domingo, 14 de março de 2010

O PAI-NOSSO E O JEITO DE JESUS AMAR

I-JESUS E O PAI-NOSSO
Certo dia os Apóstolos pediram a Jesus, para que os ensinasse a orar (Lc 11, 1).

Antes de lhes ensinar o Pai-Nosso, Jesus chamou-lhes a atenção para que a sua oração seja um diálogo familiar com Deus e não um conjunto de rezas mágicas à maneira dos pagãos.

Eis as palavras de Jesus: “Nas vossas orações não sejais como os gentios que usam de vãs repetições, pois pensam que por falarem muito serão melhor atendidos.

Não façais como eles, pois o vosso Pai do Céu sabe muito bem o que necessitais ainda antes de lho pedirdes” (Mt 6, 7-8).

Depois o Pai-Nosso, não como uma fórmula mágica para eles repetirem, mas como modelo do que é falar com Deus sobre as coisas que nos dizem respeito a Deus e ao Homem (Mt 6, 9-14).

A partir desse momento, o Pai-Nosso tornou-se o modelo que deve inspirar a oração dos cristãos, isto é, o modo como devemos falar com Deus, isto é como membros da Família Divina.

Os cristãos aprendem o “Pai-Nosso”, a fim de o poderem usar como modelo da sua oração pessoal.

As comunidades cristãs proclamam sempre o Pai-Nosso nos momentos importantes das celebrações da fé tais como Baptismo, Eucaristia, Confirmação, funerais, casamentos e em muitos outros momentos.

É importante não fazer do “Pai-Nosso” uma fórmula que se aprende de cor para ser repetida de maneira mecânica.

Por outras palavras, o “Pai-Nosso” não é uma espécie de tabuada para ser repetida sem pensarmos no que dizemos.

Pelo contrário, é um modelo de oração para ser meditado, a fim de aprendermos a orar à maneira de Jesus.

Na primeira invocação do “Pai-Nosso” Jesus ensinou aos discípulos que o Pai está nos Céus.

O Céu não é um lugar material, mas o ponto de encontro das pessoas humanas com as divinas e todas as outras que possa haver.

O Céu é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Deus vem ao nosso encontro sempre a partir de dentro e nós encontramo-nos com entrando no nosso interior.

Por outras palavras, o ponto de encontro de Deus com o Homem é o nosso coração.

No Pai-Nosso Jesus ensinou os discípulos a exprimir o desejo de santificar o nome de Deus, dizendo: “santificado seja o vosso nome”.

Quando Moisés se aproximou de Deus no Monte Sinai, Deus disse-lhe: “Não te aproximes. Tira os teus sapatos, pois o lugar que estás pisando é sagrado” (Ex 3, 5).

II-SANTIFICAR O NOME DE DEUS
Dizer que Deus é Santo é o mesmo que dizer que Deus é relações de amor. A Primeira Carta de São João diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7).

Deus mostrou o seu amor para connosco enviando-nos o seu Filho que se tornou nosso irmão e, como diz São Paulo, o primogénito de muitos irmãos.

Eis as suas palavras: “Porque aquele que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem uma imagem perfeita de seu Filho, ao ponto de ele se tornar o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

Tornarmo-nos imagens perfeitas do Filho de Deus cumprindo o mandamento que ele nos deu, diz o evangelho é cumprir o seu mandamento, como Jesus nos diz no evangelho de São João:

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Vós sois meus amigos se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor.

A vós eu chamo-vos meus amigos, pois dei-vos a conhecer tudo o que aprendi do meu Pai” (Jo 15, 12-16).

Ao ensinar o “Pai Nosso” aos discípulos, Jesus quis ensinar-nos que Deus está tão perto de nós que habita no nosso coração.

Podemos dizer que a mensagem do “Pai Nosso” é tão profunda como o próprio Evangelho de Jesus Cristo. Por isso Jesus ensinou os discípulos a dizerem “Pai-Nosso” e não Pai meu.

Por outras palavras, seremos tanto mais filhos de Deus, quanto mais formos irmãos uns dos outros.

Devemos trabalhar para construir a Família de Deus, a fim termos um lugar na Comunhão da Família de Deus.

Orar segundo os critérios do Pai-Nosso, significa que o nosso diálogo com Deus deve apoiar-se numa confiança idêntica àquela com que os filhos se aproximam do seu pai ou da sua mãe.

Na oração do Pai-Nosso Jesus ensina-nos a pedir ao Pai que o seu Reino venha, isto é, que a plenitude da Vida e da felicidade venha.

O Livro do Apocalipse diz que o Reino de Deus é o encontro definitivo de Deus com os homens:

“Eis a morada de Deus entre os homens. Deus habitará com eles e eles serão o seu povo. Deus está com eles e será para sempre o seu Deus.
Enxugará todas as lágrimas dos seus olhos e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas passaram” (Apc 21, 3-4).

Na Festa do Reino de Deus já ninguém sofre com a saudade dos que estão longe. De facto, na Comunhão da Família de Deus já não existe a lonjura, pois as pessoas estão todas presentes umas às outras.

No centro da morada de Deus, acrescenta o Apocalipse, há um rio de Água Viva que brilha como se fosse um grande espelho iluminado pelo sol.

A Água Viva, diz Jesus no evangelho de São João, é o Espírito Santo (Jo 7, 37-39).
As pessoas que têm sede, continua o Apocalipse, entram no rio e bebem. Nesse momento ficam cheias do Espírito Santo e o seu rosto fica a brilhar como o rosto de Cristo Ressuscitado.
Todos os que na terra purificaram o coração, acolhendo a Palavra de Deus, têm direito a beber neste rio e a comer o fruto da Árvore da Vida.
III-A PLENITUDE DO REINO DE DEUS

No Reino de Deus todos estão plenamente saciados e ninguém voltará a morrer. Já não são precisas as estrelas, o sol ou a lua, pois a luz do Espírito de Deus ilumina todas as pessoas.

“E todos dizem ao Espírito da Vida: “Vem!” Digam também todos os que escutam a Palavra de Deus: “Vem!”.

O que tem sede que se aproxime e beba gratuitamente a Água da Vida” (Apc 22, 17).

No Céu todos cumprem o mandamento do amor, tal como Jesus o explicitou: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12).

No Reino de Deus todas as pessoas se sentem envolvidas numa atmosfera de comunhão amorosa. É por esta razão que a alegria brota em todos de modo espontâneo.

Na festa do Reino de Deus as pessoas gostam de ser assim como são, pois sentem que os outros as aceitam e gostam delas.

O Reino de Deus é a garantia de que Deus não nos criou para a morte mas sim para a Vida Eterna.

Na oração do Pai-Nosso as pessoas pedem a Deus que a sua vontade se faça na terra, tal como ela é feita no Céu: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu”.

A vida de Jesus foi uma fidelidade contínua à vontade do Pai: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

E em uma outra passagem do evangelho de São João, Jesus acrescenta: “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo inspira-nos e convida-nos a realizar a vontade do Pai tal como Jesus fez.

Na oração do Pai-Nosso, Jesus ensinou os discípulos a pedir a Deus o pão de cada dia.
Como filhos de Deus, temos o direito de pedir ao Pai do Céu o alimento o alimento essencial para a vida que ele nos deu. Mas seremos tanto melhor atendidos quanto mais formos capazes de partilhar com os que têm menos que nós.

No entanto, o pão de cada dia não significa apenas o pão que vai para o estômago, mas também o pão que alimenta a nossa mente e o nosso coração. Eis as palavras de Jesus no evangelho de São Mateus:
“Jesus respondeu a Satanás: “Está escrito, nem só de pão vive o Homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4, 4).

Jesus ensina ainda os discípulos a pedir o perdão de Deus. Mas acrescenta que nos devemos dispor a perdoar também aos nossos irmãos:

“Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

E finalmente nós pedimos a Deus que “Não nos deixe cair em tentação, mas que nos livre do mal”.

A vida é como uma luta que temos de enfrentar todos os dias. Em cada dia temos de saber dizer não às nossas inclinações para o mal.

Quando dizemos a Deus que não nos deixe cair na tentação estamos a pedir que nos dê a força e a luz do Espírito Santo, a fim de não nos deixarmos iludir pelas tentações que pretendem fazer-nos crer que é bem para nós o que na verdade é mal.

Podemos dizer que o Pai-Nosso é uma síntese do Evangelho que Jesus pregou.

Se actuarmos em harmonia com os ensinamentos do Pai-Nosso, o nosso coração vai-se configurando de modo gradual e progressivo com o coração de Jesus.
Quando rezamos ao jeito de Jesus o Espírito Santo põe nos nossos lábios as palavras que pôs nos lábios de Jesus e leva-nos a dizer: “Abba,” Pai querido.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 11 de março de 2010

O MISTÉRIO DAS PERFEIÇÕES DE DEUS

A fé cristã ensina que Deus é uma comunhão de três pessoas infinitamente perfeitas. Além disso proclama que a maior parte das perfeições divinas são comuns às três pessoas.
Uma perfeição divina que se sobrepõe logo à partida é o facto de as pessoas divinas serem eternas. Isto significa que nunca houve um tempo no qual que Deus não existisse.

Por outras palavras, as pessoas divinas existiram, existem e existirão sempre.

É verdade que as pessoas humanas, por terem uma interioridade espiritual são imortais, isto é, existem para sempre, mas não existem desde sempre.

Outro aspecto importante da grandeza da divindade é o facto de Deus ser infinitamente perfeito.
Com efeito, as pessoas divinas não podem mudar para melhor, pois são infinitamente perfeitas e boas.

As pessoas humanas, pelo contrário, são seres em construção e, portanto, vão-se estruturando e aperfeiçoando de modo gradual e progressivo.

Deus conhece de modo infinitamente perfeito todas as coisas. Conhece não apenas o que as coisas são, como também o modo como se estruturam e a sua interacção com a Criação.

Por outras palavras, o conhecimento de Deus é total e perfeito, pois todas as coisas foram criadas a partir do diálogo e comunhão das pessoas divinas.

O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que Deus conhece as suas criaturas, desce o princípio da sua criação (Act 15, 18).

Por seu lado, a Carta aos Hebreus diz que todas as coisas estão presentes ao olhar de Deus (Heb 4, 13).

Do mesmo modo, o profeta Isaías diz que ninguém consegue ensinar nada a Deus, pois Ele sabe e conhece todas as coisas (Is 40, 13, 14).

Outra perfeição divina com grande significado para nós é a sua capacidade de estar presente a todos os lugares, apesar de não se esgotar em nenhum.

Na verdade, seja qual for o lugar em que nos encontremos podemos dizer com toda a verdade: “Deus está aqui”.

Isto significa que Deus é a realidade que está mais perto de todos nós, pois encontra-se face a face connosco no íntimo do nosso coração.

Deus é realmente o Emanuel, isto é, o Deus connosco. Quando subimos a uma montanha muito alta, não estamos mais perto de Deus.

Do mesmo modo, quando descemos a um vale muito profundo não estamos mais distantes da Divindade, pois Deus não está escondido lá no alto.

Nenhum ponto do Universo está mais perto de Deus do que qualquer outro ponto do mesmo Universo.

Isto significa que ninguém precisa de gritar alto para se fazer ouvir de Deus, pois ele está onde nós nos encontramos. Em qualquer ponto e momento podemos dizer: “Deus está aqui”.

Deus aceita-nos e relaciona-se connosco assim como nós somos.
Ouve o que lhe dizemos, mesmo que o digamos com uma voz muito baixinha.
Numa visão grandiosa queteve, o profeta Jeremias descreve a majestade e a glória de Deus. e termina dizendo que a presença de Deus enche os Céus e a Terra (Jer 23, 23-24).

Ao inaugurar o templo de Jerusalém, o rei Salomão disse que nem a Terra nem os Céus podem conter a grandeza do Senhor nosso Deus (1 Rs 8,27).

No Livro dos Actos dos Apóstolos, São Paulo diz que Deus não está longe de cada um de nós. Depois, completa o seu pensamento dizendo que é nele que existimos, vivemos e nos movemos (Act 17, 24-28).

A presença de Deus, portanto, é universal. Mas isto não quer dizer que Deus habita em todos os lugares da mesma maneira.

Assim, por exemplo, Deus habita no nosso coração de cada ser humano de modo muito especial.
O Espírito Santo diz a Carta aos Romanos, é o Amor de Deus derramado nos nossos corações. Esta presença do Espírito Santo une as pessoas de modo orgânico e dinâmico, como se fossem uma videira gigante cuja cepa é Jesus Cristo e nós os seus ramos (Jo 15, 1-7).

A morada de Deus não é um espaço exterior ao Cosmos, mas um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Por outras palavras, Deus não ocupa um lugar, mas está presente a todos os lugares sem se esgotar em nenhum.

Por estar sempre tão próximo de nós, Deus actua sempre nas nossas relações de amizade e comunhão com os outros.

Onde se juntarem duas ou três pessoas animadas pela fé e o amor fraterno o Espírito Santo está presente e activo no íntimo dessa comunhão, disse Jesus.

A Primeira Carta de São João confirma isto mesmo quando afirma que Deus é amor e que apenas as pessoas que amam os irmãos podem conhecer a Deus (1 Jo 4, 6-7).

Uma qualidade fundamental de Deus é a sua santidade. É mais santo quem ama mais.
Como Deus é amor infinito, ele é infinitamente santo.

A bondade divina é outro aspecto fundamental da perfeição de Deus. A nossa fé ensina-nos que Deus é infinitamente bom e que o mal não existe nele.

Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “Quem ama permanece em Deus e Deus nele, pois Deus é amor” (1 Jo 4,16).

A verdade e a fidelidade de Deus são dois pilares importantes da perfeição infinita de Deus. A nossa fé garante-nos que Deus, por ser fiel e verdadeiro, nunca mente.

De facto, o que Deus conhece das coisas corresponde exactamente àquilo que as coisas são.
Por ser a fonte da Verdade, Deus nunca se engana nem nos pode enganar a nós. O que ele conhece de cada um de nós corresponde exactamente àquilo que nós somos.

Do mesmo modo, o que as três pessoas divinas conhecem de si corresponde exactamente àquilo que elas são. É por esta razão que nós podemos confiar totalmente nele.

Além disso, ele é um Deus fiel e verdadeiro, diz a bíblia e, por isso, ele não se engana nem nos quer enganar.

Por outras palavras, o que Deus nos diz pela sua Palavra corresponde exactamente à verdade. Eis um ensinamento importante de Jesus aos discípulos:

“O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome há-de ensinar-vos tudo” (Jo 14, 26).
E depois acrescenta: “Quando vier o Espírito Santo, o Espírito da Verdade, ele vos guiará para a Verdade completa, pois ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer tudo o que ouviu e há-de anunciar-vos tudo o que há-de vir” (Jo 16, 13).

O Deus Criador está presente a todo o Universo, mas não se confunde com ele. Ele é o princípio de tudo o que existe, mas é um Deus que nunca teve um princípio.

Por ser a fonte da bondade, da verdade e do amor, podemos dizer que a Bondade, a Verdade e o Amor são a origem de todas as coisas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


domingo, 7 de março de 2010

A CRUZ COMO FONTE DE SALVAÇÃO


I-DIFUSÃO DO ESPÍRITO SANTO A PARTIR DA CRUZ


O Mistério da Cruz encerra em si mesmo uma fonte de Sabedoria que nos capacita para saborearmos os mistérios de Deus, de Cristo e do Homem.

O evangelho de São Lucas diz que Jesus, no momento de morrer sobre a cruz, garantiu ao Bom Ladrão que nesse momento ia abrir as portas do Paraíso fechadas à Humanidade pelo pecado de Adão (Lc 23, 43).

Esta afirmação tem uma força simbólica enorme, pois é a garantia de que Jesus, no momento de morrer a cruz, restaurou o projecto humano distorcido pelo pecado de Adão.

O Livro do Génesis diz que após o pecado do Homem primordial, Deus fechou as portas do Paraíso, impedindo o acesso de Adão e seus filhos à Árvore da Vida.

“O Senhor Deus disse: “Eis que o homem quanto ao conhecimento do bem e do mal se tornou como um de nós.

Agora é preciso que ele não estenda a mão para se apoderar também do fruto da Árvore da Vida e, comendo dele, viva para sempre” (Gn 3, 22). Inserida neste contexto, a cruz ganha uma força simbólica de vitória sobre o pecado e a morte.

Ao morrer e ressuscitar sobre a cruz, Jesus proporciona-nos o acesso à Vida Eterna da qual Adão nos tinha privado.

Esta afirmação é reforçada por uma série afirmações que exprimem a transformação radical operada sobre a cruz pela morte e ressurreição de Jesus:

O véu do templo rasgou-se de alto a baixo (Mt 27, 51). Com este pormenor, os evangelistas querem afirmar que a morte e a ressurreição de Jesus Cristo proporcionaram o acesso directo das pessoas a Deus.

Com efeito, graças ao facto de os seres humanos estarem unidos de modo orgânico a Cristo, são assumidos e incorporados na comunhão familiar de Deus.

O véu do templo era um cortinado que separava o Santo dos Santos, isto é, o lugar santificado pela presença de Deus e o lugar onde permaneciam os crentes.

O Santo dos Santos era o lugar sagrado por excelência. Só o sumo-sacerdote podia aí entrar para comunicar com Deus e obter as bênçãos de Deus.

O véu do templo vedava a entrada das pessoas no Santo dos Santos. O rasgão do véu do templo é mais um sinal para da difusão do Espírito Santo que incorpora as pessoas humanas na Família de Deus.

Esta incorporação significa interacção directa entre Deus e o Homem através do Espírito Santo. É a dinâmica da Encarnação a universalizar-se, provocando um salto de qualidade a nível da Humanidade.

São Paulo entendeu muito a importância da difusão do Espírito Santo pela Humanidade. Eis o que ele diz na Carta aos Romanos:
“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus” (Rm 8, 14).
E noutra passagem desta mesma Carta afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O rasgão do véu do templo afirma que os cultos inúteis do Antigo Testamento acabaram e teve início o Novo Culto em Espírito e verdade, como Jesus disse à Samaritana:

“Mulher acredita em mim: chegou a hora em que nem no templo dos samaritanos (Garizim), nem em Jerusalém, haveis de adorar o Pai.

Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, pois salvação vem dos judeus. Mas vai chegar a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores, hão-de adorar o Pai em Espírito e Verdade, pois são estes os adoradores que o Pai pretende” (Jo 4, 21-23).

Os relatos do véu do templo rasgado são uma maneira simbólica de confirmar o que diz o evangelho de São João:

“Jesus respondeu a Tomé: “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai a não ser por mim” (Jo 14, 6).

Na verdade, é por Jesus Cristo que nós fazemos parte da Família de Deus, como diz São Paulo. Somos filhos de Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

II-A CRUZ E A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

A cruz simboliza o ponto de emergência da Nova Humanidade. Na verdade, Cristo não ressuscitou a partir do túmulo mas sim a partir da cruz.

São Paulo diz que este acontecimento representa a plenitude dos tempos, isto é, o fim da gestação do Homem do Homem Novo e o início do parto através do qual estão a nascer os filhos de Deus:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho que nasceu de uma mulher sujeita à Lei de Moisés, para resgatar todos os que se encontravam sob o domínio dessa Lei e serem adoptados como filhos de Deus.

E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama “Abba”, Pai querido.

Deste modo já não somos escravos, mas filhos. Se somos filhos somos também herdeiros pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).

O evangelho de São Mateus diz que no momento morre e ressuscita na cruz, os túmulos começam a abrir-se e os justos começam a ressuscitar com Cristo (Mt 27, 52).

Na verdade, se Cristo é o Novo Adão, isto é, a Nova Cabeça da Humanidade, não tinha sentido ressuscitar a cabeça sem o corpo.

De facto, diz a Primeira Carta aos Coríntios, nós somos corpo de Cristo e seus membros, cada qual com sua função (1 Cor 12, 27).

Na verdade, foi a partir da cruz que aconteceu a difusão salvadora do Espírito Santo. No momento em que o soldado introduziu a lança no coração de Jesus crucificado, saiu sangue e Água, diz o evangelho de São João (Jo 19, 34).

A água é a Água Viva como Jesus tinha ensinado aos Apóstolos, a qual faz emergir uma fonte de Vida Eterna no coração das pessoas (Jo 7, 37-38).

O evangelho de São João diz que a Água Viva, é o Espírito Santo, a força ressuscitadora de Jesus que também nos vai ressuscitando com ele.

As pessoas que beberem desta Água, disse Jesus à Samaritana, nunca mais terão sede (Jo 4, 14).

Do mesmo modo, o sangue que brotou do lado de Jesus, é o sangue da Nova e Eterna Aliança, isto é, o Espírito Santo que é o sangue de Cristo ressuscitado e que leva a vida divina a todos os membros do Corpo de Cristo.

Os que são vivificados por este sangue recebem a Vida Eterna e ressuscitam com Jesus Cristo (Jo 6, 54-55).

Dizendo que no momento da morte e ressurreição de Jesus o véu do templo se rasgou de alto a baixo, os evangelhos querem simbolizar a força renovadora do Espírito Santo que irradia da cruz, rompendo com as fronteiras estreitas da fé dos judeus e dos seus cultos ineficazes, como sugere São João.

Quando São João afirma que no momento da morte e ressurreição de Jesus o véu do templo se rasgou de alto a baixo também quer dizer que, nesse momento, Jesus pôs fim às fronteiras estreitas da religião judaica e inaugurou o culto da Nova Aliança no Espírito (Jo 14, 21-23).

O evangelho de São Mateus diz que no momento em que Jesus morre e ressuscita, as primeiras pessoas que reconheceram Jesus como Filho de Deus foi um pequeno grupo de pagãos: o centurião romano e o grupo de soldados que estavam com ele.

Com esta afirmação São Mateus pretende dizer que a difusão do Espírito Santo aconteceu no momento da morte e ressurreição de Jesus na cruz, pois os pagãos só acolhem Cristo como Messias e Filho de Deus graças à acção do Espírito Santo:

“O Centurião e os soldados que com ele guardavam Jesus, vendo o tremor de terra e o que estava a acontecer ficaram apavorados e disseram: “Este era verdadeiramente o Filho de Deus!” (Mt 27, 54).
III-A CRUZ E O PLANO SALVADOR DE DEUS


Cristo não nos fala de um Deus Pai cruel, um Deus incapaz de perdoar sem exigir tormentos e maus tratos.

As pessoas que interpretavam a morte de Jesus como um sacrifício expiatório exigido por Deus Pai estavam de facto a desfigurar o rosto de Deus.

Estas pessoas não se davam conta que Deus é uma Família cujos laços são o amor e a comunhão.
O que Deus Pai sente em relação a nós também o sente o seu Filho Unigénito, bem como o Espírito Santo.

Jesus curava os doentes e perdoava os pecados, afirmando que era esta a vontade de Deus Pai.

Justificava o seu procedimento, dizendo que estava a proceder de Acordo com a missão que o Pai lhe tinha confiado:
“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
Noutra passagem ainda mais explícita, afirma: “Eu não desci do Céu para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou.

E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas o ressuscite no último dia” (Jo 6, 38-39).

Se é este o modo de Deus Pai nos amar e perdoar, como é que ele podia ter exigido ao seu Filho aquela morte cruel?

Deus não ama o pecado, e a morte de Jesus foi um pecado perpetrado pelos judeus daquele tempo.

São João diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7; 16). Isto significa que as pessoas divinas nada podem contra o amor, pois Deus não se pode negar a si mesmo.

Por outras palavras, Deus ama-nos de modo infinito e incondicional. Não esteve à espera que fôssemos bons para gostar de nós.

Pelo contrário, criou o Homem à sua imagem e semelhança e em seguida confiou-lhe o domínio de toda a criação (Gn 1, 26-30).

Falar da justiça de Deus, portanto, não significa falar de um julgamento de tribunal. Se Deus é amor, a sua justiça não pode ser outra senão a justiça do amor e o amor nunca se vinga, diz São Paulo:

“O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará” (1 Cor 13, 7-8).

Se Deus é amor, então temos de reconhecer que as pessoas divinas são assim, quer se trate de Deus Pai, de Deus Filho ou do Deus Espírito Santo.

Esta é a luz que nos vem da Sabedoria da Cruz, a qual nos fala da plena fidelidade de Jesus à missão que Deus lhe confiou.

A morte violenta de Jesus resultou da maldade do judaísmo da sua época, o qual se opôs ao plano de amor e salvação universal de Deus.

Mas a sabedoria que brota da cruz revela-nos a grandeza do amor de Deus e a gratuidade do seu plano salvador em favor de todos os homens.

Ao mesmo tempo, o mistério da cruz revela-nos como a fidelidade de Jesus Cristo foi agradável a Deus, que o ressuscitou e sentou à sua direita.

São Paulo entendeu muito bem a relação que existe entre o amor de Deus Pai por nós e o modo fiel como Jesus exprimiu este mesmo amor. Eis as suas palavras na Segunda Carta aos Coríntios:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era antigo passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que em Jesus Cristo nos reconciliou consigo, não levando mais em conta o pecado dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

É por esta razão que São Paulo diz que Jesus Cristo é o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tim 2, 15).

Eis como a Carta aos Colossenses descreve o projecto salvador que Deus sonhou para nós e realizou em Jesus Cristo:

“Jesus Cristo é a imagem perfeita do Deus invisível, o primogénito de toda a Criação. Foi em harmonia com ele que as coisas do Céu e da Terra foram criadas, tanto as visíveis como as invisíveis. Tanto as coisas do Céu como as da Terra (…).

Tudo foi criado nele e por ele, pois ele é anterior a todas as coisas e todas subsistem por ele. Ele é a cabeça da Igreja e o princípio, o primogénito de entre os mortos, a fim de ter a primazia em todas as coisas.

Aprouve a Deus que habitasse nele toda a plenitude, a fim reconciliar consigo todas as coisas em Cristo e por Cristo” (Col 1, 15-20).

O mistério da cruz é o símbolo máximo do amor de Deus por nós e da fidelidade incondicional de Jesus Cristo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

quinta-feira, 4 de março de 2010

A DIMENSÃO DIVINA DE JESUS

De maneiro solene e muito bonita, o evangelho de São João começa por proclamar Cristo como Filho eterno de Deus.

As afirmações mais importantes do evangelho de São João dizem respeito à união orgânica que existe entre o Pai e o Filho:

“No princípio era o Verbo. O Verbo, no princípio, estava com Deus e era Deus (Jo 1, 1-2). E ainda: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Esta unidade do Pai e do Filho não significa fusão. Na verdade o Pai e o Filho são duas pessoas distintas e a comunhão que existe entre elas não as anula.

Por outras palavras, a união do pai e do Filho não significam uma fusão que anula a identidade única e original de cada pessoa.

A união do Pai e do Filho é uma reciprocidade amorosa, onde o Espírito Santo aparece como princípio animador:

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

O modo de agir de Jesus, dizem os evangelhos, está em perfeita conformidade com a vontade do Pai.

Por isso olhar para Jesus é descobrir o rosto de Deus Pai: “Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me conheces Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como é que ainda me dizes: “Mostra-nos o Pai?” (Jo 14, 9).

O Filho eterno de Deus é uma réplica perfeita do Pai no que se refere aos critérios e jeito de amar a Humanidade.

Eis a razão pela qual o Filho pode dizer com verdade: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).
Os evangelhos dizem que Jesus realizava a sua missão em total sintonia com o Pai:

“O Pai não julga ninguém, mas entregou ao Filho o poder de julgar, a fim de os homens honrarem o Filho como honram o Pai.

Aquele que não honra o Filho também não honra o Pai, pois o Filho foi enviado pelo Pai” (5, 22- 23).

A fé no Filho e a fé no Pai são os pilares da única fé em Deus. Eis as palavras de Jesus:
“Aquele que acredita em mim, não só acredita em mim, mas também naquele que me enviou” (Jo 12, 44).

O Filho actua em perfeita sintonia com o Pai, pois o Pai entregou nas suas mãos a realização do seu plano de salvação:

“O pai ama o filho e colocou todas as coisas nas suas mãos” (Jo 3, 35).
Por isso o Filho está unido ao Pai de modo permanente:
“E aquele que me enviou está comigo e em mim. Com efeito, o Pai não me deixou sozinho, pois eu faço constantemente as coisas que lhe agradam” (Jo 8, 29).

Pelo mistério da Encarnação, os seres humanos ficaram membros da Família Divina: filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação a Deus Filho.

O evangelho de São João diz que o Filho de Deus, ao tornar-se irmão dos homens, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1, 12-14)

Jesus declara-se nosso irmão, pois também nós somos filhos do seu Pai:
“Eu subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20, 17). São Paulo diz que o Filho de Deus, ao vir ao mundo, se tornou o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

Através do Espírito Santo nós participamos da salvação com Cristo, pois estamos unidos a ele de modo orgânico.

Esta união é semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os seus ramos. São João diz que nós somos os ramos da videira e Cristo é a cepa da qual nos vem a seiva vivificante do Espírito Santo (Jo 15, 1-8).

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Graças ao dom da Encarnação, diz o evangelho de São João, foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1,12-14).

Eis o modo como Jesus explicita a nossa união orgânica com o Pai e o Filho:
“Nesse dia compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20).
O evangelho de São João mantém um perfeito equilíbrio entre a afirmação de Cristo como filho eterno de Deus e a sua condição de homem em tudo igual a nós excepto no pecado:
Como filho eterno de Deus, Cristo e o Pai fazem um (Jo 10, 30).
Por isso, quem vê o seu modo de actuar está a ver o próprio jeito de ser do Pai (Jo 14, 9).
Segundo o evangelho de São João, o Apóstolo São Tomé, depois da aparição de Jesus ressuscitado exclama: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 28).

Querendo significar a condição divina de Jesus, o evangelho de São João põe na boca de Jesus a mesma expressão que Deus usou no Monte Sinai perante Moisés: “EU SOU”:

“Agora digo-vos estas coisas antes que aconteçam, a fim de que, quando elas acontecerem, acrediteis que EU SOU” (Jo 13, 19).

Mas o evangelho de São João reconhece igualmente que Jesus é um homem e por isso Jesus, pouco antes de partir o Pai diz:

“Eu vou para junto de meu Pai e vosso Pai, do meu Deus e vosso Deus” (Jo 20, 17). Devido à sua condição divina o Filho é igual ao Pai e faz um com ele (Jo 10, 30).

Mas se tivermos presente a sua condição de homem, o Pai é maior do que o Filho:
“Ouvistes o que eu vos disse: “Eu vou mas voltarei para vós. Se me tivésseis amor, devíeis alegrar-vos por eu ir para o Pai, pois o Pai é maior do que eu” (Jo 14, 28).

A compreensão da divindade de Cristo não foi o ponto de partida da fé apostólica, mas sim o ponto de chegada.

Compreender o mistério de Jesus Cristo como Filho Eterno de Deus supõe um salto de qualidade a nível da fé.

Este salto de qualidade implicava compreender de outro modo o próprio mistério de Deus, um mistério intocável para a fé judaica.

Com efeito, reconhecer que Cristo é o Filho eterno de Deus implica afirmar que Deus não é apenas o Yahvé do Antigo testamento, mas uma comunidade familiar:

“Não acreditais que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? Acreditai que eu estou no Pai e o Pai está em mim, pois eu faço as obras do Pai” (Jo 14, 10-11).

A fidelidade incondicional de Jesus é fonte de vida eterna para a Humanidade. Por isso ele procura fazer as coisas tal como o Pai lhe mandou:

“Eu não falei por mim mesmo, mas o pai, que me enviou, é que me comunicou o que devo dizer.
E eu sei que a missão que o Pai me entregou traz consigo a vida Eterna.

Eis a razão pela qual eu digo exactamente o que o Pai me disse para dizer” (12, 49-50). Como Filho eterno de Deus, Cristo é, tal como o Pai, a própria fonte da Vida:

“Assim como o Pai tem vida em si mesmo, também o Filho tem a vida em si mesmo” (Jo 5, 26).

Por isso Jesus aparece nos evangelhos a ressuscitar mortos, isto é, a manifestar-se como fonte de Vida Eterna:

“Disse-lhe Jesus: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido viverá.

Todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre” (Jo 11, 25-26). Podemos dizer que em Cristo, Jesus de Nazaré e o Filho Eterno de Deus estão unidos mas não se fundem nem confundem.

Por outras palavras, o Filho Eterno de Deus e o Filho de Maria fazem uma união orgânica, mas isto não quer dizer que em Cristo o humano e o divino sejam indistintos.

Não podemos esquecer que o Filho unigénito de Deus é eterno, enquanto Jesus, o Filho de Maria, nasceu como no tempo e faz parte da Humanidade.

Isto quer dizer que entre a grandeza divina de Cristo e a sua grandeza humana existe uma distância suficiente que permite ao homem ser plenamente homem sem interferências do Filho Eterno de Deus.

Do mesmo modo, o Filho Eterno de Deus mantém uma distância suficiente para manter a sua plena grandeza divina sem quaisquer bloqueios provenientes da humanidade de Jesus de Nazaré.

Outro aspecto importante é a centralidade da acção do Espírito Santo na dinâmica da Encarnação.

O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus. A sua acção no mistério da Encarnação não é substituir o pai humano de Jesus, mas optimizar o amor maternal de Maria.

Graças à acção especial do Espírito Santo no coração de Maria, esta ficou capacitada para amar o seu filho com o próprio jeito de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


segunda-feira, 1 de março de 2010

ALEGORIA SOBRE O SEGREDO DA ABUNDÂNCIA

Jesus ensinou que é possível acabar com a fome no mundo se as pessoas começarem a partilhar as riquezas e os seus talentos.

Se as pessoas e as nações forem capazes de iniciar um movimento universal de amor fraterno, fazendo da partilha o centro das suas relações com os outros, acabará a tragédia da fome que todos os dias mata dezenas de milhares de crianças no mundo.

As pessoas não partilham por várias razões: umas têm medo que não chegue para todos. Outras estão tão ocupadas consigo que não ouvem os gritos dos que estão a ser destruídos pela miséria.

A nível dos países vemos como os países ricos se apoderam dos bens da Terra, deixando os países pobres sem condições para construir uma vida digna para os seus habitantes.

Os países ricos, para conseguirem dominar e oprimir os países mais pobres, gastam fortunas enormes na compra e fabrico de armas potentes para matar grande parte dos que escaparam à morte pela fome.

O dinheiro que estes países gastam em armas era suficiente para impedir que todos os dias morram à fome muitos milhares de pessoas.

Este egoísmo monstruoso é a causa de muitos crimes contra a Humanidade, mas que não são julgados nos tribunais internacionais.

Jesus anunciou o Evangelho da fraternidade, ensinando as pessoas a partilhar riquezas e talentos, a fim de construírem a Família de Deus onde Deus é o Pai de todos.

Com o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus quis ensinar que, sempre que as pessoas começam a partilhar, acontece o milagre da abundância.

A experiência demonstra que nunca houve uma pessoa que tenha passado a vida a partilhar e tenha acabado na miséria ou tenha morrido de fome.

Se acreditássemos em Jesus e tomássemos a sério os seus ensinamentos a Humanidade era mais feliz.

A partilha faz bem às pessoas que recebem os dons dos outros, mas também faz muito bem às pessoas que partilham os seus bens, pois ajuda-as a ser mais humanas e felizes.
Certo dia, Jesus encontrou um jovem muito rico que tinha estudado a bíblia e, como ele dizia, cumpria os mandamentos principais de Deus.

Este jovem aproximou-se de Jesus e pediu-lhe que o ensinasse a ser mais perfeito e a amar mais a Deus.

Jesus gostou das palavras do jovem, deu-lhe os parabéns e disse-lhe: “Para seres mais perfeito e amar mais a Deus e aos irmãos já só te falta coisa: Vai vender os teus bens, partilha com os pobres e em seguida junta-te a mim, a fim de seres meu discípulo.

Não tenhas medo, pois nada te irá faltar”. O jovem, porém, retirou-se muito triste, pois possuía muitos bens e não tinha coragem para os partilhar. Retirou-se e acabou por ficar mais triste.

O amor começa por ser um convite a entrarmos no caminho da solidariedade e da partilha, a fim de ajudarmos os outros a ser felizes.

As pessoas que têm a coragem de agir assim acabaram de encontrar o caminho da sua própria felicidade.

Devemos ter presente que o amor nunca se impõe às pessoas pela força. Convida e inspira-nos caminhos de realização e felicidade. As pessoas podem aceitar ou não as suas propostas.

Lembremo-nos que Deus é amor e nunca se nos impõe. Convida-nos, bate à porta do nosso coração, mas não nos violenta.

Por outras palavras, Jesus convida-nos a amar a Deus e aos irmãos, mas não nos força, como aconteceu com aquele jovem rico ao qual Jesus convidou a partilhar.

A partilha é um dos gestos mais autênticos de amor. Amar é decidir fazer bem ao outro, aceitando-o assim como ele é e agirmos de modo a facilitar a sua felicidade.

As pessoas que partilham desenvolvem no seu coração uma força que as torna mais felizes. Na verdade, as pessoas possuem-se e são mais felizes na medida em que se dão.

Na verdade, é dando que as pessoas se possuem. Isto quer dizer que as pessoas se possuem tanto mais quanto mais se dão.

Como Jesus demonstrou com o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes partilhados, a partilha tem em si a força de realizar o milagre da abundância.

Na Eucaristia Jesus dá-nos o sinal de que a partilha é realmente o caminho da abundância: o pão da Eucaristia é para todos e ainda sobra.

Além disso, ensina-nos que Cristo ressuscitado está no coração dos que partilham, pois o pão da Eucaristia é para comer.

Podemos dizer que a Eucaristia é o grande sinal de que a partilha é o caminho que conduz à comunhão com Cristo e os irmãos.

Deus entregou os bens da Terra a todos os homens. Apoderar-se dos bens da Terra, impedindo que os outros possam viver é um pecado que ofende a Deus e destrói a Humanidade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matiaas


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O HOMEM, O TEMPO E A ETERNIDADE

Quando olhamos o tempo, tendo como pano de fundo a eternidade, este ganha um sentido e uma importância fundamentais.

À luz da eternidade, o tempo surge como o ventre em cujo interior os seres pessoais emergem e atingem a sua densidade de Vida Eterna.

Por ser espiritual, a vida pessoal tem uma consistência eterna, pois o espírito não morre. Vista à luz da eternidade, a vocação fundamental Do ser humano é realizar-se como pessoa mediante o amor.
Isto quere dizer que a principal tarefa do Homem na História não é apenas manter a vida mortal, mas construir a vida eterna mediante o amor.
Por outras palavras, é hoje o tempo de configurarmos a nossa identidade pessoal que, por espitual, é eterna.

A nossa identidade espiritual coincide com o nosso jeito de amar.

Jesus comparou a dinâmica da vida eterna à festa de umas bodas. À luz desta imagem de Jesus podemos dizer que a pessoa humana, na Festa das bodas da Ressurreição, dançará eternamente o ritmo do amor com o jeito que tiver treinado na história.

É agora, portanto, o tempo de moldarmos a nossa capacidade de comungar com os outros no Reino de Deus.
Hoje mesmo podemos burilar e aperfeiçoar o nosso modo de nos relacionarmos e comungarmos com as pessoas divinas, as humanas e todas as outras que possam fazer parte da Comunhão Eterna da Família de Deus.

Por outras palavras, é agora o tempo de edificarmos a plenitude da vida que ultrapassa a morte.
Olhando o dia de hoje à luz da eternidade, podemos dizer que o dia de hoje é um dom especial de Deus, pois este dia é o tempo de que dispomos para edificar o que havemos de ser para sempre.

Deus criou-nos inacabados, a fim de nos irmos realizando no tempo, estruturando assim a nossa história pessoal.

Isto que dizer que nós somos os gestores do nosso tempo Por outras palavras, somos nós quem decide no dia-a-dia o que seremos eternamente.

Visto à luz da eternidade o tempo não é uma mera sucessão de instantes que se juntam para dar consistência e configuração aos segundos, aos minutos, às horas, aos dias, aos anos, aos séculos ou aos milénios.

Por outras palavras, o tempo é muito mais do que aquilo que os relógios e os calendários contabilizam.

A Palavra de Deus diz-nos que cada dia é para o Homem um “kairós”, isto é, a hora de Deus e a oportunidade de o Homem, ajudado pelo Espírito Santo, realizar a pessoa que deseja ser eternamente.

Hoje é o dia em que o Espírito Santo nos interpela e ilumina, a fim de completarmos, em nós e no mundo, a criação de Deus.

O maior perigo para nós no dia de hoje é decidirmos matar o tempo. Na verdade, isso significaria não emergir nem crescer como capacidade de comungar mais com Deus e os irmãos.

Somos nós quem diz a última palavra sobre a fecundidade do dia de hoje. As pessoas que ao longo da sua vida tomaram o tempo a sério, atingiram uma maior realização pessoal e fizeram a Humanidade avançar.
É este o mistério do Homem em processo histórico de realização.

Deus criou-nos inacabados, a fim de completarmos a sua obra, realizando-nos de modo livre, consciente e responsável.

O ser humano surge na vida com um leque de talentos ou possibilidades que podemos realizar ou não.
É a este nível que a pessoa se edifica se for fiel aos talentos que Deus lhe deu. À medida que vamos construindo a pessoa que temos a tarefa de realizar, o Espírito Santo vai-nos configurado com Jesus e incorporando na Família Divina.

Deste modo Jesus Cristo se torna o primogénito entre muitos irmãos. Eis o que diz São Paulo a este respeito:

“Porque àqueles que Deus conheceu desde os tempos primordiais, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que ele é o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

Se hoje crescermos na nossa capacidade de amar, hoje crescemos na capacidade de participar na comunhão da Família de Deus.

São Paulo diz que estamos na plenitude dos tempos. Is quer dizer que o mistério de Cristo introduziu a Humanidade na fase dos acabamentos.

Antes do mistério da Encarnação, a Humanidade estava em processo de gestação humana. Com a ressurreição de Cristo, os tempos chegaram à plenitude, isto é, começou o parto que dá início ao nascimento dos filhos de Deus.

O Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar conduz o processo deste nascimento e leva-nos a clamar “Abba”, Pai Querido (Gal 4, 4-7).

A Plenitude dos tempos começou com o mistério da Encarnação, dando início ao enxerto do divino no humano no íntimo de Jesus de Nazaré.

No momento da sua ressurreição Jesus entra nas coordenadas da universalidade, difundindo o Espírito da Encarnação pelo tecido da comunhão humana universal.

De facto, a nossa fé afirma que o Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo que, ao ressuscitar Jesus nos ressuscita e incorpora na Família de Deus (Rm 8, 14-17).

Isto que dizer a nossa vida, vista à luz do mistério de Cristo tem sabor a eternidade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CONTEÚDOS DA FÉ EM FRASES CURTAS

I-A ARTE DE CONSTRUIR O HOMEM

A única força de que dispomos para ajudar os outros a entrar no caminho do amor é amá-los.
O amor propõe-se, mas jamais pode impor-se. De facto, ninguém é capaz de fazer uma lei que obrigue as pessoas a amar.

Isto quer dizer que a pessoa humana não é capaz de amar se não for amada primeiro. Ao criar-nos, Deus capacitou-nos para amar, mas para isso teve de nos amar primeiro.

Eis as palavras da Primeira Carta de São João: “Nós amamos graças ao facto de Deus nos ter amado primeiro” (1 Jo 4, 19).

O amor como capacidade de eleger o outro como alvo de bem-querer tem como raiz a liberdade.
O facto de uma pessoa não nos amar como nós quereríamos não significa que não esteja a amar-nos com o melhor das suas forças.

A caridade é o amor ao jeito de Deus, isto é, o amor universal e incondicional. A caridade tem como raiz a pessoa do Espírito Santo, o qual optimiza o amor humano conferindo-lhe um jeito semelhante ao amor de Deus.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Ao atingir a complexidade humana, a evolução da vida entrou no limiar das relações amorosas.

Na raiz do mistério da vida está Deus. Enquanto emergência natural, a vida é o impulso interno que anima a interacção entre a estrutura do ser vivo e as suas funções.

O Homem é capaz de criar uma estrutura orgânica em laboratório, mas não é capaz de activar a função interna desta mesma estrutura.

A vida pessoal humana, atinge o nível de imagem de Deus. Vista a este nível, a vida aparece-nos como talhada para o dom: quanto mais se dá mais se possui.

Ao darmos as nossas coisas materiais ficamos sem elas. Com a vida espiritual acontece o contrário: quanto mais nos damos, mais nos possuímos.

A nível espiritual a pessoa emerge e estrutura-se através de saltos qualitativos possibilitados pelas relações de amor.

O Homem faz-se, fazendo. O que realiza a pessoa não é o que ela tem, mas as suas opções de amor.

Por outras palavras, a pessoa não vale pelo que tem mas por aquilo em que se vai tornando à medida que se realiza como ser único, original e irrepetível.

O pessoa humana é um ser alicerçado na sua condição de ser único, mas talhado para a reciprocidade da comunhão amorosa.

Na verdade, a pessoa só se possui no face a face da comunhão amorosa. Reduzida a si, a pessoa não se possui nem encontra a sua plenitude.

Somos chamados a fazer da nossa vida uma obra-prima de humanidade através de relações de amor.

O Espírito Santo é a fonte da verdade. Pecar contra o Espírito Santo é negar o bem evidente ou atribuí-lo a uma fonte maléfica.

Quanto mais o ser humano se humaniza mais humilde se torna. A humildade é a atitude da pessoa que tenta situar-se numa linha de verdade tanto em relação a si como nas relações com os outros.

A pessoa humilde tem uma consciência muito clara deste princípio: Todos temos a possibilidade de ser válidos. Mas só Deus é imprescindível.

A Palavra de Deus transforma a nossa mente, ajudando-a a descobrir sentidos para as coisas e os acontecimentos.

Por seu lado, o Espírito Santo transforma os nossos corações optimizando a nossa capacidade de amar e fazer o bem.

Deus Pai criou-nos para sermos para sermos seus filhos. Nunca houve um momento em que Deus Pai não fosse Pai. Isto quer dizer que nunca houve um momento em que o Pai existisse e o Filho não.

Na verdade, não pode existir um Pai sem que exista um filho ao mesmo tempo.A prova de que Deus não é uma inutilidade para nós é o facto de a pessoa que procura realizar interagindo e contando com Deus tem resultados totalmente diferentes.

II- JESUS E A SALVAÇÃO UNIVERSAL

A perfeição da pessoa atinge-se através do dom. A plenitude da pessoa depende da densidade com que ela se dá aos outros.

A nível natural, a marcha da vida termina na morte. Mas com Jesus ressuscitado, a vida venceu a lei da morte.

A ressurreição de Cristo significa a vitória vida sobre a morte. Cristo ressuscitado, diz São Paulo, já não morre mais, pois a morte já não tem domínio sobre ele (Rm 6,9). Ele é o Novo Adão (Rm 5, 17-19).

Ao ressuscitar, Jesus Cristo difundiu para nós a dinâmica recriadora do Espírito Santo, o qual vai corrigindo no nosso íntimo as distorções herdadas do Velho Adão.

A cruz é o sinal vitória de Jesus Cristo sobre a morte, pois a ressurreição de Jesus aconteceu na cruz, não no túmulo.

No momento da sua ressurreição, Jesus entrou na morada de Deus com todos os que tinham coração capaz de amar e comungar.

A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.

Deus vem sempre a nós a partir de dentro. E nós, para nos encontrarmos com Deus temos de entrar no mais íntimo do nosso ser.

No momento de morrer e ressuscitar sobre a cruz, Jesus garantiu ao Bom Ladrão que nessa mesma tarde estariam os dois na plenitude do Reino de Deus:

“Em verdade te digo, disse Jesus, que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).
No momento de Jesus morrer e ressuscitar, as pessoas que o precederam na História entraram com ele na plenitude da Vida Eterna.

Isto não quer dizer que essas pessoas mudaram de lugar, mas sim que foram assumidos numa nova densidade espiritual, pois passaram a interagir em comunhão directa com Deus.

Isto foi possível porque Jesus Cristo, como homem, faz uma união orgânica, isto é, interactiva, fecunda e dinâmica, animada pelo Espírito Santo.

A salvação, portanto, é para todos os seres humanos capazes de amor e comunhão. Isto quer dizer que as pessoas que optaram pelo amor têm a Vida Eterna.

Por outras palavras, as pessoas que se optaram pelo ao amor têm a Vida Eterna. Com efeito, não há salvação fora de Jesus Cristo, mas isto não significa que a salvação é apenas para os cristãos.

Os cristãos formam um povo chamado a celebrar e anunciar a todos os povos o projecto universal da salvação.Por se ter dado totalmente, Jesus Cristo é a cabeça da Nova Humanidade e a sua vida passou a ser de todos nós.
III-OS CRISTÃOS E A EVANGELIZAÇÃO
Evangelizar é convidar os Homens a ser irmãos. O caminho da abundância e do sucesso humano passa pela partilha e a cooperação entre as pessoas, as instituições e as nações.

A Humanidade só terá um futuro com sucesso se as pessoas e as nações aprenderem a pôr as riquezas ao serviço do bem de todos.

Do mesmo modo, é fundamental pôr o poder ao serviço da fraternidade e o prazer ao serviço do amor.

A nossa vida tem sentido na medida em que vivemos para amar e nos vamos gastando pelas causas do amor.

Ao dar o mandamento do amor aos discípulos, Jesus estava a ensinar-lhes a arte de conhecer Deus, pois ninguém o pode conhecer se não amar os irmãos (1 Jo 4, 16).

A nossa fé tem como fundamento a mensagem da bíblia, esclarecida no nosso coração pela acção do Espírito Santo.

Tocar o coração de Deus é sintonizar com a acção do Espírito Santo em nós. São Paulo diz que é em sintonia com Deus que o Espírito Santo intercede em nós e por nós (Rm 8, 26-27).

A bíblia não é a Palavra de Deus encadernada. Não é correcto agarrarmo-nos à bíblia como se as suas palavras fossem uma verdade mágica.

A bíblia é um conjunto de narrações que nos descrevem as experiências primordiais da nossa fé e, portanto, são mediação para acontecer em nós a verdade da revelação de Deus.

A bíblia não analisa factos à maneira de um historiador, mas conta histórias para dizer a verdade e a força salvadora de Deus a actuar na História.

Evangelizar é comunicar a alegria da fé e criar condições para que esta seja saboreada e celebrada de modo comunitário.

Evangelizar é ajudar as pessoas a descobrir e saborear uma história de amor da qual elas também fazem parte.

A qualidade da nossa evangelização depende da compreensão que temos de Deus e do Homem e da nossa abertura à acção do Espírito Santo em nós.

Por outras palavras, quanto melhor conhecermos a Deus mais qualidade terá a nossa evangelização.

Quanto mais as pessoas crescem na fé, mais capacitadas estão para descobrir as impressões digitais de Deus no entretecido da criação e na cadeia dos acontecimentos da História.

Uma mente que não evolua na capacidade de criar sentidos para a Vida e de interpretar os acontecimentos à luz da Palavra de Deus não será capaz de crescer na fé.

A evangelização deve conduzir a Cristo, pois ele é o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor do Homem.

A Encarnação é uma dinâmica de grandeza humano-divina que constitui uma união orgânica entre Deus e o Homem.

A partir do momento da Encarnação o Humano e o divino ficam unidos de modo orgânico e intrínseco como a cepa da videira com os seus ramos (Jo 15, 1-7).

A seiva que alimenta e revigora esta união orgânica é o Espírito Santo. É esta a verdade que afirmamos quando dizemos que o Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo.

É este o conteúdo da Nova Aliança, o qual não assenta na letra que mata, diz São Paulo, mas no Espírito Santo que vivifica (2 Cor 3, 6).

Isto significa que o Espírito Santo é o sangue da Nova Aliança, o qual leva a vida divina a todas as articulações e junturas que ligam a Humanidade.

Evangelizar é ajudar o Homem a amar a natureza como um dom especial de Deus. A natureza está zangada com o Homem. Isto quer dizer que Deus está magoado com o modo como o Homem se relaciona com a natureza.

É verdade que a natureza não precisa do Homem para se realizar de modo harmonioso nos seus ciclos: Primavera, Verão, Outono e Inverno.

Mas o Homem pode agir contra o plano de Deus, alterando a harmonia da natureza. A natureza não precisa do Homem para realizar o plano de Deus, mas o Homem precisa da Natureza para se realizar como de modo equilibrado e feliz.

O animal não precisa de sentidos para viver. O Homem, pelo contrário, não se pode realizar sem sentidos e opções correctas em relação ao sentido da vida e às exigências da Criação.
O Reino de Deus é a face interior da realidade. A Beleza e a bondade são os únicos reflexos de Deus que o ser humano pode contemplar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O ESPÍRITO SANTO COMO FORÇA DA SALVAÇÃO

Espírito Santo,

És a ternura maternal de Deus, e nós chamamos-te a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade!

A tua presença no nosso íntimo é uma força que nos estimula, ilumina e ajuda a ser livres.

Tu és a seiva que circula de Jesus Cristo, a cepa da videira, para nós que somos os ramos dessa videira.

Sem a tua presença no nosso coração nós seríamos ramos estéreis (Jo 15, 4-5).

Tu consagraste Jesus, capacitando-o para realizar a sua missão messiânica, como diz o evangelho de São Lucas:

“O Espírito de Deus está sobre mim porque me consagrou para anunciar o Evangelho aos pobres.

Enviou-me a proclamar a libertação dos presos e a mandar em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18).

Na segunda Carta aos Coríntios, São Paulo diz que tu és a fonte da liberdade.

Eis as suas palavras: “Cristo ressuscitado é um ser espiritual. Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

És tu quem nos capacita para fazermos o bem. Todos os nossos de amor encontram em ti a sua origem.

Sem a tua presença inspiradora no coração de cada um de nós, as Sagradas Escrituras não passariam de letra morta.

É isto que São Paulo quer dizer quando diz que a letra mata, mas o Espírito Santo dá vida (2 Cor 3, 6).
Foi a tua presença no coração de Jesus que activou o processo da sua morte e ressurreição no alto da cruz.

Enquanto em Jesus ia morrendo o que no Homem é mortal, aquilo que no ser humano é imortal ia sendo glorificado e assumido na comunhão da Santíssima Trindade.

Deste modo, quando morreu o último elemento daquilo que no Homem é mortal, aquilo que no ser humano é imortal já estava ressuscitado, isto é, assumido e incorporado na Comunidade Divina.

Espírito Santo, o que fizeste em Jesus Cristo está a acontecer nos seres humanos que todos os dias passam das coordenadas do tempo e do espaço, a sendo assumidos e incorporados na Família de Deus.

Na Carta aos Romanos, São Paulo diz que todos os que são movidos pelo Espírito Santo são Filhos de Deus (Rm 8, 14).

Noutra passagem desta mesma Carta afirma que tu és o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Tu és o princípio interactivo do mistério da Encarnação, unindo de modo orgânico a interioridade divina do Filho Eterno de Deus com a interioridade humana de Jesus de Nazaré, o Filho de Maria.

Com teu jeito maternal de amar tu és a força amorosa que fazes brotar um rio de Vida eterna nos nossos corações, como diz Jesus no evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

Foste tu quem potenciou o amor maternal de Maria, a fim de ela amar o seu Filho com o jeito do próprio Deus.

O teu amor maternal, Espírito Santo, é o beijo que Deus deu ao barro primordial do qual saiu Adão, comunicando-lhe o hálito da Vida (Gn 2, 7).

Apesar de o homem exterior se degradar com os anos, diz São Paulo, o interior, por ser espiritual, é constantemente fortalecido por ti, Espírito Santo (2 Cor 4, 16).

Glória a ti que és o Sangue da Nova Aliança que faz circular em nós a força vital de Cristo ressuscitado (Jo 6, 62-63).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O MISTÉRIO DA NATUREZA HUMANA

Pai Santo,
A grandeza da tua sabedoria revela-se de modo admirável no conjunto das tuas obras.
Mas é na Natureza humana que tu revelas de modo especial a tua sabedoria e o teu amor criador.

A natureza humana é um princípio de acção que dinamiza e coordena a estruturação do Homem, tanto na singularidade das pessoas, como na totalidade da comunhão humana universal.

A nível pessoal, a natureza rege a emergência espiritual do ser humano, bem como a sua identidade e estruturação pessoal.

A natureza humana apenas realiza a sua perfeição com a vida pessoal-espiritual. É a este nível que atinge a plenitude em Deus.

Na verdade, a natureza humana concretiza-se em pessoas e a divina também. Graças à força criadora da natureza humana, a pessoa acontece de modo gradual e progressivo como ser livre, consciente, responsável e capaz de amar.

Para isso, a natureza oferece à pessoa uma série de talentos que lhe dá a possibilidade de se realizar de modo único, original e irrepetível.

O ser humano começa por ser um dado biológico, mas está geneticamente programado para atingir o nível espiritual.

Na verdade, recebemos a nossa identidade genética, isto é, o nosso ADN com o seu feixe de possibilidades no momento da nossa concepção.


O conjunto dos nossos talentos genéticos interage com os nossos talentos históricos, sobretudo com o contexto em que nascemos e nos fomos estruturando.

Nesta interacção o amor é a dinâmica fundamental da estruturação da pessoa. Por outras palavras, o nosso ser espiritual emerge em processo histórico e a dinâmica que o faz emergir é a força das relações de amor.

A configuração da nossa identidade espiritual é o nosso jeito de amar e nos relacionarmos. A nossa identidade genética é mortal, mas a nossa identidade espiritual é imortal e está chamada à Comunhão Universal da Família de Deus.

Ao contrário da identidade genética, a identidade espiritual de uma pessoa depende dela, pois as pessoas humanas são seres em construção.

Isto quer dizer que a vida espiritual e a comunhão amorosa constituem o ponto mais alto da força criadora da natureza humana.

Mas também é verdade que o ser humano, através do pecado, é capaz de matar as possibilidades mais nobres da natureza humana.

O pecado é sempre uma oposição às propostas e interpelações do amor. Ao dizer não ao amor, o pecador diz não à sua humanização e à humanização das pessoas que marca de modo negativo.

A natureza divina não é uma realidade estática e a humana também não.
A vertente biológica da natureza, interagindo com a vertente social e cultural constituem o leque primordial dos talentos ou possibilidades de realização de cada pessoa.

O ser humano começa por ser o que os outros fizeram dele, como diz o evangelho de São Mateus na parábola sobre os talentos:
Uns recebem cinco, outros três, dois ou um (Mt 25, 14-30). Ninguém é herói por receber cinco, e ninguém é culpado por receber um.

A heroicidade radica na fidelidade a esses talentos. É este o modo de edificarmos a vida eterna.
A luta das ciências contra o envelhecimento e a morte estão a conseguir progressos dignos de admiração.

Mas não nos devemos esquecer de que a vocação fundamental do Homem não é apenas prolongar indefinidamente a vida mortal, mas sobretudo construir a vida eterna.
A vida eterna é a vida pessoal-espiritual, n ão a vida pessoal biológica. À medida que emerge e se estrutura, o nosso ser espiritual emerge capacitado para a comunhão universal da Família Divina.

Vale a pena no que São Paulo diz a este respeito: “Por isso não desfalecemos. Apesar de em nós, o homem exterior caminhar para a ruína e a morte, o homem interior renova-se e robustece-se dia a pós dia pelo Espírito Santo.

De facto, a nossa tribulação momentânea proporciona-nos um peso eterno de glória, muito além do que possamos calcular.

Por isso não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, pois as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas” (2 Cor 4, 16-18)

A natureza humana e a natureza divina concretizam-se em pessoas talhadas para a comunhão na qual encontram a sua plenitude.

As pessoas humanas estão a realizar-se como seres proporcionais às pessoas divinas e, portanto, capazes de comungar familiarmente com as pessoas divinas.

Por outras palavras, as pessoas humanas não são iguais às divinas, mas são-lhe proporcionais. Por isso já pode acontecer comunhão amorosa entre Deus e o Homem.

A pessoa de Deus Pai e a pessoa de Deus Filho formam uma interacção orgânica ao ponto de Jesus chegar a dizer que ele e o Pai são um” (Jo 10, 30).

Do mesmo modo a Humanidade, graças ao mistério da Encarnação, passou a fazer uma interacção orgânica e dinâmica com Cristo.

No evangelho de São João, Jesus descreve de maneira muito bonita a união orgânica da natureza divina com a natureza humana através do mistério da Encarnação:

“Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer.

Se alguém não permanece em mim, é lançado fora como um ramo e seca. Depois é lançado ao fogo e arde” (Jo 5, 6).

Como vemos, a plenitude da natureza humana, é a sua divinização, a qual acontece na dinâmica da comunhão orgânica com as pessoas divinas.

Pai Santo,Louvado sejas por esta união orgânica que confere plenitude divina à natureza humana.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


sábado, 6 de fevereiro de 2010

CRISTO É A META DO PLANO CRIADOR DE DEUS

A Criação é a concretização de uma obra-prima que emerge de um plano cheio de sabedoria e amor.

Neste plano tudo tem finalidade e está cheio sentido. Nada brota do acaso ou do destino. Tudo acontece segundo uma sequência de causas e efeitos.

O princípio que dinamiza esta sequência criadora é o amor, pois como sabemos, Deus é amor.
Vista à luz da fé, a criação é um testemunho vivo da grandeza de Deus e da sua capacidade criadora.

Tudo brota de uma comunhão amorosa de três pessoas e tudo caminha para o grandioso encontro da Humanidade com a Divindade.

Jesus Cristo é o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor da Humanidade. Nele não
havia intenções retorcidas e falsas.

Passou a vida a fazer bem a toda a gente, partilhando os bens, a Palavra de Deus e a própria vida.

Após a sua ressurreição fez de nós os ramos da videira da qual ele é a cepa. O Espírito Santo é a seiva que vem da cepa para aos ramos, tornando-nos fecundos (Jo 15, 4-5).

O seu jeito de acolher os pobres e perdoar aos pecadores é a expressão fiel do amor de Deus para com a Humanidade.

Foi Por esta razão que um dia ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30). E depois acrescentou: “Quem me vê, vê o Pai (Jo 14, 9).

Deu-se totalmente à Humanidade. É por esta razão que a sua vida, agora, é de todos nós. É este o sentido profundo na comunhão da Eucaristia: Eis o que ele diz no evangelho de São João:
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele” (Jo 6, 56).
A fidelidade de Jesus consistiu nisto: foi tentado como nós, mas permaneceu sempre fiel à vontade do Pai do Céu.

Ao ressuscitar, comunicou-nos a semente da vida Nova, isto é, o Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações, diz São Paulo (Rm 5, 5).

No alto da Cruz, a força ressuscitadora do Espírito Santo actuou em Jesus, glorificando-o e incorporando-o na comunhão de Deus.

À medida que morria nele aquilo que nos homens é mortal, o que em nós é imortal, ia sendo glorificado e assumido na comunhão da Família Divina.

Esta vitória da vida sobre a morte em Jesus fez que ao morrer o último elemento do que era Jesus era mortal o que nele era imortal já estivesse totalmente glorificado.

Deus foi fiel totalmente fiel, impedindo que ele ficasse um só instante sob o domínio da morte.
A Carta aos Hebreus diz que foi precisamente isto que Jesus pediu ao Pai no Jardim das Oliveiras:

“Nos dias da sua vida terrena, Jesus, com grande clamor e lágrimas, apresentou orações e súplicas àquele que o podia salvar da morte. E foi atendido em atenção à sua fidelidade (Heb 5, 7).

No mistério da Santíssima Trindade, o Espírito Santo é o vínculo de união do Pai com o Filho, agindo como força dinamizadora de comunhão.

No mistério da Encarnação, actua do mesmo modo como vínculo de união do Filho Eterno de Deus com o Jesus de Nazaré, o Filho de Maria.

Esta união orgânica e dinâmica do Filho Eterno de Deus com Jesus de Nazaré é o ponto de emergência e difusão da vida Nova dos Filhos de Deus.

É aqui a Nascente da Salvação e a assinatura da Nova e Eterna Aliança entre Deus e o Homem.
À medida que vamos sendo integrados na dinâmica da Nova Aliança, o Espírito Santo vai-nos incorporando na Família de Deus e vai-nos conduzindo à Verdade Plena, diz Jesus no evangelho de São João (Jo 14, 25-26).
Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PEDINDO A DEUS A SABEDORIA DOS PROFETAS

Trindade Santa,
Vós sois o único Deus Verdadeiro, a nossa origem e a meta da nossa História! A génese do Universo teve início em Vós, Deus Bendito, Nada existiu antes de Vós.

Vós sois o criador de todas as coisas, mas não vos confundis com nenhuma delas. A Carta aos Efésios diz que Vós sois o princípio unificador de toda a Criação. Eis as suas palavras:

“Há um só Corpo e um só Espírito. Existe apenas uma esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só baptismo, um só Deus Pai que é Pai de todos” (Ef 4, 4-6).

Filho Eterno de Deus,
Nós te damos graças pelo mistério da Encarnação, graças ao qual nós passamos a ser membros da Família Divina.

Ao falar da tua vinda, o evangelho de São João diz que te tornaste nosso irmão por amor e ainda assim foste rejeitado:

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas aos que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram dos laços do sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

E o Verbo Encarnou e veio habitar no meio de nós. Nós vimos a sua glória, essa que ele possui como Filho Unigénito do Pai, Cheio de Graça e de Verdade” (Jo 1, 12-14).

Espírito Santo
Tu és quem imprime nos nossos corações com os talentos, isto é, as possibilidades de que dispomos para levar por diante a tarefa da nossa humanização.
Espírito Santo
Com o teu jeito maternal de amar tu dinamizas e fortaleces a nossa comunhão com o Pai e o Filho, introduzindo-nos na comunhão familiar de Deus.

Nós sabemos que és tu, Espírito Santo, quem fortalece e anima esta imensa comunhão orgânica que une a Humanidade.

Também és tu o vínculo maternal da comunhão orgânica que une a divindade com a Humanidade.

Por outras palavras, tu és o coração que dinamiza o mistério da Encarnação, essa interacção humano-divina que une de modo orgânico a interioridade humana de Jesus com a interioridade divina do Filho Eterno de Deus.

Pai Santo, dá-nos essa Sabedoria que está contigo desde sempre, como diz o Livro da Sabedoria:
“A intimidade da Sabedoria com Deus indica a nobreza da sua origem, pois o Senhor do Universo amou-a desde toda a eternidade.

A Sabedoria está iniciada na ciência de Deus e foi ele quem inspirou as obras da Criação (…). Se há alguém que deseje uma vasta experiência, una-se à Sabedoria, pois ela conhece o passado e prevê o futuro.

A Sabedoria penetra as subtilezas da linguagem e tem a chave dos enigmas. Sabe interpretar os sinais e prodígios e antecipa o sentido das idades e dos tempos” (Sb 8, 3-8).

E depois acrescenta: “Deus de Bondade, dá-me a Sabedoria que se senta junto do teu trono, a fim de eu pertencer ao número dos teus filhos.

Mesmo que alguém fosse perfeito entre os homens, nada seria sem a sabedoria que vem de ti” (Sb 9, 4-6).

Suscita-nos, Espírito Santo, homens sábios que possam transmitir-nos a Palavra de Deus ao jeito de Cristo, a fim de caminharmos de modo seguro para ti.

Envia-nos profetas que denunciem a hipocrisia dos poderosos que exploram e machucam os pobres sem pudor nem vergonha.

Devido ao materialismo que reina nas nossas sociedades, a Humanidade está a perder os horizontes da sabedoria que brota da tua Deus.

Espírito Santo
Dá-nos bons evangelizadores, a fim de aprendermos a separar com clareza o bem do mal e a ter um sentido claro do mistério de Deus e do Homem.

Capacita os cristãos para serem testemunhas do Evangelho, pois vivemos num mundo sem esperança.

Precisamos de homens e mulheres apaixonados pelo trabalho da evangelização do mundo, a fim de os seres humanos conhecerem a verdade da salvação em Cristo.
Dá-nos homens corajosos que sejam no mundo uma luz capaz de nos ajudar a caminhar no sentido da justiça e da paz.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias