segunda-feira, 22 de junho de 2009

A EPOPEIA DAS ALIANÇAS DE DEUS-I

I-O DEUS DA ALIANÇA E O HOMEM INFIEL

A cultura bíblica entendia o coração como o núcleo espiritual mais nobre de uma pessoa. É o centro das decisões e o ponto de encontro e comunhão com Deus e os outros seres humanos.

Logo no princípio, ao criar o Homem à sua imagem e semelhança, Deus propõe-lhe uma caminhada de aliança:

Segundo a proposta de Deus, Adão ficava à frente da Criação orientando-a de acordo com o plano sonhado por Deus.

Mas Adão não aceitou ser subordinado de Deus. Caiu na tentação de se colocar no lugar do próprio Deus.

Com esta atitude, Adão rompeu com Deus, iniciando uma caminhada de fracasso. Como era a cabeçada Humanidade, Adão acabou por arrastar consigo os seus descendentes.

Apesar da infidelidade de Adão, Deus continua a sonhar com novas propostas de amizade.

Mas a experiência demonstrava que as infidelidades do Homem agravavam cada vez mais a tragédia do fracasso humano.

O relato do Dilúvio é uma maneira alegórica de exprimir a universalidade da tragédia provocada pelo pecado de Adão.

Afastada de Deus, a Humanidade começa afogar-se, isto é, a afundar-se de modo gradual e progressivo na tragédia do fracasso universal.

Perante a magnitude do fracasso humano, Deus decide salvar a Humanidade e com ela todos os seres vivos.

E Deus procura Noé, a fim de este conduzir a Criação de acordo com os planos de Deus: “Contigo vou estabelecer a minha aliança.

Entrarás na Arca com a tua mulher, os teus filhos e as mulheres dos teus filhos” (Gn 6, 18). O arco-íris passa a ser o sinal da aliança restaurada com Noé, a fim de os homens se lembrarem da misericórdia de Deus em favor de todas as criaturas:

“Deus disse: este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós e com todos os seres vivos que estão convosco.

Colocarei o meu arco nas nuvens. Ele será um sinal da minha aliança com toda a terra” (Gn 9, 12-13).

A aliança com Noé, portanto, tem um carácter universal. É uma aliança que tem em vista impedir a destruição de todos os seres vivos:

“Quando o arco-íris estiver nas nuvens eu, ao vê-lo, lembrar-me-ei da minha aliança eterna, aliança com todos os seres vivos que vivem sobre a terra” (Gn 9, 16).

Mas de novo o homem começa a tornar-se infiel. De novo pretende ser igual a Deus. Agora a tentação era construir uma torre muito alta, a fim de os homens atingirem a morada de Deus e, deste modo, ser divinos pelos seus próprios meios.

É verdade que os seres humanos estão talhados para ser divinos, mas isto é um dom de Deus e não uma conquista humana.

Querer ser deus por si, é a velha tentação de querer de se colocar no lugar de Deus (Gn 11, 1-8).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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