quarta-feira, 30 de abril de 2008

CRISTO COMO PRINCÍPIO E META DA CRIAÇÃO-I

I-CRISTO E A MARCHA DA CRIAÇÃO

No seu todo, a bíblia proclama o projecto criador e salvador de Deus realizado em Cristo. Para o Novo Testamento, Jesus Cristo é o início e o ponto culminante do plano de Deus iniciado com a Criação.

A marcha da Criação foi assumida e plenificada por Cristo, o qual se tornou a Cabeça desta mesma Criação (2 Cor 5, 17-18).

Já no princípio o Filho Eterno de Deus foi o protagonista da acção criadora. O evangelho de São João diz que ele é a Palavra eficaz de Deus que realiza o que significa.

Agora, na plenitude dos tempos, continua a ser essa mesma Palavra eficaz que faz de nós membros da Família Divina.

Ao vir habitar no nosso meio, o Filho Unigénito, mediante a Encarnação, isto é, o enxerto do divino no humano deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Na verdade, foi em Jesus Cristo que a História Humana atingiu a plenitude dos tempos, isto é, a fase dos acabamentos.

A Encarnação representa para a Humanidade um salto de qualidade.Por outras palavras, com o mistério da encarnação fica consumado o projecto da criação, da revelação e da Salvação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO COMO PRINCÍPIO E META DA CRIAÇÃO-II

II-CRISTO E A PLENITUDE DOS TEMPOS

Com a divinização do Homem, a Criação atinge a sua plenitude. Com efeito o Homem é a cúpula personalizada da Criação.

Pelo mistério de Cristo, o Homem é divinizado e a Criação, da qual ele é a cabeça, atinge a sua plenitude no projecto de Deus.

O Livro do Génesis parte do princípio de que todas as coisas são boas, pois foram criadas por Deus (Gn 1,1-27).

A bondade das coisas proclamada pelo Livro do Génesis é reafirmada pelo Novo Testamento.
Podemos dizer que o Novo Testamento dá um salto de qualidade em relação ao Antigo, pois agora a Criação é vista à luz do acontecimento salvador de Cristo.

O legalismo dos levitas e dos fariseus tentaram dividir as coisas entre puras e impuras, boas e más, benditas e malditas.

Jesus opõe-se a estes tabus e reafirma a bondade essencial de todas as coisas: Os alimentos são todos puros. O que mancha o homem é a maldade que lhe sai do coração e não os alimentos que possa ingerir (Mc 7, 14-20).

No Livro do Génesis, o Sábado é o sinal da aliança e da comunhão com o Criador. Por isso Jesus entende a santificação do Sábado como um serviço à libertação e salvação do Homem.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO COMO PRINCÍPIO E META DA CRIAÇÃO-III

III-A TERNURA DE DEUS PELA CRIAÇÃO

Deus cuida com ternura de tudo o que criou: Nem um só pássaro cai por terra sem que Deus o permita (Mt 10, 29).

Foi Deus quem deu beleza aos lírios do campo e agilidade às aves do céu (Mt 6, 25-34). Do Senhor é a terra e tudo quanto ela contém (1 Cor 10, 26).

É Deus quem chama à existência as coisas que não são, a fim de passarem a existir (Rm 4, 17; cf. Gn 1, 3).

Na verdade, é Deus quem dá vida a todas as coisas (1 Tim 6, 13). Mas no centro das atenções e cuidados de Deus está o Homem.

Deus é invisível, mas o invisível de Deus mostra-se-nos de modo analógico através das criaturas (Rm 1, 19; cf. Sb 13).

A plenitude da Criação, portanto, é a salvação realizada em Jesus Cristo ressuscitado. Podemos dizer que o mundo foi criado por Cristo e para Cristo, como afirmam os hinos a Cristo das Cartas aos Colossenses e aos Filipenses (Col 1, 15-20; Flp 2, 6-11).

Na perspectiva dos hinos cristológicos de Colossenses e Filipenses, Adão, criado como cabeça da Humanidade, desorientou-a.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO COMO PRINCÍPIO E META DA CRIAÇÃO-IV

IV-CRISTO COMO SABEDORIA DE DEUS

Cristo foi constituído por Deus o Novo Adão, a fim de corrigir os danos causados pelo primeiro Adão e conduzir a Criação à sua plenitude.

São Paulo vê a acção de Cristo na génese da Criação ao modo da acção Sabedoria, tal como é descrita no livro da Sabedoria.

Adão foi criado à imagem de Deus diz a Carta aos Colossenses (Col 1, 15). O Livro da Sabedoria, por seu lado, diz que a Sabedoria é, desde o princípio, uma imagem perfeita de Deus:

“A Sabedoria é um reflexo da luz eterna, um espelho imaculado da actividade de Deus. É una e tudo pode. Permanecendo na sua identidade, tudo renova.

Derrama-se no coração das pessoas justas, em cada geração ela forma os amigos de Deus e os profetas.

Na verdade, Deus apenas ama as pessoas que vivem em comunhão com a Sabedoria” (Sb 7,26-28).

É por esta razão que São Paulo chama a Jesus Cristo a Sabedoria de Deus (1 Cor 1, 24; 1, 30).
Ele é o princípio, o centro e o fim da Criação (Col 1, 15-20).

Por serem imagens de Deus, Adão e a Sabedoria eram os medianeiros de Deus junto da Criação.
Como Adão falhou, a imagem perfeita de Deus, agora, é Jesus Cristo (Col 1, 15; Flp 2, 6).

No princípio, a Sabedoria exercia uma função virtual junto de Deus, sugerindo aspectos a inserir no seu projecto criador.

Por outras palavras, no princípio, a Sabedoria era uma fonte inspiradora para Deus no que se referia ao projecto da Criação do Universo (Prov 8, 22).

Agora, Jesus Cristo é chamado o primogénito da Criação e a sua plenitude: “Todos os que estão em Cristo são uma Nova Criação. Passaram as coisas velhas.

Tudo isto se deve ao facto de Deus ter reconciliado consigo a criação por intermédio de Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (1 Cor 5, 17-19).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

CRISTO COMO PRINCÍPIO E META DA CRIAÇÃO-V

V- CRISTO É O PRINCÍPIO E A PLENITUDE

Cristo é a imagem de Deus e por isso ele é a causa exemplar e o padrão do projecto de Deus para a Humanidade (Col 1, 1-16; cf. Sb 9, 1-2, 4; Prov 8, 22).

Isto quer dizer que Deus, ao iniciar o seu projecto criador, já tinha presente a plenitude da salvação que viria a acontecer através de Jesus Cristo.

A Carta aos Colossenses afirma isto, dizendo que “tudo foi criado nele e para ele “ (Col 1, 16).
Logo no princípio, ao iniciar a génese da Criação, Deus já estava a contemplar a plenitude deste projecto, a qual aconteceria em Cristo ressuscitado (1 Cor 8, 6; Rm 11, 36).

Como podemos verificar, o plano criador de Deus, à luz do Novo Testamento, tem como origem e plenitude Jesus Cristo.

No momento em que criou Adão, Deus constituí-o cabeça da Criação. Mas este, com o seu procedimento infiel, desorientou a Criação, introduzindo-a no caminho do fracasso.

Foi então que surgiu Jesus Cristo como Novo Adão, corrigindo as distorções operadas pelo primeiro Adão (Rm 5, 15-17).

Desde o princípio que Deus sonhou um plano para a Criação. A Carta aos Efésios, querendo dizer que nós fazemos parte do plano que Deus sonhou desde o princípio, diz que Deus nos elegeu antes da criação do mundo (Ef 1, 3).

Depois acrescenta que fomos eleitos desde o princípio de acordo com um desígnio prévio de Deus (Ef 1, 11).

Deus elegeu-nos desde os primórdios, a fim de exprimirmos a recapitulação de todas as coisas em Cristo (Ef 1, 10).

Com Jesus chegou a plenitude dos tempos, pois a Humanidade entrou na fase da sua divinização, tornando-se a cúpula da Criação.
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Calmeiro Matias

CRISTO COMO PRINCÍPIO E META DA CRIAÇÃO-VI

VI- A BONDADE DA CRIAÇÃO

São Paulo diz que, graças a Cristo, todas as coisas criadas são boas e puras. Podemos comer de tudo e não cair nas distinções do judaísmo, pois tudo está purificado em Cristo.

Podemos comer de tudo sem nos pormos questões de consciência (Rm 14,14; 1 Cor 1 0, 25).
“Tudo o que Deus criou é bom. Não devemos rejeitar qualquer alimento por razões de pureza ou impureza legal (1 Tm 4m 2-5).

Uma vez que Cristo é o Senhor do Universo, os cristãos, como membros do corpo de Cristo, devem viver a sua vocação de seres criados para a liberdade.

Cristo libertou-nos, a fim de sermos livres. Na verdade, Cristo chamou-nos à liberdade (Gal 5, 1; 5, 13).

Tudo é vosso, vós sois de Cristo e Cristo é de Deus (1 Cor 3, 21-23). O prólogo do evangelho de São João é o grande testemunho da fé na Criação e do lugar central de Cristo da génese criadora do Universo.

São João escreve o seu prólogo com a intenção de conferir sentido de plenitude ao relato do Génesis sobre a Criação.

Por outras palavras, o prólogo do quarto evangelho é como que um novo Génesis, mas elaborado à luz da ressurreição de Cristo.

Por isso João inicia este texto magnífico com as mesmas palavras com que o Génesis inicia o relato da criação: “ No princípio” (Jo 1,1; cf. Gn 1, 1).

Tal como no Génesis, a criação é obra da Palavra (Jo 1,3). Surgem referências, tal como no Génesis, à luz e às trevas (Jo 1, 4-5).

No entanto, o prólogo de São João vai mais longes: no livro do Génesis a criação é iniciada em simultâneo com a marcha do tempo.

No prólogo de São João ela é concebida no interior da eternidade. Com efeito, os possíveis da criação surgem antes do tempo.

Podemos dizer que a dinâmica da marcha criadora teve início nas relações amorosas que animam a Comunhão Familiar da Santíssima Trindade.

No entanto, apesar de ter sido sonhada na eternidade, a Criação acontece em simultâneo com o tempo (Jo 1, 12-14).

O tempo possibilita a génese criadora do tecido cósmico e o espaço a sua estruturação harmoniosa.

Ao jeito de conclusão podemos dizer que a estrutura literária do prólogo de São João é a dos grandes hinos sapienciais (cf. Prov 8, 22;Si 24, 3-12; Sb 9, 9-12).

Existe um ser preexistente à criação, que é mediação e causa exemplar da mesma. Foi enviado aos homens para lhes revelar o plano criador e salvador de Deus.

Depois de realizar a sua missão, o medianeiro volta para junto de Deus. Nos livros sapienciais esta missão cabe à Sabedoria.

No prólogo de São João esta é a missão do Logos, da Palavra Criadora de Deus que veio a mundo enviado pelo Pai e volta para onde estava antes (Jo 6, 62).

Ao encarnar, o Logos habitou entre nós e deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

Dá-nos a Água Viva, isto é, o Espírito Santo, que faz germinar uma nascente de Vida Eterna no nosso coração (Jo 4, 14; 7, 37-39).

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Calmeiro Matias

terça-feira, 29 de abril de 2008

FIDELIDADE DE JESUS CRISTO E SALVAÇÃO-I


I-PECADO E SALVAÇÃO

Graças ao acontecimento de Cristo, a Humanidade e a Divindade ficaram definitivamente unidas.
Como sabemos, as pessoas humanas não são ilhas. As pessoas divinas também não.

Por outras palavras, a Humanidade, tal como a Divindade, são uma união orgânica constituída por pessoas.

Com efeito, existe apenas uma Divindade, apesar de serem três as pessoas divinas. Do mesmo modo existe apenas uma Humanidade constituída por biliões as pessoas.

Segundo esta maneira de entender as coisas, o bem e o mal que as pessoas fazem não as afecta apenas a elas, mas a toda a união orgânica que forma a Humanidade.

