quinta-feira, 1 de abril de 2010

CRISTO COMO CÚPULA DA HISTÓRIA HUMANA

Pela sua condição de pessoa, o Homem faz parte da cúpula personalizada do Universo. Isto quer dizer que o Homem pertence ao melhor que a génese criadora do Universo produziu.

Graças à sua condição de pessoa, o ser humano é proporcional ao próprio Deus. Na verdade, a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

Por outras palavras, devido ao facto de a Humanidade ser uma união orgânica de pessoas, faz do Homem um ser proporcional ao próprio Deus. Isto quer dizer que já pode acontecer interacção amorosa entre Deus e o Homem.

Através da dinâmica da Encarnação o divino enxertou-se no humano, a fim de o Homem ser divinizado.

O ponto da união orgânica do divino com o humano é o coração de Jesus Cristo.

A vida pessoal humana tem sabor a eternidade, pois ao atingir a densidade espiritual entrou na esfera da imortalidade.

Como realidade em construção, a Humanidade está a emergir em cada ser humano de forma única, original e irrepetível.

A multidão dos seres humanos que nos precederam na aventura da história já está incorporada na comunhão Universal da Família de Deus.

Por outras palavras, os milhões de seres humanos que nos precederam na História, já habitam a Comunhão Familiar da Família da Santíssima Trindade.

E nós, graças ao mistério da Encarnação, já estamos unidos a eles, pois fazemos parte da Comunhão Universal dos Santos.

Isto significa que Deus é realmente o Emanuel, isto é, o Deus connosco. Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Na verdade, Deus vem até nós sempre a partir de dentro.

E nós, para nos encontrarmos com Deus, temos caminhar sempre no sentido da nossa interioridade, pois o ponto do nosso encontro com Deus ó nosso próprio coração.
Eis as palavras de São Paulo: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?

Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor 3, 16-17).

Na Carta aos Romanos, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Estas afirmações ajudam-nos a compreender como o mistério da Encarnação proporcionou à Humanidade um salto de qualidade.

A Carta aos Gálatas diz que, com Cristo chegou a plenitude dos tempos. Os tempos anteriores a Cristo foram os tempos da gestação. Com a Encarnação começou a dinâmica do parto, iniciando o nascimento dos filhos de Deus:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher sujeita ao domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sujeitos à Lei e conceder-lhes a adopção de Filhos de Deus.

E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que, nos nossos corações clama: “Abba, papá querido”.

Deste modo já não és escravo, mas filho. E se és filho és também herdeiro pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).

Segundo a Carta aos Romanos, nós somos incorporados na Família de Deus como filhos e herdeiros em relação a Deus Pai e como irmãos e co-herdeiros em relação ao Filho de Deus” (Rm 8, 14-17).

Com o mistério da Encarnação aconteceu uma união orgânica e interactiva do divino com o humano em Jesus Cristo.

Nesta interacção, nem o humano é anulado, nem o divino é diminuído. Eis as palavras de São na Carta aos Romanos:

“De facto, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus.
Vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes com medo. Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção que faz de todos nós filhos de Deus e nos leva a chamar a Deus “Abba”, isto é, Pai Querido!”

É o próprio Espírito Santo que, no nosso íntimo, dá testemunho de que somos realmente filhos de Deus.

Ora, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com o Filho de Deus” (Rm 8, 14-17).

Os evangelhos gostam de apresentar o Reino de Deus em forma de um banquete. Na verdade trata-se do grande banquete da Família de Deus.

Por outras palavras, o Reino de Deus é a festa universal do Amor, onde todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que treinou enquanto viveu na terra.

Isto significa que é na História que estamos a edificar a nossa identidade espiritual, isto é, o nosso jeito de amar.

O evangelho de São João diz que o Filho de Deus, ao encarnar, nos deu o poder de nos tornarmos filhos de Deus:

“Mas a quantos o receberam, aos que nele crêem deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram dos laços do sangue, nem dos impulsos da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

O Verbo encarnou e veio habitar no nosso meio. E nós vimos a sua glória, essa glória que ele possui como filho unigénito do Pai cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 12-14).

Ao nascer da aurora, Deus modelou o barro primordial do qual nasceu Adão (cf. Gn 2, 7).

Ao chegar o meio-dia, Deus concedeu ao Homem o dom da divinização, salvando-o em Cristo:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era velho passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que, em Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

Os anseios mais profundos do coração humano encontram a sua realização no acontecimento de Jesus Cristo, a cúpula da Nova Humanidade.

Caminhando de modo gradual e progressivo por este caminho, vamo-nos aproximando da plenitude universal, a qual acontece na festa da Família Universal de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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