segunda-feira, 22 de junho de 2009

A EPOPEIA DAS ALIANÇAS DE DEUS-IV

IV-A NOVA E ETERNA ALIANÇA EM JESUS CRISTO

Deus está sempre disposto a recomeçar a sua aliança, mas pede fidelidade ao seu povo. Na verdade, o amor propõe-se, nunca se impõe:

“Dai-me ouvidos. Vinde a mim. Escutai-me e vivereis. Farei convosco uma aliança definitiva. Serei fiel à minha amizade com David” (Is 55, 3).

Devido às muitas infidelidades do povo, Deus começa a falar de uma nova aliança. O Espírito Santo será a garantia de permanência da Nova Aliança.

Mesmo as vidas estéreis como as dos eunucos, diz o profeta Isaías, tornar-se-ão fecundas: “Isto diz o Senhor aos eunucos que observam os meus sábados, que escolhem o que me agrada e ficam firmes na minha aliança:

Dar-lhes-ei no meu templo e dentro das minhas muralhas, um monumento e um nome mais valioso que os filhos e as filhas” (Is 56, 4-5).

Na economia da Nova Aliança, os estrangeiros terão lugar em Jerusalém e entrarão, cheios de alegria, na casa de oração, o templo de Deus, e os seus sacrifícios tornar-se-ão agradáveis a Deus (cf. Is 56, 6-7)

A Nova Aliança será vivida em clima de grande fidelidade à Palavra de Deus, a qual brotará abundante da boca dos jovens e dos anciãos:

“Esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu espírito está sobre ti, e as palavras que coloquei em ti, jamais se afastarão da tua boca e da boca dos teus filhos, desde agora e para sempre” (Is 60, 19-22).

Quando o Senhor estabelecer a Nova Aliança, Jerusalém será totalmente renovada. Já não será iluminada pelo sol durante o dia nem pela lua durante a noite, pois Deus será a sua luz eterna” (Is 60, 19-22).

A Nova Aliança já não será estabelecida sobre as tábuas da Lei, as quais desapareceram quando os caldeus invadiram Jerusalém.

O profeta Jeremias, contemporâneo deste facto, diz claramente que a nova aliança não assenta num coração de pedra mas num coração de carne.

Não na letra, mas no dom do Espírito do Espírito Santo. A Arca da Aliança guardava o coração de pedra, isto é, as pedras da Lei.

A nova aliança, pelo contrário, assentará no interior de um coração novo, não de pedra mas de carne.

A Arca da Aliança não faz parte do plano de Deus para a Nova Aliança, diz o profeta Jeremias:

“Quando crescerdes e vos multiplicardes no país, oráculo do Senhor, já ninguém mais falará na Arca da Aliança do Senhor.

Ninguém mais se lembrará dela, nem sentirão a sua falta, nem voltarão a fazer outra” (Jer 3, 16).

Deus tem em mente um plano para realizar uma Nova Aliança, a qual não assenta nas tábuas da Lei, acrescenta o profeta Jeremias:

“Dias virão em que farei uma Nova Aliança com Israel e Judá. Não será como a aliança que fiz com seus pais quando os tomei pela mão e os tirei da terra do Egipto.

Eles quebraram essa aliança, apesar de eu ser o seu Deus.“A aliança que vou fazer com Israel, oráculo do Senhor, será assim: colocarei as minhas leis no seu peito, gravá-las-ei no seu coração.

Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus” (Jer 31, 31-33). E acrescenta: “Vou fazer com eles uma aliança eterna.

Nunca deixarei de lhes fazer bem. Colocarei no seu coração o meu temor, a fim de que não se afastem de mim” (Jer 32, 40).

O Novo Testamento reconhece que Deus realizou em Jesus Cristo a Nova e Eterna Aliança anunciada pelos profetas.

Jesus tinha consciência de ser o medianeiro da Nova Aliança, como ele mesmo afirmou durante a Última Ceia:

“Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26, 28).

No cântico do “Benedictus”, Zacarias diz que Deus realizou o seu plano salvador como tinha prometido por meio dos profetas:

“Deus realizou a sua misericórdia para com os nossos pais, recordando a sua Santa Aliança” (Lc 1, 72).

A Nova Aliança assenta sobre o perdão total do pecado: “Essa será a Nova Aliança que farei com eles quando eu perdoar os seus pecados” (Rm 11, 27).

É a Aliança da Vida Nova no Espírito: “Foi Deus quem nos tornou capazes de sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 6).

A Carta aos Hebreus diz Que Jesus Cristo é a garantia de uma aliança melhor do que a aliança do Sinai (Heb 7, 22).

O sacerdócio de Jesus é superior ao sacerdócio dos Levítico, pois a Nova Aliança é muito superior à Antiga:

“Recebeu um sacerdócio superior, pois é mediador de uma Aliança melhor. Se a primeira aliança não fosse deficiente não havia lugar para esta Nova Aliança” (Heb 8, 6-7).

A dinâmica da Nova Aliança É o Espírito Santo, fonte de fecundidade. A antiga aliança não permitia aos eunucos, mesmo que fossem filhos de Aarão, oferecer os sacrifícios do altar (Lv 21, 20-21).

O profeta Isaías, prevendo a dinâmica da Nova Aliança declara que a fecundidade da Nova Aliança é fruto do Espírito Santo:

“Que o eunuco não diga: não passo de uma árvore seca” (Is 56, 3). No seu capítulo oitavo, o Livro dos Actos dos Apóstolos diz que o primeiro pagão a ser baptizado, foi um eunuco etíope (cf. Act 8, 36-37).

A Nova Aliança faz da Humanidade um Homem Novo reconciliado com Deus: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação.

Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo! Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo por meio de Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-18).

A Nova Aliança é o tempo de plenitude, pois graças ao mistério da Encarnação, a Humanidade já está assumida e incorporada na Família de Deus (Rm 8, 14-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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