O Novo Testamento não deixa dúvidas sobre o papel central do Espírito Santo na graça da adopção que faz de nós membros da Família Divina (Rm 8, 14; Gal 4, 4-6).
A nível humano, nós verificamos que é pela mãe que o Pai acolhe o novo ser como filho. Do mesmo modo, os outros filhos acolhem através da mãe o novo ser como irmão.
É uma imagem para dizer que somos incorporados na família de Deus pela ternura maternal do Espírito Santo.
É pelo Espírito Santo que nós encontramos o amor paternal de Deus Pai e o amor fraternal do Filho de Deus.
São Paulo diz que o Filho Unigénito de Deus se torna nosso irmão, tornando-se assim o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).
É nesta perspectiva que devemos entender a afirmação de Jesus segundo a qual nós temos de ser gerados e nascer de novo pela acção do Espírito Santo (Jo 3, 6).
O evangelho de São João que é pelo mistério da Encarnação que nos é concedido o poder de nos tornarmos filhos de Deus.
Isto não acontece, continua São João, pela vontade da carne nem pelos impulsos do Homem, mas pela vontade de Deus (Jo 1, 12-14).
A salvação, portanto, é um dom que nos é comunicado em forma de comunhão familiar. Nos primórdios da aventura humana, Deus Pai comunica-nos a vida pelo Espírito Santo, o hálito da vida que Deus comunica ao barro primordial do qual emergiu Adão (Gn 2, 7).
Por seu lado, na plenitude dos tempos, Deus Filho, através do beijo da encarnação, comunica-nos o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus:
“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da lei e,
deste modo, podermos receber a adopção de filhos.
E, porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abba, Pai” (Gal 4, 4-6).
Na verdade, diz São Paulo, o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Foi-nos comunicado por Deus Pai no momento da criação como princípio gerador de vida espiritual humana.
Pelo acontecimento da ressurreição de Cristo nós recebemos o dom da vida plena (Jo 5, 21).
A vida divina, diz o evangelho de São João, é obra do Espírito Santo, e não obra da carne ou do sangue (Jo 1, 12-13; cf. 6, 62-63).
Utilizando uma expressão de São Paulo diríamos que a dinâmica da salvação é fruto da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, do amor de Deus Pai e da comunhão no Espírito Santo (2 Cor 13, 13).
Calmeiro Matias
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