Esta imagem ajuda-nos a compreender a o papel da ternura maternal do Espírito Santo na comunhão da Santíssima Trindade.
Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo recorda ao Filho os gestos de amor de Deus Pai, inspirando-lhe um jeito de gratidão filial.
Isto significa que o Uno, em Deus, é a comunhão amorosa. Por outras palavras Deus é relações. O plural, na divindade, é a Trindade de Pessoas em relações de comunhão familiar.
Vai neste sentido a afirmação do Concílio de Florença (sec. xv) segundo a qual a unidade divina é constituída por uma união fundamental assente na reciprocidade das relações:
“O Pai está todo no filho e no Espírito Santo. O Filho está todo no Pai e no Espírito Santo. Do mesmo modo, o Espírito Santo está no Pai e no Filho.
Nenhum precede o outro em grandeza. Também nenhum deles possui maior potestade” (Denz. 704).
Estas palavras do Concílio de Florença querem dizer que Deus Pai não é uma precedência genética ou histórica, mas emerge constantemente como jeito paternal de amar:
Este jeito de amar é incondicional e não suscitado por qualquer dom prévio. Do mesmo modo, o Filho não é uma realidade posterior.
Não é uma sequência genética ou histórica. O seu jeito de amar é de tipo eucarístico, isto é, gratidão amorosa simultânea incondicionalmente fiel.
Esta fidelidade incondicional ao Pai manifestou-se de modo muito claro nas atitudes de Jesus:
“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34);
“Não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30);
“Desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6, 38).
Os evangelhos afirmam Jesus estava sempre em comunhão com o Pai, pois a sua paixão era fazer a vontade dele:
“O Pai não me deixou só, pois faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8, 29).
A união de Jesus com o Pai acontece pela inspiração e impulso do Espírito Santo:
“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
“Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, pois escondestes estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos.
Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho a não ser o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Pai o quiser revelar” (Lc 10, 21-22).
Podemos dizer que o Espírito Santo é o princípio animador da comunhão da Santíssima Trindade.
Calmeiro Matias
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