segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

EVANGELIZAR É CONTAR UMA HISTÓRIA DE AMOR-II

II-JESUS EXPRIMIU O JEITO DE DEUS NOS AMAR

Jesus ensinou-nos que Deus Pai, nos ama de modo incondicional.

Na verdade não Deus não estive à espera de que fôssemos bons para gostar de nós.

Na parábola do Filho Pródigo, Jesus ensina-nos que Deus Pai tem um coração cheio de bondade para connosco.

Todas as tardes dizia Jesus, o Pai vinha ao alto da colina, a fim de ver se o filho que tinha fugido estava de regresso.

Num dia de sol, mesmo à tardinha, o Pai avista ao longe o filho que regressa. Com os braços abertos corre ao encontro do filho.

Cheio de ternura beija-o e leva-o para casa, vestindo-lhe o fato da festa (cf. Lc 15, 25-32).

Com esta parábola, Jesus quis ensinar-nos que o Pai nos ama sempre, apesar de sermos pecadores.

O Espírito Santo, no nosso íntimo, ajuda-nos a fazer a experiência deste teu amor por nós.

É também o Espírito Santo que nos dá a sabedoria necessária para anunciarmos aos nossos irmãos este teu amor infinito por todas as pessoas.

Na verdade, evangelizar é anunciar uma história de amor incondicional que diz respeito a todos os homens.

Com efeito, a Palavra Deus projecta uma luz sobre os acontecimentos, ao ponto de mesmo alguns acontecimentos que parecem tirar sentido à vida acabam por ter sentido quando olhados à luz da Vossa Palavra.

Podemos dizer que a Palavra potencia o sentido daquilo que já o tem e confere sentido àquilo que, à simples luz da razão, parece não o ter.

É a revelação que faz emergir no coração e na mente dos crentes a vida teologal, distinguindo-o dos demais crentes pelo modo novo de ver e ajuizar acerca dos acontecimentos.

À medida em que o crente vai cresce nesta vida teologal, torna-se sal, luz e fermento no mundo.

A vida teologal é a sabedoria que emerge no coração dos crentes à medida em que o Espírito Santo nos vai confidenciando os mistérios de Deus.

Pouco a pouco, a revelação de Deus vai respondendo a questões deste tipo: Quem somos? Qual o nosso lugar no plano salvador de Deus? Como é o Deus que nos está criando e salvando em Cristo?

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAR É CONTAR UMA HISTÓRIA DE AMOR-III

III-CRISTO É O PONTO DE ENCONTRO DO HOMEM COM DEUS

No coração da revelação está, pois, o mistério da Encarnação e o sentido que ele tem para a salvação da Humanidade.

Pela revelação nós compreendemos que o divino se enxertou no humano para que este seja divinizado.

Se assim não fosse, a Encarnação seria apenas uma visita que Deus nos fez através da segunda pessoa da Santíssima Trindade.

À luz da fé, a nossa meta para a qual caminhamos é incorporação na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação a Deus Filho.

O sentido máximo da vida humana é, naturalmente, Jesus de Nazaré, um homem em tudo igual a nós excepto no pecado.

Se é homem perfeito quer dizer que faz um todo orgânico connosco.

Um homem só é perfeito na medida em que está interligado com toda a Humanidade.

Se além de ser um homem perfeito, Jesus é ainda o ponto de união do humano com o divino, então a Humanidade está organicamente unida à Divindade.

A plenitude do humano, portanto, é a divinização mediante a assunção e incorporação orgânica na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

É este o sentido profundo que a revelação confere à vida humana.

No entanto, não devemos pensar que Deus nos substitui, fazendo aquilo que nos compete a nós fazer.

Na verdade, Deus apenas diviniza aquilo que o homem humaniza.

A humanização é uma tarefa que compete a cada ser humano e que ninguém pode realizar por nós.

É verdade que começámos por ser aquilo que os outros fizeram de nós.

Dos outros recebemos as possibilidades de humanização ou os talentos.

Mas o mais importante não são os talentos que recebemos, mas a maneira como os fazemos render.

A lei da humanização é: Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal.

A pessoa é, portanto, um ser em construção. Quanto mais emerge em densidade espiritual e capacidade de interagir amorosamente com os outros, mais converge para o todo orgânico que é a Humanidade.

Esta constitui-se como um entretecido orgânico universal onde a riqueza de cada pessoa circula pela totalidade humana.

Entramos de modo activo na Comunhão Universal na medida em que emergimos mediante atitudes, escolhas e opções de amor.

Quem não teve oportunidade de fazer tais opções faz parte desta orgânica mas de modo passivo, isto é, atingindo a sua plenitude humano-divina recebendo mais que dando.

Jesus ensinou aos seus discípulos que é melhor dar que receber (Act 20, 35)

Estas pessoas encontram-se plenamente realizadas na plenitude da comunhão humano-divina, mas recebendo mais do que dando.

A grande tarefa da pessoa, portanto, é a sua humanização, respondendo fielmente aos apelos do Amor.

O poder de Deus é, afinal, o poder do Amor. Se Deus é Amor, então os atributos divinos são apenas os atributos do Amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

EVANGELIZAR É CONTAR UMA HISTÓRIA DE AMOR-IV


IV-A CAMINHO DA COMUNHÃO UNIVERSAL

A Humanidade, apesar de não ser ainda uma comunhão perfeita, está em processo de amorização.

Ainda não é uma plenitude amorosa, mas está a caminhar para lá.

Eis a razão pela qual o Amor é a dinâmica que está a fazer avançar o processo da humanização.

As pessoas vão emergindo como seres livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

É por este motivo que podes dizer que a plenitude da pessoa é a comunhão universal do Reino de Deus.

Nesta comunhão universal ninguém está a mais, pois cada pessoa emerge de modo único, original, e irrepetível.

Quanto mais emergirmos como pessoas na História, mais capazes seremos de participar na plenitude da Comunhão Universal, cujo coração é a Santíssima Trindade.

Com efeito, será eternamente mais divino quem mais se humanizar agora.

Eis a grande síntese da história de amor que o evangelizador tem para contar.

Trata-se de uma história que confere sentido pleno à vida do Homem.

Trata-se de umas história que temos de contar, a fim de ajudar os seres humanos a encontrar razão para viver, gastando a vida pelas causas do amor.

