quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O HOMEM A QUEM CHAMAVAM LOUCO-II


II-A SUA FÉ NÃO ERA ALIENAÇÃO

Ao criar-nos à sua imagem e semelhança, Deus deu-nos a capacidade de amar e criar sociedades justas e fraternas.

É preciso sonhar e programar um novo tipo de sociedades onde o critério não seja apenas o lucro ou o domínio de uns homens sobre os outros.

As sociedades opressivas impedem a emergência de homens livres, capazes de criar um novo jeito de pessoas, capazes de conviver em paz e comunhão fraterna.

As sociedades onde domina a opressão e a injustiça, ao gerar homens oprimidos estão a impedir que o processo de humanização avance.

A lei da humanização é: emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal.

A emergência pessoal acontece como crescimento de pessoas capazes de se exprimirem de modo livre, consciente, responsável e de se relacionar com os outros em dinâmica de amor.

As pessoas que oprimem os outros nunca serão pessoas livres, pois a liberdade é a capacidade de se relacionar amorosamente.

Como fomos criados à imagem e semelhança de Deus, estamos talhados para construir sociedades onde o convívio e as relações assentam sobre a dinâmica do amor.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão fraterna.

Amar é eleger o outro como alvo de bem-querer, aceitando-o tal como é, apesar de ser diferente de nós, e agir de modo a facilitar a sua realização e felicidade.

Deus deu-nos a capacidade de fazermos opções, escolhas e programas em que o princípio básico seja tornar possível a realização de todas pessoas.

A cidade regida pelos princípios do amor, dizia o Louco da Vila Grande, merece receber o nome de Cidade Nova.

A edificação desta cidade, dizia ele, é obra de todos, pois só é fraterna a cidade onde todos tomam parte naquilo que a todos diz respeito.

Todas pessoas, portanto, são válidas para colaborar na tarefa da realização da Cidade Nova. Cada qual, porém, colabora com as capacidades que tem.

Eis a razão pela qual, na Cidade Nova, as pessoas sentem-se felizes, pois ninguém é obrigado a fazer aquilo para o qual não tem vocação ou aptidões.

Na Cidade Nova ninguém pensa em criar necessidades artificiais, a fim de levar as pessoas a comprar o que não necessitam.

Por outras palavras, na Cidade Nova ninguém explora os outros, nem engana as pessoas só para amontoar dinheiro.

As pessoas da Cidade Nova são educadas segundo o princípio da partilha e da ajuda mútua.

Os habitantes da Cidade Nova sabem que a partilha é o único princípio capaz de gerar abundância.

Nunca ninguém ficou mais pobre por partilhar com os outros.

Os evangelhos ensinam este princípio com os relatos das multiplicações dos pães e dos peixes, as quais resultaram do facto de as pessoas se porem a partilhar.

Na Cidade Nova todos fazem render o melhor dos seus talentos e capacidades.

As pessoas vivem felizes e tranquilas, pois sentem que as suas necessidades estão satisfeitas e têm tempo para se alegrarem em convívios fraternos.

A pessoa humana e os seus direitos fundamentais são o valor que os habitantes da Cidade Nova aprender a respeitar desde os primeiros anos da sua existência.

Eis a razão pela qual ninguém vive com medo ou ansiedade, pois ninguém procura o mal ou o prejuízo do seu irmão.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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