terça-feira, 3 de novembro de 2009

O HOMEM E A MULHER NO PLANO DE DEUS

I-HOMEM E MULHER, DEUS OS CRIOU
A Humanidade leva em si, o selo da difereça e da complementaridade. Por outras palavras, o rosto humano tem duas faces diferenciadas: a face masculina e a face feminina.

O Homem foi talhado por Deus à sua imagem e semelhança. Isto quer dizer que o Homem, à semelhança de Deus, é um mistério de relações interpessoais.

Na verdade, Deus é uma comunhão onde cada uma das pessoas divinas exprime a sua realidade pessoal de modo único, original, irrepetível e com uma capacidade infinita de amar.

Podemos dizer que o ser e o estar de Deus é um mistério de relações. O Céu é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima de toda a realidade, inclusive o coração humano.

Isto quer dizer que o ponto de encontro com Deus e com a comunhão universal dos santos começa a partir do nosso coração.

Deus é o Emanuel, isto é, o Deus connosco. Ao criar o Homem à Sua imagem e semelhança, Deus não podia deixar de o criar como conjunto de pessoas abertas para as relações e comunhão amorosa.

A semelhança principal entre Deus e o Homem radica no facto de a Divindade ser pessoas e a Humanidade também.

Uma pessoa isolada da união orgânica não pode realizar nem atingir a sua plenitude. O próprio facto da condição sexual do ser humano é o alicerce sobre o qual se edifica a pessoa como ser talhado para a relação e o amor como interacção de diferenças.

O Deus Comunhão de amor ao sonhar o Homem como varão e mulher estava a preparar um moldado para o encontro.

Eis o que diz o Livro do Génesis no relato da criação do Homem: “Deus criou o Homem à Sua imagem e semelhança, varão e mulher os criou” (Gn 1, 27).

O varão e a mulher são absolutamente iguais em dignidade, pois são seres a emergir como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capaz de amar.

Criando a mulher, Deus está a fazer emergir o amor em ondas de dom e ternura. Criando o varão, faz emergir o amor em ondas de bem-querer, coragem e firmeza.

A face feminina confere ao amor o colorido da tolerância e do perdão. A face masculina, por seu lado, exprime o sentido e a firmeza que é preciso manter face aos grandes valores da humanização, os quais não podem ser postos em causa.

Criando a mulher, Deus deu provas de que entende de ternura. Criando o varão, demonstrou ser o Deus de uma Aliança assente na firmeza e na autoridade da Palavra.

Esta Humanidade a emergir e a fluir como um rio com duas margens, dirige-se em direcção ao Oceano Infinito da Comunhão da Santíssima Trindade.

Somos imagens de Deus. Isto significa que não fomos feitos para estar sós. De facto, ninguém vê directamente o seu rosto, mas apenas o rosto dos outros. Isto quer dizer que fomos talhados para o face a face.

Reduzida a si, a pessoa está em estado de perdição. O estado de inferno é a situação da pessoa que se fechou em si mesma. De facto a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade amorosa.

Reduzida a si, a pessoa está estado de malogro. Não tem ninguém que lhe diga: “Gosto de ti! Dá-me a tua mão e vamos fazer uma festa”.

O Estado de inferno é a negação total de Deus. Com efeito, Deus é amor, diz a Primeira Carta de São João (1 Jo 4, 7).
II-COLABORADORES DE DEUS NA OBRA DA CRIAÇÃO

Deus não nos criou de modo mágico e automático, pois somos seres em construção. Isto quer dizer que Deus começou a criar-nos e não completa a sua obra sem nós tomarmos parte na nossa própria criação.

Por ser uma união orgânica de seres pessoais, a Humanidade pertence à cúpula personalizada da Criação. Esta é a razão pela qual podemos dizer que o Homem transcende o Cosmos.

A Humanidade não existe em abstracto. Está a emergir no concreto de cada pessoa de modo consciente, livre e responsável. À medida que emergem, as pessoas convergem para a comunhão universal.

Hoje estamos nós de turno na edificação da Humanidade. Muitos outros seres humanos já estiveram antes de nós e se não destruirmos a terra bonita que Deus nos deu, muitas outras pessoas podem continuar a História da Humanidade a emergir.

Esta tarefa pertence tanto aos homens como às mulheres, pois Deus criou-os para trabalharem em conjunto na obra da Criação, diz o Livro do Génesis:

“O Senhor Deus disse: “Não é conveniente que o homem esteja só. Vamos dar-lhe um auxiliar semelhante a ele” (Gn 2, 18-19).

Ao ver Eva Adão exultou, diz o Livro do Génesis: “Então o homem exclamou: Este é realmente o osso dos meus ossos, a carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, pois foi tirada do homem.

Por isso o homem deixará pai e mãe para se unir à sua mulher e os dois farão uma só carne” (Gn 2, 23-24).

O homem e a mulher de tal modo estão talhados um para o outro que é como se a mulher fosse arrancada do peito do homem e este arrancado do seio da mulher.

Como seres semelhantes a Deus, o homem e a mulher são criadores, isto é, seres capazes de fazer que o novo aconteça e que surjam realidades que antes não existiam.

Deus ordenou a Adão que se realizasse, não como sujeito isolado, mas como ser unido de modo orgânico a outros, diz o Livro do Génesis:

“Abençoando-os, Deus disse: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a Terra” (Gin 1, 28) ”.
Ao fazer acontecer o novo, o Homem e a Mulher estão aptos a ser colaboradores de Deus na obra da Criação.

O Livro do Génesis descreve esta primazia do Homem dizendo que o Senhor Deus lhe deu as plantas, as árvores de fruto, os animais dos campos e as aves do céu (Gn 1, 29-30).
É como varão e mulher que o Homem está chamado a colaborar com Deus na obra da Criação.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias






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