terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A NOVA ALIANÇA COMO CÚPULA DA CRIAÇÃO

Pai Santo,
Louvado sejas por teres sonhado a Nova e Eterna pela Nova e Eterna Aliança como um jeito amoroso de te relacionares connosco.
Ainda o Universo não existia e tu já tinhas nos teus planos criar o Homem e relacionar-te com ele em jeito de pacto amoroso.

De facto, a Nova e Eterna Aliança já estava presente como pano de Fundo ao teu plano Criador.
Tu estiveste sempre presente à génese da Criação a partir de dentro. A Nova e eterna Aliança é a expressão do teu jeito dinâmico de estar presente à tua Criação, sobretudo ao Homem que tu quiseste criar à tua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27).

Tu és o Deus connosco. A tua morada é o coração do Universo em gestação. Na verdade, a tua casa é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto significa que não está longe da tua própria Criação. Para criar não tiveste de te deslocar. Não vieste cá abaixo para realizar a Criação, retirando-te em seguida para uma transcendência longínqua.

Trindade Santa,
Vós relacionais-vos com a Criação a partir de dentro, dinamizando esse feixe de interacções, a fim de a Criação avançar em direcção da sua meta.

A Criação é um processo dinâmico ainda não acabado. A Nova e Eterna Aliança não é mais que a qualidade que Vós, Trindade Bendita, quisestes conferir às relações com a génese criadora do Universo.

Espírito Santo,
A essência da Nova e Eterna Aliança é uma comunhão amorosa cujo princípio dinamizador és tu.
Eis o modo como acarta aos Efésios descreve o teu plano de interagir de modo permanente com o Homem que tu escolheste como cabeça e guia desta Criação em marcha:
“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos no amor.
Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua eterna vontade” (Ef 1, 4-5).

Este plano esteve oculto durante milénios, mas foi dado a conhecer na plenitude dos tempos, acrescenta a mesma Carta:

“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo Jesus. Este mistério não foi dado a conhecer aos filhos dos homens das gerações passadas, como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus Apóstolos e Profetas ” (Ef 3, 4-5).

Deus Santo,
Como Deus da Aliança, Vós sois realmente fiel e verdadeiro. A Nova Aliança representa a plenitude de um projecto sonhado por vós ainda antes de terdes iniciado a génese da Criação.
A Antiga Aliança foi um passo importante da para Deus nos conduzir até Jesus Cristo.
Mas o vosso plano criador tinha como meta não a Antiga Aliança, mas a Nova e Eterna Aliança.
A Antiga Aliança foi um passo da acção pedagógica do Espírito Santo para conduzir a Humanidade à plenitude dos tempos, isto é, ao fim do tempo da gestação, dando início ao parto que origina o nascimento dos filhos de Deus.
Eis as palavras da Carta aos Efésios: “Com efeito, Cristo é a nossa paz. De dois povos fez um só, anulando o muro da separação, isto é, a Lei Mosaica com suas normas e preceitos, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.

Os pagãos, portanto, já não são estrangeiros nem imigrantes na casa de Deus, mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).

O Novo Testamento repete várias vezes que a Antiga Aliança estava em função da Nova e Eterna Aliança:

Eis o que diz a Carta aos Gálatas: “Antes de chegar a plenitude da fé estávamos prisioneiros da Lei Mosaica:

A Lei tornou-se o pedagogo que nos conduziu até Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.
Já sois filhos de Deus e, por isso, já não estais sob o domínio do pedagogo (…). Já não há judeu ou grego.
Não há escravo ou homem livre. Não há homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gal 3, 23-29).
A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés. Esta multiplicava em normas, preceitos, ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia para a obtenção da salvação.

A Nova Aliança tem como alicerce o dom do Espírito Santo, o qual realiza em nós a obra da salvação, como diz São Paulo na Carta aos Gálatas:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14). Viver a dinâmica da Nova aliança significa deixar-se conduzir pelo Espírito Santo:

“Eis os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio. Contra tais coisas não há Lei” (Gal 5, 22).

A Antiga Aliança, portanto, foi superada pela Nova e Eterna Aliança. As metas que estão ao serviço de um objectivo são superadas quando o objectivo é atingido.

Do mesmo modo, a antiga Aliança foi superada pelo aparecimento da Nova. Isto quer dizer que a Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.

Pelo contrário, a Nova e Eterna Aliança representa um salto de qualidade em relação à Antiga.
De facto, a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa linha de simples continuidade em relação à libertação dos hebreus da escravidão do Egipto.

Entre estes dois acontecimentos existe, na verdade, uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança tem o alcance de uma salvação definitiva, a qual implica a assunção e incorporação da humanidade na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).

Deus planeou a salvação da Humanidade, diz a Carta aos Efésios, ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4).

O Reino que havemos de herdar com Cristo ressuscitado foi preparado para nós, diz o evangelho de São Mateus, desde a Criação do mundo (Mt 25, 34).

O plano salvador que Deus sonhou para nós, diz a Segunda Carta a Timóteo, foi concebido desde os tempos primordiais (2 Tim 1, 8-9).

Este plano não foi conhecido dos antigos reis e profetas, mas foi-nos revelado com o acontecimento de Cristo, diz o evangelho de São Lucas:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

Sim, Pai, de facto foi este o teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver.
De facto, digo-vos eu, muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).

A Carta aos Hebreus diz que Deus, ao falar de uma Nova Aliança declarou ultrapassada a Antiga.
O que se torna ultrapassado está prestes a desaparecer, assim acontece com a Antiga Aliança (cf. Heb 8, 13).

O Livro do Profeta Ezequiel promete ao povo uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga:

“Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…).
Estabelecerei contigo a minha Aliança Eterna e tu ficarás a saber que eu sou o Senhor” (Ez 16, 60-63).

Segundo o profeta Jeremias, a Nova Aliança assenta em novos alicerces, pois terá como fundamento um coração renovado pelo dom do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.

Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terá do Egipto

Apesar de eu os ter livrado da opressão, eles esqueceram-me e não cumpriram a Aliança que fiz com eles, oráculo do Senhor.

Esta será a Aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois desses dias, oráculo do Senhor:
Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração: Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).

A Nova Aliança, não é escrita em tábuas de pedra, como foi a Antiga, mas será escrita no coração das pessoas pelo Espírito Santo que nos foi dado.

São Paulo diz aos membros a comunidade de Corinto que eles são uma carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo, pois eles pertencem à Nova e Eterna Aliança:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

Na verdade, vós sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério. Foi escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.

Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…). Na verdade, é Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

A Carta aos Romanos acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Glória a Vós Trindade Santa que sois Pai, Filho e Espírito Santo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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