sexta-feira, 9 de outubro de 2009
O DRAMA DA FOME NESTE MUNDO DE RIQUEZAS-II
II-O DINHEIRO E OS POBRES
Podemos dizer que, as pessoas que sabem partilhar são uma parábola viva do amor de Deus.
Por outras palavras, a vocação dos que possuem bens é ser uma mediação da providência e do amor de Deus, fazendo que esses bens cheguem aos que não têm.
São estes os ensinamentos que Jesus nos transmite sobre os bens e afraternidade humana.
Assente sobre uma civilização agrária, o Antigo Testamento ordenava que os donos das terras, na época das ceifas, deviam deixar uns restos nos capos, a fim de os pobres os poderem apanhar.
O mesmo devia ser feito pelos donos das vinhas e dos pomares, diz o Livro do Levítico (Lv 19, 9-
10).
Em cada três anos, um décimo dos produtos da sementeira ou das vinhas e pomares devia reverter em favor dos que não possuiam terras, diz o Livro do Deuteronómio (Dt 26, 12).
Nos nossos dias esta questão apresenta-se de modo diferente. Mais que falar do problema de deixar frutos para os pobres virem a apanhar atrás dos ceifeiros, hoje põe-se sobretudo a questão dos salários justos dos que trabalham, do grande drama do trabalho precário ou no direito dos pobres à saúde.
Põe-se ainda a questão do direito a uma habitação condigna, à escolaridade e uma boa formação profissional.
À luz da fé, não podemos dizer que o dinheiro, em si mesmo seja um mal, pois ele é uma ferramenta para facilitar a vida das pessoas.
O problema moral associado ao dinheiro é que este pode ser usado para bem, sendo gerido numa linha de justiça e fraternidade.
Como sabemos, há muitas pessoas que estão impedidas de se humanizar por falta de dinheiro.
Por outro lado, há muitas pessoas que se desumanizam por usarem o dinheiro contra os seus irmãos.
O que as pessoas fazem com o dinheiro mostra o que elas são e pensam em relação a si e aos outros.
Onde estiver o tesouro de uma pessoa, disse Jesus aos discípulos, aí estará o seu coração (Mt 6, 21).
Se os seres humanos que têm dinheiro decidirem geri-lo na linha da fraternidade, estes podem ter a certeza de que serão abençoadas por Deus e por todos aqueles que foram beneficiados por eles.
De facto, sempre que pomos o nosso dinheiro ao serviço do amor estamos a sintonizar com o coração de Deus.
Apesar dos avanços da ciência e da técnica, a pobreza está a aumentar no mundo. Mas temos de dizer que isto não é uma fatalidade.
Jesus ensinou-nos a entrar na dinâmica da partilha, o único caminho que nos conduz até à abundância.
Com o milagre da multiplicação dos pães, Jesus quis ensina-nos que o pouco partilhado chega para muitos e ainda sobra (Mt 14, 13-21; Mc 6, 34-44; Lc 9, 10-17).
O Evangelho ensina-nos que as pessoas que se deixam enredar na posse do dinheiro e das riquezas dificilmente entrarão no Reino de Deus.
O projecto de Deus, diz a mãe de Jesus no evangelho de São Lucas, é encher de bens os famintos e despedir sem nada os que se recusam a partilhar (Lc 1, 53).
É importante, dizia João Baptista, que aqueles que têm duas túnicas repartam com os que não têm nenhuma.
Do mesmo modo, acrescentava ele, os que têm abundância de comida devem fazer o mesmo (Lc 3, 10-11).
O plano de Deus, acrescentou Nossa Senhora, é que os famintos hão-de ser saciados (Lc 6, 20-21; Mt 5, 3-12).
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