quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O HOMEM E A TERNURA MATERNAL DE DEUS-III


III-A CONSCIÊNCIA É O ALTIFALANTE DE DEUS

O Espírito Santo actua na nossa consciência. É verdade que não nascemos conscientes, mas à medida em que nos vamos tornando conscientes, o nosso coração torna-se o ponto de encontro com Deus.

A nossa consciência é, pois, como que o altifalante do Espírito Santo.

Sempre que nos interrogamos no nosso íntimo sobre o modo mais certo de decidir e actuar, estamos a dialogar com Deus no nosso coração.

As pessoas honestas que procuram ouvir todos os dias a sua consciência estão diariamente a dialogar com Deus no seu íntimo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O HOMEM E A TERNURA MATERNAL DE DEUS-IV


IV-CONSTRUIMO-NOS EM DIÁLOGO COM DEUS

Podemos dizer que o Homem se vai criando em Diálogo com Deus, moldando-se como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Um dia, diz o evangelho de São João, Jesus disse a Nicodemos que temos de nascer de novo pela acção do Espírito Santo (Jo 3, 6).

Isto significa que o nosso ser exterior nasce dos pais, enquanto o nosso ser espiritual se vai formando em dinâmica de diálogo íntimo com o Espírito Santo e em relações com os irmãos.

A pessoa humana faz-se, fazendo. Realiza-se, realizando.
À medida em que nos realizamos, o Espírito Santo optimiza o nosso ser, conferindo qualidade humanizante às nossas relações com os outros.

Por outras palavras, as nossas relações têm qualidade humanizante na medida em que são relações de Amor.

Como hálito amoroso de Deus a actua no nosso coração, o Espírito Santo confere densidade amorosa aos nossos encontros com os irmãos.

São Paulo utiliza uma expressão muito bonita para exprimir a dinâmica do Espírito Santo no processo da humanização do Homem. Eis as suas palavras:

“O Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Graças ao facto de a Humanidade ser constituída por pessoas, Deus já pode fazer uma aliança connosco.

Na verdade, o Filho de Deus encarnou, a fim de estabelecer a Nova e Eterna Aliança com a Humanidade.

A Divindade é pessoas e a Humanidade também. Isto quer dizer que a Humanidade já pode comungar com a Divindade e fazer parte da Família de Deus.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A EUCARISTIA COMO SACRAMENTO DO REINO-I

I-O ESPÍRITO SANTO É O SANGUE DE CRISTO

“Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes?
O Espírito é que dá vida, a carne não serve para nada. As palavras que vos disse são Espírito e Vida (Jo 6, 62-63).

Estas palavras de Jesus querem dizer que comer a carne beber o sangue de Jesus ressuscitado é comer um alimento espiritual que alimenta a nossa vida espiritual.

Este alimento espiritual é o Espírito Santo, essa Água Viva que faz jorrar no nosso coração Arroios de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

Ainda antes de morrer e ressuscitar, Jesus garantiu à Samaritana que ia dar esta Água Viva, a fim de comunicar A Vida Eterna às pessoas (Jo 4, 14).

A Água Viva, isto é, o Espírito Santo que nos vem de Cristo ressuscitado é, afinal, a seiva que vem da cepa para os ramos e os torna fecundos (Jo 15, 4-5).

O Espírito Santo é, na verdade, o Sangue da Nova e Eterna Aliança. Os que se deixam conduzir e transformar pela sua força vital são ressuscitados e assumidos na Família de Deus como filhos e herdeiros de Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

Por outras palavras, o Espírito Santo é a Carne e o Sangue de Cristo ressuscitado, o qual alimenta em nós a Vida de ressuscitados com, como diz o próprio Jesus no evangelho de São João:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu vou ressuscitá-lo no último dia” (Jo 6, 54).

O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus que actua em nós como princípio animador de relações e vínculo de comunhão orgânica com Cristo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EUCARISTIA COMO SACRAMENTO DO REINO-II

II-EUCARISTIA E COMUNHÃO COM CRISTO

Na verdade, os que são alimentados pela Carne e o Sangue de Cristo formam uma união orgânica com ele, tal como ele forma uma união orgânica com o Pai:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.
Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).

É esta a linguagem profunda do sacramento da Eucaristia, tal como a descreve o evangelho de são João.

É o Espírito Santo que anima e fortalece a nossa comunhão com Cristo, a qual acontece como uma união orgânica que faz emergir em nós a Vida Nova e nos torna fecundos:

“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Tal como o ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas apenas permanecendo unido à videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

A Eucaristia é uma celebração que explicita a união orgânica de Cristo com a Humanidade, a qual é alimentada pelo Espírito Santo.

Ao ressuscitar, Cristo passou da face exterior para a face interior da realidade. Com efeito, Jesus, ao ressuscitar, entrou nas coordenadas da interioridade máxima da realidade, ficando mais interior a nós que nós mesmos.

Esta interioridade máxima é a morada de Deus cujas coordenadas são a universalidade e a equidistância a tudo e a todos.

É verdade que a nossa interioridade espiritual e a interioridade espiritual de Deus não coincidem, pois Deus é transcendente.

Na verdade, não há distância entre a nossa interioridade espiritual e a interioridade onde Deus habita.

Podemos dizer que o ponto onde termina a nossa interioridade espiritual limitada tem início a interioridade espiritual ilimitada da comunhão Universal do Reino de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




A EUCARISTIA COMO SACRAMENTO DO REINO-III

III-EUCARISTIA E ENCARNAÇÃO

Quando dizemos que pelo mistério da Encarnação o Filho de Deus veio até nós, queremos dizer que transpôs o ponto da transcendência divina para se exprimir em grandeza humana no homem Jesus de Nazaré.

Isto foi possível graças à união orgânica de grandeza humano-divina que une a interioridade espiritual humana de Jesus com a interioridade espiritual divina do Filho Eterno de Deus.

Isto aconteceu pelo Espírito Santo que, como vimos, o seu jeito pessoal de ser é animar relações e criar laços de comunhão.

Antes da morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Reino de Deus estava apenas no interior de Jesus.

Eis a razão pela qual, o Reino de Deus, enquanto Jesus vivia na História, estava apenas no meio dos homens:

“A vinda do Reino de Deus não é observável. Não se pode dizer: “Ei-lo aqui! ou ei-lo acolá”. Na verdade, o Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17, 20-21).

Mas após a ressurreição de Jesus o Reino de Deus torna-se uma realidade interior a nós, pois o Senhor entrou nas coordenadas da interioridade máxima.

Como Comunhão orgânica de grandeza humano-divina, o Reino de Deus começou a emergir no coração de Cristo, e, após a sua ressurreição, começou a emergir no coração de todos os homens que acolhem o Espírito Santo (Rm 8, 14).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A EUCARISTIA COMO SACRAMENTO DO REINO-IV


IV-A EUCARISTIA É SACRAMENTO DO REINO

São Paulo compreendeu muito bem esta passagem do Reino para o interior dos seres humanos e, por isso escreveu:
“O Reino de Deus não consiste em comida ou bebida, mas sim em justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Enquanto Jesus viveu no meio do seu povo, o Reino de Deus estava no meio dos homens.
No momento da morte e ressurreição de Jesus, o Reino de Deus tornou-se interior e equidistante a todos os seres humanos.

Eis as palavras que Jesus dirige ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição:
“Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Isto significa que após a sua ressurreição, Jesus passa a encontrar-se connosco a partir de dentro, alimentando-nos com o seu dinamismo vital, isto é, o Espírito Santo.

São Paulo diz que fomos baptizados no Espírito Santo, a fim de formarmos um só Corpo (1 Cor 12, 13).

Na Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

A nossa união a Cristo é de tipo orgânico. Somos membros do corpo de Cristo, cada qual com suas características e qualidades diz a Primeira Carta aos Coríntios (1 Cor 12, 27).

Esta comunhão universal da Humanidade com Cristo é espiritual, não biológica. São Paulo tem o cuidado de insistir que o Corpo dos Ressuscitados não é biológico, mas sim espiritual (1 Cor 15, 42-45).

A carne e o sangue como grandezas biológicas não tomam parte no Reino de Deus, diz São Paulo (1 Cor 15, 50).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A PLENITUDE DOS RESSUSCITADOS COM CRISTO-I

I-SOIS VÓS QUEM DINAMIZA A CRIAÇÃO

Deus Santo,
Louvado sejais por Jesus Cristo e pela plenitude da vida que nos veio por ele.

Ao ressuscitar, Jesus passou da face exterior da realidade para a sua face interior, isto é, para a dimensão na qual acontece a Comunhão Universal que é a vossa Família!

A face interior da realidade é a esfera da vida pessoal em comunhão universal.

Antes da criação do Universo, só Vós existíeis, Trindade Santa. A vossa morada era a vossa comunhão amorosa.

Ao criardes o Universo este surge como uma génese estrutural gigante, ficando exterior a Vós, Comunhão amorosa de perfeição infinita.

Na verdade, Vós sois, Deus Santo, a interioridade máxima de todas as coisas.

O Universo continua a sua génese criadora a partir de Vós que, como presença interior, dinamizais a marcha da Criação, mas sem a manipular.

Algo de semelhante acontece com a nossa interioridade espiritual em relação à saúde e dinamismo do nosso corpo.

Na marcha criadora do Universo tudo acontece através de uma sequência de causas e efeitos.

Tudo funciona com a sua própria autonomia. Mas o vosso dinamismo divino, é o mais nobre de todos os dinamismos, pois sois relações de comunhão amorosa.

Todo o Universo está marcado com o selo das relações porque Vós, Trindade Santa, sois a matriz transcendente a partir da qual brotou a criação.



A PLENITUDE DOS RESSUSCITADOS COM CRISTO-II

II-HABITAREMOS PARA SEMPRE CONVOSCO

Podemos dizer com toda a verdade que a interioridade máxima do real é constituída pelas coordenadas da Divindade que são universalidade e equidistância.

E nós, graças a Cristo ressuscitado, já fomos assumidos na vossa Família, passando a habitar as coordenadas da própria divindade.

Com a sua ressurreição, Jesus Cristo venceu a morte para si e para nós, pois ele faz um todo orgânico e dinâmico com a Humanidade.

Na véspera da sua passagem para a face interior da realidade, Jesus prometeu-nos que nós habitaríamos para sempre com ele na Festa do Vosso Reino.

Por outras palavras, por termos parte na sua ressurreição, Jesus garantiu-nos que temos habitação garantida na Comunhão da Vossa Família.

Eis as palavras da promessa que ele nos fez pouco antes de partir para o Pai:

"Não vos deixarei órfãos, pois eu voltarei a vós (...). Nesse dia compreendereis que eu estou no meu Pai, vós em mim e eu em vós" (Jo 14, 18-20).

Esta maneira de falar de Jesus quer dizer que seremos assumidos de modo orgânico na vossa comunhão familiar, Trindade Divina.

A promessa de Jesus dá-nos a certeza de que os nossos seres queridos que, pelo parto da morte, já nasceram para a Vida Eterna estão perto de nós.

Com efeito, nas coordenadas da universalidade e da equidistância, já não há lonjura, mas sim omnipresença a tudo e a todos.

Esta omnipresença acontece para nós a partir de dentro, pois o vosso reino é a interioridade máxima da realidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A PLENITUDE DOS RESSUSCITADOS COM CRISTO-III

III-NAS COORDENADAS DA UNIVERSALIDADE

Obrigado, Deus Santo, pois não há distância nem lonjura entre nós e a Comunhão Universal do vosso Reino!

Com efeito, no ponto onde termina a nossa interioridade espiritual limitada começa a interioridade espiritual ilimitada da Comunhão Universal Vossa Família.

O animador desta comunhão orgânica universal é o Espírito Santo. Eis a razão pela qual ele está sempre à porta do nosso coração.

Sempre que pelo Amor abrimos a porta do Coração ao encontro e à comunhão.

Quando isto acontece, o Espírito Santo introduz-nos na onda da Comunhão Universal do vosso Reino.

É esta a Nova Criação reconciliada com Deus em Cristo, como diz São Paulo (2 Cor 5, 17-19).

Este dom teve início com o mistério da Encarnação e atingiu a plenitude com a ressurreição de Cristo.

Através da Encarnação o Divino enxertou-se no Humano, a fim de todos nós sermos divinizados.

No momento em que Jesus ressuscitou, a dinâmica do Natal que até então só habitava no seu coração, passou a habitar o coração de todos os seres humanos que fazem convosco uma comunhão orgânica universal.

