quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O SENTIDO DIVINO DO PROJECTO HUMANO-I

I-O FACE A FACE DE DEUS COM O HOMEM

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo é a Água Viva, a qual faz jorrar rios de Vida Eterna no interior dos que a bebem (Jo 4, 14).

Beber a Água da Vida Eterna significa interagir com o Espírito Santo no nosso íntimo.

O núcleo mais nobre do ser humano é o ponto de interacção da pessoa com Deus através do Espírito Santo.

Este núcleo foi activado no momento em Deus insuflou o hálito da vida no interior do barro primordial do qual saiu Adão como diz o Livro do Génesis (Gn 2, 7).

No evangelho de são João, Jesus diz que o Espírito Santo, no nosso íntimo uma fonte da qual brota a dinâmica da Vida eterna:

“No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, bradou: se alguém tem sede venha a mim. Quem acredita em mim que sacie a sua sede!

Como diz a Escritura, hão-de brotar do seu coração nascentes de Água Viva. Jesus disse isto referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que cressem nele” (Jo 7, 37-39).

Participar da vida de Deus é entrar na comunhão da Santíssima Trindade. Na verdade, o Céu não é um lugar, mas uma comunhão orgânica com a intimidade de Deus.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos acolhe como irmãos.

Deste modo somos incorporados na comunhão familiar da Santíssima Trindade. A Carta aos Romanos afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Ao afirmar isto, São Paulo entendia muito bem a dinâmica salvadora do Espírito Santo no nosso íntimo.

Na Primeira Carta aos Coríntios ele diz o Espírito Santo habita no nosso coração como num templo (1 Cor 3, 16).

Mas São Paulo sublinha ainda de modo mais explícito o papel do Espírito Santo no coração do Homem quando afirma:

“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são Filho de Deus. É o mesmo Espírito Santo que, no íntimo do nosso espírito, afirma que somos realmente filhos.

Na verdade, vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes com medo, mas um Espírito de adopção que, no vosso íntimo clama “Abba”, ó Pai” (Rm 8, 14-15).

Dos pais nós recebemos a vida biológica. Mas fonte da nossa vida espiritual é o Espírito Santo.

Ao ser-nos comunicado como hálito de vida, isto é, como amor primeiro, capacitou-nos para amar, a fim de podermos iniciar a marcha histórica da humanização.

De facto, a humanização do Homem só pode acontecer através do amor. Além disso, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado.

A capacidade primordial de amar surgiu em nós graças à interacção primordial entre o Homem e o Espírito Santo.

É por esta razão que Jesus diz no evangelho de São João que temos de nascer de novo pelo Espírito Santo:

“Em verdade em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode ver o Reino de Deus.

Aquilo que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é espírito. Não te admires por eu te ter dito: vós tendes de nascer do alto” (Jo 3, 6-7).

Com o coração cheio de contentamento podemos dizer no começo de cada novo dia: “Sei que, neste dia, Deus está comigo e mim!”

Podemos dizer que Deus é a nossa interioridade máxima, embora sem se confundir connosco.
A transcendência, portanto, não significa distância, nem exterioridade.

Isto quer que a fonte da nossa plenitude está ao nosso alcance, pois está no mais íntimo de nós.
O livro do Apocalipse diz que o Senhor está sempre junto ao nosso coração.

Bate à porta e aguarda que lhe permitamos a entrada: “Eis que estou aqui! Estou à porta e bato. Se alguém ouve a minha voz e me abre, eu entrarei e tomarei a refeição com ele e ele comigo” (Apc 3, 20).

A primeira carta de São João diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7). Como o amor nunca se impõe, Deus está em nós mas não se impõe.

Podemos ter a certeza que Deus está disponível para nós vinte e quatro horas por dia! Ele é o Deus vivo que nos sonhou à sua imagem e semelhança e sonhou um plano amoroso para nós.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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