que Deus faz história com o Homem. Nesta interacção histórica de Deus com o Homem, o Espírito Santo aparece como a pessoa divina que tem a missão de estar presente na marcha da História Humana.

Através desta missão histórica do Espírito Santo, Deus age, não apenas como criador, mas também como presença salvadora.

O Espírito Santo intervém no sentido de ajudar o Homem a optar na linha do amor, condição essencial para acontecer a humanização das pessoas e das sociedades.

A criação é um processo dinâmico e progressivo, no qual existe lógica, ordem e intencionalidade. Isto quer dizer que a Criação não é fruto do acaso.

Com a emergência de seres pessoais, o Universo torna-se irreversível, eterno e capaz de viver uma aliança de amor com Deus.

Por outras palavras, com o aparecimento do Homem, Deus já tem alguém para fazer uma Aliança de amor.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o Amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Somos habitados pelo amor de Deus desde o primeiro momento da nossa existência. Isto é verdade, tanto a nível pessoal como colectivo.

Bem sentimos como somos habitados pelas pessoas que nos marcaram, sobretudo na nossa infância.

O aprofundamento do mistério humano revela-nos que a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade das relações de amor e comunhão.

A Carta aos efésios diz que fomos talhados para formarmos uma família com Deus mediante Jesus Cristo:

“Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com o plano que, amorosamente, elaborou para nós (…).

Deste modo nos manifestou o mistério da sua vontade e o plano amoroso que tinha estabelecido, a fim de conduzir os tempos à sua plenitude: submeter todas as coisas a Cristo, tanto as do céu como as de terra.

Foi também em Cristo que fomos escolhidos como sua herança, predestinados de acordo com o desígnio que, livremente decidiu para nós” (Ef 1, 5-11).

Para conhecermos em profundidade o mistério do Homem precisamos de conhecer também os mistérios de Jesus Cristo e de Deus.

Na verdade, o conhecimento profundo do Homem não é apenas uma conquista da razão humana, mas também um dom que Deus no concede através da Revelação.

No coração desta revelação de Deus está o facto de a Humanidade formar uma união orgânica com Cristo e, por este facto, os seres humanos são incorporados na comunhão da Família Divina em Cristo (Jo 17, 21-23).

São Paulo diz que todos os que estão unidos a Cristo são uma Nova Criação (2 Cor 5, 17). A assunção da Humanidade na comunhão da Família é o movimento complementar da Encarnação, o enxerto do divino no humano.

À luz da fé cristã a plenitude do Homem acontece mediante a comunhão com Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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