A Salvação, portanto, consiste na divinização da Humanidade, a qual acontece pela incorporação das pessoas humanas na Comunhão Familiar das Pessoas Divinas.

Por outras palavras, somos assumidos na vossa Família, Deus Santo, como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação a Deus Filho.

Os dois pilares da dinâmica da Salvação são, na verdade, o Natal e a Páscoa.

A seiva que vivifica e robustece esta união humano-divina é o Espírito Santo, o Sangue da Nova e Eterna Aliança.

É este mistério que os cristãos celebram na Eucaristia, de modo particular no rito da comunhão do Pão e do Vinho consagrados.

Nesse momento, os crentes exprimem e procuram reforçar esta união orgânica com Cristo, crescendo como Corpo de Cristo como diz São Paulo:

"Comemos do mesmo pão porque fazemos um só Corpo" (1 Cor 10, 17).

O Espírito Santo é a Carne e o Sangue de Jesus ressuscitado. É ele que alimenta a nossa união com o Cristo e faz de nós participantes da sua ressurreição.

Eis as palavras de Jesus a este respeito:
"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.
Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue viverá por mim" (Jo 6, 56-57).

Ao comerem o Pão e beberem o Vinho da Eucaristia, os cristãos estão a afirmar que é no interior da pessoa que acontece a união e a interacção que nos diviniza, graças à acção do Espírito Santo.

Louvado sejais, Trindade Santa, pelo mistério da Encarnação e da Ressurreição de Cristo!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


sábado, 2 de fevereiro de 2008

RECRIADOS EM JESUS CRISTO-I



I-CHAMADOS A RESSUSCITAR COM CRISTO

Cristo Ressuscitou! É este o núcleo da Boa Notícia que os cristãos têm a missão de anunciar.

A ressurreição de Cristo é boa notícia não apenas por ser uma curiosidade, mas por ser a garantia da nossa própria ressurreição.

Ressuscitar com Cristo é a condição indispensável para possuirmos a Vida Eterna.

Mas para isso é necessário estarmos organicamente unidos ao Senhor como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 1-7).

Partilhar da ressurreição em Cristo, diz São Paulo, é formar um só corpo com ele (1 Cor 10, 17; 12, 27; 12, 13).

Na alegoria da videira, o Evangelho de São João compara Jesus Cristo com a Árvore da Vida, a qual nos dá o fruto da vida eterna, isto é, o Espírito Santo.

Segundo o relato do livro do Génesis, no centro do Paraíso estava a Árvore da Vida, a qual concedia a Vida Eterna a todos os que comessem dos seus frutos.

Adão foi expulso do paraíso devido ao seu pecado. A partir deste momento, ele fica sem o acesso à Árvore da Vida e, portanto, privado da vida eterna (Gn 3, 22-24).
Jesus veio para reparar as distorções provocadas por Adão no projecto Humano.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RECRIADOS EM JESUS CRISTO-II

II-JESUS CRISTO É A ÁRVORE DA VIDA

Adão trouxe-nos a morte, diz São Paulo, Cristo trouxe-nos a vida eterna (Rm 5, 17).

O Novo Adão dá-nos a Vida Eterna, a qual não se confunde com uma simples imortalidade. Eis as palavras de Jesus:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (Jo 6, 54).

O fruto da Árvore da Vida, como vimos acima, é o Espírito Santo. É ele a água viva que Cristo nos dá (Jo 7, 37-39; 37-39).

É ele, diz o evangelho de São João, a carne e o sangue de Cristo ressuscitado, os quais são para nós o alimento da Vida Eterna (Jo 6, 62-63).

Por outras palavras, o Espírito Santo é o Sangue da Nova Aliança, o qual purifica o nosso coração, fazendo-nos passar do homem velho para a condição de homens novos, recriados em Cristo.

O homem velho é o homem egoísta e, portanto, fratricida, tal como foi Caim que foi egoísta e matou seu irmão Abel (Gn 4, 8-10).

O Homem velho, por fazer um todo orgânico com Adão, morre com ele.

O Homem Novo, como faz uma união orgânica e dinâmica com Cristo, por isso é recriado e tem a vida eterna em Cristo.

Por outras palavras, o Homem Novo participa da vitória de Cristo sobre a morte, diz São Paulo (Rm 5, 17-19).

Eis a suas palavras: “Todos os que estão em Cristo são uma nova criação. O homem velho passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que, em Jesus Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens (2 Cor 5, 17-19).

Com a sua infidelidade, Adão fechou-nos as portas do Paraíso, diz o livro do Génesis (Gn 3, 22-24).

Graças à fidelidade incondicional Jesus Cristo, as portas do Paraíso são de novo abertas para nós, como Jesus garante ao Bom Ladrão:

“Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43)

No momento da sua misto quer dizer que Jesus, no momento da sua morte e ressurreição, põe ao nosso alcance o fruto da Vida Eterna, isto é, o Espírito Santo.

No próprio acto de morrer, Jesus Cristo venceu a sua e a nossa morte.

Na verdade, ele não esteve um só momento sob o domínio da morte, pois no próprio acto de morrer a morte foi vencida.

À medida em que aquilo que havia de mortal em Jesus ia morrendo, o Espírito Santo ia glorificando e incorporando na comunhão da Santíssima Trindade a sua realidade imortal.

O processo da morte e a dinâmica ressuscitante do Espírito Santo actuavam em simultâneo no acontecimento da morte e ressurreição de Jesus.

Por outras palavras, no momento em que a dimensão mortal de Jesus acabou de morrer, a sua dimensão imortal estava totalmente ressuscitada, isto é glorificada e assumida na comunhão familiar divina.

Podemos dizer que ressuscitar é ser optimizado pelo Espírito Santo, recuperando de modo glorioso a nossa identidade pessoal histórica.

Esta optimização acontece pela introdução na comunhão universal do Reino de Deus.

Com efeito, no momento em que acabou de morrer, Jesus não ficou reduzido a uma simples alma imortal.

Pelo contrário, torna-se ressurreição e vida para todos, como diz o evangelho de São João: “Jesus diz a Marta: “Eu sou a Ressurreição e a Vida.

Aquele quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá.

E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre” (Jo 11, 25-26).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

RECRIADOS EM JESUS CRISTO-III


III-CRISTO É A CABEÇA DA NOVA CRIAÇÃO

Poucos momentos antes de morrer sobre a cruz, Jesus garante ao Bom Ladrão que, nesse mesmo dia, se vão encontrar os dois na plenitude da Vida Eterna (Lc 23, 43).

Por seu lado, o evangelho de São Mateus, diz que no momento de Jesus morrer e ressuscitar muitos santos ressuscitam e começam a aparecer (Mt 27, 52-53).

Ressuscitar com Cristo é participar da força ressuscitante que emana dele, isto é, do Espírito Santo que é fonte de vida eterna.

O evangelho de São João exprime isto de maneira muito bonita ao falar da Eucaristia:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica morar em mim e eu nele.

Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo quem me come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).

A nossa Fé garante-nos que a nossa meta não é o vazio da morte.

Somos vitoriosos com Cristo, pois participamos da vitória da sua ressurreição, a qual é fonte da Vida Eterna!

Não basta ser imortal para atingirmos a plenitude da vida. É preciso ressuscitar Com Cristo.

Os que estão em estado de inferno não fazem uma comunhão orgânica com Cristo.

Estas pessoas são imortais, mas não estão na plenitude dos ressuscitados em Cristo.

A ressurreição em Cristo implica a nossa assunção na comunhão da Família Divina mediante o Espírito Santo (Rm 8, 14-17; Ga 4, 4-7).

A ressurreição com Cristo, portanto, proporciona-nos a Vida Eterna e não uma a simples imortalidade da alma.

Isto quer dizer que devido ao facto de fazermos uma união orgânica com Cristo ressuscitado, tomamos parte na sua própria ressurreição.

Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação, diz a segunda Carta aos Coríntios (2 Cor 5, 17).

Esta união orgânica com Cristo ressuscitado culmina na nossa incorporação na comunhão da Santíssima Trindade:

O Pai no Filho, o Filho em nós, formando uma comunhão humano-divina (Jo 17, 21-23).

Como podemos ver, a dinâmica da Vida Eterna é constituída por relações de comunhão amorosa.

Estamos vocacionados para ser divinos. É esta a nossa vocação fundamental.

Graças a este plano amoroso do nosso Deus, temos a garantia da Vida Eterna em Cristo ressuscitado!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A CRIAÇÃO É UM PROJECTO DO AMOR DE DEUS-I


I-VÓS SOIS ANTERIOR A TODAS AS COISAS

Ainda as estrelas não existiam. Muito antes de os seres vivos habitarem a terra Deus já nos conhecia pelo nosso nome.

O Universo não tinha iniciado a sua génese evolutiva quando Deus, comunidade familiar de três pessoas, decidiu criar-nos e fazer de nós membros da sua própria família.

Foi esta a razão pela qual Deus decidiu iniciar a génese criadora do Universo cuja marcha conduziria ao limiar da vida pessoal-espiritual.

Aqui, a génese criadora daria um salto de qualidade e teria início a marcha da humanização cujo dinamismo fundamental é o amor.

Criador e Criação já podiam comungar, pois, como dizem as Escrituras, Deus é amor. Eis as suas palavras:
“Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois acreditamos que ele é amor.

Por isso, quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (Jo 4, 16).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A CRIAÇÃO É UM PROJECTO DO AMOR DE DEUS-II


II-O AMOR É A MATRIZ DA ACÇÃO CRIADORA

Se Deus é amor, então as galáxias, as estrelas e os planetas foram criados por decisão do amor.

Deus é também o princípio que faz o amor emergir no nosso coração, conduzindo a Humanidade para a comunhão com a Divindade.

Na verdade, as pessoas divinas, apesar de serem três, são uma só divindade, isto é, uma só comunhão de amor e diálogo.

Eis a maneira como a bíblia descreve a Criação dos Céus, da Terra e dos seres vivos que habitam sobre a face da Terra:

No primeiro dia, Deus disse: “Que haja luz”. E a luz apareceu.

Deus chamou dia ao período em que o sol ilumina a terra e noite ao período em que sobre a terra habitam as trevas.

No segundo dia Deus criou os Céus, separando a terra das águas.

No terceiro dia, Deus criou as flores, as árvores e a erva verde. Criou o Sol, a Lua e as estrelas no quarto dia.

No quinto dia, Deus criou as aves do Céu e os peixes do mar.

No sexto dia da Criação, Deus decidiu-se pela criação dos animais e do Homem:

Criou os animais que habitam na terra e deu-lhes ordem para se reproduzirem, a fim de se multiplicarem e encherem a terra.

Apesar de ter criado tantas coisas, Deus ainda não tinha criado um ser que se parecesse consigo.

Se a Divindade é pessoas em comunhão familiar amorosa, um ser parecido com Deus tinha de ser pessoas que se realizassem em comunhão de amor familiar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




A CRIAÇÃO É UM PROJECTO DO AMOR DE DEUS-III

III-FOI ESPECIAL A CRIAÇÃO DO HOMEM

Após uns momentos de silêncio, o Pai, o Filho e o Espírito Santo olharam-se mutuamente e sorriram, pois estavam a pensar a mesma coisa.

Então Deus Pai disse: vamos moldar uma obra-prima que sirva de cúpula ao projecto grandioso da nossa Criação.

Vamos suscitar seres que se tornem pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de amar e comungar como nós.

Nessa altura já havia sobre a terra muitos guinchos e grunhidos. Também já havia muitos cacarejos e urros.

Mas não havia ninguém que fosse capaz de amar e fazer uma aliança com Deus.

Foi então que as pessoas divinas disseram: “Façamos o Homem à nossa imagem e semelhança. Façamo-lo varão e mulher” (Gn 1, 26-27).

Ao criar os seres humanos como homens e mulheres, Deus estava a preparar a Humanidade para ser uma multidão de pessoas capazes de viverem em comunhão de amor fecundo.

A Divindade é pessoas em relações de amor. Eis a razão pela qual Deus pensou na Humanidade, a qual seria, como a Divindade, uma comunhão de pessoas chamadas a realizarem-se em relações de amor.

Em seguida, Deus olhou para as coisas que tinha criado e viu que tudo era muito bom.

No final do sexto dia, diz a bíblia, Deus colocou o Homem no Paraíso, a fim deste poder realizar-se em relações de amor e, deste modo, ser feliz.