Esta maneira de entender as coisas aparece muito clara no livro do profeta Isaías onde o profeta faz uma leitura desse acontecimento chocante que é o sofrimento dos justos no exílio de Babilónia (Is 52, 13-53, 12).

Até este período o povo bíblico pensava que os justos não podiam sofrer, pois Deus é justo e não vai fazer sofrer o inocente.

Neste período pensava-se que Deus era o autor do sofrimento. Provocava-o para castigar os pecados das pessoas.

Segundo esta perspectiva, como o justo não é pecador, não deve sofrer. No caso das crianças que sofrem, pensava-se que os pais eram pecadores.

Ainda no Novo Testamento encontramos vestígios desta mentalidade: “Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Os seus discípulos perguntaram-lhe, então: Rabi, quem pecou para este homem ter nascido cego? Ele, ou os seus pais?

Jesus respondeu: nem pecou ele nem os seus pais. Isto aconteceu para se manifestarem nele as obras de Deus (Jo 9, 1-3).

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Calmeiro Matias

FIDELIDADE DE JESUS CRISTO E SALVAÇÃO-II

II-OS JUSTOS NO EXÍLIO DE BABILÓNIA

O acontecimento do exílio levou os pensadores do povo de Deus a buscar uma nova explicação para a questão do sofrimento, pois não há dúvida de que há justos que sofrem.

A saída encontrada pelo segundo Isaías é que o justo, por fazer um todo orgânico com o povo pecador, sofre com ele as perseguições e violências.

Segundo a reformulação do Segundo Isaías, o sofrimento do justo vai reverter em favor do povo pecador.

Como Deus não suporta o sofrimento do justo, Deus vai tomar partido em seu favor, libertando-o do exílio e, com ele vão ser também libertos os pecadores.

Graças ao facto de o povo fazer uma união orgânica, facilmente se passa do justo sofredor para o povo e do povo para o justo sofredor.

Como efeito, os pecadores fazem parte do povo e os justos também. Por esta razão o sofrimento do justo vai ser redentor para os pecadores:

“O meu servo terá êxito, pois será engrandecido e exaltado. Muitos povos ficaram espantados diante dele, ao verem o seu rosto desfigurado e o seu aspecto disforme.

Do mesmo modo, muitos povos e reis vão ficar espantados ao verem as coisas maravilhosas e inauditas que vão acontecer (a libertação da Babilónia) (…).

O servo cresceu diante do Senhor sem figura e sem beleza, como um rebento ou uma raiz em terra árida (o exílio).

Vimo-lo sem aspecto atraente. Desprezado e abandonado pelos homens, como homem das dores, habituado ao sofrimento, desprezado e desconsiderado, diante do qual se tapa o rosto.

Na verdade ele tomou sobre si as nossas doenças e carregou as nossas dores. Nós o reputávamos como um leproso ferido por Deus e humilhado.

Mas foi ferido por causa dos nossos pecados, Esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo caiu sobre ele, pois fomos curados nas suas chagas (Deus tomou partido em favor dele).

Andávamos desgarrados como ovelhas perdidas, cada qual seguindo o seu caminho. Mas o Senhor carregou sobre ele os nossos crimes (perdoando-nos por causa dele).

Foi maltratado. Humilhou-se e não abriu a boca, tal como o cordeiro que é levado ao matadouro ou a ovelha emudecida nas mãos do tosquiador.

Sem defesa nem justiça, levaram-no à força. Quem é que se preocupou com o seu destino?
Foi ferido por causa dos pecados do meu povo e suprimido da terra dos vivos.

Deram-lhe sepultura entre os ímpios (pagãos caldeus) e uma tumba entre malfeitores, apesar de não ter cometido qualquer crime nem praticado qualquer fraude.

Aprouve ao Senhor esmagá-lo com sofrimento (levando-o para o exílio), mas a sua vida tornou-se um sacrifício de reparação.

Terá uma posteridade duradoura e viverá longos dias. O desígnio do Senhor (a libertação do exílio) realizar-se-à por meio dele (…). O Justo justificará a muitos, pois carregou com os seus crimes.

Por esta razão terá uma multidão como herança (o povo resgatado do exílio). Receberá muita gente como despojos, pois entregou a sua vida à morte.

Foi contado entre os pecadores, pois tomou sobre si os pecados de muitos, sofrendo pelos culpados” (Is 52, 13-53,12).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FIDELIDADE DE JESUS CRISTO E SALVAÇÃO-III

III- SALVOS PELA FIDELIDADE DE JESUS CRISTO

Perante a dificuldade de justificar os sofrimentos e a morte de Jesus, os discípulos recorreram a estes textos magníficos, dizendo que Jesus é o Servo sofredor.

Fomos salvos pelo sofrimento de um homem justo, Jesus Cristo, o Messias. “Carregou sobre si os nossos pecados sobre o madeiro da Cruz, a fim de que nós, estando mortos para o pecado, possamos viver na justiça. Fomos curados nas suas feridas” (1 Pd 2, 24).

Um morreu por todos e, nele todos morreram para o pecado (2 Cor 5, 14). Deus tomou partido por Jesus, ressuscitando-o e glorificando-o. Como a Humanidade forma um todo orgânico e Jesus é homem, todos fomos assumidos e glorificados nele e com ele.

Este mesmo argumento é usado na Segunda Carta a Timóteo: “Eis uma palavra digna de confiança: Se morremos com Cristo também vivemos com ele” (2 Tim 2, 11).

Em Cristo Jesus todos formamos uma só união orgânica. São Paulo descreve de maneira muito bonita esta união orgânica dizendo que não importa a raça, a língua, o estatuto social, o povo ou o sexo das pessoas.

Todos têm a mesma dignidade em Jesus Cristo, sublinha o Apóstolo: “Já não há diferença entre judeu ou grego, escravo ou livre. Já não há diferença entre homem ou mulher, pois todos formamos um em Jesus Cristo” (Gal 3, 28).

Noutro texto acrescenta: “Apesar de sermos muitos formamos um só corpo e todos somos membros uns dos outros” (12, 5).

Jesus Cristo é a base da nossa união orgânica à divindade: “Nesse dia compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20).

Na sua oração após a ceia pascal, Jesus recorda esta verdade enquanto ora a Deus Pai: “Eu neles, tu em mim, Pai, a fim de eles serem perfeitos na unidade. Deste modo o mundo conhecerá que me enviaste e os amaste a eles, tal como me amaste a mim” (Jo 17, 23).

Graças a esta união orgânica entre nós e Cristo, fomos incorporados na Família de Deus, tornando-nos filho em relação a Deus Pai e irmãos em relação a Deus Filho.

O Espírito é o amor maternal de Deus. Com seu jeito maternal de amar conduz-nos ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho que nos acolhe como irmãos:

“Todos os que se deixam guiar pelo Espírito Santo são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes no temor.

Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção graças ao qual chamais “Abba”, ó Pai (…).
Ora, se somos filhos somos também herdeiros. Somos herdeiros de Deus pai e co-herdeiros com Cristo, pressupondo que com ele sofremos, para também com ele sermos glorificados (Rm 8, 14-17).

E mais à frente São Paulo explicita ainda melhor a nossa pertença a Deus por Cristo: “Àqueles que Deus conheceu antecipadamente, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que este é o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

A comunidade cristã é o sacramento desta unidade orgânica universal já enxertada e assumida em Deus. São Paulo insiste em que os membros da comunidade formam o corpo de Cristo:
“Comemos de um só pão para formarmos um só corpo” (1 Cor 10, 17).

E ainda: “Vós sois membros do Corpo de Cristo. E cada um de vós é uma parte deste corpo” (1 Cor 12, 27).

Sabemos como o corpo é mediação de encontro e comunicação. A comunidade, como Corpo de Cristo, é mediação de encontro e comunicação do mundo com Cristo ressuscitado.

Nesta mesma linha se situa o seguinte texto da Carta aos Efésios: “Portanto, cada um deite fora a hipocrisia e fale a verdade ao seu irmão, pois somos membros de um só corpo” (Ef 4, 25).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FIDELIDADE DE JESUS CRISTO E SALVAÇÃO-IV

IV-SALVOS PORQUE FAZEMOS UM COM CRISTO

A raiz da união orgânica universal é Jesus ressuscitado. O Espírito é o seu princípio vital que anima e dinamiza todo o organismo.

O Espírito Santo é o princípio de organicidade e dinamismo que anima todo o corpo. É a seiva que circula do tronco da videira para os ramos, tornando-os fecundos (Jo 15, 1-8).

Inseridos na comunhão orgânica universal, assumidos na família Divina e Animados pelo Espírito Santo, princípio vital desta comunhão, a nossa vida passa a dar frutos de excelente qualidade.

Graças a esta união Cristo e à fecundidade do Espírito Santo vamos deixando os frutos da carne, isto é, as acções do homem velho e passamos gradualmente a dar os frutos da Nova Humanidade enxertada em Cristo:

“A carne deseja o que é contrário ao Espírito e o Espírito o que é contrário à carne. Se sois conduzidos pelo Espírito não estais sob o domínio da carne, pois as obras da carne são patentes:
fornicação, impureza, devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, fúrias, ambições, discórdias, partidarismos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas parecidas.

Sobre estas coisas vos previno como já o fiz antes: Os que praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus.

Por seu lado, os frutos do Espírito São: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto domínio. Contra estas coisas não há lei. Os que são de crucificaram a carne.

Se vivemos pelo Espírito, sigamos o Espírito. Não nos tornemos vaidosos, provocando-nos e tendo inveja uns dos outros” (Gal 5, 17-26).

Como acabamos de ver, o primeiro fruto do Espírito Santo é o amor e os restantes frutos são modos de concretizar o amor.

O amor não é sentimentos. É mais que uma mera experiência. É o sinal seguro da presença de Deus no ser humano.

O amor é a manifestação da glória de Deus em nós. De facto, a glória de Deus é a manifestação do seu amor pela Humanidade.

Quando uma pessoa decide amar está a dizer sim à voz do Espírito Santo que se faz ouvir na sua consciência.

O amor é a expressão máxima da fecundidade da vida, pois é o primeiro e o principal fruto do Espírito Santo.

Através do amor dos outros por nós o Espírito Santo capacita-nos para amar. Por outro lado, através desta mesma capacidade o Espírito interpela-nos e chama-nos a amar os outros.

É este o modo como o Espírito Santo ser o animador da comunhão orgânica humano-divina da qual Jesus Cristo é a raiz.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 28 de abril de 2008

DEUS E O BARRO DO QUAL SAÍU O HOMEM-I

I-DEUS E ARTE DE AMASSAR O BARRO

O Livro do Génesis diz que Deus, no acto de Criar o Homem, começou por dar um beijo no barro primordial do qual ia fazer emergir o Homem.

Nesse momento, o hálito da vida divina passou para o interior do barro e este tornou-se barro com coração (Gn 2, 7).

Barro com coração é pessoa capaz de se gastar para que o outro possa crescer como pessoa feliz.
Barro com coração é a pessoa que se esforça por aceitar o outro como ele é, apesar disso exigir renúncia e sacrifício.

Barro com coração é a pessoa capaz de se alegrar com o sucesso dos outros. Barro com coração é a pessoa que não está sempre a exigir disponibilidade da parte do outro, mas que procura estar disponível quando este precisa de si.

Barro com coração é a pessoa que ao aconselhar alguém, procura comunicar sempre o melhor da sua experiência e do seu saber, sem preocupação de reservar o melhor para si.

Barro com coração é a pessoa cujo modo de amar é de tal discreto e gratuito que o outro não se apercebe do sacrifício que, por vezes, está a ser feito, a fim de o ajudar.

Barro com coração é a pessoa que não se afasta do outro, só porque este acaba de ter um fracasso na vida.

Barro com coração é a pessoa que se preocupa por amar de modo cada vez mais pleno e gratuito.
Barro com coração é aquela pessoa de quem nos lembramos em primeiro lugar nos momentos de dificuldade ou sofrimento.

Barro com coração é a pessoa que não gosta de magoar os outros, mas não deixa de dizer a verdade pelo simples facto de que o outro pode não gostar.

Barro com coração é a mãe que cuida dos seus filhos com uma ternura e cuidados admiráveis.
É também o pai que faz planos, esforços e horas extraordinárias para que a sua família tenha o pão de cada dia.

Barro com coração é o casal que acolheu uma criança em situação de risco. É também aquele homem que, por ser honesto e fiel à sua consciência foi perseguido e despedido do emprego.

Barro com coração são os homens e as mulheres que vão gastando a vida pela defesa e libertação dos que não têm voz nem sabem defender-se.

Barro com coração são os jovens que tomam o amor a sério, não traindo os amigos e procuram ser fieis ao projectos ou alianças amorosas.

Barro com coração são os rapazes e raparigas, homens ou mulheres que deixam sempre mais ricas as pessoas que se cruzam consigo na vida.Isto supõe uma atenção especial à presença dinâmica do Espírito Santo no nosso coração, pois é ele o hálito da vida que nos vai moldando à imagem e semelhança de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E O BARRO DO QUAL SAÍU O HOMEM-II

II-ESTE É O TEMPO DE AMASSAR O BARRO

É agora, portanto, a nossa grande oportunidade. Ou nos realizamos colaborando com o Espírito Santo ou nos malogramos.

É agora que o Espírito Santo nos convida a amassar o barro, configurando a nossa identidade definitiva, isto é, o nosso jeito definitivo de nos relacionar e comungar com os outros.

Eu costumo dizer que, no Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que adquirir agora. É hoje o tempo de treinar.

Na medida em que o barro se vai amassando, estrutura-se e reforça-se de modo progressivo a nossa interioridade pessoal-espiritual que é única, original e irrepetível.

A nossa interioridade pessoal é um núcleo de energias espirituais que crescem em densidade espiritual e capacidade de interacção amorosa.

Ninguém pode ser substituído nesta tarefa. Comungaremos para sempre na Festa da vida eterna com a identidade que imprimirmos agora ao barro que temos a missão de amassar.

O ser humano é, pois uma obra-prima feita de barro em cuja interioridade está a emergir outra obra-prima feita de espírito e com capacidade de amar.

As nossas decisões, opções, escolhas e realizações são o cinzel com que modelamos este barro precioso.

A configuração que atingirmos mediante a tarefa da nossa realização na história constitui a nossa identidade definitiva.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E O BARRO DO QUAL SAÍU O HOMEM-III

III-PRECISAMOS DE DEUS E DOS OUTROS

Não nos podemos esquecer que apenas conseguiremos modelar e o barro, isto é, humanizarmo-nos, em comunhão com Deus e os outros.

A configuração que vamos dando ao barro que temos amassar e moldar vai-se revelando através das opções, atitudes do nosso dia-a-dia.

Se nos interrogarmos com frequência sobre o sentido habitual das nossas opções, escolhas, decisões e atitudes, iremos obtendo a resposta fundamental sobre o modelo de pessoa que estamos a edificar.

Na verdade, não nascemos acabados. Deus criou-nos para que nos criemos. Somos por natureza chamados a ser criadores de nós mesmos e sempre em dinâmica de relações de amor.

Na medida em que nos realizamos também estamos a melhorar o leque de talentos e possibilidades dos que se cruzam connosco na vida.

Na medida em que nos humanizamos, vamos modificando a calda social deste barro a amassar-se.

No seio de uma sociedade fraterna e justa torna-se mais fácil modelar o barro segundo os critérios de Deus.

O compromisso com a transformação do meio em que vivemos é também uma decisão importante para modelarmos de maneira mais plena e perfeita o barro que Deus está amassando connosco.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E O BARRO DO QUAL SAÍU O HOMEM-IV

IV-A CRIANÇA COMO BARRO PRIMORDIAL

Na fase infantil, o homem é sobretudo um barro a ser modelado pelos outros: pais, escola ou o contexto social.

A criança é um feixe de possibilidades de vida livre, consciente e responsável que falta realizar.
Na verdade, a criança é uma história por contar e um romance por escrever.

Ao longo dessa história surgirão paixões, agressividades, sofrimentos, opções certas e erradas que formam o entretecido da história de cada pessoa.

Os adultos facilitam ou dificultam a estruturação e vivência desta história por contar, deste poema que ainda não está escrito e desta estátua não plenamente esculpida.

Podermos dizer que uma criança é uma história de amor que ainda não aconteceu e uma canção que ainda não foi cantada.

As crianças começam por adquirir o jeito do contexto em que crescem e se desenvolvem:
Se crescem num contexto de fé aprendem a ser crentes.

Se crescem num ambiente religiosamente indiferente aprendem a ser indiferentes. Se crescem num ambiente onde as pessoas tomam a vida a sério, aprendem a ser pessoas comprometidas consigo, com os outros e com Deus.

Se vivem rodeadas de atitudes hostis aprendem a defender-se através de atitudes e comportamentos agressivos.

Se vivem em ambientes vazios de ternura começam a sentir-se inseguras e dominadas pelo medo.

Se vivem em ambientes onde não são valorizadas nem estimadas ficam enredadas em sentimentos de auto compaixão e não alimentam a sua auto-estima.

A criança é um dom que ainda não se realizou e que apenas se realizará na medida em outros sejam dom para ela.

A criança é um coração não poluído, mas que os outros podem introduzir progressivamente no mundo da poluição moral.

É uma fé que ainda não foi posta à prova. Por isso acredita cegamente nos adultos que a rodeiam, em especial nos seus pais.

Se vivem em meios marcados pela inveja aprendem a ser invejosas. Se têm a sorte de encontrar pessoas que as encorajam tornam-se auto-confiantes.

O Livro do Génesis diz que o Homem, depois de ter recebido o hálito da vida se tornou um ser vivente (Gn 2, 7).

O hálito da vida é, como vimos, o Espírito Santo. São Paulo diz que é pelo Espírito Santo que somos assumidos e incorporados na Família de Deus:

Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16). Depois acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Somos templos do Espírito Santo, diz a Primeira Carta aos Coríntios (2 Cor 3,16). Podemos dizer que levamos no nosso íntimo o selo do amor de Deus, o qual nos orienta e ilumina nesta tarefa do modelar o barro.

Deus Pai deu-nos o beijo da Criação. O Filho Eterno de Deus deu-nos o segundo beijo, isto é o beijo da Salvação.

Através deste beijo Salvador, o Filho de Deus comunicou-nos o Espírito Santo, a Água Viva que, no nosso íntimo se torna uma nascente a jorrar Vida Eterna (Jo 4, 14; 7, 37-39).

Através de Cristo ressuscitado, o Homem tornou-se membro da Família divina como diz a Carta aos Gálatas (Gal 4, 4-7).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

domingo, 27 de abril de 2008

HINO À FIDELIDADE DE DEUS-I

I-VÓS SOIS UM DEUS FIEL

Deus Santo,
Vós sois verdadeiramente um Deus fiel.
Quando Abraão quis oferecer-vos em sacrifício o seu filho Isaac,
vós não permitistes tal coisa.

Na verdade vós tínheis Associado a Isaac uma grande promessa
que iria terminar em Jesus Cristo.

Do mesmo modo, o pecado humano, apesar de atrasar
o vosso projecto salvador, não o conseguiu anular.

Como homem incondicionalmente ao vosso plano, Jesus
Cristo tornou-se o alicerce sólido da Nova e Eterna
Aliança, fazendo de nós filhos de Deus.

Filho Eterno de Deus,
Tu eras o único Filho de Deus.
Mas ao fazer-te nosso irmão tornaste-te o primogénito
de muitos irmãos como diz São Paulo (Rm 8, 29).

Espírito Santo,
com o teu jeito maternal de amar, tu vais-nos conduzindo
à comunhão com Deus Pai, o qual nos acolhe como filhos
e à comunhão com o Filho de Deus, que nos recebe como
irmãos.

Eis as palavras de São Paulo a este respeito:
“Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho (…), a fim
de recebermos a adopção de filhos.

E porque somos filhos,
Deus enviou o Espírito de seu filho
que clama: “Abba”, ó Pai!

Deste modo já não és escravo, mas filho.
E se és filho és também herdeiro,
Pela graça de Deus” (Ga 4, 4-7).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HINO À FIDELIDADE DE DEUS-II


II-COMO NÃO VOS MERECEMOS, VÓS DAIS-VOS DE GRAÇAG

Vós destes provas de ser um Deus fiel em relação a Jesus Cristo,
livrando-o da morte, pois ele foi plenamente fiel à missão que recebeu de Vós.

Deste modo, ele tornou-se o medianeiro da Salvação,
assumindo e incorporando a Humanidade na Vossa Família.


Deus Santo,
Vós sois um Deus sempre fiel e por isso nos acolheis
como membros da vossa Família.

Ninguém vos merece Deus de toda a bondade.
Vós estais para além de todo o mérito que possamos ter.

Mas apesar disto, estais sempre connosco.
E para realizardes a vossa promessa de modo plenamente fiel,
Vós vos dias de modo totalmente gratuito ao Homem que não vos merece.

Glória a Vós, Deus Bendito, que sois Pai, filho e Espírito Santo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 26 de abril de 2008

DEUS E A MARCHA CRIADORA DO UNIVERSO-I

I-A BELEZA DO UNIVERSO

É imenso este Universo em cujo seio no encontramos como seres em realização. Há milhões de anos que está em génese e ainda é um projecto não acabado.

São biliões de estrelas, a maior parte delas rodeadas por planetas que gravitam fielmente à sua volta.

Só a nossa Galáxia contém aproximadamente cem mil milhões destes sois que são bolas enormes de fogo.

Mas há biliões de galáxias enormes, muitas das quais são bastante maiores do que aquela em que habitamos.

As galáxias são pinhas enormes de estrelas, distando anos-luz umas das outras. É lógico este Universo no qual nascemos e estamos em realização.

As leis da gravitação são as mesmas em qualquer quadrante do Cosmos que habitamos. Somos aquecidos por essa bola enorme de fogo a que damos o nome de Sol e sem o qual não podia haver vida sobre a terra.

As reacções nucleares que alimentam o fogo solar, são a origem da luz que nos ilumina e do calor que nos aquece.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A MARCHA CRIADORA DO UNIVERSO-II

II-AS RELAÇÕES HARMONIOSAS

O Universo é lógico. A nossa mente está estruturada de modo a compreender a dinâmica e as leis que o regem dia e noite.

Na verdade existe uma harmonia entre a génese criadora do Universo e a estruturação da mente humana.

Os planetas, movidos pela força da gravidade descrevem uma elipse no percurso que fazem à volta da estrela que seguem fielmente.

A terra, Marte, a Lua e Vénus estão constituídos por solo rochoso. A Terra, além disso, tem ainda a beleza azul dos oceanos nos quais se reflectem as estrelas do céu.

Bem diferente é Júpiter, o gigante no qual caberiam mil terras como a nossa. Ao contrário dos outros planetas do sistema solar, Júpiter não tem uma superfície rochosa, sólida e dura.

É um planeta gasoso composto por hidrogénio, hélio, pequenas quantidades de metano e água em estado gasoso.

Um meteorito, ao embater em Júpiter, apenas suscita um buraco momentâneo nas nuvens gasosas que constituem o maior dos planetas que giram à volta do Sol.

Não há crateras de impacto neste gigante formado apenas de elementos gasosos. Os anéis de Saturno não são mais que biliões de bolas de gelo que giram à volta do planeta.

Os raios solares, ao reflectirem-se nessa multidão de blocos de gelo que rodeiam Saturno, dão origem aos anéis que são arcos íris formando círculos à volta do planeta.

e nos quais se reflecte a luz solar. Estes pequenos pedaços de gelo talvez sejam os destroços de cometa que se aproximou demasiado do planeta.

Mas o mais caprichoso dos planetas é Vénus: gira à volta do Sol em sentido contrário ao dos seus irmãos, os outros planetas do sistema Solar.

O dia de Vénus, isto é, o tempo que este planeta demora a girar uma vez em volta do seu eixo é de 243 dias.

Está constantemente a chover ácido sulfúrico em Vénus. Devido à temperatura da sua atmosfera, seiscentos graus, as gotas de ácido sulfúrico evaporam-se antes de tocarem a superfície do planeta.

Ao contrário de Vénus, Marte é demasiado frio e árido. Mas Deus suscitou as condições ideais para o aparecimento da vida nesta terra bonita e fecunda que o capricho humano ameaça destruir.

Marte não tem uma camada protectora como o nosso céu azul composto por partículas de ozone.
Eis a razão pela qual, em Marte, as radiações mortíferas do Sol atingem constantemente a superfície do planeta.

Saturno está tão longe do Sol que as plantas não conseguiriam realizar a fotossíntese.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A MARCHA CRIADORA DO UNIVERSO-III

III-O AMOR PRECEDE O COSMOS

Antes de ter início a génese do Universo, só existia uma comunhão familiar da Santíssima Trindade.

A Família e o amor precedem o início da marcha criadora. No interior do seu diálogo familiar, Deus sonhou o plano harmonioso de um Universo em construção.

Por ter sito criado por um Deus que é relações amorosas, o Cosmos está marcado com o selo das relações.

Deus é comunhão de pessoas. A Divindade é relações. Por isso o Universo está todo marcado com o selo das relações.

Podemos dizer que o Universo está estruturado de harmonia com leis matemáticas acessíveis à inteligência humana.

Na verdade, a ordem do Universo é inteligente. A harmonia e a finalidade inscritas na génese do Universo revelam-nos a perfeição do seu Criador.

Meditando a beleza e harmonia do Universo podemos compreender melhor como não somos fruto do acaso.

Na marcha do Universo as coisas acontecem segundo uma sequência de causas e efeitos.
A marcha da Criação é uma sucessão maravilhosa de concretizações dos muitos possíveis inscritos na no tecido da criação.

Na génese do processo criador apenas acontece aquilo que é possível. O impossível não acontece.
Nada é estático neste Universo em génese. Com o aparecimento do Homem, a Criação dá um salto de qualidade:

A vida atinge a densidade pessoal-espiritual, tornando-se proporcional ao próprio Criador.
Com efeito, a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

Eis a razão pela qual, ao longo da História Humana, a Divindade foi fazendo alianças com a Humanidade.

A cúpula destas alianças é a Nova e Eterna Aliança realizada em Jesus Cristo. Ele é o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor da Humanidade.

Nele, o divino enxertou-se no humano, a fim de todos nós sermos divinizados.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 24 de abril de 2008

ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-I

I-O MODO SOLENE DE DEUS CRIAR O HOMEM
O Livro do Génesis chama a atenção para o facto de Deus, ao criar o Homem, ter realizado uma intervenção especial, a qual não teve lugar no momento de Deus criar os outros animais.

Eis as palavras do Génesis: “Façamos o Homem à nossa imagem e à nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.

Deus criou o ser humano à sua imagem. Criou-o à imagem de Deus, e criou-os varão e mulher” (Gn 1, 26-27).

Depois acrescenta: “O Senhor Deus formou o Homem do pó da Terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida” (Gn 2,7).

Segundo o relato bíblico da criação, o momento da criação do Homem reveste-se de uma solenidade especial.

Na verdade, Deus tinha pensado em estabelecer uma interacção especial entre a interioridade do ser humano e o Espírito Santo.

É este o significado do sopro primordial de Deus, o qual faz do ser humano um ser capaz de comunicar com Deus e fazer aliança com ele.

O Deus que não falava com os animais, ao criar o Homem logo começou a falar com ele e a fazer-lhe propostas:

“Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra.”

Deus disse: “Também vos dou todas as ervas com sementes que existem à superfície da terra, as árvores de fruto com semente, a fim de vos servirem de alimento.

Dou-vos ainda todos os animais de terra, as aves do céu e todos os seres vivos que existem e se movem sobre a terra, bem como toda a erva verde que a terra produz. E assim aconteceu” (Gn 1, 28-30).

Logo no início da sua acção criadora, Deus deu provas de ser o Deus da aliança, pois fez logo uma aliança com Adão, colocando-o à frente da Criação.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-II

II-A VOCAÇÃO FUNDAMENTAL DO HOMEM

A pessoa que actua de acordo com a sua consciência está a agir de acordo com os valores que os outros lhe transmitiram.

Na verdade, o ser humano está chamado a realizar-se em relações com os outros e numa abertura à transcendência, pois ele transcende os animais.

O ponto de encontro com Deus e os outros acontece no mais íntimo de si. Os não crentes encontram-se com Deus de modo existencial, isto é, procurando realizar os valores fundamentais da humanização.

Os cristãos, além deste encontro existencial, têm ainda a possibilidade de se encontrar com Deus de modo teologal graças à palavra de Deus que os via transformando.

Como sabemos, ninguém se realiza sozinho. Começámos por ser o que os outros fizeram de nós, pois é deles que recebemos o leque primordial dos talentos.

Mas o fundamental é o modo como nos realizamos com os possíveis que recebemos dos demais.
Sempre que decidimos e optamos numa linha de fidelidade, ou recusa, face às propostas do amor, estamos a dialogar com Deus e os outros seres humanos.

É verdade que nós não nos podemos realizar sozinhos. Mas os outros não nos podem substituir na tarefa da nossa realização.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-III

III-A COMUNICAÇÃO DO HÁLITO DA VIDA

Aquilo a que o Livro do Génesis chama de comunicação do hálito da vida é, na realidade, o dom do Espírito Santo que, no nosso interior actua como o grande agente da nossa realização.

Trata-se, na verdade, da acção personalizante do Espírito Santo, a qual consiste em nos ajudar na grande tarefa da nossa realização como pessoas.

A Divindade é relações de amor. De facto, o nosso Deus é uma comunhão familiar de três pessoas.

Isto quer dizer que o Universo leva consigo as impressões digitais do Criador, isto é, a marca das relações.

A Génese criadora do Universo caminhou no sentido de atingir a vida espiritual, a qual, na medida em que emerge, se estrutura na originalidade de pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

Eis a razão pela qual, Criador e Criação já podem estabelecer uma Aliança de Amor, pois a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

As pessoas divinas, as humanas e todas as outras que possam existir formam a cúpula personalizada do Universo.

É verdade que as pessoas humanas e as divinas não são iguais, mas são-lhe proporcionais.
Na verdade, as pessoas divinas são infinitamente perfeitas e as humanas estão em processo histórico de realização.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ACÇÃO ESPECIAL DE DEUS AO CRIAR O HOMEM-IV


IV-ÉTICA E HUMANIZAÇÃO

A realização das pessoas humanas é uma tarefa ética, isto é, depende da sua fidelidade às propostas do amor.

A humanização do Homem corresponde à tarefa da realização pessoal de cada pessoa. Não nascemos como seres acabados.

Deus criou-nos de modo a que nos criemos. Com efeito, como diz o evangelho de São João, nascemos para renascer (Jo 3, 6).

O ser humano humaniza-se na medida em que age de acordo com as propostas que o amor nos vai fazendo no concreto das situações.

A capacidade de responder aos apelos do amor difere de pessoa para pessoa, pois depende das possibilidades de amar que recebeu dos outros.

De facto, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado fica a amar mal, pois fica condicionado nas capacidades de amar.

Por outras palavras, dos outros recebemos os talentos, os quais constituem a nossa capacidade de realização.

De Deus recebemos esse hálito da vida que Deus nos concedeu, aquando do sopro no barro primordial do qual saiu Adão.

O sopro original não é mais que o início da acção personalizante do Espírito Santo. O ser humano nasce hominizado, isto é, com uma estrutura perfeita de Homem. Mas não nasce humanizado.

A humanização é a tarefa fundamental de cada pessoa. A lei da humanização é esta: Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal.

A criança não é um adulto em miniatura. Utilizando a imagem do computador podemos dizer que tem o “hardware” perfeito, mas falta-lhe ainda muito de “software” para atingir uma plena realização: experiências, conceitos, capacidade de decidir e optar, etc.

Enquanto estamos na história somos seres em realização. A meta da nossa humanização é a assunção na comunhão da Família Divina.

Podemos dizer que será eternamente mais divino quem mais se humanizar na história. Gosto muito desta imagem que utilizo quase sempre que medito na meta para a qual estamos a caminhar através do processo da humanização:

No Reino de Deus todas as pessoas dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que adquiriu enquanto esteve em realização na História.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quarta-feira, 23 de abril de 2008

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-I

I-MORTE E VIDA NATURAL

A morte não mata a pessoa. Apenas o nosso ser exterior é aniquilado pelo acontecimento da morte.

Como fenómeno natural, a morte, atinge os seres vivos naquilo que têm de vida natural, isto é, de vida biológica e psíquica.

Mas a vida pessoal-espiritual já não é produto da natureza. Na verdade, a marcha da evolução natural chega até à hominização, isto é, ao nível biológico com a complexidade própria do Homem.

No entanto, a Humanização é uma tarefa de cada pessoa e que mais ninguém pode realizar. Isto quer dizer que a morte domina em tudo o que é obra da natureza.

Mas o nível da vida pessoal e espiritual escapa ao domínio da morte, pois não é obra da natureza.
Na verdade, a pessoa humana é um ser em construção.

Somos autores de nós mesmos, a partir dos talentos que recebemos dos outros. A nossa realização pessoal acontece como fruto de um processo de humanização.

De facto, temos de nos humanizar, pois a natureza não nos humaniza. Além ninguém nos pode substituir na tarefa da nossa humanização, pois esta concretiza-se num crescimento pessoal livre, consciente e responsável.

A natureza humana é princípio de acção e estruturação do Homem. Fornece-nos os dados da Hominização, isto é, o nosso ser exterior que é biológico e psíquico.

O crescimento do nosso ser interior acontece mediante saltos de qualidade que acontecem a partir de decisões, escolhas e realizações com a densidade do amor.

A lei da humanização é: Emergência e estruturação pessoal-espiritual em relações de amor e convergência para a Comunhão Humana Universal.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MORTE, RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA-II

II-MORTE E VIDA ESPIRITUAL

Como vemos, humanizar-se é emergir, isto é, desabrochar como interioridade pessoal livre, consciente, responsável, única, original, irrepetível e capaz de comunhão amorosa.

A dinâmica do amor é a força que faz emergir a nossa interioridade pessoal-espiritual. Na medida em que emerge e se fortalece o nosso ser espiritual, tornamo-nos capazes de comungar com os irmãos.

Com efeito, a morte mata apenas o que pertence à esfera da natureza. Existe a possibilidade de uma Segunda morte, mas esta passa-se, não ao nível do biológico, mas sim do pessoal-espiritual.

É verdade que a dimensão espiritual é imortal na sua essência, mas não na possibilidade de se possuir plenamente em contexto de comunhão amorosa.

Com efeito, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão. A pessoa pode reduzir-se a si, opondo-se de modo gradual, progressivo e incondicional ao amor.

A Segunda morte não é obra da natureza, mas das nossas escolhas, decisões e opções egoístas.
Se isto acontecer, a pessoa auto enrosca-se, fechando-se ao amor e à comunhão do Reino de Deus.

A Segunda, portanto, só existe se nós decidirmos optar por ela. Como sabemos, Deus é amor e não pode negar-se a si mesmo.

Isto quer dizer que Deus não é o criador do estado de inferno ou da morte eterna. Por outras palavras, por ser amor, Deus não condena ninguém.

As pessoas que se condenam vão para a morte eterna por sua própria decisão. Se Deus é amor não tem sentido ter medo de Deus, pois não é normal ter medo do amor.

No entanto, não devemos esquecer-nos de que é muito perigoso brincar com Deus, pois a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Na verdade, brincar com Deus significa brincar com o que é melhor para nós. O resultado desta atitude só pode ser o malogro e o fracasso.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias