quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

DEUS NÃO É O CRIADOR DO INFERNO-I


I-O INFERNO NÃO É UM LUGAR

O inferno não é um lugar criado por Deus para martirizar as pessoas que se portam mal.

Segundo a linguagem tradicional as pessoas após a morte ficavam num dos três lugares seguintes: o Céu, o Purgatório ou o Inferno.

Eram como que três moradas para onde iam as pessoas.
As pessoas que tivessem feito o bem na terra iam para uma morada boa, chamada de Céu.

As pessoas que tivessem feito coisas más, mas não muito, iam par outra morada que embora fosse temporária, implicava um sofrimento muito grande.

Esta segunda morada chama-se Purgatório. Era o lugar onde ficavam durante algum tempo para se purificarem.

Havia ainda uma morada terrível cujo nome é o inferno, o qual é um lugar de tormentos e torturas eternas.

Hoje sabemos que após a morte, as pessoas são apenas seres espirituais e, por isso, já não ocupam moradas e não estão dentro do tempo, pois são eternas.

A vida espiritual, após a nossa morte realiza-se e atinge a sua perfeição num convívio de comunhão amorosa.

Se quisermos utilizar a imagem de uma morada para falar da situação das pessoas após a morte teremos de dizer que, após a morte, existe apenas uma morada: a comunhão universal da Família de Deus.

As pessoas que se encontram na festa do Céu e as que se encontram no Purgatório estão na mesma morada.

A diferença está apenas no facto de umas já estarem em felicidade total e as outras não.

Após a morte há pessoas que ainda não estão totalmente felizes na festa do Céu porque se sentem envergonhadas do mal que os seus pecados fizeram a outros que ainda estão a sofrer na terra por causa disso.

Uma vez que na terra desapareça o sofrimento que perdura por causa dos seus pecados, a pessoa encontra a alegria total.

Como sabemos, as pessoas que já morreram não podem fazer nada por elas.

De facto, já não podem vir à terra e fazer coisas boas para apagar o mal que fizeram. Só nós, os que vivemos na terra, os podemos ajudar.

A maneira de nós apagarmos as marcas das suas recusas de amor é realizarmos gestos e acções de amor, a fim de anularmos as forças das suas recusas de amor.

Procedendo assim, estamos a construirmo-nos como pessoas e a ajudar os que viveram antes de nós e se encontram em situação de Purgatório.

Os que se encontram em estado de inferno, pelo contrário, não estão em sala nenhuma.

Estas pessoas estão tão fechados em si que não têm qualquer capacidade para se relacionar nem comungar com os outros.

Essas pessoas não podem encontrar a vida plena, pois a plenitude da vida não está na pessoa isolada, mas na comunhão com os outros.

Por outras palavras, apenas em relações interpessoais e de comunhão amorosa a pessoa pode encontrar a sua plena felicidade.

São Paulo, referindo-se à plenitude da vida após a morte diz uma coisa muito bonita:

“O Reino de Deus não é um questão de comida e bebida, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17). O Céu é exactamente isto que São Paulo diz de modo tão bonito.

O Céu é, pois a festa do encontro em que a pessoa comunga com os outros nos laços da paz e alegria no Espírito Santo.

Já não há lonjura no Céu, pois todos encontram as demais pessoas, tanto as humanas como as divinas no seu coração.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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