quarta-feira, 16 de setembro de 2009

JESUS CRISTO E O MISTÉRIO DA CRUZ-III

III-O AMOR E O MISTÉRIO DA CRUZ

São João diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7; 16). Isto significa que as pessoas divinas nada podem contra o amor, pois Deus não se pode negar a si mesmo.

Não basta dizer que Deus nos ama, pois ele ama-nos de modo incondicional. Por outras palavras, Deus não esteve à espera que fôssemos bons para gostar de nós.

Pelo contrário, criou o Homem à sua imagem e confiou-lhe o domínio de toda a criação (Gn 1, 26-30).

Depois, comunica-lhe o hálito da vida para que ele se possa tornar bom, humanizando-se. Por outras palavras, falar da justiça de Deus não significa falar de um julgamento de tribunal.

Se Deus é amor, a sua justiça não pode ser outra senão a justiça do amor e o amor nunca se vinga, diz São Paulo:

“O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará” (1 Cor 13, 7-8).

Se Deus é amor, então temos de reconhecer que Deus é assim, quer se trate de Deus Pai, de Deus Filho ou do Deus Espírito Santo.

Esta é a luz que nos vem da Sabedoria da Cruz, a qual nos fala da plena fidelidade de Jesus à missão que Deus lhe confiou.

A morte violenta de Jesus resultou da maldade do judaísmo da sua época, o qual se opôs ao plano de amor e salvação universal de Deus.

Mas a sabedoria que brota da cruz revela-nos a grandeza do amor de Deus e a gratuidade do seu plano salvador em favor de todos os homens.

Ao mesmo tempo, o mistério da cruz revela-nos como a fidelidade de Jesus Cristo foi agradável a Deus, que o ressuscitou e sentou à sua direita.

O amor de Jesus Cristo por nós é o reflexo do amor que Deus nos tem. São Paulo entendeu muito bem a relação que existe entre o amor de Deus Pai por nós e o modo fiel como Jesus exprimiu este mesmo amor.

Eis as suas palavras na Segunda Carta aos Coríntios: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era antigo passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que em Jesus Cristo nos reconciliou consigo, não levando mais em conta o pecado dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

É por esta razão que na Primeira Carta a Timóteo, São Paulo diz que Jesus Cristo é o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tim 2, 15).

Eis como a Carta aos Colossenses descreve o projecto salvador que Deus sonhou para nós e realizou em Jesus Cristo:

“Jesus Cristo é a imagem perfeita do Deus invisível, o primogénito de toda a Criação. Foi em harmonia com ele que as coisas do Céu e da Terra foram criadas, tanto as visíveis como as invisíveis (…).

Tudo foi criado nele e por ele, pois ele é anterior a todas as coisas e todas subsistem por ele. Ele é a cabeça da Igreja e o princípio, o primogénito de entre os mortos, a fim de ter a primazia em todas as coisas.

Aprouve a Deus que habitasse nele toda a plenitude, a fim reconciliar consigo todas as coisas em Cristo e por Cristo” (Col 1, 15-20).

O mistério da cruz sintetiza de modo admirável este amor incondicional de Deus pela Humanidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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