Como Adão era imagem de Deus, o Senhor colocou-o à frente da Criação como seu chefe.

Mas o Homem tornou-se infiel. Mas Deus pensou que Jesus Cristo corrigiria esta distorção de Adão:

Em vez de a Encarnação ser apenas para divinizar o Homem, seria igualmente um acto redentor, corrigindo as distorções realizadas pelo pecado humano.

E Jesus Cristo torna-se a Cabeça da Nova Criação reconciliada com Deus que decidiu não levar mais em conta os pecados dos homens (2 Cor 5, 17-19).

E Jesus Cristo torna-se, deste modo, a Fonte da Vida Eterna para nós.

Ele revela-se como a Árvore da Vida que estava no centro do Paraíso, isto é, o contexto familiar de Deus com o Homem.

Quem comer o fruto desta Árvore viverá para sempre, diz Jesus no evangelho de São João.

Deste modo, Jesus Cristo se torna o Novo Adão. A morte veio por Adão, diz São Paulo, mas Jesus converte-se na fonte da Vida Eterna (Rm 5, 17-19).

A água que brota desta fonte, diz o evangelho de São João, é o Espírito Santo, a Água Viva que, no nosso interior, faz jorrar em nós um manancial de Vida Eterna (Jo 4, 14; Jo 7, 37-39).

E a Criação, apesar do fracasso do pecado de Adão, torna-se um sucesso em Jesus Cristo, o qual se tornou a cabeça da Nova Criação (2 Cor 5, 17).

Deste modo, Deus demonstrou que nos ama de modo incondicional, enviando-nos Jesus Cristo como salvador.
Através de Jesus ressuscitado, Deus deu-nos a vitória sobre a morte gerada pelo primeiro Adão.

A força que nos dá a vida eterna é o Espírito Santo, o Sangue da Nova Aliança que circula nas veias do nosso coração e nos introduz na Família de Deus (Rm 8, 14-17).

Por ser uma obra de amor, a criação está chamada à comunhão com o Deus amor.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O AMOR E A VITÓRIA SOBRE A SOLIDÃO-I

I-QUANDO O CORAÇÃO ESTÁ VAZIO

Sem amor o coração humano sente-se vazio, acabando por ficar árido como um deserto ou seco como um ramo ressequido.

No coração vazio não germina a alegria que dá vigor à existência e que possibilita uma estruturação sólida da pessoa humana.

Sem amor, a pessoa não consegue construir-se como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de comunhão.

Sem amor, o nosso coração deixa de ser ponto de encontro e comunhão com os irmãos.
No sentido espiritual, o coração é o núcleo profundo a partir do qual emerge e se configura a nossa interioridade espiritual.

É a raiz da qual brota a seiva que alimenta as relações que conduzem à plenitude da vida.
No coração vazio só habita a solidão, isto é, o tormento de não poder comungar.

Sem amor no coração, a pessoa não consegue encontrar-se nem possuir-se de modo pleno.
Na verdade, a pessoa só se possui na medida em que comunga com os outros.

Quando o coração não está habitado pelo amor, a pessoa não tem capacidade para se encontrar com os outros de modo construtivo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR E A VITÓRIA SOBRE A SOLIDÃO-II

II-A DOR DA SOLIDÃO

Sem amor no coração da pessoa afunda-se num abismo insondável de silêncio.
Mesmo que grite não consegue fazer-se ouvir.

Com efeito, só encontramos eco nas pessoas com as quais nos sentimos em comunhão.
Sem amor, o coração é um espaço onde apenas habita a angústia e a solidão.

Quando o coração está vazio de amor a pessoa experimenta a morte!
Sem água, as plantas secam e os animais não podem viver. O mesmo acontece às pessoas cujo coração não habitado pela dinâmica do amor.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Com um coração vazio de amor, a pessoa está privada da força necessária para construir a sua vida de maneira satisfatória e feliz.

Só o amor preenche o coração humano. Amar é eleger o outro como alvo de bem-querer, aceitá-lo como é, apesar de ser diferente de nós.

Amar é agir de modo a facilitar a realização e a felicidade dos outros.
É através do amor que a pessoa se encontra e possui. Na verdade, a pessoa só se encontra e possui plenamente na interacção amorosa com os irmãos.

Por outras palavras, a pessoa só se encontra e possui na medida em que se dá.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR E A VITÓRIA SOBRE A SOLIDÃO-III

III-COMO SUPERAR A SOLIDÃO

É importante que as pessoas cujo coração está vazio procurem cultivar gestos atitudes, a fim de recuperar o vigor para o seu sem vitalidade amorosa.

Eis algumas dessas atitudes e gestos eficazes para ajudar as pessoas no sentido de recuperar o vigor e a vitalidade do coração:

Dar ânimo às pessoas que encontram abatidas ou tristes.
Ver nos outros pessoas queridas de Deus, membros da grande Família de Deus, a fim de melhor as amar e ajudar a ser felizes.

A pessoa que quer recuperar a alegria e o equilíbrio afectivo não se pode deixar dominar pelo desejo de ter sempre mais, sem pensar nos outros.

É importante resistir à tentação de querer ser sempre o maior, pretendendo sobrepor-se e dominar os demais.

É importante não se deixar conduzir apenas pelas coisas que nos são agradáveis.
É muito importante saber renunciar ao prazer de uma coisa quando isso é importante para o nosso crescimento e maturidade.

É fundamental que a pessoa mostre o seu amor e solidariedade, facilitando a vida das pessoas.
Pensar em pequenos gestos que fortaleçam as relações de amor com os conhecidos ou membros da família com quem se vive.

Evitar atitudes que possam mostrar indiferença em relação às pessoas com quem vivo, tanto em casa como na escola ou no lugar de trabalho.

É fundamental estar atento à presença do Espírito Santo que habita no nosso coração como num templo, escutando os seus apelos e sugestões.

Quando uma pessoa começa a viver com grande atenção a presença de Deus, a solidão começa a ter menos peso.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias





domingo, 27 de janeiro de 2008

ALEGORIA DA PÁSCOA LIBERTADORA-I


I-TODAS AS TIRANIAS TÊM UM FIM

Era uma noite escura, embora calma. Deus tinha feito entender a Moisés que naquela noite iria acontecer o milagre da libertação do povo de Deus.

Os acontecimentos desta noite vão ser o sinal claro de que Deus não é indiferente face à opressão dos pobres e marginalizados.

As tiranias acabam todas por ser destruídas, mesmo que os pilares que as sustentam sejam muito fortes.

Durante várias as gerações os filhos de Abraão sofreram o tormento da escravidão no Egipto.

Por fim, esta tirania, como todas as outras, iria acabar. Deus fez saber que ia tomar partido pelos hebreus humilhados e explorados.

Moisés foi o medianeiro escolhido por Deus para liderar este processo libertador.

Moisés começou por pedir aos egípcios que dispensassem as pessoas dos seus trabalhos, a fim de ficarem livres para realizarem um culto, no deserto, ao Senhor seu Deus.
O povo hebreu estava realmente saturado dos trabalhos duríssimos e dos tormentos infligidos pelos egípcios.

Junto do povo hebreu, Moisés tentou levantar o ânimo abatido dos hebreus, a fim de poderem encontrar a coragem necessária para assumir a marcha da sua libertação.

De facto, ninguém nos pode tornar livres se nós não tomarmos parte no processo da nossa libertação.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA DA PÁSCOA LIBERTADORA-II




II-A NOITE DA PASSAGEM DO SENHOR

Entre outras coisas, Moisés garantiu aos hebreus que a noite que se avizinhava seria uma noite gloriosa para os filhos de Abraão e um noite trágica para os egípcios.

Lembrai-vos, dizia Moisés, de que o Senhor jurou a Abraão que não permitiria que os seus filhos fossem dominados pelos seus inimigos.

Deus fez compreender a Moisés que aquela noite seria a noite da Páscoa, isto é, a noite da passagem libertadora de Deus.

Esta é a noite escolhida por Deus para intervir em vosso favor.

Entrai nas vossas casas e preparai as coisas para partir.
Os egípcios nem suspeitam o que está para lhes acontecer nesta noite.

O Senhor vai chegar como juiz. Esta noite vai julgar e condenar os nossos opressores, acrescentou Moisés.

Como mais tarde diria o profeta Oseias, o povo hebreu é o filho primogénito de Deus. Deus vai chamar o seu filho do Egipto:

“Quando Israel era ainda Menino, escreveu Oseias, eu amei o meu filho e chamei-o para que saísse da opressão do Egipto” (Os 11, 1).

Os egípcios têm esmagado o filho primogénito de Deus, dizia Moisés, tentando dar ânimo aos hebreus abatidos e sem esperança.

Esta noite a peste vai entrar nas casas dos egípcios, causando a morte de todos os seus primogénitos.

É este o sinal de que Deus vai tomar partido pelo seu filho primogénito.

A peste destruirá também os primogénitos dos animais domésticos dos egípcios.

Com estas e outras palavras, Moisés vai mentalizando os hebreus, alimentando neles a fé em Deus e a esperança na possibilidade da sua libertação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA DA PÁSCOA LIBERTADORA-III


III-A MOBILIZAÇÃO DAS PESSOAS

Pouco a pouco, os hebreus começam a mobilizar-se, levando as famílias a preparar a refeição pascal e embalar os seus bens, a fim de poderem partir.

Esta noite, acrescentou Moisés, o Senhor Deus vai passar pelas casas dos egípcios, a fim de os castigar pelo mal que nos têm feito.

Esta é a noite da passagem de Deus, a Páscoa da libertação de todo o seu povo.

O Senhor disse-me que o Faraó vai resistir, mas ele experimentará o sofrimento experimentado pelo seu pecado.

Moisés ordena que cada família prepare um cordeiro, a fim de o sacrificar a Deus ao cair da noite.

As famílias devem cozinhar o cordeiro pascal, fazendo com ele uma refeição sagrada de louvor, dando graças pela sua Páscoa libertadora.

A ceia do cordeiro pascal ficará para sempre um sinal da ternura de Deus pelo seu povo.

Todos os anos, dizia Moisés, os filhos de Israel devem sacrificar o cordeiro pascal e cozinhá-lo, a fim de celebrarem a Ceia da Páscoa do Senhor.

Cada família, depois de ter sacrificado o cordeiro, deve pintar a porta da sua casa com o sangue do cordeiro, a fim de que o anjo da morte, quando vier castigar os egípcios, passe à frente ao ver o sangue do cordeiro nas portas das vossas casas.

Esta noite é a confirmação de que Deus é fiel e cumpre a aliança que outrora fez com Abraão.

As famílias devem comer um cordeiro juntamente com ervas amargas e pão sem fermento.

As ervas amargas recordavam aos israelitas o sofrimento amargo dos anos de escravidão no Egipto.



Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA DA PÁSCOA LIBERTADORA-IV

IV-A MARCHA DA LIBERTAÇÃO

O pão ázimo, isto é, não fermentado, é o sinal da urgência. Não há tempo para deixar o pão fermentar.

Além disso, acrescentou Moisés, deveis comer de pé, a fim de estardes preparados para partir, a fim de percorrerdes o caminho da libertação.

Tende coragem, pois na terra para onde o Senhor vos vai conduzir, os frutos têm sabor a mel e a requeijão.

Ao entardecer, o povo começou a preparar a refeição. Por volta da meia-noite, quando as famílias já tinham jantado, ouviu-se um grito cheio de angústia e desespero:

Era o grito de uma mãe egípcia que acabava de perder o seu filho primogénito.

Logo a seguir, ouve-se outro grito e outro, e outro e outro e muitos outros.

Em cada família egípcia, a peste espalhada pelo anjo da morte nas casas dos egípcios, matava o primogénito, isto é, o filho mais velho dessa família.

Mas ao ver o sinal do sangue nas portas dos hebreus, o anjo da morte passava à frente.

Algum tempo depois ouve-se uma forte trombeta. Logo a seguir outra e outra. Depois ouvem-se muitas flautas.

Eram os músicos hebreus a avisar que chegara a hora de partir.

Os músicos assinalavam a hora da intervenção de Deus. As trompetes e as flautas eram o sinal da intervenção de Deus em favor dos filhos de Abraão.

Chegou o momento de iniciar a grande viagem da libertação, dizia Moisés.

Temos de ser fortes, pois a liberdade é uma conquista. Deus está connosco, mas não está em nosso lugar.

Temos de enfrentar provas difíceis: temos de atravessar o Mar Vermelho e enfrentar o perigo dos escorpiões e serpentes que abundam no deserto.

Depois acrescentou: temos de sofrer o tormento da sede, pois no deserto há pouca água.

Para termos sucesso na empresa da nossa libertação, temos de ser solidários.

Devemos dar-nos as mãos nos momentos difíceis, a fim de sermos mais fortes.

De facto, a tarefa da libertação só é possível se as pessoas forem amigas, leais e fraternas.

Segue-se depois o sinal da partida, dando início à longa viagem, a qual durou cerca de quarenta anos.

Por fim, os filhos de Abraão chegaram ao seu destino.
Muitos séculos depois, Deus visitou de novo a terra prometida através do seu Filho, o qual veio como Messias, a fim de libertar não apenas os filhos de Abraão mas toda a Humanidade.

Jesus Cristo veio para realizar uma Páscoa mais perfeita.
Na véspera da sua morte e ressurreição, Jesus inaugurou a Páscoa da Nova e Eterna Aliança, a qual é o início de uma libertação plena que Deus oferece a todos os povos, raças e nações da terra.

Ao ressuscitar, Jesus Cristo oferece à Humanidade o grande dom do Espírito Santo, o qual nos proporciona a Vida Eterna.

O Espírito Santo é o grande dom da Nova Páscoa. Através dele a Salvação ficou ao alcance de todos os seres humanos.

É pelo Espírito Santo que os seres humanos passam a fazer parte da Família de Deus.

A Ceia Pascal, agora, deixou de ser o cordeiro imolado, para ser o próprio Jesus Cristo que se dá a todos nós como alimento de vida eterna.

Ao dar-nos o Espírito Santo, Jesus inaugurou a Páscoa da Nova Aliança, fazendo-nos participar com ele da vida eterna.



Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias









sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

FALANDO COM DEUS SOBRE O HOMEM-I



I-A VOSSA IMAGEM É UM PROCESSO DINÂMICO

Deus Santo,
A nossa Fé diz-nos que o Homem é o único ser que Vós criastes à vossa imagem e semelhança.

Como Vós sois uma comunidade amorosa de três pessoas, a vossa imagem, Trindade Santa, não são seres isolados, mas pessoas a construir-se em relações e a caminhar para a comunhão universal da Família de Deus.

Podemos dizer, pois, que a imagem de Deus se está a configurar como uma comunhão orgânica, interactiva e fecunda de pessoas.

Uma pessoa que ao longo da sua vida se feche de modo progressivo ao diálogo e à comunhão com os irmãos acaba por ficar um esboço inacabado e não uma da imagem perfeita de Deus.

O Livro do Génesis diz que o casal humano, por ser uma união orgânica, interactiva e fecunda é uma imagem privilegiada de Deus. Eis as suas palavras:

“Depois, Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”.
Deus criou o ser humano à sua imagem. Deus os criou como homem e mulher.
Depois, abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos. Enchei e dominai a terra.
Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem na terra” (Gn 1, 26-28).

A comunhão matrimonial com seu agregado familiar são, de facto, uma imagem especial da realidade de Deus que é um comunhão familiar.

Com efeito, Deus não é um conjunto de três indivíduos, mas três pessoas em comunhão orgânica, interactiva e fecunda.

O Antigo Testamento diz que os seres humanos não devem esculpir imagens de Deus.

Na verdade, só Vós, Deus Santo, podeis esculpir uma imagem perfeita de Vós mesmo.

O grande escultor da imagem no interior dos seres humanos é o Espírito Santo, o único que entende a realidade de Deus no seu sentido mais profundo.

Eis a razão pela qual a tarefa de intervir de modo especial na Criação do Homem compete ao Espírito Santo.

Ele é o hálito da vida que, no princípio, passou de Deus para o interior do barro primordial do qual saiu o Homem (Gn 2, 7).

São Paulo, diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo vai-nos conduzindo no dia a dia da nossa vida, ajudando-nos a esculpir de modo fiel a imagem de Deus.


A CAMINHO DA NOSSA DIVINIZAÇÃO

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FALANDO COM DEUS SOBRE O HOMEM-II



II-A NOSSA HUMANIZAÇÃO CULMINA EM VÓS

A imagem de Deus vai-se esculpindo em nós de modo gradual e progressivo, à medida em que nos vamos construindo como pessoas. Podemos dizer que a dinâmica da humanização é o próprio processo da configuração do homem como imagem de Deus

A Lei da humanização é: emergência pessoal-espiritual mediante relações amorosas e convergência para a comunhão universal.

O Espírito Santo é o grande protagonista nesta tarefa da edificação do Homem como imagem de Deus. No entanto, nunca o faz sem nós. Por outras palavras, o Espírito Santo está connosco, mas não em nosso lugar.

Quando nos opomos ao amor, estamos a bloquear a dinâmica da nossa humanização e a resistir à acção do Espírito Santo em nós.

O Homem será tanto mais imagem de Deus quanto mais se realizar como ser livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Tudo isto nos quer dizer que somos seres talhados para uma comunhão universal com os outros seres humanos e com Deus.

Como a pessoa humana é um ser em construção, a imagem de Deus é uma realidade a emergir de modo gradual e progressivo. Somos pessoas a emergir como seres históricos.

Quando contamos aos outros a nossa história pessoal, estamos a desenhar para eles um esboço da imagem de Deus que nós somos. Deus Santo, Obrigado por este privilégio de nos estarmos a construir como imagem de Deus e pelo facto de, pelo mistério da Encarnação, termos sido incorporados na comunhão da Família de Deus

GRAÇAS A CRISTO RESSUSCITADO, ESTAMOS TALHADOS PARA SER DIVINOS!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias












































quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

COMUNIDADE E VIDA CRISTÃ-I



I-COMUNIDADE E VIVÊNCIA DA FÉ

O Novo Testamento entende a comunidade cristã como uma comunhão orgânica e dinâmica de pessoas animadas pelo Espírito Santo, a Palavra de Deus e o amor fraterno.

As relações na comunidade cristã devem ser relações primárias, isto é, as pessoas conhecem-se pelo seu próprio nome e sentem-se solidárias umas com as outras.

Se tivermos presentes os critérios do Novo Testamenbto para uma evangelização perfeita e completa, nós podemos dizer o seguinte:

Evangelizar é comunicar a alegria da fé e criar condições para que esta fé seja vivida e aprofundada em comunidades fraternas.

A comunidade, animada pelo amor fraterno e o Espírito Santo, é o espaço adequado para os crentes fazerem a experiência do Senhor ressuscitado.

A comunidade cristã, diz São Paulo, é o Corpo de Cristo (1 Cor 10, 17; 12,27).

Isto quer dizer que o mundo não pode encontrar-se com Jesus ressuscitado a não ser pela mediação da comunidade cristã.

A Palavra de Deus e o Espírito Santo são as colunas sobre as quais emerge a vida comunitária e, ao mesmo tempo, faz que os crentes amadureçam na vida teologal

São Paulo diz que a comunidade cristã é uma realidade orgânica como se fosse um Corpo:
“Como sabemos, cada corpo é uno, apesar de ter muitos membros.
Deste modo, os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo.
O mesmo acontece com Cristo. Na verdade, fomos todos baptizados num mesmo Espírito Santo, a fim de formarmos um só corpo, pois todos bebemos de um só Espírito Santo” (1 Cor 12, 12-13).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

COMUNIDADE E VIDA CRISTÃ-II


II-PASSOS PARA O CRESCIMENTO COMUNITÁRIO

Na comunidade amadurecida existe um objectivo comum que é programado, decidido e executado por todos.

Não pode haver uma verdadeira comunidade cristã se as pessoas não são tomadas a sério.

Como a Palavra de Deus é sempre mediatizada pela Palavra humana.

É por esta razão que, na comunidade, todos os crentes encontram espaço para dizerem o que sentem.

A presidência comunitária é um ministério que tem como objectivo coordenar a caminhada comunitária, a fim de a comunidade crescer como corpo de Cristo.

Por outras palavras, a presidência é uma mediação para acontecer a Palavra de Deus, a comunhão orgânica e a acção do Espírito Santo.

O presidente realiza este ministério presidindo e coordenando o diálogo e a partilha, a fim de o Espírito Santo poder revelar a vontade de Deus.

Eis a importância de todas as pessoas se sentirem livres para exprimirem o seu pensamento.

Por outras palavras, apenas em contexto de diálogo fraterno a comunidade pode ter a certeza de estar a ser fiel à Palavra e ao Espírito Santo.

O Espírito Santo não prepara pessoas isoladas para a causa do Evangelho, pois não há telefonemas do Céu para pessoas isoladas.

É sempre pela mediação de alguém que as pessoas recebem a Palavra que gera a fé, pois ninguém chega à fé sozinho.

Os membros da comunidade são mediações da Palavra e do Espírito Santo uns para os outros.

Ninguém deve ser marginalizado na comunidade, pois todos têm alguma aportação para enriquecer a vida comunitária.

A fé sincera em Deus leva os membros da comunidade a acreditarem uns nos outros.

Com efeito, não acredita sinceramente em Deus quem está constantemente a desconfiar dos irmãos.

Eis a razão pela qual na comunidade não existem pessoas que pretendem ser o padrão e as detentoras da verdade.

Ninguém substitui os outros nas tarefas e ministérios que lhes estão atribuídos, mas todos estão dispostos a ajudar-se mutuamente.

Numa comunidade amadurecida não há homens faz-tudo, pois estes minam e destroem a vida comunitária.

Os homens faz-tudo levam os irmãos a demitir-se da vida comunitária, pois sentem-se marginalizados.

É melhor haver muitos a fazer pouco do que poucos a fazer tudo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

COMUNIDADE E VIDA CRISTÃ-III


III-COMUNIDADE E CRESCIMENTO PESSOAL

Na comunidade amadurecida existe uma paixão comum a todos os membros: o amor a Jesus Cristo e a paixão por anunciar o Evangelho.

As capacidades e qualidades das pessoas são diferentes, por isso ninguém está a mais.

As qualidades das pessoas, dinamizadas pelo Espírito Santo, tornando-se carismas, isto é, dons em favor dos irmãos.

Na verdade, a riqueza fundamental da comunidade é constituída pelas pessoas que a compõem.

Por outras palavras, a comunidade é a calda que optimiza e potencia as capacidades das pessoas.

Os que pretendem fazer das normas, preceitos ou regras a principal riqueza da comunidade não entendem o mistério da vida comunitária animada pelo Espírito Santo.

São Lucas, numa alusão ao farisaísmo que vivia fazendo apenas o que mandavam as normas leis e preceitos diz que estes são servos inúteis (Lc 17,10).

No evangelho de São Mateus, Jesus diz que veio para cumprir as leis, normas e preceitos da lei mosaica até à mínima vírgula e ao último ponto (Mt 5, 17).

Mas nós sabemos que uma das principais causas que levaram os judeus a matar Jesus foi o facto de ele não respeitar as normas do sábado, as leis do jejum ou o preceito das lavagens rituais.

Jesus queria dizer que o pleno cumprimento das normas, preceitos e leis do judaísmo, se cumprem se forem substituídas pelo amor.

Os que vivem movidos pelo amor não são servos inúteis, pois têm de criar todos os dias as atitudes adequadas aos apelos e exigências do amor.

Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João:
“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.
As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

Como vemos, a nota que distingue o discípulo de Jesus não é limitar-se a fazer o que está mandado nas leis normas e preceitos, mas a ser criativo segundo os apelos do amor.
A comunidade é o espaço adequado para a vivência do baptismo no Espírito, o qual se prolonga por toda a vida do crente.

O baptismo no Espírito é vivido na comunidade na medida em que sejam criadas as oportunidades para que todos possam tomar parte na oração, nas celebrações da fé, e na partilha da Palavra.

Quando há profundidade de vida espiritual, a oração é vivida como encontro com Deus.

Este encontro acontece no coração de cada crente pela mediação dos irmãos.

É certo que a palavra humana não é nunca a Palavra de Deus em estado puro. Mas a palavra de Deus não acontece em nós sem a mediação da palavra humana.

Numa comunidade assim que emergem pessoas adultas na fé, capazes de se realizarem como apóstolos e profetas.

Senhor Deus,
Glória a Vós que sois a fonte da qual emerge toda a vida comunitária, pois sois uma comunhão familiar de três pessoas.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias