terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A SALVAÇÃO DE CRISTO NA HISTÓRIA

O evangelho de São João diz que Cristo, ao ressuscitar, nos deu a Água Viva, incorporando a Humanidade na Comunhão Divina.

Em seguida, o mesmo evangelho diz que a Água Viva é o Espírito Santo e que a fonte da qual brota é Cristo ressuscitado (Jo. 7, 37-39).

São Paulo diz que Jesus Cristo se tornou o Novo Adão, corrigindo as distorções que o primeiro Adão provocou na marcha da Humanidade.

Adão, diz o Livro do Génesis, ao virar as costas a Deus, fechou as portas do Paraíso à Humanidade (Gn 3, 23-24).

Jesus Cristo, o Novo Adão, veio para nos reconciliar com Deus e nos introduzir de novo no convívio com Deus, tal como acontecia com Deus no convívio primordial do Paraíso.

Eis o que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição: “Em verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 42-43).

O evangelho de São Mateus confirma esta afirmação de São Lucas, dizendo que no momento da morte e ressurreição de Jesus os justos começam a ressuscitar com Cristo (Mt. 27, 52).

Ao vencer a morte, Jesus comunicou-nos o sangue da Nova Aliança, isto é, o Espírito Santo. De facto, é o Espírito Santo qual alimenta em nós a vida divina e nos incorpora na comunhão da Santíssima Trindade como membros da Família de Deus.

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o vínculo amoroso que nos introduz na comunhão familiar de Deus como filhos e herdeiros de Deus Pai e como irmãos e co-herdeiro com o Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

É também pelo Espírito Santo que o Filho de Maria e o Filho de Deus, sem se confundirem, fazem um e o mesmo Cristo.

Pelo facto de ser homem connosco Jesus está unido de modo orgânico a todos nós no íntimo do nosso coração.

Isto quer dizer que a Humanidade, organicamente unida a Jesus de Nazaré, faz parte do Cristo total.
Para explicar a união orgânica que nos liga a Jesus, o evangelho de São João diz que nós somos os ramos da videira cuja cepa á Jesus Cristo (Jo 15, 1-8).

Apesar de ser plenamente homem como nós, Jesus também pertence à esfera de esfera de Deus.
Por outras palavras, a interioridade espiritual humana de Jesus de Nazaré está unida de modo orgânico e interactivo à interioridade espiritual divina do Filho Eterno de Deus.

O princípio animador deste enxerto do divino no humano é o Espírito Santo. Foi por esta razão que Jesus Cristo, ao ressuscitar nos comunicou este mesmo Espírito Santo, a fim de animar a união orgânica que nos liga a ele.

São João vê na Eucaristia a celebração que explicita a nossa união orgânica com Cristo. A carne e o sangue que Jesus são o sinal do Espírito Santo que ele nos comunica, a fim de nos vivificar.
Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “E se virdes o Filho do Homem ressuscitar e voltar para onde estava antes.

A carne não serve para nada. O Espírito é que dá vida. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62- 63).

E foi assim, diz a Segunda Carta aos Coríntios, que Cristo Ressuscitado se tornou a cabeça de uma Nova Criação reconciliada com Deus, pois Deus já não leva em conta os nossos pecados (2 Cor 5, 17-19).

Com Cristo ressuscitado, a Humanidade atingiu a plenitude dos tempos, isto é, a esfera da divinização mediante a assunção e integração na comunidade divina.

Por ser homem connosco, Jesus Cristo pertence à comunhão humana universal. Por ser Deus com o Pai e o Espírito Santo, pertence à comunhão da Santíssima Trindade.

Ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida, o qual dava a Vida Eterna às pessoas que o comessem (Gn 3, 23).

Jesus Cristo, ao ressuscitar, torna-se o Novo Adão que abre de novo as portas do Paraíso (Lc 23, 43).

Eis o ensinamento de Jesus no evangelho de São João: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia.

Na verdade, a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue é uma verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.
Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim também, quem me come viverá por mim” (Jo 6, 54-57).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SALVAÇÃO DE CRISTO NA HISTÓRIA

O evangelho de São João diz que Cristo, ao ressuscitar, nos deu a Água Viva, incorporando a Humanidade na Comunhão Divina.

Em seguida, o mesmo evangelho diz que a Água Viva é o Espírito Santo e que a fonte da qual brota é Cristo ressuscitado (Jo. 7, 37-39).

São Paulo diz que Jesus Cristo se tornou o Novo Adão, corrigindo as distorções que o primeiro
Adão provocou na marcha da Humanidade.

Adão, diz o Livro do Génesis, ao virar as costas a Deus, fechou as portas do Paraíso à Humanidade (Gn 3, 23-24).

Jesus Cristo, o Novo Adão, veio para nos reconciliar com Deus e nos introduzir de novo no convívio com Deus, tal como acontecia com Deus no convívio primordial do Paraíso.

Eis o que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição: “Em verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 42-43).

O evangelho de São Mateus confirma esta afirmação de São Lucas, dizendo que no momento da morte e ressurreição de Jesus os justos começam a ressuscitar com Cristo (Mt. 27, 52).

Ao vencer a morte, Jesus comunicou-nos o sangue da Nova Aliança, isto é, o Espírito Santo. De facto, é o Espírito Santo qual alimenta em nós a vida divina e nos incorpora na comunhão da Santíssima Trindade como membros da Família de Deus.

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o vínculo amoroso que nos introduz na comunhão familiar de Deus como filhos e herdeiros de Deus Pai e como irmãos e co-herdeiro com o Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

É também pelo Espírito Santo que o Filho de Maria e o Filho de Deus, sem se confundirem, fazem um e o mesmo Cristo.

Pelo facto de ser homem connosco Jesus está unido de modo orgânico a todos nós no íntimo do nosso coração.

Isto quer dizer que a Humanidade, organicamente unida a Jesus de Nazaré, faz parte do Cristo total.
Para explicar a união orgânica que nos liga a Jesus, o evangelho de São João diz que nós somos os ramos da videira cuja cepa á Jesus Cristo (Jo 15, 1-8).
Apesar de ser plenamente homem como nós, Jesus também pertence à esfera de esfera de Deus.
Por outras palavras, a interioridade espiritual humana de Jesus de Nazaré está unida de modo orgânico e interactivo à interioridade espiritual divina do Filho Eterno de Deus.

O princípio animador deste enxerto do divino no humano é o Espírito Santo. Foi por esta razão que Jesus Cristo, ao ressuscitar nos comunicou este mesmo Espírito Santo, a fim de animar a u
nião orgânica que nos liga a ele.

São João vê na Eucaristia a celebração que explicita a nossa união orgânica com Cristo.
A carne e o sangue que Jesus são o sinal do Espírito Santo que ele nos comunica, a fim de nos vivificar.
Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “E se virdes o Filho do Homem ressuscitar e voltar para onde estava antes.

A carne não serve para nada. O Espírito é que dá vida. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62- 63).

E foi assim, diz a Segunda Carta aos Coríntios, que Cristo Ressuscitado se tornou a cabeça de uma Nova Criação reconciliada com Deus, pois Deus já não leva em conta os nossos pecados (2 Cor 5, 17-19).

Com Cristo ressuscitado, a Humanidade atingiu a plenitude dos tempos, isto é, a esfera da divinização mediante a assunção e integração na comunidade divina.

Por ser homem connosco, Jesus Cristo pertence à comunhão humana universal. Por ser Deus com o Pai e o Espírito Santo, pertence à comunhão da Santíssima Trindade.

Ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida, o qual dava a Vida Eterna às pessoas que o comessem (Gn 3, 23).

Jesus Cristo, ao ressuscitar, torna-se o Novo Adão que abre de novo as portas do Paraíso (Lc 23, 43).

Eis o ensinamento de Jesus no evangelho de São João: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia.

Na verdade, a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue é uma verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.

Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim também, quem me come viverá por mim” (Jo 6, 54-57).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O CRISTÃO COMO SINAL DE ESPERANÇA

Graças aos horizontes da esperança, dizem os evangelhos, os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo.
Como fundamento da esperança, os cristãos olham realidade com os horizontes e os critérios da Palavra de Deus.
No evangelho de São Mateus, Jesus diz que os cristãos estão chamados a ser sal, luz e fermento no mundo (cf. Mt 5, 13-16).

A esperança proporciona novas razões para a pessoa se comprometer, pois conferem-lhe um sentido pleno para viver e agir.

À luz da esperança, o crente sabe que não está a edificar para o vazio da morte, proporcionando-lhe novas metas para o agir humano.

Os próprios sofrimentos e a morte ganham sentido, como diz São Paulo: Tenho a certeza de que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a alegria e felicidade que nos aguarda o futuro em Deus” (Rm 8, 18).

Numa outra passagem da Carta aos Romanos o Apóstolo que os textos sagrados foram escritos para alimentar a nossa esperança” (Rm 15, 4).

À medida que os anos passam e a pessoa vai envelhecendo, a esperança continua a iluminar a vida e a ajudar a pessoa no sentido de a ajudar a integrar na sua história pessoal a experiência do envelhecimento.

Eis o que diz a segunda Carta aos Coríntios: “Por isso não desfalecemos. Mesmo que, em nós, o homem exterior vá caminhando para a ruína, o homem interior renova-se todos os dias.

Com efeito, a nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos um peso eterno de glória além de toda e qualquer medida.

Não olhamos para as coisas visíveis e exteriores, pois estas são passageiras. Pelo contrário , nós fixamo-nos nas realidades interiores e invisíveis, as quais são eternas” (2 Cor 4, 16-18).

Sejam quais forem as situações em que nos encontremos, a esperança dá-nos a certeza de que não estamos abandonados por Deus.

São Paulo pediu a Deus que o libertasse de um problema que lhe causava desgosto. Mas Deus respondeu-lhe:

“Basta-te a minha graça, pois o meu poder libertador é perfeito quando se trata de ajudar a fraqueza” (2 Cor 12, 9).
A Carta aos Colossenses pede aos crentes para fortalecerem a sua esperança, colocando as suas mentes e os seus corações nas coisas do alto e não apenas nas terrenas” (Col 3, 2).

Quanto mais a nossa mente e o nosso coração se deixam possuir pela Palavra de Deus, mais o Espírito Santo nos transforma e configura com Jesus Cristo.
Para crescer, a esperança cristã precisa da calda da oração e da meditação da Palavra de Deus.

Como vimos, o Espírito Santo vai realizando em nós o que a Palavra de Deus nos vai revelando.

A esperança dá-nos a certeza de que, apesar dos sofrimentos e dificuldades da vida presente, Deus tem para nós uma plenitude onde a nossa alegria não terá limites.

A esperança Cristã é cristocêntrica, isto é, tem como fundamento o acontecimento de Jesus Cristo ressuscitado.
Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Jesus respondeu-lhe: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6).

À medida que a esperança se robustece com a Palavra de Deus, torna-se o rochedo forte sobre o qual podemos construir a nossa vida cristã.
São Paulo, na Carta aos Romanos, aconselha os cristãos a alegrarem-se na esperança (Rm 12,12).

A alegria vivida com os horizontes da esperança tem uma profundidade muito maior do que qualquer outra alegria que brota de uma mera experiência humana.

A alegria fundamentada pela Esperança, diz Paulo na Carta aos Gálatas, é um dos frutos do Espírito Santo (Ga 5, 22).
Referindo-se às dificuldades sentidas pelos cristãos de Tessalónica que, naquela altura estavam a sofrer perseguições, São Paulo pede-lhes para acolherem a Palavra no meio das tribulações procurando cultivar a alegria que vem do Espírito Santo (1Ts 1, 6).

As seguintes palavras de Jesus são um excelente exemplo do que é a alegria no Espírito Santo:
“Revelei-vos estas coisas, a fim de que a minha alegria habite em vós e, deste modo, a vossa alegria seja perfeita” (Jo 15, 11).

Um pouco mais à frente, Jesus garante aos discípulos que, após a Páscoa, terão novas razões para se sentirem alegres:

“Agora estais abatidos, mas ver-vos-ei de novo e haveis de vos alegrar e já ninguém poderá tirar-vos a vossa alegria” (Jo 16, 22).

No final da Ceia Pascal, Jesus faz uma oração ao Pai, pedindo-lhe para que a alegria dos discípulos seja plena e perfeita:

“Agora vou para ti, Pai Santo. E estando ainda no mundo peço-te para que eles tenham em si a plenitude da minha alegria” (Jo 17, 13).

A alegria que nasce da esperança tem como fundamento a certeza da salvação disse Jesus:
“Exultai e alegrai-vos, pois grande será a vossa recompensa no Céu” (Mt 5, 12).

Os cristãos das comunidades primitivas cultivavam a alegria fortalecendo a sua esperança.
Eis o que diz a Carta aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor!

De novo vos digo: alegrai-vos! Que a vossa bondade seja conhecida de todos, pois o Senhor está próximo” (Flp 4, 4-5).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ESPERANÇA E VIDA CRISTÃ

A Vida Cristã assenta sobre os pilares da fé, da esperança e do amor ao jeito de Cristo, isto é, a caridade.

A esperança tem um papel central na vida cristã, pois é por ela que nós temos a certeza de conseguir algo de bom que será o alicerce de uma felicidade plena e definitiva.

A Esperança antecipa, isto é, torna presente já agora, a certeza de que havemos de possuir os dons prometidos por Deus, e que dão pleno sentido ao nosso futuro.

Na verdade, é pela porta da esperança que nós podemos entrar e saborear antecipadamente, o futuro que Deus preparou para nós.

Através da esperança, os cristãos celebram no presente o que havemos de ser na festa universal da Família de Deus.

Por outras palavras, graças ao papel antecipador da esperança os cristãos saboreiam nas celebrações o que havemos de ser com Deus na festa da salvação.

Ao mesmo tempo, o Espírito Santo vai realizando de modo progressivo aquilo que a esperança nos garante que seremos na vida eterna.

De facto, a Palavra de Deus revela-nos aquilo que seremos na plenitude da vida com Cristo, e o Espírito Santo realiza em nós o que a Palavra nos revela.

Por outras palavras, a Palavra de Deus capacita-nos para olhar as pessoas e as coisas com os critérios de Deus.

A esperança apoia-se na certeza de que Deus é fiel e verdadeiro e, portanto, vai realizar o que nos foi prometendo através da sua Palavra.

A esperança cristã é um dom do Espírito Santo, o qual nos ilumina e desperta em nós o desejo da plenitude que Deus nos prometeu.

Os dons que Deus no promete não se referem apenas aos bens do corpo, mas também aos bens do espírito.

Isto quer dizer que a nossa Esperança ultrapassa os limites estreitos da vida que morre e acaba no cemitério.

A esperança optimiza a mente dos crentes capacitando-os para ver, não apenas os bens da Terra, mas também a Vida Eterna que viveremos com Cristo ressuscitado.

A Fé, a Esperança e a Caridade crescem ao mesmo ritmo. A esperança cristã ajuda-nos a realizar a vontade de Deus, sabendo que esta coincide sempre com o que é melhor para nós.

Graças à esperança, os sofrimentos e a morte surgem para o cristão como acontecimentos com sentido.

Tenho a certeza, diz São Paulo, de que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a alegria e a felicidade que teremos no futuro junto de Deus (Rm 8, 18).

Graças à esperança já podemos celebrar e saborear o que havemos de ser no futuro.
Fundamentada na Palavra de Deus, a esperança dá-nos a certeza de que a História Humana parte de um plano de amor.

Eis as palavras do profeta Jeremias a este propósito: “Conheço muito bem os planos que fiz para vós, diz o Senhor.

Fiz planos para crescerdes e terdes sucesso, e não para fracassardes ou serdes destruídos.
O meu plano é fazer que tenhais um futuro bom. Podeis confiar em mim, diz o Senhor.Quando eu vos der tudo aquilo que penso dar-vos, vós chamareis por mim, far-me-eis a vossa oração e eu escutar-vos-ei” (Jer 29, 11-12).

Podemos dizer que a esperança cristã é uma certeza que assenta na fidelidade de Deus à sua Palavra.

Se confiarmos em Deus podemos sentir-nos tranquilos, pois ele é capaz de fazer maravilhas em nosso favor quando confiamos nele.

Eis o que o Espírito Santo disse a São Paulo num dia em que ele se sentia abatido pela sua fragilidade:
“Basta-te a minha graça, pois o meu poder libertador é perfeito quando se trata de ajudar a fraqueza de alguém” (2 Cor 12, 9).

Durante a Última Ceia, Jesus fortalece a confiança dos Apóstolos com as seguintes palavras:
“Agora estais abatidos, mas ver-vos-ei de novo e haveis de vos alegrar, pois já ninguém poderá tirar-vos a vossa alegria” (Jo 16, 22).

A Carta aos Colossenses dá-nos uma norma sábia para nós fortalecermos a esperança:
“Colocai a vossa mente nas coisas do alto e não nas terrenas” (Col 3, 2).

Quanto mais a nossa mente e o nosso coração se deixam possuir pela Palavra de Deus, mais o Espírito Santo nos transforma e configura com Cristo.

São Paulo diz que tudo o que foi escrito nas Sagradas Escrituras destina-se a fundamentar e fortalecer a nossa esperança (Rm 15, 4).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
















quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

DESCOBRINDO O CORAÇÃO DE DEUS

Deus Santo

A pessoa é realmente um mistério, isto é, alguém que não é evidente, mas que se revela através das relações.

Trindade Santa,

Vós sois pessoas em relações permanentes de amor. Vós não sois evidentes mas revelais-vos a nós à medida que nos relacionamos convosco Pai, Filho e Espírito Santo.

Pai Santo,
Obrigado por nos ajudares a caminhar na fé, o fruto saboroso da tua Palavra e da acção reveladora do Espírito Santo no nosso coração.
Louvado sejas por acolheres os seres humanos e Ajudares cada pessoa como a um filho. Bendito sejas, Filho Eterno de Deus, por nos acolheres e ajudares como irmãos.

Glória a ti, Espírito Santo, por seres o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Habitais em nós como num templo (1 Cor 3, 16). Com teu jeito maternal de amar tu nos conduzes até ao Pai que nos acolhe como filho e ao Filho Eterna de Deus que nos acolhe como irmãos (Rm 8, 14-16).

Tu estás em nós e por nós, mas nunca estás em nosso lugar, pois nunca nos substituis. Com teu jeito maternal de amar tu habitas no nosso coração de modo adequado à realidade de cada pessoa.

O que não nos dizes de Deus e do Homem, nós não o podemos saber e compreender. Isto quer dizer que tu és, Espírito Santo, o protagonista da revelação do mistério de Deus e do Homem.

Quando abrimos a mente e o coração à tua revelação, emerge em nós a Sabedoria e a força da Fé, da Esperança e da Caridade.
Trindade Santíssima,
A nossa fé diz-nos que o vosso amor por nós é incondicional. Nós podemos deixar de vos amar, mas não somos capazes de impedir que Vós nos continueis a amar sempre e de modo incondicional.

Vós não estivestes à espera de que nos tornássemos bons para gostar de nós. Vós tomastes a iniciativa de nos amar antes de sermos bons, dando-nos o Espírito Santo que nos vai ajudando a ser bons.

Graças ao Vosso amor incondicional, Deus Santo, a vossa vontade em relação a cada ser humano coincide sempre com o que é melhor para nós.

Deus Santo,
Vós sois a fonte da Vida Eterna. A Primeira Carta de São João diz que Vós sois Amor (1 Jo 4, 16).

Isto quer dizer que Vós sois uma novidade constante, pois o amor nunca se repete. Sem deixardes de ser o único Deus infinitamente perfeito, Vós sois todos os dias novo.

Quando a nossa Fé diz que a natureza de Deus é imutável, ela quer afirmar que Vós sois sempre, Deus Santo, uma emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em convergência total de comunhão amorosa.

Sem vós, Deus bendito, a nossa vida não tinha sentido. Por isso nós vos dizemos com muito amor: Nós vos pertencemos, Santíssima Trindade!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


sábado, 9 de janeiro de 2010

CANTANDO O PLANO CRIADOR DE DEUS

Trindade Santa

Vós sois um Deus cuja essência são as relações de amor. A vossa morada coincide com a essência do vosso ser, pois não estais dentro do espaço e do tempo.

A vossa morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosa o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Vós sois um Deus relações. É por esta razão que as relações estão presentes em todos os níveis do tecido Cósmico: átomo, sistema solar, célula, sistema solar ou na galáxia sempre a girar.

O Universo é um poema vivo, obra-prima sonhada por Vós com uma ternura infinita. Mas a génese do Universo ainda não terminou.
Isto quer dizer que o vosso poema criador ainda está a ser redigido.De facto, o Cosmos é um poema vivo que continua a ser escrito de modo permanente e progressivo:

Cada estrela é uma estrofe e cada planeta um refrão. Nesta Criação em génese, tudo tem sentido e finalidade.

Tem sentido o átomo e a molécula, o sistema solar e a Galáxia. A Criação é um testemunho vivo da vossa Sabedoria e arte de criar.

Entre a multidão dos dinamismos cósmicos brotam cheios de beleza e inteligência os dinamismos da vida cuja cúpula é o Homem em construção:

No momento da criação do Homem, o Espírito Santo, como génese animadora de comunhão e vínculo de relações amorosas faz emergir a vida espiritual talhada para o encontro amoroso com Deus.
E no fim da cadeia evolutiva surge o barro orgânico do qual saiu Adão. Nesse momento, Deus comunica-lhe o hálito da vida através de um beijo cheio de ternura.

Nesse momento, o barro torna-se barro com coração e surge o Homem como comunhão de pessoas capazes de eleger os outros como alvo de amor.

Deus Santo,
No coração do vosso poema cheio de sabedoria e o amor surge Jesus Cristo, o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor da Humanidade.

No tecido da Criação agitam-se ondas, partículas, células, tecidos e pessoas que emergem como seres livres, conscientes e responsáveis.

É lógico este Universo em que habitamos. É por esta razão que o Homem consegue compreender as suas razões e sentidos.

Deus Santo,
Como são vastos os temas do vosso poema universal: Átomo, planeta, Galáxia. Asteróide e a nossa estrela Polar.

Mas o tema central do vosso poema é o Homem cuja cúpula é Jesus Cristo. Com a emergência do Homem a nossa Terra deu um salto de qualidade, tornando-se um lugar onde pode acontecer amor e fraternidade.

A Humanidade está a emergir como comunhão orgânica e dinâmica de pessoas, cada uma delas a construir uma história única, original, irrepetível e com seu jeito próprio de amar.
Ao ser incorporado por Cristo na comunhão divina, o Homem fica divinizado, pois passou a ser da raça de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A NOVA ALIANÇA COMO CÚPULA DA CRIAÇÃO

Pai Santo,
Louvado sejas por teres sonhado a Nova e Eterna pela Nova e Eterna Aliança como um jeito amoroso de te relacionares connosco.
Ainda o Universo não existia e tu já tinhas nos teus planos criar o Homem e relacionar-te com ele em jeito de pacto amoroso.

De facto, a Nova e Eterna Aliança já estava presente como pano de Fundo ao teu plano Criador.
Tu estiveste sempre presente à génese da Criação a partir de dentro. A Nova e eterna Aliança é a expressão do teu jeito dinâmico de estar presente à tua Criação, sobretudo ao Homem que tu quiseste criar à tua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27).

Tu és o Deus connosco. A tua morada é o coração do Universo em gestação. Na verdade, a tua casa é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto significa que não está longe da tua própria Criação. Para criar não tiveste de te deslocar. Não vieste cá abaixo para realizar a Criação, retirando-te em seguida para uma transcendência longínqua.

Trindade Santa,
Vós relacionais-vos com a Criação a partir de dentro, dinamizando esse feixe de interacções, a fim de a Criação avançar em direcção da sua meta.

A Criação é um processo dinâmico ainda não acabado. A Nova e Eterna Aliança não é mais que a qualidade que Vós, Trindade Bendita, quisestes conferir às relações com a génese criadora do Universo.

Espírito Santo,
A essência da Nova e Eterna Aliança é uma comunhão amorosa cujo princípio dinamizador és tu.
Eis o modo como acarta aos Efésios descreve o teu plano de interagir de modo permanente com o Homem que tu escolheste como cabeça e guia desta Criação em marcha:
“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos no amor.
Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua eterna vontade” (Ef 1, 4-5).

Este plano esteve oculto durante milénios, mas foi dado a conhecer na plenitude dos tempos, acrescenta a mesma Carta:

“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo Jesus. Este mistério não foi dado a conhecer aos filhos dos homens das gerações passadas, como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus Apóstolos e Profetas ” (Ef 3, 4-5).

Deus Santo,
Como Deus da Aliança, Vós sois realmente fiel e verdadeiro. A Nova Aliança representa a plenitude de um projecto sonhado por vós ainda antes de terdes iniciado a génese da Criação.
A Antiga Aliança foi um passo importante da para Deus nos conduzir até Jesus Cristo.
Mas o vosso plano criador tinha como meta não a Antiga Aliança, mas a Nova e Eterna Aliança.
A Antiga Aliança foi um passo da acção pedagógica do Espírito Santo para conduzir a Humanidade à plenitude dos tempos, isto é, ao fim do tempo da gestação, dando início ao parto que origina o nascimento dos filhos de Deus.
Eis as palavras da Carta aos Efésios: “Com efeito, Cristo é a nossa paz. De dois povos fez um só, anulando o muro da separação, isto é, a Lei Mosaica com suas normas e preceitos, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.

Os pagãos, portanto, já não são estrangeiros nem imigrantes na casa de Deus, mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).

O Novo Testamento repete várias vezes que a Antiga Aliança estava em função da Nova e Eterna Aliança:

Eis o que diz a Carta aos Gálatas: “Antes de chegar a plenitude da fé estávamos prisioneiros da Lei Mosaica:

A Lei tornou-se o pedagogo que nos conduziu até Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.
Já sois filhos de Deus e, por isso, já não estais sob o domínio do pedagogo (…). Já não há judeu ou grego.
Não há escravo ou homem livre. Não há homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gal 3, 23-29).
A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés. Esta multiplicava em normas, preceitos, ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia para a obtenção da salvação.

A Nova Aliança tem como alicerce o dom do Espírito Santo, o qual realiza em nós a obra da salvação, como diz São Paulo na Carta aos Gálatas:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14). Viver a dinâmica da Nova aliança significa deixar-se conduzir pelo Espírito Santo:

“Eis os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio. Contra tais coisas não há Lei” (Gal 5, 22).

A Antiga Aliança, portanto, foi superada pela Nova e Eterna Aliança. As metas que estão ao serviço de um objectivo são superadas quando o objectivo é atingido.

Do mesmo modo, a antiga Aliança foi superada pelo aparecimento da Nova. Isto quer dizer que a Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.

Pelo contrário, a Nova e Eterna Aliança representa um salto de qualidade em relação à Antiga.
De facto, a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa linha de simples continuidade em relação à libertação dos hebreus da escravidão do Egipto.

Entre estes dois acontecimentos existe, na verdade, uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança tem o alcance de uma salvação definitiva, a qual implica a assunção e incorporação da humanidade na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).

Deus planeou a salvação da Humanidade, diz a Carta aos Efésios, ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4).

O Reino que havemos de herdar com Cristo ressuscitado foi preparado para nós, diz o evangelho de São Mateus, desde a Criação do mundo (Mt 25, 34).

O plano salvador que Deus sonhou para nós, diz a Segunda Carta a Timóteo, foi concebido desde os tempos primordiais (2 Tim 1, 8-9).

Este plano não foi conhecido dos antigos reis e profetas, mas foi-nos revelado com o acontecimento de Cristo, diz o evangelho de São Lucas:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

Sim, Pai, de facto foi este o teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver.
De facto, digo-vos eu, muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).

A Carta aos Hebreus diz que Deus, ao falar de uma Nova Aliança declarou ultrapassada a Antiga.
O que se torna ultrapassado está prestes a desaparecer, assim acontece com a Antiga Aliança (cf. Heb 8, 13).

O Livro do Profeta Ezequiel promete ao povo uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga:

“Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…).
Estabelecerei contigo a minha Aliança Eterna e tu ficarás a saber que eu sou o Senhor” (Ez 16, 60-63).

Segundo o profeta Jeremias, a Nova Aliança assenta em novos alicerces, pois terá como fundamento um coração renovado pelo dom do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.

Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terá do Egipto

Apesar de eu os ter livrado da opressão, eles esqueceram-me e não cumpriram a Aliança que fiz com eles, oráculo do Senhor.

Esta será a Aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois desses dias, oráculo do Senhor:
Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração: Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).

A Nova Aliança, não é escrita em tábuas de pedra, como foi a Antiga, mas será escrita no coração das pessoas pelo Espírito Santo que nos foi dado.

São Paulo diz aos membros a comunidade de Corinto que eles são uma carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo, pois eles pertencem à Nova e Eterna Aliança:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

Na verdade, vós sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério. Foi escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.

Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…). Na verdade, é Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

A Carta aos Romanos acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Glória a Vós Trindade Santa que sois Pai, Filho e Espírito Santo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


sábado, 26 de dezembro de 2009

JESUS E O MISTÉRIO DO REINO DE DEUS

Os evangelhos dizem que Jesus iniciou a sua pregação convidando as pessoas a converterem-se e a aceitar o Reino de Deus que começava a emergir no seu meio.

Eis as palavras de São Marcos: “Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia e proclamava o Evangelho de Deus, dizendo:

“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 14-15).

O evangelho de São Marcos diz que o Reino de Deus é um segredo que só pode ser conhecido através da revelação que Jesus trazia:

“A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos de fora tudo lhes é proposto em parábolas” (Mc 4, 11).

A carta aos Efésios diz que o Espírito Santo revela os mistérios do Reino apenas aos que são escolhidos para a obra da pregação:

“Deus manifestou-nos o mistério da sua vontade e o plano generoso que tinha estabelecido para conduzir os tempos à sua plenitude, submetendo todas as coisas a Cristo, tanto as que há no Céu como na Terra” (Ef 1, 10).

São Paulo diz que o seu conhecimento sobre o mistério do Reino de Deus se deve ao facto de este lhe ter sido revelado pelo Espírito Santo:

“Por revelação me foi dado conhecer o mistério, o qual não foi dado a conhecer aos filhos dos homens nas gerações passadas, como agora foi revelado aos santos Apóstolos e Profetas no Espírito Santo.

Segundo este mistério, os gentios são admitidos à mesma herança do povo bíblico. Por outras palavras, os pagãos são membros do corpo de Cristo e, portanto, são participantes do plano salvador de Deus, anunciado pelo Evangelho que os Apóstolos proclamam.” (Ef 3, 3-6).

O Reino de Deus é um projecto que está a emergir na História, mas a sua plenitude transcende a história.

É por esta razão que Jesus, no Pai-Nosso, ensina os discípulos a pedirem ao Pai do Céu para que o Reino venha (Mt 6, 10; Lc 11, 2).

Ao enviar os Apóstolos a pregar o evangelho, Jesus diz-lhes que devem proclamar que a vinda do Reino vai acontecer muito em breve (Lc 9, 2).

No evangelho de São Mateus, Jesus aconselha os discípulos a procurarem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o resto lhes será dado por acréscimo” (Mt 6, 33).

Os evangelhos dizem que os milagres de Jesus eram sinais para as pessoas compreenderem que o Reino de Deus já estava a emergir:

“Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demónios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12, 28; Lc 12, 31).

Jesus disse a Nicodemos que só o Homem renascido pelo Espírito Santo pode tomar parte na festa do Reino de Deus:

“Quem não nascer do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 5-6).

A aceitação do Reino de Deus implica persistência e fidelidade à vontade de Deus: “Quem lança mão do arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9, 62).

E ainda: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5, 20).

São Paulo é o grande sinal do que significa um homem fiel ao Deus que nos chama para o serviço do Evangelho (Act 28, 31).

Por ser uma realidade de grandeza humano-divina, o Reino de Deus é transcendente, pois assenta na comunhão Universal da Humanidade com Deus.

Como enxerto do divino no Humano, o mistério da Encarnação era realmente uma condição indispensável para acontecer a divinização da Humanidade.

Deste modo, Jesus de Nazaré é plenamente homem em união com a Humanidade e o Filho de Deus é plenamente Deus em união com o Pai e o Espírito Santo.

Utilizando como imagem a união orgânica do enxerto nas plantas, podemos dizer que o Homem é um ramo do limoeiro frágil, enxertado na laranjeira saudável e robusta que é o Filho Eterno de Deus.

Ao receber a seiva portadora da vida plena, o ramo do limoeiro começa a robustecer-se e a dar limões de alta qualidade.

Mas não começou a dar laranjas. Isto quer dizer que na interacção humano-divina da Encarnação, nem a divindade é mutilada nem a Humanidade é anulada.

A seiva que alimenta esta união orgânica é o Espírito Santo, o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Por ser o ponto de encontro e interacção do humano com o divino, Jesus Cristo é a fonte a partir da qual emerge a dinâmica do Reino de Deus.

É dele que emerge e se difunde a dinâmica pascal do Espírito Santo que faz de nós membros da Família Divina (Rm 8, 14-16).

Isto significa que o Reino de Deus é o encontro definitivo e indestrutível do Homem com Deus.
Está em génese na história e culmina na assunção e incorporação do Homem na comunhão com Deus.

Podemos dizer que o Reino de Deus constitui o horizonte máximo da Esperança Cristã. A Igreja não é o Reino de Deus, mas é sacramento do Reino de Deus, isto é, uma mediação privilegiada do Espírito Santo o fazer emergir na História.

O Reino de Deus é uma realidade de grandeza humano-divina. É a Vida Eterna a emergir no tempo.

São Paulo realça a importância fundamental da Igreja como sacramento do Reino, dizendo:

“A mim, o menor de todos os santos, foi-me dada a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo.
Fui incumbido de revelar aos homens a realização do mistério escondido desde todos os séculos em Deus Criador.
Na verdade, foi-me dada a conhecer a multiforme sabedoria de Deus, de acordo com o desígnio eterno que ele planeou em Cristo nosso Senhor” (Ef 3, 8-11).

Por ser sacramental, a missão da Igreja é para a História, pois no Reino de Deus já não há sacramentos, mas sim a realidade que estes explicitam na História.

Na sua plenitude, o Reino de Deus coincide com a Comunhão Universal das pessoas humanas com as três pessoas divinas.

Esta Comunhão assenta em vínculos familiares, pois em Cristo e com Cristo somos todos filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho Eterno de Deus (Rm 8,14-16).

Jesus é a pedra angular sem a qual não podia existir o edifício do Reino de Deus. São Paulo tem uma expressão muito feliz para afirmar a profundidade espiritual do Reino de Deus. Eis as suas palavras:

“O Reino de Deus não consiste em comida e bebida mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Na Festa do Reino de Deus ninguém pretende dominar ou machucar os outros, atitudes que geram violência e sofrimento.

Por isso já não há pessoas tristes, desiludidas ou magoadas com os demais. E se ainda houver alguma memória do sofrimento desta vida na terra, Deus passas amorosamente pelos seres humanos e, sorrindo, limpas essas.

Depois, com um beijo cheio de ternura, apaga de modo definitivo as recordações tristes, como diz o Livro do Apocalipse:

“E ouvi uma voz potente que vinha do trono e que dizia: “Esta é a morada de Deus Entre os homens.

Deus habitará com os seres humanos e estes serão o seu povo. Do mesmo modo, Deus estará com os seres humanos e será o seu Deus.

Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas passaram” (Apc 21, 3-4).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

EM DEUS VIVEMOS, NOS MOVEMOS E SOMOS

Trindade Santa,
A nossa Fé diz-nos que Vós sois um Deus sempre próximo e que se torna presente aos seres humanos no seu próprio interior.

A Vossa morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas a qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Para irmos ao vosso encontro, temos de nos orientar no sentido nossa interioridade, pois Vós sois mais interior a nós do que nós próprios, com dizia Santo Agostinho.

Vós vindes a nós, Deus Santo, sempre a partir do interior. Nós vos agradecemos, Trindade Santa, o facto de vos relacionardes com cada pessoa de modo único e diferente.

Isto significa que Vós nos tomais a sério e amais cada pessoa assim como ela é.
Trindade Santa,
Vós Sois uma família de três pessoas, mas de coração aberto aos outros. Isto dá-nos a certeza de que ninguém tem Deus só para si.

O amor é difusivo, por isso Vós expandis a vossa ternura pelos biliões de pessoas que viveram, vivem e viverão ao longo dos milénios.

Espírito Santo,
Tu és o princípio difusivo do amor de Deus pelos seres humanos. São Paulo diz que tu és o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Quando as pessoas se vão bronzear à praia têm consciência de que o sol a é para todos.
Não é pelo facto de o Pedro se estar a bronzear que a Margarida fica privada do sol.

O sol difunde os seus raios por todos os seres humanos, um sinal do vosso amor capaz de se difundir por todos.
Mas ao contrário do sol que nos atinge a partir de fora, tu encontras-te connosco, Espírito Santo, a partir de dentro.

A Carta aos Romanos diz que tu és o amor de Deus derramado nos corações dos seres humanos (cf. Rm 5, 5).

Isto significa que o nosso Deus é um Deus próximo. A luz e o calor do sol chegam até nós, vindos de longe.

Tu, pelo contrário, Espírito Santo, estás nosso interior e pões-nos em comunicação com o Pai e o Filho, incorporando-nos na Família de Deus.

Com a tua ternura maternal tu nos conduzes a Deus Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus nos acolhe como irmãos.

Espírito Santo,
Isto quer dizer que tu fazes do nosso coração o ponto de encontro com a família da Santíssima Trindade.

Na Carta aos Romanos, São Paulo disse que os seres humanos que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus (Rm 8, 14).

Trindade Santa,
Vós sois um Deus ao nosso alcance e sempre disponível para todos. Ao ressuscitar, Jesus difundiu o Espírito Santo por todos nós, ele que é a Água da Vida que faz germinar em nós a Vida Eterna.

Os seres humanos precisam do ar para respirar e viver. Felizmente que o ar está presente em toda a terra.

Do mesmo modo, os seres humanos precisam do Espírito Santo para renascer, a fim de poderem renascer, como Jesus disse a Nicodemos.

No Livro dos Actos dos Apóstolos São Paulo diz que Deus nunca está longe, pois é em Deus que nós vivemos e nos movemos.

Eis as suas palavras: “O Deus que criou o mundo e tudo o que nele habita é o Senhor do Céu e da Terra.

Ele não habita em santuários feitos pela mão do Homem, nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa.

É ele que dá a vida, a respiração e tudo o mais. Criou a partir de Adão toda a Humanidade, a fim de ela habitar sobre a face da terra” (Act 17, 24-26).

Depois acrescenta: “É nele que vivemos, nos movemos e existimos, pois já somos família sua.
Se nós somos família de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra esculpida pela mão do homem” (Act 17, 28-29).

Louvado sejais Trindade Santa que sois uma comunhão familiar e nos acolhestes na Vossa Família através de Jesus Cristo!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

VOCAÇÃO PARA A FRATERNIDADE UNIVERSAL

Pai Santo,
No princípio, o teu amor de pai orientava-se de modo exclusivo para o teu Filho Unigénito.

Pelo mistério da Encarnação o Filho Eterno de Deus dividiu connosco a sua herança de Filho Único e nós passamos a ser co-herdeiros com ele, tornando-nos, por isso, filhos de Deus (cf. Rm 8, 14-17; Gal 4, 4-7).

Filho Eterno de Deus,
Nós te damos graças por teres partilhado connosco o amor infinito com que o Pai te ama desde toda a eternidade.

Por tomarmos parte contigo no amor paternal de Deus, já podemos dizer contigo “Abba, Pai Querido”.

E foi assim que passamos a fazer parte do mistério da Fraternidade Universal, cujo princípio animador é o Espírito Santo.

Primeiro decidiste fazer-te irmão de todos nós. Depois deste-nos o mandamento do amor ao próximo, colocando-nos, deste modo, em situação universal de fraternidade.

Jesus Cristo,
Neste momento recordo as tuas palavras quando confiastes aos Apóstolos o mandamento do amor, dizendo:

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12).
Espírito Santo,

Com teu jeito maternal de amar tu optimizas as relações entre os seres humanos irmãos, conduzindo-os, deste modo, à Família Universal de Deus.

Tu és no nosso íntimo o grande construtor do jeito fraternal de amar, ajudando-nos a passar do coração egoísta de Caim, para o coração fraterno de Jesus Cristo.

Deste modo aperfeiçoas algo que em nós está esboçado, pois somos seres talhados para a comunhão fraterna.

Na verdade, nós precisamos da estima dos outros para sermos capazes de gostarmos de nós.
A comunhão fraterna é a grande meta da humanização.
De facto, a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Reduzida a si, a pessoa está em estado de perdição. Com efeito, o estado de inferno não é mais que a ausência total e definitiva da comunhão.

Na verdade, os seres humanos apenas podem estruturar-se de modo equilibrado em contexto de fraternidade, pois as pessoas não são ilhas.

Eis alguns passos importantes que nos ajudam a moldar um coração capaz de comunhão fraterna:

Tentar compreender o outro na sua realidade mais profunda e nas suas diferenças, pois a pessoa tem muita dificuldade em se realizar quando se sente rejeitada nas suas diferenças.

Assim, por exemplo, uma pessoa não consegue dar-se se não se sente amada e valorizada pelos outros.

É importante habituar-se a confiar nos outros e agir de modo a merecer a sua confiança. Guardar segredo sobre as comunicações e segredos que os outros nos comunicam para merecermos a sua confiança.

Estar atentos ao que os outros fazem e saber valorizar as suas realizações. Comunicar sempre numa linha de verdade e autenticidade.

Compreender e aceitar a história pessoal das outras pessoas, a fim de os compreender e aceitar melhor.

Tomar consciência de que os outros são um dom de Deus para nós. Na verdade só tornando-nos irmãos dos outros podemos ser filhos de Deus e, deste modo, fortalecer a fraternidade universal, o único jardim onde acontece a plenitude humana.

É importante reconhecer que ninguém é bom em tudo, esforçando-se por aceitar as qualidades dos outros, a fim destas se tornarem carismas, isto é, dons para nós.

Recordar-se que o Espírito Santo está nos nossos irmãos, tal como está em nós, compreendendo que nós não somos os únicos detentores da verdade.

Referindo-se à fraternidade da comunidade cristã, São Paulo diz o seguinte:
“Há um só corpo e um só Espírito (...). Há um único Senhor, uma única Fé, um único baptismo.
Há um só Deus e Pai de todos que está acima de todos, actua por meio de todos e se encontra no coração de todos” (Ef 4, 4-6).

É importante estar disposto para falar quando é necessário e estar disponível para escutar, sinal de apreço e respeito pelos irmãos.

Na verdade, quem se recusa a escutar os outros com respeito não merece ser escutado.
Espírito Santo,

Ajuda-nos a construir um coração fraterno, a veste indispensável para tomar parte na Comunhão do Reino de Deus.

Ajuda-nos a ser construtores de fraternidade na História, pois esta é a maneira de sermos incorporados na Comunhão Universal da Família de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

ORAÇÃO CONFIANTE DE UM HOMEM CRENTE

Trindade Santa,
Vós sois o único Deus Verdadeiro e o nosso Criador. Obrigado por nos terdes amado ainda antes de nós existirmos.

Fostes Vós quem decidiu criar-nos inacabados, a fim de sermos autores da nossa própria realização.

Espírito Santo,
Glória a ti que és o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).
Tu és a ternura maternal de Deus. A tua presença maternal é o princípio animador desse campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Tu és, Espírito Santo, o hálito da vida que, no princípio, saiu das narinas de Deus para o interior do barro amassado do qual saiu Adão!

Ajuda-nos a compreender o Mistério do Homem em construção, a fim de termos critérios para edificar o Homem Novo.

Espírito Santo,
Tu és o hálito da vida que, no princípio, saiu das narinas de Deus para o interior do barro amassado do qual saiu Adão!

Quando te enviou a nós, Jesus confiou-te a missão de nos conduzires à Verdade plena, diz o evangelho de São João (Jo 16, 13).

És tu, Espírito Santo, quem nos faz compreender o Mistério do Homem em construção. És tu quem nos dá os critérios certos para sabermos edificar o Homem Novo.

Com esse teu jeito maternal de amar tu nos enches da sabedoria de Deus, a fim de que as nossas palavras sejam sensatas e as nossas atitudes criadoras de fraternidade.

És tu quem nos conduz e ilumina, a fim de ajudarmos as pessoas que se cruzam connosco a ser felizes.

Espírito Santo,
Só com a tua força nós somos capaz de acolher os irmãos assim como eles são. Graças a ti nós somos capazes de agir de modo a que ninguém fique mais pobre, triste ou machucado, por se encontrar connosco.

És tu quem nos torna fiéis à Palavra de Deus, a fim de fazermos sempre a vontade do Pai como Jesus que um dia disse estas palavras:

“O meu alimento é fazer a vontade do meu Pai e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
Senhor Jesus Cristo,
Tu ensinaste aos teus discípulos que a vontade do Pai a nosso respeito coincide sempre com o que é melhor para nós.

Por isso, após a Páscoa, os Apóstolos começaram a testemunhar o amor de Deus pela Humanidade.
Nós te louvamos porque nos deste o mesmo Espírito Santo que capacitou os teus discípulos para anunciar o Evangelho.
Na verdade, também nós fomos consagrados por este mesmo Espírito Santo, a fim de podermos anunciar a Notícia Bonita da tua ressurreição.

Nós te louvamos, Jesus, por este chamamento que nos fazes.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


domingo, 6 de dezembro de 2009

O TEMPO E O PROJECTO CRIADOR DE DEUS

Deus Santo,

Vós não habitais as coordenadas do tempo, pois não sois um Deus em realização, ao contrário dos seres humanos que são o Homem em construção.

Vós sois um Deus em coordenadas de plenitude de amor e comunhão.
Pai Santo,
Louvado sejas por nos teres dado a possibilidade de emergir e estruturar de modo harmonioso e progressivo na sucessão do tempo.

Tu iniciaste a génese da Criação a partir de um leque primordial de possibilidades, permitindo que a sua marcha aconteça numa sequência de causas e efeitos.

Por ser um processo histórico, a marcha criadora acontece de modo evolutivo, impelido pelos impulsos do tempo.

Sem os impulsos do tempo a vida animal não podia evoluir nem atingir as maravilhosas complexidades e os saltos de qualidade que deram origem à sucessão das espécies.

Trindade Santa,
Vós não precisais do tempo para serdes uma família de três pessoas em perfeita comunhão amorosa.

Os seres humanos, pelo contrário, precisam do tempo para emergirem como pessoas e convergirem para a comunhão amorosa.

Sem a dinâmica do tempo, Deus Santo, a Humanidade era uma realidade sem a possibilidade de tomar parte no processo evolutivo da sua própria criação.

Isto quer dizer que apesar de não habitardes no tempo, Vós precisais do tempo para conduzir a Criação à sua perfeição e plenitude!

Vós não precisais do tempo e do espaço para serdes um Deus infinitamente perfeito. A bíblia define a realidade de Deus, dizendo que a divindade transcende o tempo, pois está sempre a ser.

Pai Santo,
Tu disseste a Moisés que és aquele que é. Moisés entendeu que Deus é aquele que está sempre a ser. Eis o relato do Livro do Génesis:

“Deus disse a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. E acrescentou: “Dirás aos filhos de Israel: “ O Eu Sou manda-me a vós!” (Ex 3, 14).

Se Deus é um “Eu Sou”, isto quer dizer que a divindade é um verbo sempre a conjugar-se e não um substantivo abstracto e estático.

Se Vós sois um “Eu Sou”, então Deus é “um sempre presente”, isto é, nunca foi ou será “um passado”.

Olhando o mistério de Deus a partir do Novo Testamento, nós temos de concluir que Vós sois, Deus Santo, não apenas um sujeito infinito, mas também uma comunidade familiar de três pessoas.

À luz do Novo Testamento, nós podemos dizer que a Divindade é uma emergência permanente de três pessoas de perfeição infinita em convergência total de comunhão amorosa.

Na dinâmica histórica da revelação, a Santíssima Trindade surge como ponto de chegada e não como ponto de partida.

Na marcha da revelação surge primeiro a unicidade divina: Há um só Deus. Mas à medida que o Vosso rosto ia definindo melhor, surgiu a possibilidade da revelação de Deus como comunhão de amor:
Deus não é um sujeito isolado, mas uma comunhão de pessoas. Isto leva-nos a concluir que a morada do Deus que precedeu e criou o tempo fica fora do tempo.
Deus é o coração dinamizador de um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.

Por outras palavras, é a partir deste campo espiritual contínuo que Deus se torna presente a todo o Universo.

É a partir deste campo espiritual contínuo de interacções amorosas que o Espírito Santo interage com a nossa interioridade e se torna o amor de Deus derramado nos nossos corações.

O Deus que precedeu o tempo é uma emergência permanente e eterna de três pessoas infinitamente perfeitas em total convergência de comunhão amorosa.

Sem a dinâmica do tempo, o Homem não podia atingir a sua plena realização e entrar na morada de Deus.

O tempo surge no campo da nossa experiência com uma gama diversificada de formas e impulsos dinâmicos.

Fazemos a experiência do tempo como realidade que podemos medir pelos cronómetros. A este nível o tempo nasce como ponto-instante e vai-se estruturando em segundos, minutos e horas etc.

Fazemos a experiência do tempo do tempo como realidade entretecida nos ciclos da natureza.
Aqui, o tempo adquire uma duração especial dos meses e dos anos.

Como realidade incrustada no tecido da natureza, o tempo apresenta-se-nos com os matizes coloridos e a força geradora da Primavera, do Verão, do Outono e do Inverno.

Entretecido na unidade misteriosa dos anos, o tempo imprime a sua marca irreversível no rosto das pessoas.

Isto é de tal modo verdadeiro que nós, ao olharmos para o rosto de uma pessoa, detectamos facilmente nele as impressões digitais do tempo em forma de anos.

Na verdade, ao cruzarmo-nos com uma pessoa, nós apercebemo-nos de modo espontâneo se esse ser humano tem cerca de dez, vinte, cinquenta ou mais anos.

Temos ainda outros modos de abordar criadora ou corrosiva do tempo, nós inventamos um modo de calcular a acção do tempo de forma mais alargada, juntando os anos de modo a formar séculos e milénios.

Deste modo aprendemos a descobrir e a analisar as impressões digitais do tempo no tecido da matéria e no evoluir da História.

É admirável a exactidão com que os peritos medem em séculos e milénios as marcas que os anos foram imprimindo na estrutura das rochas, das plantas, bem como de homens ou animais fossilizados.

Ao nível das dimensões quase infinitas do Cosmos, o tempo é avaliado com essa unidade de medida a que damos o nome de ano-luz.

Os astrofísicos conseguem calcular os biliões de quilómetros que nos separam das diversas estrelas através do ano-luz.

Mas existe ainda o tempo a nível da vivência íntima da pessoa humana: Temos, em primeiro lugar, o tempo psicológico:
Como passam depressa as horas para dois jovens enamorados que, numa tarde agradável de verão, partilham gestos de ternura junto ao mar.

Pelo Contrário, como são longas as horas para a pessoa que está esperando por alguém que demora em chegar.

Temos ainda a experiência do tempo biológico: como as feridas provocadas no corpo das crianças ou dos jovens cicatrizam depressa, pois as células jovens reproduzem-se de modo muito acelerado.

Pelo contrário, como demoram a cicatrizar as feridas nos corpos das pessoas idosas. Os pensos renovam-se ou substituem-se por tempos que parecem nunca mais ter fim!

Outra experiência frequente do tempo psicológico é o modo rápido como o tempo passa para o idoso.

Como é frequente ouvir pessoas idosas a exclamar: “Que depressa passa o tempo!”
Com o adolescente passa-se o contrário: como tarda a chegar a idade de ter uma moto ou um carro e, deste modo, poder sair à vontade!

Finalmente, os cristãos têm ainda a experiência da Hora de Deus (kairós). O Kairós é o tempo oportuno da salvação, o momento em que o crente sente que Deus o está a iluminar e a convidar no sentido de agir de acordo com a sua vontade para connosco.

Que felizes são as pessoas que procuram auscultar a vontade de Deus e agir de acordo com ela, pois a vontade de Deus coincide rigorosamente com o que é melhor para nós!

Vem depois o fim. Com o Acontecimento da morte a pessoa sai do tempo e entra de modo
definitivo nesse campo espiritual contínuo de interacções amorosas que é a morada de Deus.

Aí dançará o ritmo do amor com o jeito que adquiriu enquanto viveu no tempo. Isto quer dizer que a nossa vida espiritual emerge e ganha densidade eterna enquanto vivemos no tempo.
Seremos eternamente o que construímos enquanto vivemos no tempo. Por outras palavras, vista à luz da eternidade, a vocação fundamental da do ser humano é realizar-se como pessoa mediante o amor.

Vistas a esta luz, as manhãs surgem como um convite a aproveitar o novo dia, pois é uma nova oportunidade para fazer emergir no tempo o que seremos eternamente.


Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias






quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

OS PILARES DA ESPERANÇA CRISTÃ

Trindade Santa,
Glória a Vós por serdes um Deus fiel e verdadeiro. Vós sois o alicerce sólido da nossa esperança, pois as pessoas que confiaram em Vós nunca foram desiludidas.

Senhor Jesus Cristo:

Com a tua ressurreição venceste a nossa morte e, deste modo, iluminaste o sentido da vida humana e robusteceste a nossa esperança.

Após uma vida de doação total ao Evangelho, São Paulo sentia-se feliz e, por isso, podia afirmar:
“Para mim viver é Cristo e morrer é um lucro” (Flp 1, 21).

Espírito Santo,
Com teu jeito maternal de amar, tu vais-nos confirmando na certeza da fidelidade de Deus. A Primeira Carta aos Coríntios diz que ninguém pode dizer que Cristo ressuscitou a não ser por inspiração do Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

Apoiada nestes pilares, a nossa esperança dá-nos a garantia de não estamos perdidos num Universo sem sentido, pois não estamos a caminhar para o vazio da morte.

Pai Santo,

Apesar de os judeus terem crucificado Jesus tu confirmaste a autenticidade da sua missão, ressuscitando-o e sentando-o à vossa direita (Rm 1, 3-5).

Jesus teve o cuidado de robustecer a esperança dos Apóstolos, garantindo-lhes que nunca os deixaria abandonados:

“Agora estais abatidos, mas ver-vos-ei de novo e haveis de vos alegrar. Nesse dia já ninguém poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16, 22).

Agora é o Espírito Santo quem nos confirma nesta certeza de que tu, Pai Santo, nos acolhes como filhos teus e irmãos de Jesus Cristo como diz São Paulo:

“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus (…). Vós recebestes um Espírito de adopção que faz de nós filhos e nos leva a exclamar: “Abba, ó Papá!” Rm 8, 14-15).

Os pilares sobre os quais se apoia a nossa esperança são dignos de confiança. A Carta aos Colossenses dá-nos uma norma sábia para fortalecermos a nossa esperança, quando afirma o seguinte:

“Colocai a vossa mente nos bens do alto e não nas coisas terrenas” (Col 3, 2). E a Primeira Carta de São Pedro diz o seguinte:
“Acolhei Cristo nos vossos corações, a fim de vos manterdes preparados para testemunhar as razões da vossa Esperança a todos os que vos questionam” 1 Pd 3, 15).

Pai Santo,
A vossa Palavra amplia os horizontes da nossa esperança, fazendo-nos saborear o teu plano de salvação, o qual vai muito para além das nossas expectativas.

A tua Palavra, Pai Santo, capacita-nos para compreender que a plenitude dos seres humanos, ao serem assumidos e incorporados na Família da Santíssima Trindade (cf. Gal 4, 4-7).

Confirmados pela esperança temos a garantia de que a felicidade que nos aguarda no Reino de Deus não tem limites.
Deus Santo,

Nós vos damos graças pelo facto de as lentes da nossa esperança optimizarem os horizontes da nossa inteligência.

Por ter como alicerce a Palavra de Deus, a esperança cristã ultrapassa os muros estreitos da vida presente, capacitando-nos para contemplar, não apenas os bens desta terra, mas também os bens da vida eterna!

Mas isto não significa que a nossa esperança nos distraia ou aliene dos compromissos históricos.
Pelo contrário, a Vossa Palavra capacita-nos e envia-nos para transformarmos o mundo de acordo com os critérios do Evangelho.

No evangelho de São Mateus, Jesus diz que os cristãos estão no mundo como sal que dá sabor à vida.
Impelidos pela esperança, acrescenta Jesus, os cristãos são a luz que ilumina o sentido que a vida tem.
São também um fermento que transforma as estruturas do pecado, as quais impedem a humanização do Homem (cf. Mt 5, 13-16).

Depois de uma vida gasta ao serviço do bem e fortalecidos pela esperança que os capacita para os compromissos do amor o cristão pode dizer com São Paulo:

“Por isso não desfalecemos. E mesmo se em nós o homem exterior vai caminhando para a ruína, o homem interior renova-se todos os dias
Com efeito, a nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos uma glória eterna que vai para além de toda e qualquer medida” (2 Cor 4, 16-17).

Eis algumas afirmações de São Paulo que são realmente uma expressão genuína da esperança cristã:

Por isso não nos detemos nas coisas visíveis, pois estas são passageiras, mas olhamos para as realidades invisíveis, as quais são as eternas” (2 Cor 4, 16-18).

Fundada na Palavra de Deus e na ressurreição de Jesus Cristo, a nossa esperança dá-nos a certeza de que não estamos a caminhar para o fracasso da morte mas para a plenitude da Vida Eterna.

Trindade Santíssima,
Vós sois o alicerce da nossa esperança! Nós vos louvamos pelo dom da revelação que nos capacita para transformar o mundo e a História em harmonia com o vosso plano criador!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias