terça-feira, 18 de agosto de 2009

OLHANDO A MORTE À LUZ DE CRISTO-II

II-A VIDA QUE VENCE A MORTE

A curva da vida a caminhar para a morte é implacável e impõe-se a todos os seres vivos.

Os passos fundamentais da a orientar-se para a morte são: nascimento, crescimento, envelhecimento e morte.

Apenas a vida pessoal, por ser espiritual, escapa à lei implacável desta curva da vida a caminhar para a morte.

O processo histórico da humanização tem uma vertente exterior, isto é, social e histórica e a vertente interior ou espiritual.

A nível espiritual a pessoa não está talhada para o vazio da morte, mas para a plenitude da comunhão com Deus.

É por esta razão que Jesus disse que temos de nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

O ser humano renasce na medida em que emerge como interioridade pessoal. Este renascimento acontece pela dinâmica do amor.

Nascemos para entrar no processo da humanização cuja lei é: emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal do Reino de Deus.

Emergir como pessoa significa crescer em densidade espiritual e capacidade de interagir amorosamente com os outros.

A plenitude da pessoa, portanto, não está em si, mas na comunhão com os outros. Renascer significa emergir como pessoa a convergir para a comunhão.

A interioridade da pessoa cresce em dinâmica de relações. Além disso, por ser espiritual, tem densidade de vida eterna.

O Espírito Santo é a pessoa que anima as relações familiares entre Deus e o Homem.

O Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo, a fim de possibilitar a comunhão orgânica entre Deus e o Homem.

É verdade que as pessoas humanas não são iguais às divinas, mas são-lhe proporcionais.

O nosso ser é constituído por duas faces profundamente diferentes: a face exterior que é física e a face interior que é espiritual.

O nosso ser exterior mede-se por quilos, densidade de emoções e propriedades adquiridas. É avaliado pelo que tem.

O ser interior, pelo contrário, constitui a nossa identidade definitiva e mede-se pela capacidade de amar.

Poroutras palavras a nossa face interior não vale pelo que tem mas sim que é.

O nosso ser exterior está votado à morte. É como a casca do ovo depois de o pintainho ter nascido: só lhe resta entrar nos circuitos físicos e químicos da Natureza.

Apenas a nossa interioridade pessoal, por ser espiritual, pertence à esfera da transcendência, a qual é constituída pela comunhão das pessoas divinas, humanas e todas as outras que possam
existir.

Por outras palavras, o nosso ser exterior acaba no silêncio da solidão cósmica, tal como as plantas ou animais após a morte.

O nosso ser interior, pelo contrário, está chamado à plenitude amorosa da Comunhão Universal.

Eis o que significa termos sido criados à imagem e semelhança de Deus e estarmos a caminhar para a comunhão dos ressuscitados com Cristo.

É este o coração do nosso ser onde foi derramado o amor de Deus pelo Espírito Santo que nos é dado (Rm 5, 5).


Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias




1 comentário:

Anawîm disse...

Agradeço-lhe muito muito esta partilha...