quarta-feira, 17 de março de 2010

CRISTO E A NOVA HUMANIDADE

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Humanidade. Passou o que era velho e eis que tudo se fez novo.

Tudo isto nos vem de Deus que, em Jesus Cristo nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

São Paulo diz que Jesus ressuscitado, ao comunicar-nos a força renovadora do Espírito Santo nos deu a garantia da Vida Eterna, dando início ao nascimento do Homem Novo.

“Foi em Cristo que acreditastes e fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido. Na verdade, o Espírito Santo é a garantia da nossa herança e é ele que nos capacita para dela tomarmos posse, no dia da Salvação” (Ef 1, 13-14).

A Carta aos Romanos diz que já não há qualquer perigo de perdição ou condenação para os que estão em Cristo:

“Já não há condenação para os que vivem unidos a Cristo Jesus. Com efeito, a lei do Espírito que dá a vida libertou-nos, através de Cristo, da lei do pecado e da morte” (Rm 8, 1-2).

A Carta aos Efésios diz que Deus, ao ressuscitar Jesus, fez-nos sentar com ele no Céu (Ef 2, 6).

Na verdade, se nós somos membros de um Corpo do qual Jesus Cristo é a Cabeça, é normal que tomemos parte na sua ressurreição, pois onde está a cabeça devem estar também os membros do Corpo.

Com efeito, nós somos membros do Corpo de Cristo, pois fomos baptizados no mesmo Espírito Santo, a fim de formarmos um só Corpo, como diz a Primeira Carta aos Coríntios (cf. 1 Cor 12, 13).

Ao reconciliar-nos consigo por Cristo ressuscitado, Deus fez de nós uma Nova Criação (2 Cor 5, 17-19).

São Paulo vê nesta nossa condição de salvos em Cristo um chamamento totalmente gratuito.
Eis as palavras da Segunda Carta a Timóteo:
“Deus chamou-nos e salvou-nos através de uma vocação santa. Não em atenção às nossas obras, mas de acordo com o seu plano e dom que nos concedeu antes dos séculos, através de Cristo.

Este dom foi-nos revelado, agora, pela manifestação do nosso Salvador Jesus Cristo, o qual veio destruir a morte e a comunicar-nos a Vida Eterna por meio do Evangelho” (2 Tm 1, 9-10).

Ao desobedecer a Deus, Adão introduziu-nos no caminho do fracasso e da morte (Gn 3, 17-19).
Jesus Cristo veio como Novo Adão, diz São Paulo, reconciliando-nos com Deus e obtendo-nos a vida eterna pela participação na sua ressurreição (1 Cor 42- 45).

Foi por esta razão que o Filho Eterno de Deus veio habitar a nossa Terra. Com efeito, a Encarnação é o acto pelo qual o Filho de Deus se comunicou connosco em grandeza humana através de Jesus de Nazaré.

E foi assim que Jesus Cristo se tornou o Novo Adão que nos deu a Vida Eterna. Pelo primeiro Adão veio a morte, pelo segundo veio a ressurreição, diz a Carta aos Romanos (Rm 5, 17-19).

Depois da sua desobediência, Adão foi expulso do Paraíso. Ao ficar sem acesso ao Paraíso, Adão ficou privado do fruto da Árvore da Vida, o qual proporcionava a Vida Eterna às pessoas que o comessem (Gn 3, 23).

No momento de ressuscitar, o Novo Adão reabre as portas do Paraíso, proporcionando-nos a Vida Eterna.

Foi isto que Jesus disse ao Bom Ladrão, no momento de morrer e ressuscitar, diz-nos o evangelho de São Lucas: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso (Lc 23, 43).

No momento de ressuscitar, Jesus Cristo revelou-se como o Novo Adão que reabre à Humanidade o Paraíso que o Primeiro Adão fechou.

Além disso, revela-se também como a Árvore da Vida que nos dá o fruto da Vida Eterna, isto é, o Espírito Santo.

Por outras palavras, a Árvore da Vida é Cristo ressuscitado, a Água Viva que, segundo o evangelho de São João, faz jorrar uma fonte abundante de Vida Eterna no nosso coração (Jo 4, 14; Jo 7, 37-39).

Assim como em Adão todas as pessoas morrem, assim também em Cristo, o Novo Adão, todas ressuscitam (1 Cor 15, 20-21).

É verdade que a bíblia não analisa factos, mas conta histórias que servem de mediação à Palavra de Deus para se dizer na nossa mente e no nosso coração.

O Livro do Génesis diz que os frutos da Árvore da Vida eram uma fonte de Vida Eterna para as pessoas que os comessem (Gn 3, 23).
O Novo Testamento vê em Cristo o Novo Adão que veio restaurar as distorções do primeiro.

O primeiro Adão foi desobediente, mas Jesus, o Novo Adão, foi inteiramente fiel. Eis as palavras do hino que a Carta aos Filipenses dedicou a Cristo, o Novo Adão:

“Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele que é a imagem perfeita de Deus, não reivindicou ser igual a Deus.

Pelo contrário, humilhou-se a si mesmo assumindo de modo pleno a sua condição de servo de Deus, um homem no meio dos outros, tal como foi reconhecido por todos.

A sua humildade levou-o a ser obediente até à morte e morte de cruz. Foi por isso que Deus o exaltou e lhe deu uma missão e um nome que está acima de todos.

Deste modo, ao nome de Jesus todos os joelhos se dobram, tanto os que estão no Céu, como os que estão na Terra ou debaixo da Terra.

E deste modo, todos os seres humanos podem proclamar que Cristo é o rei universal, para glória de Deus seu Pai!” (Flp 2, 5-11).

Podemos dizer que este hino do Novo Adão sintetiza o melhor do pensamento de São Paulo sobre Cristo.

O Novo Testamento apresenta-nos um Jesus simples, sem pretensões, apaixonado pela causa de Deus e pela salvação da Humanidade. Nasceu pobre e viveu a condição da gente simples.

A sua grande paixão era conduzir a Humanidade à comunhão da Família de Deus, ensinando as pessoas a tratar Deus por “Abba, Pai querido”.

Era um homem corajoso e punha-se sempre do lado dos pobres e marginalizados. Segundo os seus ensinamentos, os seres humanos valem na medida em que vivem e se realizam como pessoas em comunhão com Deus e os irmãos.

Ensinava que nós e ele fazemos uma união orgânica semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os seus ramos.

A nossa vida será fecunda na medida que estivermos unidos a ele como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).

Tomava partido pelos que não eram capazes de se defender, tornando-se a voz dos que sofriam as injustiças e eram privados dos seus direitos.

Deixava sempre mais felizes os que tinham a sorte de o encontrar e comunicar com ele. Na verdade, as pessoas nunca ficavam mais pobres pelo facto de o encontrar.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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