sábado, 8 de maio de 2010

DEUS E A MARCHA EVOLUTIVA DA CRIAÇÃO

Há cerca de seis mil milhões de anos atrás, a vida ainda não existia sobre a terra.
Também não existiam os mares, mas apenas uma multidão de lagos quentes devido à actividade de uma multidão enorme de vulcões.

O céu ainda não era azul, pois não havia plantas para fabricar o ozono, isto é, o oxigénio que torna o Céu azul.

Foi no interior destes lagos mornos que a vida apareceu dando origem a uma multidão incontável de seres vivos de pequeníssimas dimensões.

Apesar de os seres vivos terem surgido de modo tão simples e frágil, Deus meteu no seu interior uma força maravilhosa, chamada a força da evolução.

Uma vez surgidas nos lagos primitivos, as plantas começam a produzir oxigénio, a fim de o Homem ter ar para respirar.

Pouco a pouco a vida começa a encher a terra: surgiram as plantas e depois as árvores e os animais.

Surgem os dinossauros, esses gigantes dos quais os animais mais pequenos tinham tanto medo. Depois surgem os macacos, os chimpanzés e os Gorilas.


E Deus pensou: é altura de criarmos o Homem, fazendo que ele seja uma obra-prima saída do barro.

Deus achou esta obra-prima tão bonita que se debruçou sobre o barro para lhe dar um beijo. Nesse momento, o Espírito de Deus entrou no interior do barro.

E foi nesse momento que no interior da obra-prima feita de barro começa a formar-se outra obra-prima feita de espírito.

Nesse momento, o barro tornou-se barro com coração, isto é, um ser capaz de amar Deus e os irmãos e fazer bem às pessoas.

Então Deus disse: vamos fazer que eles sejam membros da nossa Família. Deus imprimiu na Criação um sabor a comunhão, pois todo o Universo está dinamizado pela dinâmica das relações.

São mais de cem mil milhões as estrelas da nossa Galáxia que surgem neste céu azul que prolonga o mar.

Mas além da nossa galáxia, o Universo é constituído por mais de cem mil milhões de outras galáxias imensamente maiores.

A nossa fé convida-nos a celebrar a bondade de Deus Criador, a fim de descobrirmos o sentido das realidades do Universo.

São estrelas e são galáxias.

São sistemas solares e são planetas.

São Nebulosas coloridas e são auroras boreais e asteróides.

Celebrar a Criação é proclamar a obra-prima do Amor Criador de Deus.

A o tema central deste projecto é Jesus Cristo, ponto de encontro do humano com o divino.

Nele, o divino diz-se em grandeza humana e nós somos assumidos na Família de Deus.

Ele é a Palavra eficaz de Deus. À medida que nos revela o plano Salvador de Deus, realiza a obra da Salvação.

No centro deste plano criador está a Humanidade, essa multidão de pessoas em construção.

No coração de cada pessoa está a Humanidade a emergir de modo único, original e irrepetível.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo vai esculpindo o nosso coração, a fim de ele se enquadrar de modo perfeito no plano criador de Deus.

A Nova Criação, diz São Paulo, é a Humanidade restaurada e encaminhada pelo Espírito de Cristo ressuscitado.

A cabeça desta Nova Criação é Jesus Cristo, pois foi por ele que Deus nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os nossos pecados, como diz São Paulo (2 Cor 5, 17-19).

Ao iniciar a criação das aves do Céu, os animais domésticos, os répteis e os animais selvagens, Deus já estava pensando em fazer com o Homem uma Aliança de Amor Eterno.

Todas as obras da Criação têm sentido e razão de existir, pois a Criação inteira é um plano harmonioso projectado pelo amor.

Na verdade, como diz a Primeira Carta de São João, Deus é amor. Isto significa que a Criação é uma obra criada por amor e não um brinquedo para Deus se divertir.

Depois de ter criado o Homem com uma ternura infinita Deus, através do Espírito Santo, ofereceu à Humanidade um regaço cheio de ternura.

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Ao criar-nos, Deus escreveu o nosso nome na palma da sua mão, a fim de nunca nos esquecer.

Ao longo da nossa vida, Deus vai concretizando este seu amor através de muitas mediações.

A obra de Deus está em génese. É um projecto ainda não acabado. O próprio Homem ainda é um ser não acabado.

É isto que o evangelho de São João quer dizer quando afirma que todos nós temos de nascer de Novo para atingirmos a plenitude do Reino de Deus (Jo 3, 3-6).

Deus criou criou-nos inacabados, a fim de podermos tomar parte na nossa própria criação. Esta é uma condição básica para a pessoa humana se realizar de modo consciente, livre e responsável.

Com o aparecimento do Homem, a Criação atinge o limiar da vida espiritual, tornando-se proporcional ao próprio Deus.
Por outras palavras, Criador e Criação já podem dialogar e comungar, pois a Divindade é pessoas e a Humanidade também!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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