quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A MORTE E O SENTIDO DA VIDA-IV

IV-APENAS O SER HUMANO SABE QUE VAI MORRER

A certeza de que havemos de morrer é um convite a descobrir as razões mais válidas para viver.

Além disso, o sentido da nossa vida cresce na medida em que tomamos consciência de que é na história que estruturamos o jeito de amar que teremos para sempre.

Na verdade, levamos no nosso íntimo um ser espiritual em construção, o qual emerge no nosso íntimo como o pintainho dentro do ovo.

A morte é como que o último dos partos que vão possibilitando o nascimento do Homem Novo.

Pegando no exemplo do pintainho a germinar dentro do ovo, nós verificamos que, pelo acontecimento da morte, a casca do ovo rebenta.

À luz da nossa fé o acontecimento da morte é a condição necessária para o pintainho entrar na Festa da Vida Plena.

Isto quer dizer que ávida plena só pode acontecer numa comunhão sem limites. Por outras palavras, mediante o parto derradeiro da morte, nascemos para Deus e somos transfigurados.

Ao anular o nosso ser exterior, a morte possibilita a libertação definitiva do nosso ser interior, o qual é pessoal e, portanto, espiritual.

Na verdade, a morte não mata a pessoa, mas destrói o nosso ser exterior. No momento da nossa morte, Jesus ressuscitado surge para nós como garantia de Vida Eterna.

Ele é a Árvore da Vida cujo fruto nos dá a vida eterna. O Paraíso, fechado por causa do pecado de Adão, foi reaberto para a Humanidade em Jesus Nazaré (Lc 23, 43).

Com o acontecimento da ressurreição de Cristo, a nossa vida fica iluminada no seu sentido mais profundo:

De Adão, o homem tirado da terra, veio o nosso ser exterior, isto é, biológico, psíquico e mortal.
De Cristo Ressuscitado, o Novo Adão, veio a Vida Eterna.

Isto acontece assim porque Jesus Cristo, ao ressuscitar, nos comunica a semente da Vida Divina, isto é, o Espírito Santo que nos introduz na Família de Deus (Gal 4, 4-7).

Por outras palavras, ao ressuscitar, Jesus comunica-nos o Espírito Santo, a Água Viva que, no nosso íntimo, faz jorrar a nascente da Vida Eterna.

Graças a Cristo ressuscitado a Humanidade foi assumida e organicamente incorporada na Família da Santíssima Trindade.

Fazendo alusão à oração de Jesus no jardim das Oliveiras, a Carta aos Hebreus diz que Cristo fez orações àquele que o podia libertar da morte e foi atendido, devido à sua piedade (Heb 5, 7).

Esta libertação da morte, para ser de facto uma libertação da morte deve ser entendida como algo que aconteceu em simultâneo com o próprio acto de morrer.

Por outras palavras, Jesus não esteve um só momento sob o domínio da morte. Na verdade, a vitória de Cristo sobre a morte aconteceu pela acção do Espírito Santo em simultâneo com o próprio acto de morrer.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

Sem comentários: