domingo, 9 de dezembro de 2007

PALAVRA DE DEUS E ESPERANÇA CRISTÃ-III

III-A MORTE VISTA À LUZ DA ESPERANÇA

Graças à Esperança, os sofrimentos e a morte surgem para nós como acontecimentos com sentido.

Tenho a certeza, diz São Paulo, de que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a alegria e a felicidade que teremos no futuro junto de Deus (Rm 8, 18).

Graças à Esperança já podemos celebrar e saborear o que havemos de ser no futuro.

A nossa Esperança dá-nos a certeza de que a História da Humanidade faz parte de um plano de amor.

Eis as palavras que Deus disse ao povo judeu através do profeta Jeremias:

“Conheço muito bem os planos que fiz para vós, diz o Senhor.

Fiz planos para crescerdes e terdes sucesso, e não para fracassardes ou serdes destruídos.

O meu plano é fazer que tenhais um futuro bom. Tende confiança em mim, diz o Senhor.

Quando eu vos der as coisas boas que penso dar-vos, vós chamareis por mim, far-me-eis a vossa oração e eu escutar-vos-ei” (Jer 29, 11-12).

A esperança cristã é uma certeza que assenta na Palavra e na fidelidade de Deus, a qual não pode ser destruída por ninguém.

Mesmo nos momentos de dificuldade, a nossa esperança dá-nos a certeza de que não estamos sós, pois temos um Deus fiel que está connosco.

Na verdade, quando confiamos em Deus, sentimo-nos mais tranquilos, pois ele faz maravilhas em nosso favor.

Eis o que o Espírito Santo disse a São Paulo, uma vez em que ele estava desanimado por causa da sua fragilidade:

“Basta-te a minha graça, pois o meu poder libertador é perfeito quando se trata de ajudar a fraqueza de alguém” (2 Cor 12, 9).

Jesus, na última Ceia, fortalece a confiança dos Apóstolos, pois eles estavam com medo de ficar sós após a sua morte. Eis as palavras de Jesus:

“Agora estais abatidos, mas ver-vos-ei de novo e haveis de vos alegrar e já ninguém poderá tirar-vos a vossa alegria” (Jo 16, 22).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

PALAVRA DE DEUS E ESPERANÇA CRISTÃ-IV

IV-A VIDA ETERNA À LUZ DA ESPERANÇA

A Carta aos Colossenses dá-nos uma norma sábia para nós fortalecermos a nossa esperança. Eis o que ela diz:

“Colocai a vossa mente nas coisas do alto e não nas terrenas” (Col 3, 2).

Quanto mais a nossa mente e o nosso coração se deixam possuir pela Palavra de Deus, mais o Espírito Santo nos transforma e torna semelhantes a Jesus.

Deste modo nos tornamos membros do Corpo de Cristo, pois ele é a Cabeça da Humanidade restaurada e reconciliada com Deus, diz São Paulo (2 Cor 5, 17-18).

A nossa Esperança dá-nos a certeza de que um dia havemos de nos encontrar totalmente felizes com Cristo ressuscitado na festa da Família de Deus.

A nossa Esperança convida-nos a amar os irmãos, pois estaremos com eles para sempre como membros da Família de Deus.

A nossa Esperança assenta na Palavra de Deus.
São Paulo diz que tudo o que foi escrito nas Sagrada Escritura, foi escrito para alimentar a nossa esperança (Rm 15, 4).

Glória ao Deus Vivo que é Pai, Filho e Espírito Santo!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS-I

I- JESUS BUSCAVA FORÇA NA ORAÇÃO

Jesus orava sempre antes dos acontecimentos mais significativos da sua vida.
Depois de ter sido baptizado, diz São Lucas, Jesus começou a orar e eis que os Céus se abriram e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba.

No mesmo instante ouviu-se a voz de Deus Pai dizendo: “Tu és o meu Filho muito amado no qual ponho o meu enlevo” (Lc 3, 21-22).

Jesus fez o mesmo no momento de escolher os doze Apóstolos: retirou-se para uma montanha, diz São Lucas e passou a noite em oração (Lc 6, 12-13).

Antes de perguntar aos discípulos qual o significado do Messias para eles, Jesus esteve em oração (Lc9, 18).

Jesus é apresentado nos evangelhos como um verdadeiro modelo de oração.
No momento em que se transfigurou sobre o monte Tabor, Jesus estava em oração, acrescenta São Lucas (Lc 9, 28-29).

Na última noite da sua vida, ao aperceber-se de que os soldados do sumo-sacerdote o vinham prender para o matarem, Jesus entrou em pânico.

Isto passou-se no Jardim das Oliveiras. Nesse momento, começou a orar, falando com Deus Pai sobre o medo que estava a sentir.

Depois pediu aos discípulos para orarem também, a fim de não caírem na tentação da fuga e da traição (Lc 22, 39-42).

Finalmente, quando já estava pregado na cruz, Jesus ainda orou, pedindo a Deus Pai que perdoasse o pecado daqueles que projectaram a suas morte (Lc 23, 34).

Os evangelhos apresentam Jesus como um homem que orava sempre, mas de modo particular quando tinha de tomar decisões ou enfrentar dificuldades.

Jesus nunca entendeu a oração como um conjunto de Palavras carregadas de uma força mágica capaz de modificar Deus. Pelo contrário, procurava na oração a força necessária para ser fiel à vontade do seu Pai do Céu.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS-II


II-A ORAÇÃO AJUDAVA JESUS A SER FIEL

Ele costumava dizer que a sua felicidade estava em fazer a vontade do Pai que está nos Céus:
“O meu alimento, dizia ele, é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

Ou então: “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou” (Jo 5, 30).
Certo dia, enquanto falava às pessoas, Jesus disse: “Se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse, Deus o ouve” (Jo 9, 312).

Ao ensinar os discípulos a orar, Jesus disse-lhes entre outras coisas para dizerem ao Pai:
“Venha a nós o vosso Reino, faça-se a vossa vontade assim na terra como no Céu” (Mt 6, 10).
A vontade de Deus em relação a nós é a nossa realização e felicidade.

A oração, portanto, não é para modificar este querer de Deus em relação a nós, mas modifica a nossa maneira de ser, a fim de melhor podermos sintonizar com o querer de Deus.

Mediante a oração, nós vamos descobrindo a vontade de Deus e ganhamos força para agir de acordo com o que é melhor para nós.

Jesus não orava apenas por si, mas também pelos discípulos e pela humanidade.
Isto quer dizer que a comunhão com Deus não nos afasta nunca da comunhão com os irmãos.
Certo dia, Jesus disse a Pedro: “ Eu rezei por ti, Pedro, a fim de que a tua fé não vacile (Lc 22, 32).

No Evangelho de São João aparece Jesus a orar pelos Apóstolos e por todas as pessoas que um dia, haviam de acreditar através da sua pregação (Jo 17, 9-16).

Eis algumas palavras desta oração: “Pai, não peço apenas por eles (os discípulos), mas também por todos aqueles que irão acreditar em mim através da sua Palavra” (Jo 17, 20).

Uma vez ressuscitado, Jesus ficou no Céu junto ao Pai. A Carta aos Hebreus diz que Jesus, agora, no Céu, continua a pedir por nós ao Pai e a enviar-nos o Espírito Santo (Heb 7, 25).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ORAÇÃO NA VIDA DE JESUS-III


III-JESUS ORAVA NO ESPÍRITO SANTO

Graças à sua condição de homem em tudo igual a nós excepto no pecado, Jesus faz uma união orgânica connosco.

Esta união é animada pelo Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Eis a razão pela qual, quando oramos no Espírito Santo, estamos a orar em união com Jesus Cristo e participamos plenamente da eficácia da sua oração.

Certo dia em que Jesus estava orando, os discípulos aproximaram-se e pediram-lhe para que os ensinasse a orar ao seu jeito.

Nesse momento, Jesus ensinou-lhes o “Pai-Nosso”, não como uma fórmula para recitar de cor como se recita a tabuada, mas como modelo do que deve ser uma oração à maneira de Jesus.

Por não se tratar de uma fórmula para ser repetida de cor, é que o Pai-Nosso de São Lucas não é igual ao de São Mateus (cf. Lc11, 1; Mt 6, 9-13).

Jesus rezou o Pai-Nosso de muitas maneiras sem se preocupar com repetir uma fórmula.

Uma vez, sentindo-se feliz por ver como a gente simples compreendia e aceitava a sua mensagem, Jesus rezou um Pai-Nosso muito bonito e bastante diferente do outro Pai-Nosso que decoramos.

Eis algumas palavras deste Pai-Nosso descritas pelo evangelho de São Lucas:
“Nesse mesmo instante, Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 10, 21).

Os evangelhos dizem que Jesus, quando acabava de falar às multidões retirava-se para um lugar isolado e, sozinho, falava com o Pai (Mt 14, 23).

Todas as horas e todos os lugares são bons para orar desde que nos possibilitem chegar ao mais íntimo do nosso coração, pois é aí que podemos encontrar um Deus sempre disponível para nós.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O PEDRITO SONHA COM UMA FAMÍLIA FELIZ

DEDICO A SEGUINTE HISTÓRIA AO BEBÉ DA INÊS E DO VASCO
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O PEDRITO SONHA COM UMA FAMÍLIA FELIZ-I




I-O PEDRITO E A FAMÍLIA DA RITA


O Pedrito não se sente feliz apesar de os seus pais terem muito dinheiro e lhe darem muitos brinquedos caros.

O Pedrito gosta muito da maneira de viver da família da Rita, apesar desta família não ter muito dinheiro.

Certo dia, o Pedrito pôs-se a sonhar sobre o que seria uma família feliz, inspirando-se no jeito de viver da família da Rita.

Eis alguns aspectos positivos que o Pedrito descobriu na família da Rita:

A felicidade familiar, afinal, assenta sobre uma cadeia de coisas simples que dependem da colaboração de todos. Isto é muito importante para pessoa se sentir bem em casa.

Na casa da Rita, as pessoas cultivam a amabilidade. Gostam de brincar uns com os outros e procuram que haja harmonia nas relações do casal e deste com os filhos.

Eis algumas atitudes e atenções que o Pedro descobriu como importantes para o bem-estar e a felicidade da Rita:

Ao chegar a casa, os pais da Rita dão-lhe muito carinho e atenção.

O Pedrito nota que isso torna a Rita muito feliz. Nota-se que na casa da Rita as pessoas se sentem felizes, pois gostam muito umas das outras.
Nos dias em que há uma festa especial, a mãe da Rita costuma acender uma vela e coloca-a sobre a mesa durante o jantar.

Em dias especiais, quando as pessoas estão mais disponíveis, estas gostam de fazer alguns bolos em conjunto.

Estes bolos sabem melhor, costuma dizer a Rita, do que aqueles muito enfeitados que vêm de fora.

Isto faz que nestes dias, a casa fique toda a cheirar a coisas boas.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O PEDRITO SONHA COM UMA FAMÍLIA FELIZ-II


II-FELICIDADE FAMILIAR E TERNURA

O Pedrito nota que a Rita fica muito feliz quando o pai a atira ao ar e lhe desalinha os cabelos.

Eu também gostava, diz o Pedrito, de jogar com o meu pai e brincar com a minha mãe, mas isso quase nunca acontece.

O Pedrito nota que a Rita gosta muito de ver o pai brincar com a mãe. Nesses momentos cheia de alegria, corre para os pais e mete-se no meio deles!

À noite, os pais da Rita esforçam-se por ter alguns momentos para falar com ela. Quando isto não pode acontecer procuram explicar-lhe as razões.

Quando chega a hora de deitar, uns dias o pai outros dias a mãe lêem ou contam-lhe uma história.

As pessoas escutam-se umas às outras. Os pais procuram arranjar algum tempo para ver os seus trabalhos escolares e elogiam-na quando esses trabalhos estão bem feitos.

Os meus pais, diz o Pedrito, nunca têm tempo para estar comigo.

Dão-me muitos presentes, mas isso não me compensa, pois aquilo que eu mais queria era tê-los para mim.

Na verdade, gostava mais de ter os meus pais comigo do que a quantidade enorme de presentes que me oferecem.

Em casa da Rita as pessoas têm o hábito de dialogar e não de gritar uns com os outros.

Como se respeitam uns aos outros, os membros da família da Rita escutam-se e cada qual se sente livre para dizer o que pensam.
Isto faz que a Rita tenha uma grande capacidade de comunicar espontaneamente na escola e nos grupos de amigos.

Os pais da Rita quase sempre têm disposição para acolher os amigos dela, diz o Pedrito.

Por isso eu vou tantas vezes à casa dela. Mas os meus pais quase nunca têm tempo nem disposição para acolher os meus amigos.

Segundo as observações do Pedrito, podemos concluir que a felicidade de uma família se edifica com pequenas coisas.
O Pedrito pensa que a felicidade da família é mais uma questão de ternura e amor do que possuir muito dinheiro.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

domingo, 2 de dezembro de 2007

O UNIVERSO É O POEMA DE DEUS-I


I-O SABOR POÉTICO DA CRIAÇÃO

Deus imprimiu na Criação um sabor a ritmo e harmonia.
Podemos dizer que no coração do Universo está a ecoar um grito de beleza e poesia.

Através da génese criadora do Universo, Deus está escrevendo um poema vivo e dinâmico, cujo tema central é o Homem em construção.

Neste Cosmos em formação, cada estrela é uma estrofe, cada planeta um refrão.

São mais de cem mil milhões as estrelas da nossa Galáxia que surgem neste céu azul que prolonga o mar.

Mas além da nossa galáxia, o Universo é constituído por mais de cem mil milhões de outras galáxias imensamente maiores.

A nossa fé convida-nos a celebrar a bondade de Deus Criador, a fim de descobrirmos o sentido das realidades do Universo.

São estrelas, galáxias, sistemas solares, planetas e cometas.

São Nebulosas coloridas e brilhantes. São auroras boreais e asteróides.

Celebrar a Criação de Deus é proclamar um poema cujo tema dominante é: O Amor Cria e Salva.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O UNIVERSO É O POEMA DE DEUS-II


II-JESUS É O CENTRO E A CÚPULA DA CRIAÇÃO

A Palavra central deste poema é Jesus Cristo, ponto de encontro do humano com o divino.

Nele, o divino diz-se em grandeza humana e o Homem é assumido na própria Família de Deus.

Jesus Cristo é a Palavra eficaz de Deus. À medida em que nos revelava o plano salvador de Deus, realizava a obra da Salvação.

Sem esta Palavra fundamental, o poema de Deus ficava vazio de sentido.

No coração do poema criador está a Humanidade, essa multidão de pessoas em construção.

Em cada uma destas pessoas, a Humanidade emerge de modo único, original e irrepetível.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo vai moldando ternamente o coração do homem para se enquadrar plenamente no plano criador e salvador de Deus.

Os poetas humanos cantam emoções, paixões e sofrimentos.

Muitos dos seus versos são expressões de desilusão, amores traídos e frustração.

O Poema de Deus, pelo contrário, fala-nos da harmonia do Universo e festa da Vida Plena na comunhão definitiva do Homem com Deus.

Este Homem restaurado e encaminhado para a Vida Eterna é a Nova Criação, cujo início é Jesus Cristo.

Antes de criar as aves do Céu, os animais domésticos, os répteis e os animais selvagens, Deus já pensava no Homem com o qual fez uma Aliança de Amor Eterno.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O UNIVERSO É O POEMA DE DEUS-III



III-A CRIAÇÃO E O PLANO SALVADOR DE DEUS

As coisas que Deus criou têm sentido e todas têm razão de existir, pois a Criação é uma obra de amor e não um brinquedo para Deus se divertir.

Depois de ter criado o Homem com uma ternura infinita, Deus ofereceu-lhe o regaço maternal do Espírito Santo.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Logo a seguir chamou-nos a cada um pelo nosso nome.
Para não esquecer o nome de cada um de nós, Deus escreveu-o na palma das suas mãos.

Depois, para prolongar o amor que nos tem, Deus convidou muitas pessoas para nos fazerem bem, a fim de facilitarem a nossa realização.

Na verdade, o amor de Deus chega até nós através de muitas mediações.

É esta a razão pela qual ele nos chama a amar os nossos irmãos, a fim de sermos uma mediação do seu amor para eles.

Por serem imagem de Deus, as pessoas humanas são capazes de amar.

Mas também podemos pecar dizendo não ao amor, pois o amor propõe-se, mas nunca se impõe.

Quando escolhemos o caminho do amor fraterno fica ao nosso alcance a possibilidade de sermos família de Deus.

Este dom vem-nos, diz o evangelho de São João, pela Encarnação do Filho de Deus (Jo 1, 12-14).

O poema de Deus está em génese e, por isso, ainda não está acabado, sobretudo o Homem em construção.

Deus criou-nos para que nos criemos. Na verdade, nascemos para nascer outra vez, diz o evangelho de São João (Jo 3, 3-6).

Deus criou o Homem inacabado, a fim de este tomar parte na sua própria criação e, deste modo, poder ser livre, consciente e responsável.

Cada pessoa é uma maravilha semelhante às maravilhas das impressões digitais: biliões de dedos e as impressões digitais nunca se repetem.

A nossa identidade genética é o ADN que recebemos no momento da concepção.

Recebemo-la sem a escolher e perdemo-la no cemitério.
Mas temos ainda a identidade espiritual, a qual tem uma configuração histórica, pois é resultado das nossas escolhas, decisões e realizações na linha do amor.

A identidade espiritual de uma pessoa é imortal e é constituída pelo seu jeito próprio de amar.

Deus criou-nos para que nos criemos e talhou-nos com o jeito do encontro amoroso.

Com o aparecimento do Homem, a Criação atinge uma densidade pessoal e torna-se proporcional à própria Divindade.

Criador e Criação já podem comungar, pois a Divindade é pessoas e a Humanidade também. Aleluia!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

ANTES DE NOS CRIAR, DEUS AMOU-NOS-I



I-O BEIJO DA CRIAÇÃO

No princípio, Deus decidiu criar o Universo movido exclusivamente por um impulso de amor.

Criou as estrelas e os planetas, entre os quais a nossa terra
Da terra fez emergir a imensa variedade de plantas com as suas flores e frutos.

Criou as aves do céu, os animais domésticos, bem como os répteis e os animais selvagens.

Criou os oceanos, a fim de serem o berço da vida. Na verdade, o ventre dos oceanos está cheio de seres vivos, bons para alimentar a vida do Homem.

Mas era em nós que Deus estava pensando quando criou todas estas maravilhas.

A obra-prima de Deus, a menina dos seus olhos é a Humanidade!

Encantado com a sua obra, Deus olhou-nos com uma ternura infinita e deu-nos o beijo primordial graças ao qual o hálito da vida, isto é, o Espírito Santo, passa a habitar no nosso íntimo.

Todas as coisas que Deus criou têm sentido e razão de existir.

Com efeito, a Criação não é um brinquedo para Deus se divertir, mas um projecto em marcha cujo princípio dinamizador é o próprio amor do Deus Criador.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ANTES DE NOS CRIAR, DEUS AMOU-NOS-II


II-O BEIJO DA SALVAÇÃO

Ao criar o Universo, Deus já estava pensando em nós. Quando chegou o momento de nos criar, as três pessoas divinas pararam para dialogar.

