sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O DRAMA DA FOME NESTE MUNDO DE RIQUEZAS-III

III-A CONVERSÃO CONDUZ À PARTILHA FRATERNA

A conversão a Cristo, dizem os evangelhos, passa pela mudança de atitude face às riquezas:

Eis as palavras do recém convertido Zaqueu: “Senhor, eis que vou dar metade dos meus bens aos pobres. Além disso, se defraudei alguém, vou restituir-lhe quatro vezes mais” (Lc 19, 8).

Apesar de se tratar de um relato elaborado para servirdemodelo, o Livro dos Actos dos Apóstolos apresentam a comunidade cristã de Jerusalém como a realização das propostas de Jesus face às riquezas:

“A multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma. Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum (...). Por isso não havia entre eles qualquer indigente.

Os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e colocavam o dinheiro aos pés dos apóstolos. Em seguida distribuía-se a cada um conforme as suas necessidades (Act 4, 32-35).

O pecado dos ricos que se recusam a partilhar radica no facto de estes impedirem a humanização dos pobres, esvaziando-os da sua dignidade.

Por isso o evangelho diz que este tipo de pessoas está a caminhar para o malogro e o fracasso definitivo (Lc 1, 46-53).

Isto quer dizer que o Homem se faz, fazendo, realiza-se, realizando. O coração das pessoas vai-se estruturando em harmonia com as opções e atitudes que toma face ao amor e à fraternidade.

Por outraspalavras, as pessoas não não valem pelo que têm, mas sim pelo que são e ser é ser pessoa livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa (cf. Lc 12, 15).

Valorizar as pessoas pelo ter é colocar-se numa perspectiva oposta à doutrinado Evangelho, diz a Carta de São Tiago (Tg 2, 1-4).

O Evangelho não nos fornece leis sobre a partilha. Esta, é uma atitude humanizante na medida em que nascedo amor.

A generosidade é um impulso que brota do coração e se mede pelo amor e não pelos cálculos das contas bancárias.

A generosidade nasce no íntimo da pessoa e põe-na em sintonia com o coração de Deus. No entanto, não podemos esquecer o alerta de Jesus: as riquezas são perigosas, pois podem ser um obstáculo ao conhecimento de Deus e à Felicidade Eterna (Lc 12, 16-21).

O problema não é ter dinheiro, mas deixar-se enredar nele, caindo na indiferença e ignorando o sofrimento dos que estão em penúria.

O dinheiro, se não houver cuidado, obscurece a visão da pessoa face à carência e ao sofrimento dos pobres, diz o evangelho de são Lucas (Lc 16, 19-31).

Os cristãos estão chamados a ser no mundo uma parábola viva de fraternidade, sabendo gerir as riquezas no sentido da partilha.

No evangelho de São Lucas, Jesus convida-nos a fazer melhor do que fazem os pagãos, os quais apenas emprestam aos que têm riquezas bens para nos pagar (Lc 6, 27-28).

Neste ponto como em muitos outros, Jesus convida-nos a não nos conformarmos com os critérios do mundo.

Por outras palavras, Jesus convida os seu discípulos a viver uma vida profética no que se refere ao modo de usar o dinheiro e as riquezas.

A partilha e a generosidade podem não ser atitudes politicamente correctas, mas são atitudes fundamentais para a humanização das pessoas e o equilíbrio das sociedades.

Também no que se refere às riquezas, foi por esta Jesus que Jesus convidou os Apóstolos a ser sal, luz e fermento no meio mundo (cf. Mt 5, 13-16).

Além de ser uma tarefa inglória, passar a vida a amontoar tesouros é uma distorção da nossa vocação fundamental em relação à gestão das riquezas.

Com uma grande sabedoria, Jesus disse que passar a vida a amontoar tesouros na terra é estar guardar a meter na arca coisas corruptíveis que a traça destroe e os ladrões farão tudo para roubar (Mt 6, 19-20; Lc12, 33-34).

A experiência ensina que a fonte da felicidade não é o dinheiro mas sim o amor e este nunca será destruído.

O mundo está cheio de gente que vive a nadar em riquezas e, no entanto, é profundamente infeliz.

Mas não é possível encontrar uma pessoa que esteja a gastar a vida pelas causas do amor e se sinta profundamente infeliz.

Nos seus ensinamentos, Jesus foi muito claro dizendo que não é possível servir ao mesmo tempo Deus e o dinheiro.

O dinheiro deve ser posto ao serviço do amor, diz Jesus no evangelho de São Lucas. ele insiste na necessidade de termos o coração liberto face ao dinheiro (Lc 16, 13 -14).

No evangelhos de São Lucas, Jesus diz que o insensato passa a vida a amontoar riquezas. Depois de encher o celeiro faz obras e aumenta-o, a fim de este reter e amontoar mais frutos.

DepoisJesus termina dizendo: “Quando menos pensava, veio a morte e os bens que amontoou acabaram por ficar para outros.

Tudo o que este insensato amontoou de nada lhe serviu (Lc 12, 13-21). Quem vive como insensato, morre como insensato.

Nisto se vê a grande sabedoria de Jesu quando afirmou: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se acabar por entrar no caminho do malogro e fracasso definitivo? (Mt 16, 26; Mc 8, 36; Lc 9, 25).

A partilha é o caminho seguro da abundância. O evangelho de Jesus diz que a coragem de partilhar insere as pessoas na dinâmica da salvação:

“Vinde benditos de meu Pai, pois tive fome e sede, estava nu, preso e doente e vós atendestes-me (Mt 25, 34-45).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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