quinta-feira, 11 de março de 2010

O MISTÉRIO DAS PERFEIÇÕES DE DEUS

A fé cristã ensina que Deus é uma comunhão de três pessoas infinitamente perfeitas. Além disso proclama que a maior parte das perfeições divinas são comuns às três pessoas.
Uma perfeição divina que se sobrepõe logo à partida é o facto de as pessoas divinas serem eternas. Isto significa que nunca houve um tempo no qual que Deus não existisse.

Por outras palavras, as pessoas divinas existiram, existem e existirão sempre.

É verdade que as pessoas humanas, por terem uma interioridade espiritual são imortais, isto é, existem para sempre, mas não existem desde sempre.

Outro aspecto importante da grandeza da divindade é o facto de Deus ser infinitamente perfeito.
Com efeito, as pessoas divinas não podem mudar para melhor, pois são infinitamente perfeitas e boas.

As pessoas humanas, pelo contrário, são seres em construção e, portanto, vão-se estruturando e aperfeiçoando de modo gradual e progressivo.

Deus conhece de modo infinitamente perfeito todas as coisas. Conhece não apenas o que as coisas são, como também o modo como se estruturam e a sua interacção com a Criação.

Por outras palavras, o conhecimento de Deus é total e perfeito, pois todas as coisas foram criadas a partir do diálogo e comunhão das pessoas divinas.

O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que Deus conhece as suas criaturas, desce o princípio da sua criação (Act 15, 18).

Por seu lado, a Carta aos Hebreus diz que todas as coisas estão presentes ao olhar de Deus (Heb 4, 13).

Do mesmo modo, o profeta Isaías diz que ninguém consegue ensinar nada a Deus, pois Ele sabe e conhece todas as coisas (Is 40, 13, 14).

Outra perfeição divina com grande significado para nós é a sua capacidade de estar presente a todos os lugares, apesar de não se esgotar em nenhum.

Na verdade, seja qual for o lugar em que nos encontremos podemos dizer com toda a verdade: “Deus está aqui”.

Isto significa que Deus é a realidade que está mais perto de todos nós, pois encontra-se face a face connosco no íntimo do nosso coração.

Deus é realmente o Emanuel, isto é, o Deus connosco. Quando subimos a uma montanha muito alta, não estamos mais perto de Deus.

Do mesmo modo, quando descemos a um vale muito profundo não estamos mais distantes da Divindade, pois Deus não está escondido lá no alto.

Nenhum ponto do Universo está mais perto de Deus do que qualquer outro ponto do mesmo Universo.

Isto significa que ninguém precisa de gritar alto para se fazer ouvir de Deus, pois ele está onde nós nos encontramos. Em qualquer ponto e momento podemos dizer: “Deus está aqui”.

Deus aceita-nos e relaciona-se connosco assim como nós somos.
Ouve o que lhe dizemos, mesmo que o digamos com uma voz muito baixinha.
Numa visão grandiosa queteve, o profeta Jeremias descreve a majestade e a glória de Deus. e termina dizendo que a presença de Deus enche os Céus e a Terra (Jer 23, 23-24).

Ao inaugurar o templo de Jerusalém, o rei Salomão disse que nem a Terra nem os Céus podem conter a grandeza do Senhor nosso Deus (1 Rs 8,27).

No Livro dos Actos dos Apóstolos, São Paulo diz que Deus não está longe de cada um de nós. Depois, completa o seu pensamento dizendo que é nele que existimos, vivemos e nos movemos (Act 17, 24-28).

A presença de Deus, portanto, é universal. Mas isto não quer dizer que Deus habita em todos os lugares da mesma maneira.

Assim, por exemplo, Deus habita no nosso coração de cada ser humano de modo muito especial.
O Espírito Santo diz a Carta aos Romanos, é o Amor de Deus derramado nos nossos corações. Esta presença do Espírito Santo une as pessoas de modo orgânico e dinâmico, como se fossem uma videira gigante cuja cepa é Jesus Cristo e nós os seus ramos (Jo 15, 1-7).

A morada de Deus não é um espaço exterior ao Cosmos, mas um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Por outras palavras, Deus não ocupa um lugar, mas está presente a todos os lugares sem se esgotar em nenhum.

Por estar sempre tão próximo de nós, Deus actua sempre nas nossas relações de amizade e comunhão com os outros.

Onde se juntarem duas ou três pessoas animadas pela fé e o amor fraterno o Espírito Santo está presente e activo no íntimo dessa comunhão, disse Jesus.

A Primeira Carta de São João confirma isto mesmo quando afirma que Deus é amor e que apenas as pessoas que amam os irmãos podem conhecer a Deus (1 Jo 4, 6-7).

Uma qualidade fundamental de Deus é a sua santidade. É mais santo quem ama mais.
Como Deus é amor infinito, ele é infinitamente santo.

A bondade divina é outro aspecto fundamental da perfeição de Deus. A nossa fé ensina-nos que Deus é infinitamente bom e que o mal não existe nele.

Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “Quem ama permanece em Deus e Deus nele, pois Deus é amor” (1 Jo 4,16).

A verdade e a fidelidade de Deus são dois pilares importantes da perfeição infinita de Deus. A nossa fé garante-nos que Deus, por ser fiel e verdadeiro, nunca mente.

De facto, o que Deus conhece das coisas corresponde exactamente àquilo que as coisas são.
Por ser a fonte da Verdade, Deus nunca se engana nem nos pode enganar a nós. O que ele conhece de cada um de nós corresponde exactamente àquilo que nós somos.

Do mesmo modo, o que as três pessoas divinas conhecem de si corresponde exactamente àquilo que elas são. É por esta razão que nós podemos confiar totalmente nele.

Além disso, ele é um Deus fiel e verdadeiro, diz a bíblia e, por isso, ele não se engana nem nos quer enganar.

Por outras palavras, o que Deus nos diz pela sua Palavra corresponde exactamente à verdade. Eis um ensinamento importante de Jesus aos discípulos:

“O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome há-de ensinar-vos tudo” (Jo 14, 26).
E depois acrescenta: “Quando vier o Espírito Santo, o Espírito da Verdade, ele vos guiará para a Verdade completa, pois ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer tudo o que ouviu e há-de anunciar-vos tudo o que há-de vir” (Jo 16, 13).

O Deus Criador está presente a todo o Universo, mas não se confunde com ele. Ele é o princípio de tudo o que existe, mas é um Deus que nunca teve um princípio.

Por ser a fonte da bondade, da verdade e do amor, podemos dizer que a Bondade, a Verdade e o Amor são a origem de todas as coisas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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