E foi assim que chegaram à seguinte conclusão: “Façamos o Homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1, 26).

Deus Filho, olhou para nós com a ternura própria de um irmão querido e ficou encantado.

O Espírito Santo com seu jeito maternal de amar disse a Deus Pai: segura-os nas palmas das tuas mãos, a fim de nenhum mal lhes acontecer.

Finalmente, Deus Pai deu-nos o beijo da plenitude (a Encarnação) enviando-nos o seu Filho.
Pelo mistério da Encarnação o divino enxertou-se no humano.

Como resultado deste beijo, os seres humanos são divinizados, isto é, incorporados na Família de Deus, mediante o Espírito Santo.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho que nos acolhe como irmãos.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Depois acrescenta que é por ele que nós somos introduzidos na família de Deus (Rm 8, 14-17).

No Universo existe a beleza e a harmonia, pois as realidades criadas por Deus são fruto das relações de amor da Santíssima Trindade.

Como são admiráveis as perfeições das flores, dos frutos, dos peixes, dos animais e das aves do Céu!

Como é bonito o azul do céu, o movimento do mar e o sorriso das crianças.

Como é saborosa a ternura dos pais e o carinho das pessoas que nos amam.

Todas estas perfeições existentes nas coisas criadas, existem em grau de perfeição infinita no criador de todas as coisas!

Na verdade, Deus criou-nos e amou-nos ainda antes de o podermos conhecer e amar!

Agora, através do Espírito Santo, Deus vai-nos chamando no dia a dia da nossa vida a amar os irmãos, a fim de sermos uns para os outros o prolongamento do amor de Deus.

É este o modo de Deus nos criar à sua imagem e semelhança, configurando-nos com o seu Filho Jesus Cristo.

Glória a Deus Santo que é Pai, Filho e Espírito Santo!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

SABOREANDO O MISTÉRIO DO HOMEM-I


I-A HUMANIZAÇÃO COMO VOCAÇÃO

Senhor Deus!
Nós sabemos que os seres humanos não nascem humanizados.

Isto quer dizer que temos uma tarefa que não podemos realizar sem a Vossa ajuda.

Também sabemos que a pessoa humana não é capaz de amar se não for amada primeiro.

Eis a razão pela qual as nossas recusas de amor são sempre um pecado, pois empobrecem o processo da nossa humanização e bloqueiam a humanização dos nossos irmãos.

De facto, as recusas de amor dos outros para connosco bloqueiam as nossas possibilidades de amar.

Do mesmo modo, as nossas recusas de amor em relação aos outros limitam as suas possibilidades de amar.

Podemos dizer que o pecado é sempre uma recusa da pessoa a humanizar-se e facilitar a humanização dos outros através do amor.

As possibilidades de humanização de uma pessoa dependem sempre dos outros, pois começamos por ser o que os outros fizeram de nós.

Mas o mais importante não são os talentos que recebemos dos outros, mas sim a maneira como os realizamos.

Por outras palavras, a humanização de uma pessoa passa sempre pela sua fidelidade aos dons que vós lhe dais através dos outros.

Do mesmo modo, em relação ao mal, a pessoa começa por ser vítima do mal que a atinge a partir dos demais.
Eis a razão pela qual o leque das possibilidades ou talentos varia tanto de uma pessoa para outra.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

SABOREANDO O MISTÉRIO DO HOMEM-II


II-AS FORÇAS DO BEM E DO MAL EM NÓS

Face à realidade do pecado, portanto, as pessoas começam por ser vítimas e depois, à medida em que passam a dizer não às propostas do amor, passam a ser culpadas.

É mesmo verdade que começamos por ser o que os outros fizeram de nós, tanto no que se refere às possibilidades como aos condicionamentos.

Depois de recebermos o que nos foi dado, nós realizamo-nos ou não segundo a nossa fidelidade ao amor.

Isto quer dizer que o verdadeiramente decisivo é o modo como nos construímos a partir do que recebemos dos demais.

Jesus Cristo chamou talentos ao conjunto de possibilidades de que dispomos para nossa realização (Mt 25, 14-30).

A nossa vocação a ser humanos é um apelo a realizarmo-nos como pessoas através de relações o amor. Ser bom é uma tarefa que temos de realizar.

Além dos talentos que possuímos reconhecemos que as forças de bloqueio que habitam o nosso coração, são travões que tentam impedir o processo da nossa humanização.

Estas forças manifestam-se em atitudes negativas, tais como: orgulho, egoísmo, Ganância, insensibilidade ou indiferença face ao sofrimento dos irmãos.

Muitas vezes surgem também arrogância ou a fome de poder que pretende dominar os irmãos.

Senhor, Nosso Deus,
Vós sois o Único Deus Verdadeiro. Sois a fonte do todo o bem.

Capacitai-nos para agir em conformidade com a vossa vontade, a fim de não cairmos no mal.

Nós sabemos que a vossa vontade coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Ajuda-nos, Espírito Santo, a fim de conduzirmos sempre a nossa vida de acordo com a Palavra de Deus.

Ilumina-nos, a fim sabermos discernir entre o bem e o mal.
Molda o nosso coração de acordo com o coração de Cristo, a fim de sermos capazes de nos preocupar com o bem dos irmãos.
Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

DIÁLOGO COM O DEUS QUE SE REVELA-I


I-DEUS VAI-SE DIZENDO DE MODO GRADUAL

Deus Santo,
Hoje queria louvar-vos pela maneira bonita como vos dais a conhecer aos seres humanos.

Quem não tem coração capaz de comungar não vos pode conhecer, diz a Bíblia.

De facto, Vós não sois uma espécie de tabuada que devamos memorizar para depois repetir.

Vós dissestes a Moisés que estais sempre a ser de modo novo. Vós sois um Deus que nunca envelhece!

Recordo as palavras que dissestes a Moisés no alto da montanha quando no alto da Montanha lhe falaste a partir da sarça que ardia sem se consumir: “Eu Sou Aquele que Sou”, dissestes Vós a Moisés (Ex 3, 14).

Moisés tirou a conclusão de que sendo Vós um "EU SOU", sois um Deus sempre a ser uma novidade constante.

Como não sois um Deus estático podeis acompanhar o vosso povo na caminhada do deserto.

Isto quer dizer que vós sois um Deus se só existe no presente.

Na verdade, vós sois uma emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em total convergência de comunhão amorosa. Nunca fostes um Deus no passado!

Por serdes um Deus de perfeição infinita, não vos revelastes de uma só vez.

Na verdade, o Homem não podia entender-vos de uma só vez.

Por isso o mistério da Santíssima Trindade só foi revelado na plenitude da Revelação.

Primeiro revelastes a vossa natureza de Deus único, dizendo aos profetas que, além de Vós, não há mais nenhum Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM O DEUS QUE SE REVELA-II


II-SÓ PELO AMOR PODEMOS CONHECER DEUS

Depois de vos terdes revelado como único Deus, já havia condições para o Homem entender o passo seguinte.

Foi então que Jesus nos ensinou que existe um só Deus, mas que este Deus não é um sujeito sozinho.

O vosso coração é comunitário. A plenitude divina é uma comunhão amorosa de três pessoas.

Na verdade, não pode haver vida pessoal em plenitude fora de uma comunhão orgânica e dinâmica.

A nossa fé diz-nos que a Divindade é três pessoas em relações de amor. Deste modo nós sabemos que Deus não é um sujeito em solidão, mas uma família em comunhão.

Trindade Santa,
Nós fomos criados à vossa imagem e semelhança! Eis a razão pela qual a solidão nos asfixia.

Olhando a realidade de Deus por este prisma compreendemos o que a bíblia quer dizer quando afirma que Deus é Amor (1 Jo 4, 7).

Por serdes pessoas em relações, o conhecimento de Deus não é uma questão teórica. Só pode conhecer a Deus quem ama os irmãos, diz a Primeira Carta de São João (1 Jo 4, 7-8).

Sucede o mesmo para acontecer conhecimento profundo entre as pessoas humanas.

É por esta razão que o conhecimento dos esposos não resulta de uma mera actividade mental, mas sim de uma cadeia de relações sérias de amor.

Glória a Vós, Trindade Santa, que sois Pai, Filho e Espírito Santo!
Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A ARTE DE EDIFICAR O AMOR-I


I-O AMOR CONCRETIZA-SE EM ATITUDES

O Amor é uma dinâmica relacional de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Por outras palavras, o amor não é uma teoria mas uma dinâmica relacional que se torna real em atitudes concretas.

Apesar de nunca se impor, o amor propõe-se e insinua-se, convidando a pessoa a eleger o outro como alvo de bem-querer.

Em primeiro lugar o amor convida-nos a aceitar o outro tal como ele é e a agir de modo a facilitar a sua realização e felicidade.

Eis algumas propostas importantes que o amor faz às pessoas que o tomam a sério:

Convida a pessoa a estar presente junto do outro nas horas difíceis.

Edifica na cooperação solidária e não na concorrência.
Tudo faz para que o outro goste de si, valorizando as suas realizações e empenhamentos.

O amor ajuda o outro a superar a solidão e a suportar os fardos com que a vida, por vezes, nos carrega.

O amor sente alegria de ver o outro a crescer como pessoa realizada, amadurecida e feliz.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE EDIFICAR O AMOR-II


II-O ENSINAMENTO DE JESUS SOBRE O AMOR

O amor gosta de dar oportunidades ao outro, ajudando-o a crescer como pessoa livre, consciente e responsável.

O amor nunca substitui o outro, mas cultiva a arte de ajudar sem se sobrepor.

O amor insinua atitudes e gestos com sabor a doação e disponibilidade.

Por outras palavras, sugere a eleição do outro pelo que ele é e não por fazer aquilo que nós queremos.

A pessoa que se deixa interpelar pelas sugestões profundas do amor compreende perfeitamente o ensinamento de Jesus que diz que é melhor dar que receber.

O amor procura ajudar o outro a descobrir sentidos para viver de modo construtivo e empenhado, condições para se sentir válido e feliz.

Amar é ser capaz de ficar calado quando se está magoado, esperando a oportunidade certa para dialogar serenamente.

O amor convida-nos a acreditar no outro e não pretendermos que a nossa opinião é a única certa e válida.

Amar é estar atento, sabendo escolher como tema de conversa e passatempo assuntos que têm interesse para o outro.

É também saber calar-se quando nos damos conta que a conversa está a cansar.

Amar implica saber olhar as qualidades do outro e não girar obsessivamente em volta dos seus defeitos.

O amor convida a partilhar não apenas o que a pessoa tem, mas também e sobretudo aquilo que ela é.

O amor sabe que a disponibilidade para escutar e acolher é mais importante do que os presentes.

Amar é acolher as diferenças, a fim de o outro ser tal como é, e não pretender que ele seja uma cópia de mim.

Ama mais e melhor quem dá o primeiro passo na linha da reconciliação. Foi assim que Deus agiu para connosco em Jesus Cristo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A ARTE DE EDIFICAR O AMOR-III

III-JESUS LEVOU O AMOR À PLENITUDE

Jesus levou o amor até à sua expressão máxima: “Dar a vida pelo amigo”.

Eis o que ele nos diz no evangelho de São João: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

O amor á rocha firma para edificarmos a casa da nossa realização pessoal em contexto de comunhão amorosa.

Podemos dizer que o amor é a veste indispensável para participarmos no banquete da vida, tanto Na vida presente como na plenitude do Reino de Deus.

As pessoas que vivem em contexto de reciprocidade amorosa sentem-se estimadas, valorizadas e, portanto, capacitadas para render o melhor dos seus talentos.

Na reciprocidade amorosa há lugar para a diferença, pois cada pessoa se sente chamada a realizar-se como ser único, original e irrepetível.


A pessoa que ama procura compreender os outros na sua realidade mais profunda, a fim de facilitar a sua realização e poder aceitá-la nas suas diferenças.

O amor convida a estar atento às crises de crescimento das pessoas com quem vivemos, a fim de os ajudar a superar essas crises e a entrar no novo limiar do seu crescimento pessoal.

O amor convida a cultivar relações que se desenvolvam numa linha de verdade e autenticidade.

Também convida a aceitar a história do outro, condição essencial para o compreender e aceitar assim como são.

O amor ajuda-nos a olhar os outros como um dom, pois são mediações que Deus nos dá para nos podermos realizar como pessoas.

O amor convida-nos a não pretendermos ser bons em tudo, aceitando que há aspectos em que os outros são melhores do que nós.

Para amar bem a pessoa do outro é importante apreciar a sua originalidade e diferença, deixando-a ser igual a si própria.

Os cristãos sabem que o Espírito Santo é uma pessoa cujo jeito de ser é animar e optimizar as relações de amor.

No dia a dia ele vai-nos recordando que amar é eleger o outro como alvo de bem-querer. Aceitando-o como é, apesar de ser diferente, e agir de modo a facilitar a sua realização e felicidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O SEU NOME ERA JESUS DE NAZARÉ-I

I-A SUA PAIXÃO ERA A LIBERTAÇÃO DO HOMEM

Nasceu no meio de gente pobre e viveu a condição da gente simples da Galileia.

A sua grande paixão era conduzir a Humanidade para a comunhão da Família de Deus.

Contra o que era costume no seu meio, tratava Yahvé por Abba, isto é, Papá.

Ensinava as pessoas a falar com Deus como um filho fala com seu pai, dizendo: Pai-Nosso que estais no Céu.

Era corajoso e punha-se sempre do lado dos marginalizados e dos oprimidos pelos sistemas injustos.

Tomava partido pelos que não eram capazes de se defender, tornando-se a voz dos que não tinham força para defender os seus direitos.

Deixava mais felizes os que tinham a sorte de comunicar com ele em Profundidade.

Nunca ninguém ficou mais pobre pelo facto de o ter encontrado.

Defendia a partilha dos bens como caminho seguro para se chegar à abundância.

Se abrirmos o coração à fraternidade e seguirmos o caminho da partilha, ensinava ele, os bens da terra chegarão para todos e ainda vai sobrar.

Foi isto que ele quis ensinar com o milagre dos três pães e dos dois peixes partilhados, os quais chegaram para alimentar uma multidão.

Os três pães chegaram para todos e ainda sobraram vários cestos cheios de pedaços.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O SEU NOME ERA JESUS DE NAZARÉ-II


II-OPUNHA-SE À MORTE DOS PECADORES

Sentia-se bem entre os simples e os que tinham um coração capaz de acolher os outros.

Apreciava muito a companhia dos pobres, pois estes têm uma grande capacidade de partilhar.

Jamais defendeu a marginalização dos pecadores, apesar de se opor sempre ao pecado.

Na verdade, o seu sonho era banir o pecado da História Humana, pois este é a fonte da violência e do ódio e das guerras que atormentam as sociedades e os povos.

Apesar de se opor ao pecado nunca defendeu a morte dos pecadores, como faziam os sacerdotes e os fariseus do seu tempo.

Foi esta a razão pela qual ele tomou partido pela mulher adúltera, apesar de ser contra o adultério.

A destruição do pecado, segundo a sua maneira de entender, acontece no íntimo do coração humano pela acção do Espírito Santo.

Na verdade, só o Espírito Santo é capaz de renovar os nossos corações, fazendo-nos passar do egoísmo para o amor fraterno.

Dirigindo-se aos sacerdotes e aos doutores da Lei, um dia disse-lhes que eles pretendiam dominar o povo simples impondo-lhes normas e preceitos que não passam de invenções humanas.

Os que o escutavam com atenção encontravam sempre razões novas para viver.

Não fazia publicidade dos seus gestos de generosidade, pois ele amava sem fazer alarde.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O SEU NOME ERA JESUS DE NAZARÉ-III


III- ODIADO PELOS RICOS E PODEROSOS

Palavra de Deus era o grande amor da sua vida e exultava de alegria no Espírito Santo quando sentia que as pessoas compreendiam e acolhiam a sua mensagem.

Os detentores do poder e das riquezas não queriam que ele vivesse, pois a sua mensagem minava os sistemas caducos e as estruturas opressivas da sociedade em que vivia.

Como é costume nestes casos, os poderosos começaram a deturpar a sua mensagem e a verdade da Palavra de Deus, a fim de justificarem os seus planos para destruir a vida dos profetas.

O seu nome era Jesus de Nazaré. Denunciava o pecado, pois este mutila o Homem. Mas não sentia ódio pelos pecadores.

Foi por esta razão que no momento da sua morte, pediu a Deus que perdoasse o pecado dos seus assassinos.

Justificava o seu modo de actuar dizendo ser essa a vontade de Deus.

O meu alimento, dizia ele, é fazer a vontade do Pai que me enviou.

Numa noite fria e escura os seus inimigos invadiram a sua casa, deixando-a vazia.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O SEU NOME ERA JESUS DE NAZARÉ-IV


IV-MAS DEUS DEU-LHE A VITÓRIA

Fizeram-no desaparecer da companhia dos que o amavam. Mas Deus tomou partido por ele, ressuscitando-o.

De facto, Deus não permite que as pessoas que gastam a vida pelas causas do amor, acabem no vazio do cemitério.

O amor não pode terminar na morte, pois Deus é amor. Teve a sorte dos profetas, isto é, foi morto pelos inimigos da verdade e do bem.

Apesar de morrer rodeado de inimigos o seu coração estava tranquilo, pois tinha a certeza de que Deus ia restaurar a sua vida.

Eis a razão pela qual ele passou a vida a fazer bem a toda a gente e a pregar que a meta da nossa vida é a comunhão universal da Família de Deus.

Ele tinha a certeza de que nenhum homem pode destruir o projecto de amor que Deus sonhou para a Humanidade.

Foi para conduzir a Humanidade para esta meta feliz que ele viveu e morreu.

No início da sua missão, o Espírito Santo consagrou-o, a fim de ele ter a força necessária para ser fiel até ao fim.

Eis a razão pela qual ele se sentia segura e tinha força para enfrentar as forças negativas que tentam desumanizar as pessoas e as sociedades.

Tinha a missão de inverter a dinâmica destrutiva do pecado de Adão.

Com a sua infidelidade ao plano de Deus, Adão colocou a Humanidade no caminho do fracasso.

Jesus de Nazaré, com a sua fidelidade incondicional à vontade de Deus, colocou-nos no caminho que leva a fraternidade universal e à nossa incorporação na festa da Família Divina.

Ele é o Novo Adão, pois coube-lhe a missão de libertar o Homem das distorções operadas pelo Antigo Adão.

Eis as palavras de São Paulo a este respeito: “Assim como pela falta de um só veio a condenação e a morte, assim também, pela vida justa de um só veio para todos a Graça que dá a vida” (Rm 5, 18).

Levou o amor até à sua densidade máxima, dando a sua vida por todos nós, a fim de fazer de nós irmãos seus e filhos do seu Pai do Céu.

O seu nome era Jesus de Nazaré. Ensinava as pessoas a amarem-se umas às outras, a fim de se realizarem e serem felizes.

Ensinou aos seus discípulos que a profundidade máxima do amor se atinge quando uma pessoa dá a vida por alguém.

Eis as palavras que ele usou para fazer do amor o seu único mandamento:

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (15, 12-13).

Ao morrer por nós, partilhou totalmente o seu ser, ao ponto de a sua vida se tornar um património comungável por todos os seres humanos.

Por outras palavras, como se deu totalmente, a sua vida deixou de ser apenas sua.

Eis a razão pela qual, ao ressuscitar, difundiu por todos o Espírito Santo, essa Água Viva que gera vida eterna no nosso íntimo.

Após a sua ressurreição ficámos organicamente unidos a ele.

Por isso ele nos transmite a semente da vida Nova, isto é, o Espírito Santo (1 Jo 3, 9)

Ele é, diz o evangelho de São João, a cepa da videira cujos ramos somos nós (Jo 15, 1-8)

Uma vez ressuscitado tornou-se o coração da Comunhão Universal que une de modo definitivo o Homem com Deus.

Os seus inimigos, pensaram destruir a sua morada e, deste modo, bani-lo do nosso meio.

Na verdade, forçaram a as portas da sua habitação terrena matando-o.

Mas Deus restaurou-o, fazendo dele a coluna que sustenta o edifício da Nova Humanidade.

Após a sua ressurreição ficou mais unido a nós do que antes, pois o ponto de encontro e comunhão com ele passou a ser o nosso coração.

Como um pão que se reparte para alimentar a vida dos outros, assim foi a sua vida.

Por isso nos deixou a Eucaristia, onde se dá a todos na linguagem do pão partilhado.

Como tomava Deus e o Homem a sério, reuniu as condições perfeitas para ser o nosso Salvador e o condutor da caminhada que conduz ao nascimento do Homem Novo.

Ele é, como diz São Paulo, a cabeça da Nova Criação reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

Unidos a toda a Humanidade nós queremos proclamar o grande dom da salvação e a nossa entrada na Família de Deus graças à doação de Jesus Cristo!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A TERESA DESCOBRIU DEUS-I


I-A TERESA DESCOBRE O AMOR DE DEUS

Através do amor dos pais, a Teresa aprendeu a fazer uma experiência muito rica do amor de Deus.

Esta experiência foi amadurecendo através do amor dos seus pais e do modo como lhe falavam de Deus.

A catequese completou esta formação da Fé que começou na família.

Através do amor dos pais, a Teresa começou a entender como Deus a ama de modo incondicional.

Como sabemos, Deus é uma família de três pessoas. As pessoas divinas vivem como uma comunidade de amor infinito.

Eis a razão pela qual, só através de experiências ricas de amor podemos entender a realidade de Deus.

Eis o que diz a primeira carta de São João:
“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. A pessoa que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.
Aquele que não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8).

Todos os dias os pais da Teresa lhe lembravam que Deus nos ama, apesar das nossas maldades e limitações.

Quando fazia algo de errado, costumavam dizer-lhe: “O que fizeste está errado e magoa-nos. Apesar disso, nós amamos-te. Além disso, nós sabemos que Deus te ama muito e te perdoa”.

Depois davam-lhe um beijinho e acolhiam-na. Estas experiências foram capacitando a Teresa para amar e aceitar os outros.

De facto, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado por alguém.

Os pais da Teresa ensinaram-na a falar com Deus tal como um filho ou uma filha fala com os pais.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A TERESA DESCOBRIU DEUS-II


II-E A TERESA APRENDEU A CONHECER-SE

Os pais de Teresa também a ensinaram a fazer, no fim do dia, uma retrospectiva sobre o modo como decorreu o seu dia.

A Teresa falava a Deus das coisas boas que fizera, mas também dos erros que tinha cometido nesse dia.

Esta retrospectiva do seu dia não se destinava a criar sentimentos de culpa.

A Teresa sabia bem que Deus a amava, apesar dos seus defeitos e erros.

Através desta prática, a Teresa cresceu enormemente na capacidade de se conhecer e compreender.

Aprendeu a conhecer os seus defeitos e a maneira de os corrigir.
Também começou a tomar consciência das muitas possibilidades que tinha para fazer coisas boas.

Os pais ensinaram-lhe que todos os seres humanos têm um leque de possibilidades que podem utilizar para se realizarem como pessoas e ajudarem os outros a ser felizes.

Isto quer dizer que os seres humanos não nascem feitos. Nascemos para renascer através do Espírito Santo, diz o evangelho de São João (Jo 3, 3).

Foi assim que a Teresa aprendeu a falar com Deus como um amigo fala com o seu amigo.

Quando começou a fase da sua adolescência, os seus pais escreveram-lhe uma mensagem que a marcou para sempre.

Nessa mensagem os pais deram provas de grande confiança nela, o que lhe fez muito bem.

Eis a mensagem que os pais escreveram à Teresa: “Nós sabemos que estás a entrar numa fase muito especial do teu crescimento.

Sabemos que vais fazer coisas erradas e que vais falhar, mas queremos que saibas que gostamos muito de ti”.

Esta mensagem foi a razão principal que a levou a tentar fazer as coisas o melhor possível.

Hoje, a Teresa está convencida de que esta mensagem a impediu de cometer muitos erros e lhe deu força para não agir de modo errado.

Os pais são para as crianças o símbolo do próprio Deus. Eis a razão pela qual o amor dos pais é a primeira mediação para as crianças fazerem a experiência do amor de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

FACILITAR O NASCIMENTO DO HOMEM NOVO-I


I-A EMERGÊNCIA ESPIRITUAL DO HOMEM NOVO

Ao criar o Homem, Deus moldou-o de modo a que ele chegue a ser divino.

Pelo facto de nascer inacabada, a pessoa humana está chamada a realizar-se, completando em si a obra do Criador.

Como diz o evangelho de São João, nascemos para renascer:

“Quem não nascer da água e do Espírito não pode ver o Reino de Deus.
O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é espírito.
Não te espantes, pois, por eu te ter dito que tendes de nascer do Alto” (Jo 3, 5-7).

O Homem Novo não é apenas obra da natureza, pois supõe a intervenção de Deus na criação do Homem, isto é, esse sopro de Deus no barro primordial.

O núcleo fundamental do Homem Novo a emergir é a sua interioridade espiritual, a qual emerge como ser pessoal livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Como diz o Livro do Génesis, o Homem Novo não pode nascer sem a presença activa e criadora do Espírito Santo no nosso íntimo.

Na verdade esta presença activa e criadora do Espírito Santo é o hálito que Deus insuflou no interior do barro primordial (Gn 2, 7).

A presença do Espírito Santo em nós optimiza as nossas capacidades de realização pessoal, capacitando-nos para tomar as atitudes certas, a fim de facilitarmos o nascimento do Homem Novo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FACILITAR O NASCIMENTO DO HOMEM NOVO-II


II-FACILITANDO A EMERGÊNCIA HOMEM NOVO

Apesar de a sua presença no nosso coração ser criadora e activa, o Espírito Santo não nos substitui.

Eis a razão pela qual estar atentos para tomar as atitudes certas para a nossa realização. Eis algumas dessas atitudes:

Para facilitarmos o nascimento do Homem Novo procuremos aceitar as pessoas pelo que elas são e não por fazerem o que eu gostaria que elas fizessem.

O Homem Novo evita girar de modo obsessivo à volta das coisas que o magoaram.

Para facilitarmos o nascimento do Homem Novo é importante não alimentar no nosso coração ressentimentos ou planos de vingança.

À medida em que nasce em nós o Homem Novo passamos a ser capazes de olhar as qualidades dos outros e valorizar o bem que eles fazem.

O Homem Novo alegra-se com o bem feito pelos outros.
Na verdade, o bem feito pelos outros não deixa de ser bem pelo simples facto de não ter sido feito por nós.

O Homem Novo abre o coração à presença e à acção do Espírito Santo em si, por isso age cada vez mais em harmonia com os critérios de Deus.

O Homem Novo sabe que ninguém é bom em tudo e, portanto, acolhe e valoriza as capacidades e talentos das outras pessoas.

O coração do Homem Novo é semelhante ao de Jesus, por isso é capaz de gestos de doação amorosa.

Eis a razão pela gosta de ajudar as pessoas de modo gratuito, evitando amarrá-las ou manipulá-las a troco de coisas ou favores.

O homem velho, pelo contrário, dá coisas para amarrar as pessoas, impedindo-as, assim, deste modo, de serem pessoas livres e, portanto, realizadas e felizes.

Como não é uma pessoa realizada, o homem velho tem sempre a tendência de bloquear o crescimento das outras pessoas.

A pessoa humana cresce na medida em que emerge de modo livre e, portanto, como alguém que se vai moldando como ser único, original e irrepetível.

Ao contrário do homem velho, o Homem Novo alegra-se de ver o outro crescer como pessoa amadurecida e feliz.

O Homem Novo não está sempre a exigir disponibilidade dos demais, mas procura estar disponível quando sente que os outros precisam de si.

O Homem Novo procura reconciliar-se com as pessoas, pois sabe que a reconciliação com o irmão é o caminho seguro para a comunhão com Deus.

O Homem Novo não está sempre a deitar para cima dos outros as culpas das próprias insatisfações e fracassos.

Sabendo que o ser humano é uma pessoa em construção, o Homem Novo procura ser fiel aos seus talentos, consciente de que estes são a matéria-prima de que dispomos para nos realizarmos.

O Homem Novo sabe cultivar a humildade. Ser humilde é ser verdadeiro.

A humildade é a capacidade de nos relacionarmos numa linha de verdade e sabermos situar-nos de modo correcto no convívio social.

A humildade não consiste em a pessoa se anular ou dizer que não presta para nada.

A pessoa humana é um ser criado à imagem de Deus, que é uma comunhão de três pessoas.

Por ser humilde, o Homem Novo sabe que para se realizar precisa dos outros.

A humildade não significa que a pessoa se deva anular, mas sim que aceita a sua condição de ser que precisa dos outros para se realizar e ser feliz.

O Homem Novo sabe que a pessoa que se fecha aos outros não se pode realizar nem possuir plenamente.

Também sabe que o ser humano não é capaz de se amar e valorizar antes de alguém o ter amado e valorizado, pois somos seres a emergir em interacção com os outros e talhados para a reciprocidade amorosa.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FACILITAR O NASCIMENTO DO HOMEM NOVO-III


III-O HOMEM NOVO E O HOMEM VELHO

O Homem Novo sabe escutar. O homem velho, pelo contrário, tenta aturdir os outros com discursos sem força humanizante e incapacidade de dar atenção.

O homem velho só gosta de escutar a sua voz. Eis a razão pela qual não consegue sintonizar e comungar com os outros.

O homem velho passa os dias a julgar os outros e a falar mal deles. Procede assim por ser uma pessoa falhada e infeliz.
O Homem Novo gera justiça e fraternidade. O Homem Velho geras opressão e miséria.

O Homem Novo olha as pessoas com as lentes do amor e, por isso, é capaz de descobrir o bem que há nos outros.

Através da sua predisposição permanente para criticar os outros, o homem velho está a fugir de si e, com frequência, a projectar nos outros os seus próprios defeitos.

Ao ver os defeitos dos outros, o Homem Novo, como é sábio, analisa-se e tenta precaver-se, a fim de não enveredar pelos mesmos erros que vê à sua volta.

O Homem Novo conhece o ensinamento de Jesus segundo o qual, o nosso coração é uma fonte da qual podem brotar decisões e projecto para fazer o bem, mas também más intenções e planos contra o amor (Mt 15, 19).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FACILITAR O NASCIMENTO DO HOMEM NOVO-IV


IV-O CORAÇÃO DO HOMEM NOVO

Jesus convidou os discípulos a moldarem o coração de acordo com o seu coração quando lhes disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

O Homem Novo procura ser habitualmente amável e sereno nas relações com os outros, pois sabe que este modo de agir nos leva mais longe no caminho da nossa realização e felicidade.

Com efeito, a amabilidade desmonta muitas das agressividades com que as pessoas nos pretendem agredir.

O Homem Novo é capaz de se manter calmo nos momentos em que alguém está a ser brusco ou agressivo para consigo.

Com este procedimento, está a realizar a terceira bem-aventurança do evangelho de São Mateus que afirma: “Bem-aventurados os mansos porque possuirão a Terra” (Mt 5,5).

As pessoas que cultivam a amabilidade e a serenidade nos momentos de dificuldade e tensão ficam espantadas com a força vencedora destas atitudes.

A serenidade e amabilidade acabam por destruir as setas da agressividade com que os outros as queriam atingir.

Quando se engana, o Homem Novo reconhece o seu engano sem precisar de falsas justificações.

Tem o bom senso de reconhecer quando o outro tem razão, pois ninguém é infalível.

Esta atitude acaba por fazer que as outras pessoas o aceitem e sintam vontade de comunicar com ele.

O Homem Novo sabe dar a primazia, delicadeza que não passa despercebida para os outros e provoca resultados positivos na linha das relações fraternas.

O Homem Novo sabe reconhecer os momentos apropriados para falar e aqueles em que deve escutar.

Por ser uma pessoa sensata, o Homem Novo evita cair nas discussões fúteis e em argumentações de tipo fanático.

Tudo isto quer dizer que o Homem Novo não pode nascer sem que o egoísmo vá dando lugar ao amor no nosso coração.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias