II-JESUS É O FUNDAMENTO DA NOVA HUMANIDADE
Jesus Cristo tomava Deus e o Homem a sério. Podemos dizer que Jesus não era um beato.
Beatos eram os fariseus, esses contemporâneos de Jesus que tinham os olhos tão fixos nas normas e leis religiosas que não conseguiam ver os irmãos.
Jesus Cristo não separava a causa de Deus da causa do Homem. Denunciava com coragem tudo o que no seu meio machucava ou oprimia as pessoas.
E fazia isto em nome de Deus. Com efeito, a única imagem que Deus fez de si foi o homem. É esta a imagem que é preciso venerar, pois é esta a maneira concreta de amar a Deus.
Quanto mais um cristão procura conhecer Deus e o seu plano sobre o Homem, mais capacitado está para amar Deus e os irmãos.
Se o Homem é a única imagem que Deus criou de si, então o amor aos irmãos é o único caminho seguro para chegarmos ao conhecimento de Deus.
Eis o que a primeira carta de São João diz a este propósito: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.
Aquele que não ama não chega a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8).
Em relação a Deus, Jesus vivia uma condição totalmente original, pois a sua interioridade espiritual humana interagia de modo directo com a interioridade do Filho Eterno de Deus.
Como homem igual a nós experimentou plenamente a nossa condição, pois o divino, ao tocar o humano, optimiza-o, mas não o anula.
A Carta aos Hebreus diz que temos um excelente Sumo-sacerdote junto de Deus, pois é um homem como nós e, portanto, experimentou a nossa condição humana:
“De facto, não temos um sacerdote que não possa compadecer-se de nós, pois ele foi provado e experimentado em tudo, excepto no pecado” (Heb 4, 15).
Talvez este pequeno texto poético que se segue nos ajude a compreender a humanidade perfeita de Jesus:
Nasceu na Palestina e a sua paixão era fazer a vontade de Deus. Amava a simplicidade das crianças e defendia corajosamente os que não eram capazes de se defender.
Deixava mais felizes as pessoas que tinham a sorte de se encontrar com ele. Como não tinha pretensões a ser rico ou poderoso, partilhava com os outros a sua vida e os bens.
Amava a todos, mas preferia acompanhar com os mais pobres. Nunca foi cobarde, pois estava cheio da força do Espírito Santo.
Foi por esta razão que Deus lhe confiou a missão de inaugurar a dinâmica histórica do baptismo no Espírito.
Foi com este poder que ele inaugurou uma Nova Humanidade. Por estar habitado pela plenitude do Espírito Santo concedeu aos homens a possibilidade de interagir de maneira nova com este mesmo Espírito.
Inaugurou a dinâmica renovadora do coração das pessoas, fazendo-as passar do egoísmo para o amor fraterno.
Como se deu totalmente, tinha consciência de que a sua vida não era apenas sua. Na verdade, Deus confiou-lhe uma missão em favor de toda a Humanidade.
Era generoso, não tinha um coração rugoso, nem gostava de nadar em águas turvas. O Espírito Santo capacitou-o para ser incondicionalmente fiel à sua missão.
Levou o amor à sua profundidade máxima, ao ponto de dar a vida por aqueles a quem amava.
Como se deu inteiramente, agora a sua vida é também de todos nós!
Tornou-se a cepa da videira cujos ramos são todos os seres humanos. Os que o mataram destruíram a sua tenda, pensando acabar com o alicerce da Nova Humanidade.
Partilhou tudo: Os bens, a vida e a Palavra de Deus. O seu nome era Jesus de Nazaré. Graças à sua fidelidade, conseguiu introduzir as pessoas humanas na Família de Deus.
São Paulo diz que as pessoas que estão unidas de modo orgânico com Cristo são a Nova Criação reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19.
Eis a razão pela qual, ao longo dos séculos, não desapareceram as vozes que o aclamam com gratidão.
A sua condição de homem não foi anulada pelo facto de fazer uma união orgânica e dinâmica com a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Ao ressuscitar difundiu para a Humanidade a força ressuscitadora do Espírito Santo, a Água Viva que faz emergir nos nossos corações uma nascente de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).
Ele é, na verdade, o fundamento da Nova Humanidade!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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