quinta-feira, 29 de maio de 2008

DOIS TESTAMENTOS E UMA SÓ BÍBLIA-I


I-DOIS TESTAMENTOS INTERACTIVOS

O Antigo e o Novo Testamentos são componentes fundamentais da única Bíblia. Os dois testamentos formam uma unidade interactiva. Se os isolarmos um do outro, os dois ficam realidades incompletas.

Cada um dos Testamentos só pode ser plenamente entendido na medida em que se interrelaciona com o outro.

O Antigo Testamento conduz para o Novo e este encontra as suas raízes históricas no Antigo.
Jesus Cristo é o ponto de encontro dos dois Testamentos.

Na verdade, em Jesus Cristo realizam-se as grandes aspirações do Antigo Testamento, do mesmo modo, que ele é o alicerce dos conteúdos do Novo.

O Novo Testamento dá testemunho da ressurreição de Jesus Cristo e do dom do Espírito Santo que faz de nós membros da Família de Deus (cf. Rm 8, 14-16; Ga 4, 4-7).

Mas este dom realizado em Cristo e proclamado pelo Novo Testamento tinha sido profetizado pelo Antigo Testamento (cf Jer 31, 31-33; Ez 36, 26-27).

Jesus declara-se o Messias ungido pelo Espírito Santo para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos cativos, dar vista aos cegos e fazer os coxos caminhar (Lc 4, 18.21).

Mas este seu programa de vida é um texto do profeta Isaías (Is 61, 1-3). Num dos relatos do seu evangelho, São Mateus diz que num certo dia, Jesus estava rodeado de enfermos, curando-os a todos e dos espíritos impuros todos aqueles que eram atormentados por eles.

Depois, São Mateus acrescenta: fez isto para realizar o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías (Mt 8, 16-17).

No evangelho de São Lucas, Jesus, após a sua ressurreição, declara que era necessário realizar tudo o que estava escrito acerca dele na Lei de Moisés, nos salmos e nos profetas (Lc 24, 44).

Grande parte dos relatos do Novo Testamento tornam-se muito mais claros e significativos quando postos em confronto com o Antigo Testamento.

Por outras palavras, todos os escritores do Novo Testamento partem do pressuposto de que o Antigo Testamento confirma e corrobora a sua pregação sobre Jesus Cristo ressuscitado e

constituído como Messias (Act 2, 29-33). Podemos dizer que o Antigo Testamento é fundamental para compreendermos o projecto de Deus como processo histórico cuja cúpula é o Novo Testamento.

É evidente que o Antigo testamento se apresenta como conjunto de relatos e profecias que apontam para uma realização e uma plenitude que irá acontecer.

O grande protagonista deste plano salvador é Deus que, pelo seu Espírito, vai actuando pelos profetas e, mais tarde, pelo Messias.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DOIS TESTAMENTOS E UMA SÓ BÍBLIA-II

II-CRISTO E AS PROFECIAS

Com efeito, o Antigo Testamento olha em direcção a um futuro que conferirá plenitude ao passado.

Esta dinâmica do fim dos tempos é protagonizada pelo Espírito Santo: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a verdade completa” (Jo 16, 12-13).

Os Actos dos Apóstolos associam a experiência transformadora do Espírito Santo com a plenitude dos tempos anunciada pelo profeta Joel:

“Mas tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel: “Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura.

Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar. Os vossos jovens terão visões e os vossos anciãos terão sonhos (Act 2, 16-17).

Nestes textos, Jesus Cristo surge como a realização e plenitude das esperanças e expectativas do Antigo Testamento.

Não foi por acaso que os escritores do Novo Testamento sentiram a necessidade de relatar os acontecimentos da vida, morte e ressurreição de Cristo com citações recorrendo a citações do Antigo Testamento.

Na sua totalidade, a bíblia é cristocêntrica. Isto dá-nos a confirmação de que os dois testamentos formam a única bíblia.

Não é possível fazermos uma leitura aprofundada da bíblia sem pormos em confronto os dois testamentos.

Só deste modo se nos revela o dinamismo absolutamente único subjacente à leitura interactiva dos textos sagrados.

Esta interacção é uma mediação privilegiada para descobrir a profundidade teológica e reveladora dos textos, bem como o dinamismo histórico da acção salvadora de Deus.

Podemos dizer que o Antigo Testamento confere base histórica ao Novo e o Novo confere carácter de veracidade aos oráculos e profecias do Antigo.

Sem o Antigo Testamento, o próprio cristianismo carecia de fundamento histórico. Por outras palavras, Jesus Cristo não emergiu a partir de um vazio histórico.

Pelo contrário, aconteceu como plenitude da longa história da salvação que Deus foi tornando palpável através do povo de Israel.

Compreender o Antigo Testamento, portanto, é fundamental para entender com clareza a mensagem e a dinâmica da Salvação testemunhada pelo Novo.

Isto quer dizer que a leitura do Antigo Testamento fortalece a nossa esperança, dando-nos a certeza de que o Deus fiel às promessas da Antiga Aliança, realizará igualmente o projecto salvador da Nova Aliança.

As profecias messiânicas conduziram Israel até Jesus Cristo. Do mesmo modo a Boa Nova de Cristo Ressuscitado nos conduzirá à plenitude do Reino de Deus.

Graças a esta unidade e interacção bíblica, o Antigo Testamento é para os cristãos Palavra de Deus, tal como o Novo.

Na verdade, o Antigo Testamento só é perfeita mediação da Palavra de Deus em interacção com o Novo e vice-versa.

O Novo Testamento, portanto, confere plenitude ao Antigo. Por seu lado, o Antigo Testamento aponta para Cristo no qual encontra a sua realização e plenitude.

Por outras palavras, O Novo Testamento, tal como o Antigo, são mediação da revelação de Deus.
Sem o Novo Testamento, o antigo estava incompleto.

Por outro lado, sem o Antigo, o Novo Testamento carecia de um fundamento histórico sólido.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DOIS TESTAMENTOS E UMA SÓ BÍBLIA-III

III-ANTIGO TESTAMENTO E REVELAÇÃO

A Revelação não é um mero discurso teórico de Deus. Implica uma presença especial do Espírito Santo no interior do povo de Deus.

O Antigo Testamento é um conjunto de relatos que testemunham as experiências primordiais da revelação e da acção de Deus no meio do seu povo.

Mas além disso, os seus relatos são também mediação para o Espírito Santo fazer acontecer revelação para nós.

A revelação não é apenas um conjunto de textos que nos comunicam umas verdades abstractas.
A revelação bíblica implica os relatos de feitos e maravilhas resultantes da acção de Deus no meio do seu povo.

A revelação, portanto, é uma experiência e uma vivência e não apenas uma teoria abstracta. A vida de fé dos crentes é alimentada pela revelação, a qual não é apenas o conhecimento de um projecto de Deus, como também uma capacitação para amar ao jeito de Deus.

Uma vez que o Antigo Testamento é também revelação para os cristãos, existe uma relação teológica entre o povo bíblico e o Novo Povo de Deus.

Podemos dizer que o Antigo Testamento contém uma história que se move continuamente da promessa para a sua realização e plenitude.

O Antigo Testamento ajuda-nos a compreender Jesus Cristo como o enviado de Deus que fora antecipadamente anunciado.

Na verdade, Jesus confirma o Antigo Testamento, conduzindo à plena realização as antigas profecias messiânicas.

Por outras palavras, se Jesus confirma o testemunho profético do Antigo Testamento, então temos de confessar que este é revelação para os cristãos.

O antigo Testamento nunca apresenta Deus em termos abstractos. Pelo contrário, revela-nos Deus sempre em termos de uma história de relações de Deus com o seu Povo, com a Humanidade e o Cosmos.
Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

DOIS TESTAMENTOS E UMA SÓ BÍBLIA-IV

IV-NOVO TESTAMENTO E A FIDELIDADE DE DEUS

Novo Testamento e a Fidelidade de Deus . Por seu lado, o Novo Testamento confirma e confere plenitude à revelação do projecto salvador de Deus manifesto nos feitos e maravilhas relatadas pelo Antigo Testamento.

Mas não podemos ignorar o carácter de plenitude que o Novo Testamento confere ao Novo.
Não nos podemos esquecer a radicalidade da acção de Deus testemunhada pelo Novo Testamento, a qual vai muito além das propostas do Antigo.

Com efeito, o acontecimento de Cristo ultrapassa de longe as perspectivas messiânicas e salvíficas do Antigo Testamento.

Na verdade, a realização vai muito além dos horizontes da profecia. Jesus Cristo não é simplesmente o acontecimento que põe fim à actividade de Deus em Israel, mas também o acontecimento que inaugura o Reino de Deus.

Do ponto de vista do Antigo Testamento, o Messias é visto um pouco como o acto final do plano de Deus.

Do ponto de vista do Novo Testamento, Jesus Cristo é o centro da História da Salvação e o início de uma Nova Criação (2 Cor 5, 17-19).

Em Jesus Cristo a salvação adquire uma dimensão universal. Através da Igreja, o Novo Povo de Deus, os pagãos são enxertados na antiga árvore do Povo Bíblico e o projecto salvador de Deus passa a ser anunciado em todas as raças, línguas, povos e nações.

O Novo Testamento anuncia que o plano anunciado pelos profetas se realizou em Jesus Cristo.
A salvação encontra-se em Jesus Cristo, pois foi ele que deu início à plenitude dos tempos: “Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho” (Gal 4, 4).

Por vezes, os autores do Novo Testamento projectam um sentido cristão nos textos do Antigo.
Deste modo, a profecia é reconhecida como revelação após a sua realização e plenitude.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DOIS TESTAMENTOS E UMA SÓ BÍBLIA-V

V-CRISTO COMO SENTIDO DAS ESCRITURAS

O Antigo Testamento apresenta-se como processo histórico a caminho de uma meta. O Novo Testamento, por seu lado, proclama que a meta pela qual o Antigo Testamento suspirava é Jesus Cristo.

Por outras palavras, Cristo é o centro e o coração da História da Salvação. Ao aparecer entre nós, diz a Carta aos Efésios, Cristo anunciou a paz tanto aos pagãos que estavam longe como aos judeus que estavam perto.

Com efeito, tanto judeus como gregos já têm acesso a Cristo num no mesmo Espírito Santo. Os pagãos já não são estrangeiros ou imigrantes na casa de Deus.

Pelo contrário, são concidadãos dos santos, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos, dos profetas e de Cristo, que é a pedra angular.

Unidos a Jesus Cristo, tanto os judeus como os pagãos formam um Templo Santo de Deus. Os pagãos, portanto, também são pedras deste Templo, formando uma habitação de Deus, pelo Espírito Santo (Ef 2, 17-22).

Jesus Cristo cumpriu plenamente a Lei e os profetas (Lc 24, 25-27). O Reino de Deus foi inaugurado. O Antigo Testamento é citado como conjunto de promessas e profecias agora plenamente realizadas em Cristo.

Este modo de proceder é a prova de que o Novo Testamento precisa do Antigo para Testemunhar de modo pleno e perfeito o acontecimento de Cristo.

A universalidade do acontecimento de Cristo é expressa e confirmada pelo facto de os pagãos aceitarem Jesus Cristo.

Os primeiros cristãos usavam o Antigo Testamento porque acreditavam que Jesus é o Cristo anunciado pela Lei, os profetas e os salmos.

A História da Salvação é, pois, uma cadeia de acontecimentos ligados pela profecia e a sua realização.

Jesus não se limita a prolongar a Antiga Aliança, mas substitui-a por uma outra, a qual implica a inauguração do Reino de Deus.

Uma vez que o cume da História da Salvação é Cristo, é normal que o sentido e o alcance mais profundo do Antigo Testamento como História da Salvação só possa ser entendido pelos aceitam o Novo Testamento como revelação de Deus.

Por outras palavras, as palavras e acontecimentos do Antigo Testamento só são plenamente claros quando vistos na perspectiva do Novo.

No entanto, nunca nos podemos esquecer que os dois Testamentos pertencem um ao outro e que nenhum deles está completo sem o outro.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

terça-feira, 27 de maio de 2008

DRAMAS DE GENTE MAL AMADA-I


I-O CASO DA MÃE POSSESSIVA

O Tiago era um adolescente precoce. A mãe investiu nele toda a sua afectividade, superprotegendo-o e exercendo sobre ele um controle asfixiante.

Sempre que ele tenta libertar-se desta influência exagerada, a mãe faz chantagem, tornando-se uma mulher inconsolável.

Para melhor poder controlar e possuir o filho, aquela mãe foi limitando o campo das suas amizades, pois no fundo ela queria-o apenas para si.

É verdade que, em grande parte, os comportamentos desta mulher possessiva são inconscientes. Por isso rejeita os reparos do filho quando este tenta conquistar o seu espaço de pessoa autónoma.

Pouco a pouco, a angústia foi-se apoderando do Tiago, roubando-lhe gradualmente a alegria de viver.

Junto dos colegas, o Tiago sente-se inferior. Procura compensar-se desta inferioridade, tornando-se o maior e melhor nos estudos e no desporto.

As pessoas não imagem a profundidade do sofrimento do Tiago, pois ele é um jovem brilhante nos raciocínios e fluente na comunicação.

A sua tendência para se isolar tende a aumentar. A mãe, por seu lado, quando mais o vê sem amigos mais tenta compensá-lo com mimos.

O Tiago não vive uma adolescência normal. Não gosta de si nem dos outros.Superou em conhecimentos os colegas.

Foi este o modo de compensar-se dos sentimentos de inferioridade. Como não entendem o que se passa com o Tiago, os colegas Interpretam-no mal.

Tem a mania que é bom, dizem. Julga-se sempre superior aos demais. Na realidade, devido aos seus sentimentos de inferioridade, o Tiago tem medo de ser posto a ridículo pelos colegas.

É por esta razão que se isola. As suas relações, normalmente, terminam em desencontros.
Eis a razão pela qual o Tiago tem medo dos encontros.


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Calmeiro Matias

DRAMAS DE GENTE MAL AMADA-II

II-O CASO DO PAI AUSENTE

O Nuno tem dezoito anos e é uma pessoa que sofre de uma solidão profunda. A sua dor radica no facto de não ter conhecer o pai, pois este fugiu para o Brasil com outra mulher, tinha ele cerca de dois anos.

Se o pai tivesse morrido, a mágoa não seria tão profunda, pois tratava-se de uma fatalidade ou um acidente.

Mas o abano tem para o Nuno o sentido de uma rejeição com consequências continuadas. A mãe é uma mulher frustrada no casamento, pois também se sente uma mulher trocada.

Vinga-se da traição do marido dizendo muito mal dele para o filho. Este modo de proceder da mãe gera no Nuno um sentimento de revolta, pois ele gostava de ter uma imagem positiva do pai, a fim de ter algum modelo de identificação.

Na verdade, o ser humano precisa de ter modelos positivos de referência e padrões de identificação que sejam modelos.

Na verdade, um pai bom é um excelente padrão de referência. Há momentos em que o Nuno se sente fortemente impelido para ir á procura do pai. Sente uma vontade enorme de abraças o pai.

Estes desejos são, no fundo, uma tentativa de preencher o vazio que sente e que o faz sofrer.
No seu íntimo, o Nuno vive como se lhe faltasse algo de fundamental.

Devido aos seus conceitos religiosos distorcidos, a mãe do Nuno não foi capaz de lhe comunicar um sentido válido para a vida.

Através de ensinamentos deformados, esta mulher acabou por incutir fortes sentimentos de culpa no seu filho.

Quando a mãe se põe a falar mal do pai do Nuno, este sente-se muito mal. Tem um pouco a sensação de que a mãe, com este procedimento está a destruir algo de si mesmo.

O Nuno sente-se uma pessoa sem apoios sólidos. Na verdade, os filhos amam as mães através dos pais e os pais através das mães.

Para se sentir bem-amado, o filho precisa de sentir que a mãe e o pai se estimam e valorizam.
De facto, o triângulo edipiano composto pelo pai, mãe e filho, é o contexto ideal para a estruturação equilibrada dos filhos.

Os pais que se esforçam por preservar este triângulo estão, de facto, a ser excelentes mediações que os seus filhos se possam estruturar de modo satisfatório e feliz.

Por vezes imagina o pai a repreendê-lo e sente que isto seria muito bom e importante para si.
Para se estruturar bem, a pessoa humana precisa de uma dinâmica relacional onde aconteça o confronto e a reciprocidade.

Isto significa que a pessoa humana, sozinha, não consegue possuir-se e habitar-se de modo satisfatório.

Se a mãe lhe falasse bem do pai, o Nuno podia idealizá-lo, interiorizando a figura de um pai ideal. Mas assim nem isto pode fazer.

Temos de reconhecer que as mães não devem roubar os pais aos filhos, mesmo que se trate de um pai imaginário.

Hoje, o Nuno não tem ideais nem projectos de vida. Vive uma vida sem sabor. Apesar de não lhe faltar nada em termos materiais, o Nuno sente-se uma pessoa insatisfeita e infeliz.

Quem não sente vocação para o dom não devia gerar filhos. Não é de indivíduos humanos que a Humanidade está carenciada, mas de homens e mulheres bem-amados e, portanto, capacitados para gostarem de si e dos outros.

Não basta procriar para se ser verdadeiramente um pai humano. A paternidade humana exige dom e muito amor.

Uma paternidade humana reduzida ao nível da mera dimensão biológica fica ao nível da paternidade do cão e do gato.

Não é difícil compreender como a paternidade verdadeiramente humana exige muitas mortes, as quais são necessárias para gerar vida humana e não apenas biológica.

Como não tem uma experiência paternal, a noção de Deus Pai é um conceito sem conteúdos para o Nuno.

Isto quer dizer que o Nuno não tem experiência nem ideal que dê conteúdo à noção espiritual de Deus Pai.

Podemos dizer que a paternidade humana é uma mediação para a paternidade divina se revelar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DRAMAS DE GENTE MAL AMADA-III

III-O PECADO DO PAI CHANTAGISTA

A Margarida teve a pouca sorte de ter um pai chantagista. As suas chantagens acabaram por destruir a felicidade da sua filha.

Quando discutia com a esposa, o pai da Margarida ameaçava suicidar-se. Se discutia com a filha acabava dizendo que se ia matar.

Como ainda não têm critérios e são muito frágeis, as crianças são vulneráveis às chantagens, pois são incapazes de se defender.

A margarida vivia o seu dia-a-dia aterrorizada com a ideia de perder o pai. Passava horas sentada num canto da sala, mantendo-se inactiva, com medo de fazer algo que desgostasse o pai.

Evitava brincar com as outras crianças, pois sentia-se horrorizada com a ideia de desgostar o seu pai.

Quando fazia algo de incorrecto, a sua angústia era tão forte que chegava a fazer temperaturas altas.

Hoje, a Margarida é uma mulher. O pai morreu recentemente no hospital. Este acontecimento é uma fonte de tormentos e culpabilidade, pois o pai tinha-lhe dito que não queria morrer no hospital. Quando levou o pai para o hospital, pensou apenas no facto de este ser melhor atendido.
A Margarida tem consciência de que o pai lhe roubou a alegria e felicidade, pois os seus sentimentos passavam entre o pânico de fazer algo errado e os sentimentos de culpa por ter falhado.

A chantagem é, na verdade, uma atitude desumana, pois é uma forma de explorar e manipular as pessoas.

Enquanto o pai viveu, a Margarida não viveu nem se realizou como pessoa: Não casou com o rapaz de quem gostou com medo de que o pai se matasse.

Não tirou o curso de que gostava porque o pai não gostava desse curso. Não foi promovida no emprego, pois tinha de deixar a cidade em que vivia com o pai, o que seria motivo de profundo desgosto para o pai.

A Margarida não realizou algumas modificações profundas na sua casa porque o pai não gostava dessa ideia.

O seu pai já morreu. Mas temos de reconhecer que morreu tarde demais para que a filha se pudesse realizar e ser feliz.

A Margarida passou a vida a pedir sofrimentos a Deus, a fim de os oferecer a Deus para impedir que o pai se matasse.

Quando ficava doente ou lhe acontecia algo de penoso, a Margarida sentia-se tranquila, pois isso queria dizer que, nesse dia, o pai não se suicidaria.

Hoje, a Margarida compreende que ninguém é obrigado a renunciar à sua realização pessoal pelo facto de que alguém viver usando a arma da chantagem.

Os pais que amam bem os seus filhos são os arquitectos da humanização e felicidade destes.
Estes pais são verdadeiramente benfeitores da Humanidade, pois são o alicerce de pessoas livres e criadoras porque bem-amadas.

Realizada deste modo, a paternidade humana é verdadeiramente mediação da paternidade divina.

Os primeiros arquitectos do Homem em construção são realmente os pais. Depois são os próprios filhos com o que receberam de bom dos pais.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DRAMAS DE GENTE MAL AMADA-IV

IV-O DRAMA DA MARGINALIZAÇÃO

Era considerado o coitadinho da família. Na escola todos o consideravam o menos dotado. Tudo isto porque, como sofria de dislexia, dava mais erros que os outros.

Como era estrábico, chamavam-lhe o Manuel dos olhos tortos. Em casa, os pais tratavam-no com compaixão e não lhe permitiam as mesmas liberdades de que usufruíam os seus irmãos.

Todos pensavam que o Manuel não chegaria a ser uma pessoa realizada e feliz. Desde criança que o Manuel se perguntava a razão pela qual não prestava.

A criança acredita cegamente nos seus pais. Quando estes lhe dizem que não presta, ela considera-se como alguém que não presta.

Mas o Manuel não entendia a razão pela qual os seus irmãos prestavam e ele não. Como tinha muita necessidade de compreender os seus sofrimentos, o Manuel começou a prestar atenção às conversas dos adultos tentando, deste modo, descobria a razão pela qual os seus irmãos prestam e ele não.

Apesar da dislexia, conseguiu fazer um curso superior. No entanto nunca continuava sem confiar em si mesmo.

Como os outros sempre o desvalorizaram, o Manuel não era capaz de se valorizar. Com efeito, ninguém é capaz de gostar de si antes de alguém o ter valorizado.

A nossa auto-estima acontece na medida em que os outros nos valorizaram e apreciaram. Pouco a pouco, o Manuel foi inventando comportamentos e recursos para se defender e proteger, mas sempre considerando-se como alguém inferior aos demais.

Antes de agir estuda minuciosamente todas as possibilidades de não falhar. Isto desgasta-o e bloqueia enormemente as suas possibilidades de render.

Não falha, mas também não cria, pois é incapaz de aventurar ou correr riscos, por menores que sejam.

As suas limitações faziam que ele fosse humilhado e marginalizado. Hoje, o Manuel, sente horror a assumir qualquer comportamento que dê nas vistas, pelo que está constantemente a anular-se e a arranjar modos de não ser notado.

Somos seres talhados para a reciprocidade. O juízo que os outros fazem acerca de nós condiciona e molda o modo como nos olhamos a nós próprios.

Há momentos em que o Manuel se sente morrer por dentro, pois toda a sua preocupação consiste em não falhar nem ser notado.

Não corre riscos porque tem medo de falhar e voltar a ser humilhado e desprezado. De facto, a experiência da rejeição é tão dolorosa que a pessoa que foi rejeitada prefere não emergir, a fim de não ser notada e voltar a sofrer a dos da rejeição.

Devido ao seu isolamento, o Manuel sofre muito com a solidão que o habita. Quer emergir e libertar-se. Mas sente-se enclausurado numa série de bloqueios que o impedem de desabrochar.

Nunca se defende nem tenta impor-se, pois nada o aterroriza mais que o facto de ser notado. É solteiro. Vive sozinho. Todas as manhãs, procurando não chamar a atenção, lá vai de casa para o trabalho.

Do mesmo modo no final do dia regressa do trabalho, procurando entrar em casa sem ser muito notado.

No trabalho desgasta-se exageradamente, a fim de não se enganar nem chamar a atenção.

Em Comunhão Convosco
calmeiro Matias

domingo, 25 de maio de 2008

A CONSCIÊNCIA COMO VOZ DE DEUS-I


I-A CONSCIÊNCIA COMO PONTO DE ENCONTRO

Todos nós conhecemos o ditado popular segundo o qual a consciência humana é a voz de Deus.
Esta afirmação só é verdadeira em parte. Na verdade, a consciência é também a voz dos outros, pois o superego é o conjunto das opiniões, critérios e modos de valorizar que os outros foram inscrevendo em nós.

Foram os outros que inscreveram em nós o sentido e a exigência dos valores. Ninguém nasce consciente.
À medida que os outros nos vão comunicando os valores, a nossa consciência vai-se estruturando e torna-se um altifalante do Espírito Santo.

Na verdade, os valores tornam-se no íntimo da nossa consciência apelos a agir em harmonia com o seu significado.

Por outras palavras, à medida que a pessoa actua de acordo com os valores, estrutura-se em harmonia com eles.

Deste modo, a pessoa que agem em harmonia com a justiça torna-se justo. Agir de modo injusto, para esta pessoa, é algo que se torna cada vez mais violento para ela.

Do mesmo modo, agir em harmonia com a verdade, a pessoa torna-se verdadeira, isto é, a mentira é algo que se torna violento para ela.

À medida que a pessoa que a consciência de uma pessoa se estrutura, o Espírito Santo faz ouvir a sua voz na consciência desta pessoa, convidando-a a agir de acordo com os valores que estruturam a sua consciência.

A consciência das pessoas varia de acordo com os critérios e valores que nela foram inscritos pelos outros.

Eis a razão pela qual a voz do Espírito Santo não se faz ouvir do mesmo modo em todas as pessoas.

Isto quer dizer que Deus nos toma a sério e comunica connosco adaptando-se à nossa maneira de ser e pensar.

Sempre que o ser humano age de acordo com os apelos do Espírito Santo está a deixar-se moldar como imagem e semelhança de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calomeiro Matias

A CONSCIÊNCIA COMO VOZ DE DEUS-II

II-REALIZAMO-NOS EM DIÁLOGO COM DEUS E OS OUTROS

Como podemos ver, a humanização do Homem processa-se sempre em diálogo com Deus e os outros.

Com o seu jeito maternal de amar, O Espírito Santo incorpora-nos progressivamente na Família de Deus como filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus, diz São Paulo (Rm 8, 14-17).

Ele é também o sangue de Jesus Cristo, pois é ele que anima e fortalece a interacção entre a interioridade de Jesus de Nazaré e a interioridade da segunda pessoa da Santíssima Trindade.

O Espírito Santo é, na verdade, o sangue de Cristo ressuscitado que circula em nós e nos comunica a vida eterna (Jo 6, 62-63).

O evangelho de São João diz que ele é a seiva que circula da cepa da videira que é Cristo, para nós que somos os ramos da mesma videira (Jo 15, 1-8).

São João especifica a riqueza e fecundidade desta união orgânica, dizendo que a nossa vida será fecunda na medida em que formos ramos unidos e alimentados pela seiva que vem da cepa (Jo 15, 4-5).

A voz do Espírito Santo faz-se ouvir de modo especial na nossa consciência, convidando-nos a responder aos apelos do amor.

Quando damos ouvidos à nossa consciência, respondendo aos seus apelos, já estamos a responder à voz do Espírito Santo.

Sempre que ouvimos a nossa consciência a interpelar-nos no sentido de sairmos de nós e ir ao encontro dos irmãos, no fundo estamos a escutar a voz do Espírito Santo.

Isto significa que a pessoa não é capaz de se realizar sem os outros e sem esta interacção espiritual com o Espírito Santo na sua consciência.

Esta interacção do Homem com Deus é, de facto, a intervenção especial de Deus na criação do Homem.

No entanto, é importante termos presente que o Espírito Santo nunca nos substitui. Está em nós, mas não em nosso lugar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A CONSCIÊNCIA COMO VOZ DE DEUS-III

III-SABER RESPEITAR A CONCIÊNCIA DAS PESSOAS

A consciência humana molda-se de modo gradual e progressivo. Como já vimos, não há duas consciências iguais, pelo simples facto de não haver duas pessoas com histórias rigorosamente iguais.

Também já vimos que a formação da consciência começa por ser obra do processo educativo.
Ao habitar-nos, isto é, ao tomarmos consciência de nós já estamos habitados pelos outros.

Os valores são-nos comunicados como ideais, metas e razões para agirmos em determinado sentido e não noutro.

O conjunto dos valores que moldam a consciência de uma pessoa depende do contexto em que ela nasceu e foi educada.

É esta a razão de haver consciências bem formadas e consciências mal formadas. Apesar de tudo, a consciência é o último recurso para o agir de uma pessoa.

Eis a razão pela temos o dever de respeitar a consciência das pessoas, mesmo que esta esteja mal formada.

Jesus insistiu neste ponto, ao ensinar que não temos o direito de julgar os irmãos. De facto, não temos nas nossas mãos a história das pessoas.

Não conhecemos nunca de modo perfeito os traumas, condicionamentos ou possibilidades que a história de determinada lhe possibilitou.

Na verdade, mesmo quando vemos uma pessoa fazer o mal não sabemos se ela está a ser má ou vítima do mal.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sábado, 24 de maio de 2008

A SALVAÇÃO COMO DOM DE DEUS PARA TODOS-I

I-A HUMANIDADE É SÓ UMA

Existe uma só Humanidade. Todos os seres humanos fazem parte do mesmo plano criador e salvador de Deus.

A Humanidade faz uma única união orgânica e dinâmica. Com a ressurreição de Jesus Cristo, a totalidade humana deu um salto de qualidade, passando da condição de não divina para a condição de divinizada.

A divinização da Humanidade não é uma questão individual. A salvação atinge o tecido humano universal devido ao facto de Cristo, homem como nós, fazer parte do entretecido humano universal.

Na verdade, se Cristo não fosse um homem, nós não estaríamos salvos, pois ele não faria um connosco.

Do mesmo modo, se ele fosse apenas homem também estávamos salvos, pois o divino enxertou-se no humano, divinizando-o graças ao acontecimento da Encarnação.

A bíblia afirma a unidade do género humano ao relacionar todos os homens com Adão, o primeiro pai do Género Humano.

Ao falar de Adão, a bíblia quer significar a Humanidade nos seus começos. É isto que significa o título de Adão, o pai da Humanidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



A SALVAÇÃO COMO DOM DE DEUS PARA TODOS-II

II-CRISTO E A NOVA HUMANIDADE

A união que existe entre os seres humanos é de tipo orgânico. Por outras palavras, a Humanidade surgiu como um só corpo cuja cabeça era Adão.

São Paulo fala dos crentes como formando um só corpo cuja cabeça é Cristo (cf. 1Cor 10, 17; 12, 27).

Cristo é o Novo Adão que corrige a distorção feita no tecido humano pelo primeiro Adão (Rm 5, 17-19).

O sangue que alimenta e fortalece este corpo é o Espírito Santo (1 Cor 12, 13). São João, para falar da união que nos liga a Cristo, usa a imagem da união vital que existe entre a cepa da videira e os seus ramos (Jo 15, 1-7).

Nós somos ramos vivos e fecundos na medida em que estivermos unidos a Jesus Cristo, a cepa da qual recebemos a seiva da vida (Jo 15, 4-5).

É de Cristo que recebemos a Água viva que faz emergir no interior do nosso coração uma nascente de vida eterna (Jo 4, 14).

A Água viva, continua São João, é o Espírito Santo que nos vem de Cristo ressuscitado (Jo 7, 39).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO COMO DOM DE DEUS PARA TODOS-III

III-A PESSOA HUMANA NÃO É UMA ILHA

A verdade a união orgânica de todos os seres humanos pode perceber-se na realidade de cada ser humano.

De facto, cada pessoa é um ser habitado por muitas outras pessoas. Por outras palavras, quando começamos a ser conscientes de nós já estamos habitados por todas aquelas pessoas que nos foram transmitindo valores, critérios que nos levam a decidir e actuar de uma certa maneira e não de outra.

Os dados que estas pessoas foram incutindo em nós através da educação formam essa estrutura psíquica inconsciente a que damos o nome de superego.

Apesar de ser inconsciente, o superego está sempre presente no sentido de possibilitar as nossas decisões, opções e modos de agir.

É na perspectiva deste entretecido humano que nós devemos ver a dinâmica negativa do pecado de Adão: Todos nós, ainda ante4s de sermos pecadores, já somos vítimas do pecado.

O Espírito Santo gera em nós sentido de pecado, nunca sentimentos de culpa. Os sentimentos de culpa surgem em nós como obra do superego.

Dizer que o Espírito Santo gera em nós sentido de pecado significa que ele nos faz ver as nossas possibilidades de agir na linha do amor.

Não o fazer é pecado. Na verdade, o pecado é a resistência aos apelos que o amor faz no nosso coração.

O nosso superego deita-nos em cara as coisas incorrectas que fizemos, fazendo-nos sentir culpados. O Espírito Santo nunca age assim.

Como podemos ver, ninguém é capaz de se habitar de modo pleno, isto é, de modo consciente, livre e responsável sem antes ter sido habitado pelos outros.

A bíblia vê a universalidade do pecado de Adão no facto de a Humanidade formar um todo orgânico cuja cabeça é Adão.

Utilizando o famoso ditado popular diríamos que quando a cabeça não tem juízo, quem paga é o corpo.

Como cabeça da Humanidade, Adão não teve juízo e por isso todo o corpo está cheio de interacções negativas.

Mas Deus, movido pelo seu amor por nós, suscitou-nos uma nova cabeça, isto é, Jesus Cristo, o Novo Adão.

Do primeiro herdámos o pecado e a morte, diz a Carta aos Romanos (Rm 5, 12). Do segundo herdámos a vida (Rm 5, 18-19).

“Todos os que estão organicamente unidos a Cristo, diz São Paulo, são uma Nova Criação. Tudo isto nos vem de Deus que, em Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta o pecado dos homens (2 Cor 5, 17-19).

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Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO COMO DOM DE DEUS PARA TODOS-IV

IV- CRISTO E O DOM DA SALVAÇÃO

Cristo é, pois, a Cabeça da Nova Humanidade. Dele nos vem o Espírito Santo que faz de nós membros da Família de Deus: filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação em Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

É este o Homem Novo reconciliado com Deus. O evangelho de São João diz que o Homem Novo acontece através de um novo nascimento mediante o Espírito Santo (Jo 3, 6).

Este novo nascimento acrescenta o mesmo evangelho, acontece, não pela vontade da carne ou do homem, mas pela vontade de Deus.

Foi para isto que o Filho de Deus encarnou e veio habitar no nosso meio (Jo 1, 12-14).
Este dom, por acontecer na dinâmica da união orgânica universal não tem a ver com uma questão de raça, língua ou nacionalidade.

O projecto sonhado por Deus é para todos os homens e não apenas para uma parcela da Humanidade.

Eis as palavras de Deus para Abraão ao fazer com ele uma aliança em favor de toda a Humanidade: “Todas as famílias da Terra serão abençoadas na tua posteridade” (Gn 12, 3).

Ser filho de Abraão, isto é, eleito de Deus, é uma realidade espiritual e não de tipo genealógico, disse Jesus.

Na verdade, Deus pode fazer até das pedras filhos de Abraão (cf. Mt 3, 7-9). A carta aos Efésios diz que a salvação dos pagãos é parte integrante do mistério e da missão de Cristo:

“Por revelação me foi dado conhecer o mistério (plano secreto), tal como acima vo-lo comuniquei resumidamente.

Lendo-o podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo, o qual não foi revelado às gerações passadas como agora foi dado a conhecer, pelo Espírito Santo, aos seus santos apóstolos e profetas.

Segundo este mistério, os pagãos são admitidos à mesma herança que os filhos de Abraão.
Na realidade, eles são membros do mesmo corpo e participantes da mesma promessa em Cristo Jesus (...).

A mim, o menor de todos os santos, foi-me dada a graça de anunciar aos pagãos a insondável riqueza de Cristo e a todos iluminar sobre a realização do mistério escondido no coração de Deus, o Criador de todas as coisas, desde os tempos mais remotos” (Ef 3, 2-9).

Ao falar deste modo, São Paulo está a falar como teólogo judeo-cristão, grande conhecedor das Escrituras.

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Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO COMO DOM DE DEUS PARA TODOS-V

V-CRISTO E A NOVA ALIANÇA

Após a sua conversão à fé cristã, as Escrituras que ele tanto amava, fizeram-no compreender a universalidade do plano salvador de Deus.

Na verdade, São Paulo conhecia muito bem os textos do profeta Isaías que anunciavam a salvação dos pagãos como o plano de Deus para os tempos messiânicos.

Eis as palavras de Isaías: “O estrangeiro que se converte ao Senhor não deve dizer, o Senhor excluiu-me do seu povo.

O eunuco não diga: “sou apenas um lenho seco”. Eis o que diz o Senhor:

“aos eunucos que guardarem os meus sábados e fizerem o que me é agradável, afeiçoando-se à minha aliança, dar-lhes-ei, no meu templo e dentro das minhas muralhas um nome duradoiro que jamais perecerá.

Aos estrangeiros que se converterem ao Senhor, tornando-se seus servos, servindo-o, amando-o e guardando o sábado sem o profanar, e cumprindo a minha aliança, hei-de conduzi-los a Sião, meu monte santo.

Então eu os cumularei de bens na minha casa de oração. Oferecerão sobre o meu altar holocaustos e sacrifícios que me serão agradáveis, pois a minha casa é casa de oração para todos os povos” (Is 56, 3-7).

Não é por acaso que os Actos dos Apóstolos nos descrevem demoradamente a conversão do primeiro pagão, o qual, além de pagão, era também um eunuco (Act 8, 26-37).

São Marcos diz que no momento em que Jesus expulsa os vendilhões do Templo, anuncia a universalidade da Salvação, tal como o profeta Isaías tinha anunciado.

Interrogado pelos sacerdotes sobre a sua autoridade para proceder deste modo, Jesus respondeu-lhes: “ A minha casa será casa de oração para todos os povos, mas vós fizestes dela um covil de ladrões” (Mc 11, 17).

Depois anuncia um Novo Templo e um Novo culto ao qual terão acesso todos os povos.
O evangelho de São Mateus diz que no momento da morte de Jesus não são os judeus, mas sim os pagãos que reconhecem Jesus como o Filho de Deus e o Salvador (Mt 27, 54).

Os evangelhos sinópticos dizem que no momento da morte de Jesus o véu do templo rasgou-se de alto a baixo (Mt 27, 51; Mc 15, 38; Lc 23, 45).

Isto significa que os cultos ineficazes do templo chegaram ao fim. É agora o tempo do novo culto em espírito e verdade, como diz São João (cf. Jo 4, 21-23).

Para lá do véu do templo estava o Santo dos Santos, local onde Deus se tornava presente.
Apenas o sumo-sacerdote tinha acesso ao Santo dos Santos, pois só ele tinha acesso directo com Deus.

No momento da morte e ressurreição de Jesus todos passam a ter acesso a Deus como membros da Família divina (Rm 8, 14-17; Gal 4, 4-7).

A Carta aos Hebreus diz que os cultos do templo não agradaram a Deus e, por isso foram ineficazes.

Eis a razão pela qual Jesus Cristo, ao vir ao mundo, acabou com eles, instituindo o novo culto que consiste em fazer a vontade de Deus (Heb 5, 9).

Tudo isto estava previsto por Deus, diz a Carta aos Hebreus, pois o seu plano era estabelecer uma Nova Aliança assente sobre um Novo Culto.

Em seguida, a Carta aos Hebreus cita o profeta Jeremias dizendo que Deus já tinha previsto uma Nova Aliança, a qual teria como fundamento um novo culto:

“De facto, com uma só oferta, Cristo tornou perfeitos para sempre os que são santificados por ele.

Era isto que o Espírito Santo nos queria dizer quando afirmou: “Esta é a aliança que estabelecerei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: porei as minhas leis nos seus corações e gravá-las-ei nas suas mentes e não mais me recordarei dos seus pecados nem das suas iniquidades” (Heb 10,
14-17).

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Calmeiro Matias

quinta-feira, 22 de maio de 2008

DEUS, OS OUTROS E A NOSSA CONSCIÊNCIA-I


I-TORNAR-SE CONSCIENTE

Ninguém nasce consciente. Podemos dizer que a consciência humana se estrutura ao mesmo tempo que a pessoa humana se torna livre e responsável.

A pessoa humana realiza-se em relações. Isto quer dizer que o ser humano não começa a ser consciente de modo isolado.

Ainda antes de nos habitarmos, isto é, de sermos conscientes, já estamos habitados pelos outros.
O chamado superego não é mais que o conjunto de opiniões, critérios e modos de valorizar que os outros foram inscrevendo em nós através da educação.

Na verdade, o superego é o conjunto de noções de bem e mal que foram inscritas em nós pelos outros.

Com efeito, os seres humanos começam por ser o que os outros fizeram deles. Não escolhemos nada.

Cada pessoa se encontra na existência com um leque primordial de talentos que são a matéria-prima para a sua humanização.

O feixe de talentos de uma pessoa é diferente do feixe de talentos de todas as outras pessoas.
É esta a razão pela qual cada pessoa é única, original e irrepetível.

Ao contar a parábola dos talentos, Jesus disse que uns recebem cinco, outros três, dois ou um (cf. Mt 25, 14-15).

Ninguém é herói por receber cinco talentos, como ninguém é culpado por receber dói ou um.
A heroicidade, acrescentou Jesus, está na fidelidade aos dons recebidos (cf. Mt 25, 16-23).

Isto quer dizer que, de facto, começamos por ser o que os outros fizeram de nós. No entanto, o mais importante não é isso, mas a maneira como nos construímos com os talentos que recebemos.

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Calmeiro Matias

DEUS, OS OUTROS E A NOSSA CONSCIÊNCIA-II

II-RECEBEMOS OS TALENTOS DOS OUTROS

Como sabemos, o ser humano é uma pessoa em construção, isto é, faz-se fazendo. Edifica-se edificando. Realiza-se realizando.

À medida que vai sendo fiel aos talentos recebidos, o ser humano emerge como pessoa e converge para a Comunhão Universal.

É verdade que nós não somos heróis pelos talentos que recebemos. Mas tornamo-nos heróis pelo modo como realizamos as possibilidades de humanização que recebemos dos outros.

O conjunto das noções de bem e mal, bem como a compreensão inicial dos valores são-nos comunicados pelas pessoas que nos foram moldando.

Na medida em que a acção destas pessoas nos proporcionou talentos, isto é, possibilidades de realização, foram na verdade pais e mães para nós.

Além disso, estas pessoas foram para nós mediações da intervenção especial de Deus na marcha da nossa criação.

A intervenção especial de Deus na criação do Homem é essa comunicação do hálito da vida que Deus insuflou no interior do barro primordial do qual saiu Adão.

Na verdade, a intervenção especial de Deus em relação a cada ser humano acontece sempre dentro de um contexto social concreto, onde acontecem relações e se comunica vida afectiva.

As principais mediações para a acção do Espírito primordial do Espírito Santo em relação a nós foram os principais grupos sociais dos quais fizemos parte.

Normalmente os principais grupos que estruturaram o nosso superego são: a família, a comunidade religiosa, a escola, associações e outros grupos aos quais tenhamos pertencido.

À medida que se foi formando, o nosso superego fica a funcionar como ponto de referência sempre que temos de decidir, optar, escolher ou agir num momento determinado.

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DEUS, OS OUTROS E A NOSSA CONSCIÊNCIA-III

III-TALENTOS E ORIGINALIDADE PESSOAL

Podemos dizer que o código moral dos grupos que nos marcaram foi deixando os seus registos e moldes.

Este conjunto de experiências e registos foram formando uma estrutura mental que nos condiciona constantemente, mesmo sem disso nos apercebermos.

O superego é como que a identidade social que nos habita e acompanha para todo o lado. O não cumprimento das normas recebidas e estruturadas no nosso superego deixa-nos inquietos e gera em nós sentimentos de culpa.

Quanto mais severos e rígidos tenham sido os padrões recebidos, mais são geradores de culpabilidade em nós.

É verdade que o ser humano precisa de um superego para se humanizar, mas este não deve funcionar como a última palavra no processo da nossa humanização.

De facto, uma pessoa que apenas actuasse movida pelo seu superego não se tornaria livre, consciente, responsável e capaz de amar.

Por outras palavras, nós não podemos realizar sem os outros, mas estes não nunca a medida da nossa realização, pois cada pessoa é única, original e irrepetível, como vimos mais acima.

Por outras palavras, ajudar o outro a crescer é permitir e facilitar a emergência da sua originalidade.

O crescimento da pessoa humana acontece como emergência gradual e progressiva a partir de dentro.

Crescer como interioridade pessoal significa ficar espiritualmente mais robusto e com mais capacidade de interagir amorosamente.

As possibilidades de humanização que os outros inscreveram na pessoa têm de ser realizados por ela em harmonia com a sua unicidade pessoal.

Cada ser humano estrutura de modo diferente os modos de ver, valorizar e agir que os outros lhe comunicaram.

A razão deste modo original de a pessoa estruturar os valores recebidos dos outros deve-se às características dos nossos genes e ao modo como estes se combinaram.

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Calmeiro Matias

DEUS, OS OUTROS E A NOSSA CONSCIÊNCIA-IV

IV-EDIFICANDO A IDENTIDADE PESSOAL

Na verdade, cada ser humano é uma estrutura assente sobre a sua unicidade pessoal, mas talhada para a reciprocidade da comunhão.

Há ainda o contexto afectivo em que a pessoa se foi estruturando. Com efeito, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado. E o mal amado fica a amar mal, isto é, com condicionamentos e tropeções.

Tudo isto significa que é a partir dos dados recebidos dos outros que a pessoa a pessoa começa a elaborar normas de procedimento pessoal.

No começo, estas normas são praticamente a voz dos outros, registada na nossa mente. Depois, de modo gradual e progressivo, a pessoa começa a ser criativa, transformando os dados recebidos de acordo com a sua originalidade pessoal.

Quanto menos punitivo e opressor tiver sido o processo educacional de uma pessoa, mais fácil será para ela conseguir uma realização satisfatória e feliz.

A consciência representa já um salto de qualidade em relação ao superego, pois supõe já a interiorização consciente das razões do agir pessoal.

Este processo caminha no sentido da espiritualização das motivações do agir. O limiar mais nobre das motivações éticas é a sensibilidade aos apelos do amor.

Devemos entender aqui por amor a eleição do outro como alvo de bem-querer, aceitá-lo assim como é e facilitar a sua realização e felicidade.

De facto, o amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Ninguém se pode humanizar sem entrar na dinâmica do amor. A lei da humanização é: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão universal”.

Em perspectivas cristãs, a Comunhão Universal é o Reino de Deus. O amor é uma razão que vale tanto para viver como para morrer.

Podemos dizer que o amor é maior que a morte. Esta verdade torna-se muito clara quando olhada sob a perspectiva da fé cristã.

A fé cristã afirma que Deus é Amor e o amor é a lente existencial para o Homem conhecer Deus (1 Jo 4, 7-8).

Só o amor confere à vida humana a qualidade necessária para a pessoa participar na Comunhão da Família de Deus.

O amor é mais forte que a morte, pois é pelo amor que emerge e se robustece o nosso ser interior, pessoal e espiritual, o qual transcende a lei da morte.

Por isso é preciso nascer de novo, diz o evangelho de São João. Ao falar do nascimento do Homem Novo, São João tinha consciência de que este nasce do Espírito Santo, o qual nos vem de Cristo ressuscitado, o grande vencedor da morte (Jo 3, 6).

Só pelo amor podemos entrar na intimidade de Deus, pois deus é Amor!

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Calmeiro Matias

terça-feira, 20 de maio de 2008

PAIS E FILHOS FACE A FACE-I

I-DINAMISMO FAMILIAR E AMOR

A família é um espaço privilegiado para o amadurecimento da pessoa humana. É um tecido dinâmico de relações onde o amor surge como proposta fundamental.

No interior da família, os filhos vivem a experiência de serem acolhidos de modo gratuito. Os pais, por seu lado, crescem nessa capacidade admirável de ser dom e gratuidade, a expressão mais rica do amor e da gratuidade.

Outra vertente fundamental na edificação da comunhão familiar é a reciprocidade amorosa do casal.

Na verdade, o amor do casal é o alicerce sobre o qual se amor o tecido amoroso da família. Isto quer dizer que a família é um entretecido de relações onde o amor surge como dinâmica de bem-querer que tem como origem as pessoas e como meta a comunhão.

Por outras palavras, a família é um contexto privilegiado para acontecer a humanização das pessoas.

No entretecido das relações familiares percebem-se muitas mensagens que são verdadeiros apelos a crescer no amor e comunhão.

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Calmeiro Matias

PAIS E FILHOS FACE A FACE-II

II-A INTERPELAÇÃO DOS FILHOS

Uma das mensagens centrais nas relações e comunhão familiar é o apelo dos filhos em cuja boca podemos colocar alguns apelos:

“Queridos pais: Não vos esqueçais de que eu sou um “Tu” em relação a vós. Apesar de me ter deixado ser por vós, eu tenho uma identidade própria.

Por outras palavras eu sou uma pessoa diferente de vós. É verdade que eu comecei por ser aquilo que vós fizestes de mim.

Nunca me esquecerei de que os primeiros talentos os recebi de vós. Mas isso não quer dizer que, agora, devais fazer de mim uma cópia de vós.

Procedendo desse modo, vós não estaríeis a amar-me a mim, mas a vós. Pretender fazer da pessoa do outro uma cópia de nós é impedi-lo de emergir na sua diferença de pessoa única, original e irrepetível.

A dignidade da pessoa humana consiste precisamente no facto de possuir uma identidade que não se confunde com qualquer outra.

A pessoa atinge a sua realização na medida em que se estrutura como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de amar.

Os pais que ajudam os seus filhos a crescer como pessoas livres e responsáveis são, na verdade, os grandes benfeitores da sociedade, pois estão a facilitar uma concretização única de Humanidade.

De facto, na pessoa dos filhos está a emergir a Humanidade de modo único, original e irrepetível.

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Calmeiro Matias

PAIS E FILHOS FACE A FACE-III

III-ATITUDES QUE GERAM MATURIDADE

Gostava de chamar a vossa atenção para alguns aspectos importantes: Estai atentos para não me dar tudo o que vos peço. Por vezes peço apenas para Ter a certeza de até onde posso desfrutar.

Mais que de muitas coisas eu preciso de vós. Não me griteis. Tenho menos respeito e admiração por vós quando comunicais comigo aos gritos.

Na fundo, se me gritais estais a ensinar-me a gritar também. Habituai-vos a pedir-me coisas em vez de me estardes sempre a dar ordens. Isso cria em mim uma consciência de escravo.

Se em vez de me dar ordens me pedis coisas eu vou aprendendo de modo progressivo de servir de modo gratuito e amoroso.

Cumpri as vossas promessas, sejam agradáveis ou não. Se for um prémio dai-mo. Se for um castigo procurai ser justos. Não me deis castigos injustos, pois nunca mais os esqueceremos.

Não me compareis com os outros. Se me fazeis sentir melhor que os outros alguém vai sofrer por causa disso.

Se, pelo contrário, me fazeis sentir pior, muito provavelmente ficarei machucado e complexado para o resto da vida.

Não estejais sempre a mudar de opinião sobre o que devo ou não fazer. Este modo de proceder desorienta-me e faz-me sentir inseguro.

Decidi-vos e mantende a vossa decisão. Deste modo eu vou compreendendo que os valores são o alicerce sobre o qual se deve construir a pessoa.

Por outras palavras, os valores, tal como a humanização do ser humano não são questões arbitrárias.

Age de modo a que eu aprenda a valer-me por mim. Não me substituas, de contrário não poderei aprender nem poderei chegar à maturidade.

Não digais mentiras na minha frente e nunca me peçais para mentir em vosso nome, ainda que seja para vos libertardes de uma dificuldade.

Procedendo assim, fazeis com que eu perca a fé e a confiança em vós. Além disso ensinais-me a ser mentiroso.

Quando eu fizer algo errado não mencioneis muitas vezes esse facto, nem insistais demasiado para que eu diga as razões desse mau procedimento.

Por vezes nem eu próprio conheço a razões de tais procedimentos. Outras vezes tenho muita vergonha de confessar os motivos dos meus erros.

Quando vos tiverdes enganado reconhecei o vosso engano. Podeis ter a certeza de que, deste modo, me estais ensinando a reconhecer e admitir os meus erros.

Não me peçais para fazer coisas que vós não fazeis. Eu aprendo a fazer o que fazeis, mesmo que não mo digais.

Mas nunca aprenderei a fazer o que dizeis, mas não fazeis. Quando te aperceberdes de que tenho necessidade de vos contar um problema nunca me digais: “Não tenho tempo para tolices”.

Mesmo que os meus problemas vos pareçam insignificantes, para mim são muito importantes.
Eu sei que, por vezes, estais cansados, mas eu preciso muito de vós.

Podeis ter a certeza de que sois muito importantes para mim. Por favor, dizei-me que gostais de mim, embora isso vos possa parecer desnecessário.

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Calmeiro Matias

PAIS E FILHOS FACE A FACE-IV


IV-FAMÍLIA E ESTRUTURAÇÃO PESSOAL

Não podeis esquecer que as crianças são modeladas pelo meio em que nascem e crescem:
Se crescem num contexto de fé, aprendem a ser crentes.

Se vivem num contexto familiar indiferente, aprendem a desvalorizar as realidades de Deus e da fé.

Se na família se toma a sério as questões da lealdade, fidelidade e amor, as crianças aprendem a decidir e a orientar a sua vida numa linha de lealdade e amor.

Se vivem rodeadas de atitudes hostis, aprendem a ser agressivas. Se vivem dominadas pelo medo, tornam-se seres apreensivos e neuróticos.

Se são postas a ridículo, as crianças aprendem a ser tímidas. Se vivem em meios marcados pela tolerância aprenderão a ser pacientes. Se são encorajadas tornam-se pessoas confiantes.

Se o meio em que vivem as aceita e valoriza, começam a gostar de ser assim como são. Se vivem num contexto de alegria e amizade, as crianças aprendem a considerar o mundo como um lugar bonito para viver.

Se as crianças vivem rodeadas de serenidade aprendem a ter paz de coração.

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Calmeiro Matias