Para o pensamento bíblico, a marcha da Criação leva consigo um sentido e uma finalidade.
Isto não quer dizer que Deus esteja a determinar a marcha criadora do Universo. A fé cristã não aceita o determinismo na marcha do Universo, como não aceita o destino na marcha da História Humana.
Em relação ao Universo devemos reconhecer que na sua marcha criadora tudo acontece dentro de uma sequência de causas e efeitos.
Antes de conhecer o Deus da criação, o Povo Bíblico conheceu o Deus da História. A ideia da acção criadora de Deus surge na Bíblia como cenário necessário para o acontecimento da História.
Devido à intervenção especial de Deus na criação do Homem, a História Humana torna-se, também, uma História de salvação em Jesus Cristo.
Na visão bíblica, a acção criadora de Deus, é o alicerce do projecto de Deus sobre o Homem.
Podemos dizer que o povo bíblico, ao tomar consciência da acção criadora de Deus, não a separou da visão que já tinha da História Humana como história da salvação.
Assim, o Deus que realizou feitos poderosos para libertar Israel do Egipto, fez surgir, com o seu braço poderoso o Universo, a fim de o oferecer ao Homem.
Deus criou todas as coisas em função do Homem. Podemos dizer que o Homem é a menina dos olhos de Deus (cf. Gn 1, 27-30).
Em relação à novidade dos tempos messiânicos, os profetas começam a falar de uma Nova Aliança, a qual consiste na plenitude da Salvação.
A Bíblia tem mais que um relato da criação. O primeiro relato, elaborado pelos sacerdotes, apresenta a acção criadora de Deus em termos cultuais. Tudo é feito em seis dias.
O sétimo dia é o “sabat”, isto é, o dia do repouso e da Aliança. Este relato é elaborado em forma de um hino à glória de Deus cujo refrão se repete depois de cada estrofe: “E Deus viu que tudo era bom”.
Na visão sacerdotal, a Criação é o primeiro passo para Deus realizar a Aliança com o Homem.
O impulso criador de Yahvé atingirá o seu ponto alto na libertação do Egipto e a sua plenitude nos tempos messiânicos.
Calmeiro Matias
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