À medida em que o cristão evangeliza está a possibilitar aos seres humanos o conhecimento e a experiência da ternura de Deus por eles.

Ao contar às pessoas esta história do amor de Deus, o evangelizador procura motivar as pessoas a acolher a salvação, permitindo ao Espírito Santo que as conduza para a Comunhão da Família Divina.

Mas devemos saber que a salvação é um dom que a pessoa pode aceitar ou não.

O evangelizador deve motivar as pessoas no sentido de as levar a aceitar com alegria e gratidão a salvação que Deus nos oferece em Cristo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 5 de janeiro de 2008

CHAMADOS A RENASCER-I



I-RENASCIMENTO E VIDA ESPIRITUAL

Nascemos inacabados, a fim de termos a possibilidade de renascer.

Na verdade, fomos criados para que nos criemos. O ser humano não age de modo consciente no parto através do qual nasce para a sociedade.

Por outras palavras não somos os protagonistas do nosso primeiro nascimento.

O segundo nascimento acontece como emergência pessoal-espiritual e tem como meta a comunhão universal da Família de Deus.

Este segundo nascimento não pode acontecer sem nós. Ninguém nos pode substituir nesta tarefa de renascer espiritualmente.

O Criador não nos fez de modo acabado, a fim de podermos renascer como seres livres, conscientes e responsáveis.

É verdade que começamos por ser o que os outros fizeram de nós.

Foi dos demais que recebemos os talentos, isto é, a matéria-prima de que dispomos para nos realizar.

Renascer é crescer na nossa identidade espiritual. Dos outros recebemos a nossa identidade genética, isto é, o nosso ADN.

Com efeito, recebemos a nossa identidade genética no momento da concepção e perdemo-la no cemitério.

A identidade espiritual é fruto das nossas decisões, escolhas e opções.

À medida em que renascemos tornamo-nos pessoas únicas, originais e irrepetíveis.

Na verdade, fomos feitos para nos fazermos, a partir do que recebemos dos demais.

Só assim podemos ter algo de nosso para partilhar na festa da Comunhão Universal, pois nós não nos estamos a fazer para acabarmos no vazio da morte.

Podemos dizer que a nossa vocação fundamental consiste em renascer como pessoas para atingirmos a nossa plenitude na comunhão.

Com efeito, a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão com os outros.

A lei da humanização é assim: emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal.

Nascemos com a possibilidade de amar. Recorrendo à imagem bíblica do barro primordial, diríamos que nascemos como um barro modelado, tendo no nosso íntimo um coração capaz de eleger o outro com alvo de bem-querer.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CHAMADOS A RENASCER-II

II-ESPÍRITO SANTO E RENASCIMENTO

Nascemos talhados para amar. Deus deu-nos a possibilidade de realizarmos esta tarefa quando insuflou o hálito da vida no nosso interior, a fim de realizarmos a tarefa da nossa humanização.

Graças à nossa união orgânica com Cristo o processo da nossa humanização culmina na divinização ao sermos incorporados na comunhão da Santíssima Trindade.

A essência da vida pessoal é de ordem espiritual. Por isso podemos dizer com toda a segurança que ser pessoa é ser para sempre.

Renascendo mediante o amor a pessoa humana está a caminhar de modo seguro para a plenitude da Família de Deus: Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus.

O Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Ele é o vínculo maternal de comunhão orgânica e o princípio pessoal que dinamiza as relações de amor e comunhão. É por ele que entramos na Família de Deus (Rm 8, 14-16).

O evangelho de São João, falando da necessidade que temos de renascer diz que o que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito Santo é espiritual (Jo 3, 6).

É verdade que o Espírito Santo não nos substitui no processo do nosso renascimento.

O Espírito Santo está connosco mas não em nosso lugar. Mas ele optimiza as nossas possibilidades de renascer se lhe permitirmos que actue nos nossos corações.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-I


I-O HOMEM E AS INJUSTIÇAS

Apesar dos enormes progressos técnicos e científicos, a fome no mundo continua a matar milhares de pessoas todos os dias.

Devido à subnutrição de muitas populações e camadas sociais mais pobres, estão a surgir novos surtos de antigas epidemias, além de novos surtos de doenças que eliminam milhões de seres humanos.

É chocante ver que enquanto os pobres estão cada vez mais pobres, os ricos exibem luxos e caprichos cada vez mais dispendiosos.

Estas assimetrias não podem continuar a crescer sob pena de a Humanidade a caminhar a passos rápidos para a autodestruição devido a um processo de desumanização.

O Homem ou se humaniza e cresce no sentido da fraternidade ou caminha para a desagregação e a acção destrutiva, tanto a nível das relações com a natureza como a nível das nações, das culturas.

As ciências estão cada vez mais a ser utilizadas no sentido de criar técnicas sofisticadas para matar ou então para servir os interesses mesquinhos dos ricos e dos poderosos.

O egoísmos está a crescer assustadoramente no nosso mundo, gerando sociedades egoístas onde a indiferença e a solidão das pessoas aumentam sem cessar.

As propostas da Palavra de Deus vão numa linha bem diferente: Deus deu a terra ao Homem, a fim deste colocar os seus bem em favor de todos os homens.

O projecto de Deus acerca dos bens da terra vai no sentido de que estes sejam postos ao serviço de todos os homens.

Ao entregar a terra ao Homem, Deus quis que as suas riquezas fossem geridas de modo a produzirem bem-estar para todos os seres humanos.

Isto quer dizer as pessoas que possuem bens têm uma vocação distinta daquelas que não os possuem.

As pessoas que têm riquezas são chamadas por Deus a fazê-las circular em benefício dos que não têm, sob pena de entrarem num processo que vai impedir a sua plena realização e felicidade.

Os evangelhos dizem que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar na Comunhão Universal da Família de Deus.
Esta afirmação e outras parecidas levaram muitas pessoas a pensar que Deus mandava os ricos para o inferno.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-II

II-QUANDO A RIQUEZA GERA POBREZA

Por ser amor, Deus não manda ninguém para a morte eterna. Por este ponto de vista, os ricos podem estar tranquilos.

Mas é importante dizer aos ricos que se recusam a entrar numa dinâmica de comunhão fraterna com os pobres, partilhando as suas riquezas que estão a impedir a sua entrada na plenitude da vida.

Por outras palavras, Deus não condena ninguém, mas as pessoas que vão para a morte eterna condenam-se por sua própria decisão.

Os ricos que se vão enroscando progressivamente nas suas riquezas estão a impedir o processo da sua própria humanização, bloqueando as possibilidades de comunhão.

Não podemos ignorar o facto de que a pessoa faz-se, fazendo. Além disso, é na história que está a construir a sua identidade pessoal-espiritual, a única que é eterna.

Podemos dizer que, no Céu, a pessoa humana dançará eternamente o ritmo do amor com o ritmo que treinou na história.

Para bem dos ricos não podemos deixar de os avisar que a recusa em partilhar os seus bens com os pobres é um pecado.

Ora, o pecado tem consequências pessoais e consequências sociais e históricas.

As consequências pessoais do pecado consistem em que a pessoa vai bloqueando progressivamente o próprio processo da sua humanização.

As consequências sociais e históricas são as estruturas injustas e opressoras que os ricos vão criando, a fim de aumentar o seu poder de enriquecer através do empobrecimento progressivo dos fracos e desprotegidos.

É a lei da selva ao nível da Humanidade: o mais forte, mata, explora e oprime o mais fraco.

É esta a dinâmica da desumanização dos ricos, os quais estão impedindo o desenvolvimento e humanização dos pobres.

Os evangelhos são muito duros em relação aos ricos que se fecham à dinâmica da partilha, o único caminho capaz de gerar abundância.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-III


III-OS BENS E A COMUNHÃO UNIVERSAL

No evangelho de São Lucas, Jesus faz um ensinamento muito sugestivo a este propósito:

“E eu digo-vos: arranjai amigos com o vil dinheiro, a fim de que, quando este faltar, possais ser recebidos por eles na comunhão Eterna.

Quem é fiel no pouco também é fiel no muito e quem é infiel no pouco também é infiel no muito.

Se, pois, não fostes fiéis no que toca ao vil dinheiro, quem vos há-de confiar o verdadeiro bem?” (Lc 16, 9-1).

Isto quer dizer que comungaremos para sempre na festa do Reino de Deus com a qualidade de coração que construirmos agora na história.

A nossa identidade genética, isto é, o nosso ADN, recebemo-la no momento da concepção e perdemo-la no cemitério.

A nossa identidade pessoal-espiritual, pelo contrário, é histórica, pois vai-se construindo de modo gradual e progressivo através das nossas decisões e realizações no sentido do amor.

À luz da fé cristã, os ricos têm no mundo uma vocação especial: partilhar com os pobres, a fim de serem uma mediação do amor e da providência de Deus.

Podemos dizer que nada há de essencialmente errado no que se refere à existência do dinheiro.

Em si mesmo, o dinheiro é uma ferramenta para facilitar a vida das pessoas.

O problema está em que esta ferramenta pode ser fonte de fraternidade ou de fratricídio.

O que as pessoas fazem com o dinheiro mostra realmente o que elas pensam e são em relação a si e aos outros.

Um dia, Jesus disse: “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração (Mt 6, 21).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-IV


IV-RIQUEZAS E DESUMANIZAÇÃO

Quando pomos o nosso dinheiro ao serviço da fraternidade e do amor estamos a sintonizar com o coração do nosso Deus que é Amor (1 Jo 4, 7-8).

Deus convida as pessoas que têm bens a partilharem, a fim de colaborarem com o projecto amoroso de Deus para a Humanidade.

A pobreza e as desigualdades estão a aumentar no mundo, mas isto não tem necessariamente de ser assim.

Jesus ensinou-nos que a partilha é o caminho da abundância.

O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes foi um sinal que Jesus fez para nos ensinar que a partilha faz que os bens cheguem para todos e ainda sobrem (Mt 14, 13-21; Mc 6, 34-44; Lc 9, 10-17).

As pessoas que se recusam a partilhar estão a impedir que a fraternidade e do amor se difundam no mundo através da circulação dos bens.

O projecto de Deus, diz Nossa Senhora no seu canto do Magnificat, é encher de bens os famintos e despedir sem nada os ricos que se recusam a partilhar (Lc 1, 53).

A avareza é uma forma de resistir ao plano de Deus sobre a finalidade dos bens.

Os ricos que se recusam a partilhar, dizem os evangelhos, estão a amontoar tesouros que a traça e o caruncho podem destruir e os ladrões podem roubar, dizem os evangelhos (Mt 6, 19-20; Lc12, 33-34).

Os evangelhos dizem que os avarentos são pessoas insensatas.

Trabalham para encher o celeiro. Depois de o terem enchido, fazem obras para o aumentar.

Estas pessoas têm a morte dos insensatos. Quando julga que está a ficar seguro, diz o evangelho de São Lucas, chega a morte, e despoja-o de tudo o que tinha.

Tudo o que amontoou de nada lhe serviu, pois nem o comeu nem o levou consigo (Lc 12, 13-21).

Para ressaltar a insensatez das pessoas que gastaram a vida a amontoar riquezas, os evangelhos os põem a seguinte questão:

Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se o resultado for o seu malogro e o fracasso da sua existência? (Mt 16, 26; Mc 8, 36; Lc 9, 25).
Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

POBREZA EW D

POBREZA EW D

POBREZA E DESUMANIZAÇÃO-V

V-AS RIQUEZAS NO PLANO DE DEUS

A partilha introduz o ser humano na dinâmica da salvação, como diz o evangelho de São Mateus:

“Vinde benditos de Deus, pois tive fome e sede, estava nu, preso e doente e vós atendestes-me” (Mt 25, 34-45).

São Lucas diz que não há verdadeira conversão dos ricos a Deus se não houver uma mudança de atitude face às riquezas.

São Lucas, diz isto de modo muito claro no relato da conversão de Zaqueu:

“Senhor, eis que dou metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, restituo-lhe o quádruplo” (Lc 19, 8).

Os Actos dos Apóstolos descrevem de modo um tanto ideal o que pode acontecer numa comunidade que se põe a partilhar:

“Não havia entre eles qualquer indigente, pois os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e colocavam o dinheiro aos pés dos apóstolos, a fim de se distribuir a cada um conforme as suas necessidades (Act 4, 32-35).

O pecado dos ricos que se recusam a partilhar radica no facto de que, com o seu procedimento, estão a impedir a humanização dos pobres.

É importante termos consciência de que as pessoas não valem pelo que têm mas pelo que são (Lc 12, 15).

O Evangelho não nos fornece receitas sobre a partilha, pois esta nasce do amor e, como sabemos, o amor não se impõe por decreto.

Por outras palavras, o Evangelho apresenta critérios, mas não dá receitas, pois não há receitas para o amor.

Na verdade, o amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Jesus não se cansava de insistir que as riquezas são perigosa quando começam a bloquear a comunhão com Deus e os irmãos (Lc 12, 16-21).

As riquezas facilmente endurecem o coração, levando as pessoas que as têm a cair na indiferença, ignorando o sofrimento dos que estão em penúria.

Na parábola do rico avarento e do pobre Lázaro, São Lucas acentua que a avareza é um caminho que conduz ao malogro e ao fracasso existencial, o qual pode ter consequências definitivas (Lc 16, 19-31).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO DO HOMEM-I


I-A HUMANIZAÇÃO COMO TAREFA

Como pessoas em construção, os seres humanos foram criados para se criarem.

Nascemos como seres hominizados, isto é, estruturados e capacitados para nos construirmos como pessoas.

Mas a grande tarefa que nos é proposta é a nossa humanização, a qual não pode acontecer sem a nossa participação no processo.

A lei da humanização é: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal”.

A humanização do ser humano é a sua vocação fundamental, isto é, a primeira de todas as vocações.

Falhar neste projecto é malograr a sua razão de ser na História.

Os ensinamentos de Jesus orientavam-se no sentido de interpelar as pessoas a realizar os seus talentos, isto é, a ser fiel às suas possibilidades de humanização (Mt 25, 14-30: cf. Lc 19, 12-27).

Na verdade, a base da divinização do homem é a sua própria humanização.

Por outras palavras, as pessoas humanas terão uma interacção orgânica tanto mais profunda com as pessoas divinas quanto mais se humanizarem na sua marcha histórica.

O processo da humanização capacita o coração da pessoa para acolher os outros como irmãos, condição essencial para comungar na Família Divina.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO DO HOMEM-II

II-CRISTO COMO CABEÇA DO HOMEM NOVO

Jesus é o alicerce da Nova Humanidade reconciliada e a caminhar para a comunhão da Família de Deus.

A Carta aos Efésios, diz que Jesus destruiu os muros dos moralismos e dogmatismos, a fim de poder acontecer a verdadeira humanização do Homem.

Esta não podia acontecer sem serem criadas condições para acontecer a comunhão entre os homens de todas as raças, línguas, povos e nações.

É este o caminho para construir o Homem Novo (Ef 2, 14-16).

São Paulo diz que Jesus é a Cabeça de uma Nova criação, a qual é constituída por homens reconciliados com Deus, onde o pecado é totalmente perdoado (2 Cor 5, 17-19).

O processo da humanização do Homem não pode acontecer sem a intervenção sempre presente do Espírito Santo na vida das pessoas.

Mas isto não é problema, pois o Espírito Santo faz do coração das pessoas que se abrem ao amor um templo onde habita de modo permanente (1 Cor 3, 16-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO DO HOMEM-III

III-PASSOS PARA A HUMANIZAÇÃO

Eis alguns passos fundamentais para acontecer a humanização do ser humano:

À medida em que se humaniza, a pessoa torna-se humilde.

A humildade é a capacidade de a pessoa se relacionar com os outros numa linha de verdade, sabendo situar-se no convívio com os outros de modo correcto e adequado.

Na verdade, ser humilde é ser verdadeiro em relação a si e aos outros.

Ser humilde é aceitar que a pessoa humana, para se realizar, precisa dos outros.

Na verdade, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão.

Não há humanização sem capacidade de diálogo e comunhão com os outros.

As pessoas demasiado enredadas em si só conseguem escutar-se a si e, por isso, não são capazes de sintonizar e comungar com os outros.

O homem humanizado reconhece os próprios erros e sabe que só o amor cura as feridas que o pecado abriu no seu coração e no coração dos irmãos.

O homem de coração humanizado não está sempre a culpar os outros das suas culpas, insatisfações e fracassos.

A pessoa que se empenha na tarefa da humanização não está sempre a julgar os outros e muito menos a culpá-los pelos nossos fracassos.

A pessoa que está sempre a criticar em geral anda a fugir de si e, muitas vezes, a projectar os próprios defeitos na pessoa dos irmãos.

À medida em que se humaniza, a pessoa procura ser amável e serena nas relações com os irmãos.

Procedendo assim está a preparar-se para receber a bênção prometida aos mansos, os quais, disse Jesus, possuirão a terra (Mt 5, 5).

A pessoa humanizada sabe que a amabilidade é a grande arma para desmontar as setas da agressividade com que os outros pretendem destruí-la.

Ter a gentileza de dar a primazia ao outro é uma atitude que gera comunhão.

A pessoa humanizada tem a sabedoria para discernir sobre os momentos oportunos para falar e as melhores ocasiões para saber calar e escutar.

É um excelente sinal de maturidade saber evitar discussões inúteis que só servem para exaltar os ânimos.

Este procedimento não ajuda o processo da humanização das pessoas.

É um excelente sinal de sabedoria e humanização saber reconhecer quando o outro tem razão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO DO HOMEM-IV


IV-HUMANIZAÇÃO E COMUNHÃO COM DEUS

Devemos ter sempre presente que, ao romper com o amor estamos a romper com Deus, pois Deus é amor.

É verdade que, ao romper com Deus, não estamos a impedir que ele continue a amar-nos.

Na verdade, o seu amor de Deus por nós é incondicional.
No entanto, não nos devemos esquecer de que apesar de não conseguirmos impedir que Deus nos ame, podemos impedir a comunhão ele.

De facto, a comunhão assenta na reciprocidade e no amor e não num amor unidireccional.

Por outras palavras, o amor pode ter uma só direcção, mas a comunhão só pode acontecer na reciprocidade amorosa.

O processo da humanização só pode acontecer na medida que a pessoa faça do amor a rocha firme para edificar a sua casa.

A humanização não acontece quando a pessoa falseia a realidade do amor, pretendendo, por exemplo, amar a Deus, mas ignorar o amor aos irmãos.

A bíblia une sempre o amor a Deus com o amor aos irmãos.

A pessoa que está em processo de humanização Treina-se na arte de facilitar a realização dos outros, procurando aceitá-los por eles serem o que são e não por fazerem o que ela gostaria que eles fizessem.

A pessoa humanizada procura comunicar sempre numa linha de verdade e autenticidade.

No trato com os irmãos não está sempre a olhar apenas para os seus interesses pessoais.

A pessoa humanizada não descuida a arte da partilha, ajudando os irmãos a ser mais felizes, não apenas com o seu ter, mas também com o seu ser e o seu saber.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO DO HOMEM-V


V-HUMANIZAÇÃO E FÉ

A pessoa humanizada tem sempre presente de que os outros são um dom de Deus.

Com efeito, os demais são mediações que Deus nos concede para nos realizarmos como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

A pessoa humanizada tem consciência de que a sua realização e felicidade, depende do modo como vive as relações com os outros.

Graças à sabedoria que nos vem da Palavra de Deus, nós sabemos que a nossa plenitude nem sequer pode acontecer sem os outros.

Na verdade, é com os outros que nós faremos parte da Família de Deus, a qual não assenta nos laços do sangue mas sim no vínculo maternal do Espírito Santo.

Lembremo-nos de que não somos bons em tudo. Na verdade, há coisas em que os outros são muito melhores do que nós.

A pessoa humanizada não tem nunca a pretensão de ser a medida dos outros.

Além disso, sente-se agradecida quando sente que os outros estão a ser atentos e respeitadores da sua originalidade e diferença.

A pessoa que tenta controlar e manipular os outros nunca conseguirá ser um ser profundamente humanizado.

Na verdade está a impedir que a Humanidade possa emergir com a sua novidade e diferença no outro.

Na verdade a marcha da humanização assenta no princípio fundamental de que cada pessoa é única, original e irrepetível.

As pessoas que põem o amor e a fraternidade em primeiro plano são uma mediação privilegiada de humanização para nós.

A pessoa que aceita o outro, apesar dos seus defeitos, está a dar passos largos na tarefa da sua humanização.

A pessoa humanizada entende os ensinamentos de Jesus segundo os quais a pessoa tem de lutar contra as forças negativas do pecado, o grande obstáculo ao processo da humanização.

À medida em que se humaniza, a pessoa deixa de alimentar ressentimentos ou planos de vingança em relação aos outros.

A pessoa humanizada não dá coisas para amarrar os outros.

A marcha da humanização conduz ao dom e à comunhão.
Como ternura maternal de Deus a actuar no nosso coração, o Espírito Santo é quem nos incorpora na Família de Deus (Rm 8. 14-17).

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

É ele quem nos ajuda a caminhar de modo seguro nesta arte delicada da nossa humanização, condição essencial para sermos divinizados com Cristo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




sábado, 29 de dezembro de 2007

A ARTE DE SE TORNAR LIVRE-I

I-A LIBERDADE COMO PROJECTO

A liberdade é uma conquista e uma tarefa a realizar. A liberdade é a capacidade de a pessoa se relacionar amorosamente com os outros e interagir criativamente com os acontecimentos e as coisas.

A liberdade não acontece sem decisões na linha do amor e sem atitudes criativas face aos acontecimentos e às coisas.

Com efeito, ser livre é sempre o resultado de uma cadeia de opções, escolhas e decisões na linha do amor.

O ser humano não nasce livre. Mas tem a possibilidade de se realizar como pessoa livre, consciente e responsável.

As pessoas não são peças de artesanato feitas em série. Isto significa que os seres humanos são diferentes na sua identidade e no grau da sua liberdade conquistada.

Esta situação deriva do facto de o ser humano estar em construção histórica. Faz-se, fazendo. Eis a razão pela qual cada pessoa se realiza de modo único, original e irrepetível.

Por outras palavras, a liberdade, tal como a realização pessoal, é fruto de uma vida comprometida.

A pessoa não é igual aos sonhos que tem, pois a pessoa faz-se fazendo.

Podemos dizer que a pessoa é igual aos sonhos e projectos que realiza.

Alguns sonhos não passam de fugas da realidade. A pessoa que se deixa embalar por tais sonhos não se realiza.

E por esta mesma razão não atinge um nível profundo de liberdade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE SE TORNAR LIVRE-II


II-LIBERDADE E LIVRE ARBÍTRIO

Não devemos confundir liberdade com livre arbítrio.
Este é a capacidade psíquica de optar. Mas não basta decidir e optar para sermos livres.

De facto, podemos optar pelo amor ou pelo egoísmo.
Apenas as opções na linha do amor e da criatividade tornam a pessoa livre.

Como capacidade psíquica de optar, o livre arbítrio é a possibilidade de a pessoa humana ser livre.

Mas tudo depende do estilo das nossas opções. Ninguém é capaz de matar a liberdade da pessoa que se tornou livre.

Mas também é verdade que ninguém é capaz de dar a liberdade a uma pessoa.

A sociedade pode prender pessoas livres. Neste caso está a limitar as possibilidades de esta pessoa exercitar a sua liberdade.

Também está a pessoa a impedir de exercitar o seu livre arbítrio e, portanto, condicionar o seu crescimento como ser livre.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE SE TORNAR LIVRE-III


III-A DIMENSÃO ESPIRITUAL DA LIBERDADE

Mas ninguém é capaz de roubar a liberdade de uma pessoa, pois esta é uma dimensão espiritual.

A liberdade pertence à interioridade máxima da esfera espiritual da pessoa.

Jesus disse que quem comete o pecado é escravo do pecado (Jo 8, 34).

O pecado é exactamente o contrário do amor. É a recusa da pessoa humana a realizar-se mediante relações de amor.

Cristo libertou-nos das amarras do medo e deu-nos duas asas fundamentais para voarmos em direcção à liberdade: o Espírito Santo e a Palavra de Deus.

As asas não se nos impõem, mas capacitam-nos para voar.
Os seres humanos voam mais alto se entrarem em sintonia com a força de voar que vem da Palavra de Deus e do Espírito Santo.

Eis o que diz o evangelho de São João: “Se permanecerdes na minha Palavra sereis meus discípulos, tornar-vos-eis conhecedores da verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 31-32).

A Palavra de Deus, por ser a verdade, dá-nos os critérios certos para optarmos e decidirmos na linha do amor, condição fundamental para sermos livres.

A verdade é a compreensão e a enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

No nosso íntimo, Deus é um grito que nos convida a agir de acordo com o amor, a fim de sermos livres.

A liberdade não é uma coisa que possamos dar aos outros, mas podemos facilitar o processo de libertação de uma pessoa.

A afirmação segundo a qual Deus nos dá a liberdade precisa de ser explicada:

Em primeiro lugar é preciso saber que todos os dons de Deus nos são feitos em forma de talentos, isto é, possibilidades de realização.

Esta é uma condição essencial para as dádivas divinas serem dons. Se assim não fosse não seriam dons mas imposições.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE SE TORNAR LIVRE-IV


IV-LIBERDADE E AMOR

Quando decidimos optar na linha do amor emergimos e robustecemo-nos como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

São Paulo diz uma coisa muito importante em relação à liberdade:

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto permanecei e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão (…).
Que a liberdade não sirva de pretexto para vos deixardes subjugar pelo o homem velho.
Pelo contrário, mediante o amor, ponde-vos ao serviço uns dos outros” (Ga 5, 1-13).

É verdade que nem todas as pessoas têm a mesma densidade no que se refere à liberdade.

Eis a razão pela qual São Paulo aconselha as pessoas que têm um nível maior de liberdade a não escandalizarem ou ferirem os mais fracos:

“Mas tende cuidado que a vossa liberdade não venha a ser ocasião de queda para os mais fracos.
Se alguém te vê, a ti que tens a ciência e a liberdade, comer alimentos que foram consagrados aos ídolos, é capaz de se voltar para os ídolos.
Deste modo, pela tua ciência vai perder-se quem é fraco?” (1 Cor 8, 9-10).

A capacidade pessoal de amar é a expressão da liberdade já realizada e o caminho para crescermos mais como pessoas livres.

Não é difícil verificar que em muitas afirmações que ouvimos no dia a dia sobre a liberdade, na realidade as pessoas não estão a falar sobre liberdade mas sobre livre arbítrio, o que não é a mesma coisa.

Na verdade, como vimos, o livre arbítrio não é a liberdade, mas a possibilidade de a pessoa chegar a ser livre.

O livre arbítrio é a capacidade psíquica de a pessoa optar pelo bem ou pelo mal.

Deus é infinitamente livre e, no entanto, não tem livre arbítrio, pois não pode escolher pelo mal.

Como sabemos, a pessoa humana não nasce livre, mas sim com a possibilidade de se tornar livre.

Para se tornar livre, a pessoa tem de realizar opções no sentido do amor.

Ninguém chega a ser livre sem fazer opções. Mas não basta fazer opções para uma pessoa ser livre.

Na verdade, para ser livre, a pessoa tem de optar na linha do amor.

Como sabemos, o pecado é a recusa da pessoa humana a optar no sentido do amor.

Nesta perspectiva podemos compreender como o pecado não só não impede o crescimento da pessoa como ser livre, como também a sua humanização.

Eis as palavras de Jesus a este respeito: "o que comete o pecado é escravo" (Jo 8, 34).

São Lucas afirma no seu evangelho que o Espírito Santo consagrou Jesus, a fim de ele ser agente de libertação do Homem:

"O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos Pobres e a libertação aos cativos" (Lc 4, 18).

A acção do Espírito Santo no coração da pessoa humana optimiza as suas possibilidades de amar e, portanto, de crescer como pessoa livre.

Na medida em que a pessoa deixa o Espírito Santo actuar no seu coração mais as suas opções se tornam semelhantes às de Jesus.

Isto quer dizer que a pessoa que se deixa conduzir pelo Espírito Santo vai-se tornando cada vez mais livre e mais agente de libertação de libertação se torna.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

AS PERFEIÇÕES INFINITAS DE DEUS - I

I-A PERFEIÇÃO DAS PESSOAS DIVINAS

Deus imprimiu os sinais das suas perfeições na Criação, dando-nos a possibilidade de nos elevarmos do nível da Criação para a contemplação do Criador.

Além da natureza, Deus revelou-nos expressamente, através da sua Palavra as perfeições da sua natureza divina.

Jesus foi a expressão mais plena da perfeição e da profundidade do amor de Deus na História.

Um dia, o próprio Jesus convidou os discípulos a amar, ao jeito do próprio Deus.

É verdade que a perfeição de Deus é um ideal inatingível, no entanto é um ponto de referência a convidar-nos a caminhar constantemente em direcção a essa meta.

Deus é infinitamente perfeito nos que se refere às perfeições das três pessoas divinas.

Na verdade, podemos falar separadamente da perfeição infinita do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Além disso, ainda podemos falar da perfeição infinita da natureza divina, a qual é comum às três pessoas.

A nossa fé diz-nos que existe um só Deus, o qual é uma comunhão de três pessoas de perfeição infinita.

Na verdade, o Uno, em Deus, é a comunhão da Santíssima Trindade. As três pessoas são o plural.

Apesar de ser um só Deus, a Divindade não é um sujeito, mas uma comunhão de três pessoas.

É esta a razão pela qual, ao falarmos das perfeições divinas, tanto podemos falar das perfeições próprias de cada uma das pessoas da Santíssima Trindade, como das perfeições da Divindade enquanto comunhão de amor e Deus único.

A nossa fé diz-nos que a maior parte das perfeições em Deus são comuns às três pessoas divinas, como, por exemplo:

A Grandeza infinita, a eternidade, o conhecimento perfeito de todas as coisas, a presença a todo o Universo e a capacidade infinita de amar.

As pessoas divinas não têm limitações ou imperfeições.

As humanas, pelo contrário, têm limitações, tanto a nível corporal, como psíquico ou moral.

Uma das perfeições de Deus que mais se nos impõem é a sua condição eterna. Nunca houve um tempo em que Deus não existisse.

É verdade que os seres humanos, pelo facto de serem pessoas com dimensão espiritual, são imortais, mas ao contrário das pessoas divinas não existem desde sempre.

As pessoas divinas são infinitamente perfeitas. Não podem mudar para melhor, pois são sempre o melhor possível.

As pessoas humanas, pelo contrário, são seres em construção e por isso estão em processo histórico de aperfeiçoamento.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS PERFEIÇÕES INFINITAS DE DEUS-II

II-A PERFEIÇÃO DO DEUS ÚNICO

A natureza divina é profundamente dinâmica e geradora de novidade permanente.

Na verdade, Deus é emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em total convergência de comunhão Trinitária.

Isto quer dizer que Deus é criador desde toda a eternidade, pois a natureza divina é criatividade permanente.

Podemos dizer que as relações entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo nunca se repetem.

Quando dizemos que Deus é imutável, queremos dizer que não muda neste seu jeito de ser sempre novo.

Com efeito, Deus emerge como amor paternal na primeira Pessoa da Santíssima Trindade e como amor filial na segunda.

Deus emerge como amor maternal na terceira pessoa da Santíssima Trindade. Na verdade, o Espírito Santo é a ternura maternal de Deus.

O conhecimento de Deus é total e perfeito, pois todas as coisas foram criadas a partir do diálogo amoroso da Santíssima Trindade.

Outra qualidade que a fé reconhece a Deus é o seu modo de estar presente a todos os lugares, apesar de não caber em nenhum.

Seja qual for o lugar em que nos encontremos podemos dizer com toda a verdade: “Deus está aqui”.

De facto, Deus é a realidade que está mais perto de nós, pois encontra-se connosco no nosso coração.

Quando subimos a uma montanha muito alta, não estamos mais perto de Deus do que quando descemos a um vale muito profundo.

Nenhum ponto do Universo está mais perto de Deus do que outro. Por isso não precisamos de gritar para nos fazermos ouvir de Deus, pois ele está onde cada um de nós se encontra.

Os Actos dos Apóstolos dizem que Deus não está longe de cada um de nós, pois nele estamos e nos movemos (cf. Act 17, 24-28).

A nossa fé proclama a santidade de Deus como uma qualidade fundamental.

A santidade é igual a comunhão de amor. Se Deus é uma comunhão de amor infinito, então Deus é santidade infinita.

Os seres humanos serão tanto mais santos quanto mais profunda for a densidade do seu amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS PERFEIÇÕES INFINITAS DE DEUS-III

III-A LENTE PRÓPRIA PARA CONHECER A DEUS

As pessoas humanas, diz a Primeira Carta de São João, conhecerão tanto melhor a realidade de Deus quanto maior for a sua capacidade de amar:

“Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 8). E depois acrescenta: “Quem ama permanece em Deus e Deus nele, pois Deus é amor” (1 Jo 4,16).

As Sagradas Escrituras são unânimes em reconhecer que Deus é a Verdade. Aquilo que Deus conhece das coisas, corresponde exactamente àquilo que as coisas são.

Por ser a verdade, Deus nunca se engana nem nos pode enganar.

Com efeito Deus é a verdade plena. Este atributo não pode ser aplicado a mais ninguém.

A verdade é a compreensão e enunciação adequada da realidade: de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Por outras palavras, o que Deus conhece de Deus, do Homem, da História e do Universo corresponde exactamente àquilo que elas são.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

AS PERFEIÇÕES INFINITAS DE DEUS-IV

IV-DEUS É RELAÇÕES

A pessoa só é verdadeiramente grande quando é assumida e incorporada na dinâmica da comunhão.

É este o jeito de Deus ser e também a nossa vocação a realizarmo-nos como imagem e semelhança de Deus.

A comunhão nunca anula a pessoa. Pelo contrário, optimiza tudo aquilo que ela é e possibilita a emergência de todas as possibilidades de felicidade que possam existir no seu ser.

Deus é amor e a pessoa humana realiza-se na medida em que se constrói à imagem e semelhança de Deus.

Por outras palavras, tornamo-nos imagens perfeitas de Deus na medida em que morremos ao egoísmo e emergimos em dinâmica de amor.

Não há amor sem relações. Quando dizemos que Deus é amor estamos a dizer que Deus é relações de comunhão amorosa.

O amor é a qualidade máxima das relações interpessoais e comunitárias.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

DEUS REVELOU-NOS O SEU AMOR EM CRISTO-I

I-JESUS REVELOU-NOS O AMOR DE DEUS

Jesus de Nazaré veio revelar aos homens o amor incondicional de Deus.

O seu amor sem limites manifestou-se de modo muito claro nas atitudes de Jesus para com os doentes, os pobres, as crianças, os mais fracos e desprotegidos.

Na verdade, através das suas palavras e actos, Jesus fazia perceber às pessoas o jeito de Deus as amar.

As atitudes de Jesus eram a prova de que Deus Pai elegia os seres humanos como filhos sem estar à espera de que nós o amássemos primeiro.

Podemos dizer a mesma coisa do amor de Deus Filho que não estava à espera que fôssemos bons para nos eleger como irmãos.

Jesus exprimiu de modo especial o amor de Deus por nós, decidindo amar-nos de modo incondicional, ao ponto de dar a vida por nós.

Ao ressuscitar envia-nos o Espírito Santo que, com seu jeito maternal de amar, nos introduz na Comunhão da Família Divina como filhos em relação ao Pai e como irmãos em relação ao Filho.

Através de contos e parábolas, Jesus ensinou-nos que mesmo nas alturas em que nós, pelo pecado, fechamos a porta do nosso coração à comunhão com Deus, Deus Pai não se esquece de nós.

Pelo contrário vem todos os dias ao alto da colina para ver se o filho pródigo já está de regresso a casa.

Com esta parábola do Filho Pródigo, o Filho diz-nos Deus Pai, com um coração cheio de misericórdia, está sempre disposto a acolher de braços abertos o filho pecador.

Depois de o acolher, veste-lhe um fato novo e manda-o entrar para a sala dessa festa.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS REVELOU-NOS O SEU AMOR EM CRISTO-II


II-EXPERIÊNCIA E ANÚNCIO DO AMOR DE DEUS

O conhecimento do amor e da ternura de Deus por nós é um dom que o Espírito Santo nos concede de modo gradual e progressivo.

À medida em que nos faz experimentar o amor incondicional de Deus por nós, o Espírito Santo convida-nos a anunciar aos homens a força libertadora do amor de Deus.

Por outras palavras, o Espírito Santo que consagrou Jesus para anunciar o Evangelho aos pobres e libertar os cativos consagra-nos também a nós para continuarmos a mesma missão.

Quando o Espírito Santo nos faz saborear a ternura de Deus por nós, desperta imediatamente no nosso coração o desejo de anunciar a Boa Nova do amor de Deus aos irmãos.

A conversão de São Paulo é o testemunho mais claro de como o Espírito Santo não separou a experiência do amor de Deus por si e o renascer de uma paixão enorme pela evangelização dos irmãos:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher nascida sob o domínio da Lei de Moisés, a fim de resgatar todos os que se encontravam sob o domínio desta Lei.
E foi assim que nós, libertos da Lei de Moisés recebemos a adopção de filhos de Deus.
E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito Santo que o seu Filho nos enviou, o qual clama em nós:”Abba” ó Pai.
Deste modo já não és servo de Deus mas filho. E se és filho também és herdeiro, pela graça de Deus” (Ga 4, 4-7).

Podemos dizer com toda a verdade que a grande paixão de Jesus foi anunciar aos seres humanos a grandeza do amor de Deus por nós.

Quando saboreamos o amor de Deus pelos seres humanos, compreendemos que evangelizar é um acto de amor pela Humanidade.

Deus chama-nos a anunciar o Evangelho da bondade de Deus aos homens de todas as raças, línguas, culturas e nações.

Quando o fazemos, somos nós os primeiros a ser evangelizados e configurados com Cristo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 22 de dezembro de 2007

QUANDO A ETERNIDADE ILUMINA O TEMPO-I


I-É NO TEMPO QUE EMERGE A VIDA ESPIRITUAL
À luz da eternidade, o tempo ganha um sentido e uma importância verdadeiramente fundamentais.

Quando olhado à luz da eternidade, o tempo surge como o ventre em cujo interior os seres pessoais emergem e atingem a densidade da Vida Eterna.

De facto, a vida pessoal, por ser espiritual, tem consistência eterna.

Olhada sob o prisma da eternidade, a vocação fundamental do ser humano é realizar-se como pessoa mediante o amor.

Se o tempo nos é dado para construirmos a nossa vida eterna, então o tempo deve ser tomado a sério, a fim de melhos o aproveitarmos.

Vistas a esta luz, as manhãs surgem como um convite a aproveitar o novo dia como mais uma oportunidade para realizarmos no tempo o que seremos eternamente.

Quando olhamos o tempo com os horizontes da eternidade, o amor ganha sabor a vocação fundamental, pois é pelo amor que dificamos que nos podemos construir neste dia único e irrepetível.

Se vivermos o tempo de modo empenhado, vamos emergindo em cada dia com uma novidade, a que fará parte do património da comunhão universal do Reino de Deus.

Por outras palavras, é hoje o tempo de configurarmos a identidade pessoal que desejamos ser para sempre.

Na verdade, a nossa identidade espiritual coincide com o nosso jeito de amar.

Comparando a dinâmica da vida eterna à festa de umas bodas, podemos dizer que a pessoa humana “dançará” eternamente o ritmo do amor com o jeito que tiver treinado na história.

É agora, portanto, o tempo de moldarmos a nossa capacidade de comungar com os outros no Reino de Deus.

Hoje mesmo podemos reorientar o nosso jeito de conviver na festa da vida eterna, mudando o modo de nos relacionarmos com os demais.

Hoje é o dia em que podemos burilar e aperfeiçoar o nosso modo de nos relacionarmos e comungarmos com as pessoas divinas, as humanas e todas as outras que possam fazer parte da Comunhão Eterna da Família de Deus.

Por outras palavras, é agora o tempo de edificarmos a plenitude da vida que ultrapassa a morte.

Na verdade, o dia de hoje é importante, pois é um tempo que Deus nos dá para edificarmos o que havemos de ser para sempre.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO A ETERNIDADE ILUMINA O TEMPO-II

II-OS SÁBIOS ESCUTAM A VOZ DE DEUS NO TEMPO

Deus criou-nos inacabados, a fim de nos irmos realizando no tempo, estruturando assim a nossa história pessoal.

Com efeito, nós somos os gestores do nosso tempo, condição indispensável para decidirmos no dia a dia da nossa vida o que seremos ser eternamente.

Visto à luz da eternidade, o tempo para os seres humanos não é uma mera sucessão de instantes que se juntam para dar consistência e configuração aos segundos, aos minutos, às horas, aos dias, anos, séculos ou milénios.

Como vemos, o tempo é muito mais do que aquilo que os relógios e os calendários contabilizam.

À luz da Palavra de Deus cada dia é para o Homem um “kairós”, isto é, a hora de Deus e a oportunidade de o Homem, orientado pelo Espírito Santo, realizar a pessoa que deseja ser eternamente.

Hoje é o dia em que o Espírito Santo nos interpela e ilumina, a fim de completarmos, em nós e no mundo, a criação de Deus.

O maior perigo do dia de hoje é a decisão de matar o tempo, pois isto significa decidir não emergir nem crescer como capacidade de comungar mais com Deus e os irmãos.

Compete-nos a nós dar a última palavra sobre a fecundidade do dia de hoje.

Na verdade, neste dia temos a possibilidade de dar um salto qualitativo, conferindo à vida uma densidade nova e, deste modo, enriquecer a nossa plenitude definitiva.

As pessoas que a longo da sua vida tomaram o tempo a sério, atingiram uma maior realização pessoal e fizeram a Humanidade avançar.

Estamos a tocar o mistério do ser humano cuja realização é um processo histórico.

Deus criou-nos inacabados, a fim de completarmos a sua obra, realizando-nos de modo livre, consciente e responsável.

Surgimos na vida com um leque de talentos ou possibilidades que podemos realizar ou não.

Realizando-os fazemos emergir a pessoa que vai brotando no nosso íntimo como capacidade de comunhão fraterna.

Hoje é o dia em que podemos realizar as nossas possibilidades ou talentos fazendo emergir o nosso ser pessoal.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias