segunda-feira, 12 de outubro de 2009

DOIS TESTAMENTOS E UMA SÓ BÍBLIA-II

II-OS DOIS TESTAMENTOS E A FIDELIDADE DE DEUS

A Revelação não é um mero discurso teórico de Deus. Implica uma presença especial do Espírito Santo no interior do povo de Deus.

O Antigo Testamento é um conjunto de relatos que testemunham as experiências primordiais da revelação e da acção de Deus na história do seu povo.

Por outro lado, estes relatos são também uma mediação para o Espírito Santo fazer acontecer revelação no nosso coração.

A revelação, portanto, é uma experiência e uma vivência a qual não é apenas o conhecimento do projecto de Deus, como também uma capacitação para amar ao jeito de Deus.

Uma vez que o Antigo Testamento é também revelação para os cristãos, existe uma relação teológica entre o povo bíblico e o Novo Povo de Deus.

Podemos dizer que o Antigo Testamento contém uma história que se move continuamente da promessa para a sua realização.

Ao mesmo tempo ajuda-nos a compreender Jesus Cristo como o enviado de Deus que fora antecipadamente anunciado.

Na verdade, Jesus confirma o Antigo Testamento, pois é o sinal da fidelidade de Deus que realizaou as antigas promessas.

Se Jesus confirma o testemunho profético do Antigo Testamento, então temos de reconhecer que este é revelação para os cristãos.

Por seu lado, o Novo Testamento confirma e confere plenitude à revelação do projecto de Deus tal como ele se manifestou nas maravilhas relatadas pelo Antigo Testamento.

Mas não podemos ignorar o carácter de plenitude que o Novo Testamento confere ao Novo. Do ponto de vista do Novo Testamento, Jesus Cristo é o centro da História da Salvação e o início de uma Nova Criação (2 Cor 5, 17-19).

Em Jesus Cristo a salvação adquire uma dimensão universal. A salvação encontra-se em Jesus Cristo, pois foi ele que deu início à plenitude dos tempos como diz a Carta aos Gáçatas (Gal 4, 4).

O Antigo Testamento apresenta-se como processo histórico a caminhar para uma meta. O Novo Testamento, por seu lado, proclama que a meta pela qual o Antigo Testamento suspirava é Jesus Cristo.

Jesus Cristo cumpriu plenamente a Lei e os profetas diz o evangelho de São Lucas (Lc 24, 25-27).

O Antigo Testamento é citado como um conjunto de promessas e profecias agora plenamente realizadas em Cristo.

Este modo de proceder significa que o Novo Testamento precisa do Antigo para testemunhar de modo pleno e perfeito o acontecimento de Cristo.

Os primeiros cristãos usavam o Antigo Testamento porque acreditavam que Jesus é o Cristo anunciado pela Lei, os profetas e os salmos.

Nesta interacção do Antigo com o Novo Testamento, a História da Salvação aparece-nos como uma cadeia de relatos e acontecimentos ligados pela profecia e a sua realização.

Uma vez que o cume da História da Salvação é Cristo, é normal que o sentido mais profundo do Antigo Testamento como História da Salvação só possa ser entendido de modo pleno e perfeito pelos aceitam o Novo Testamento.

Isto quer dizer que as palavras e acontecimentos do Antigo Testamento só pode ser totalmente claros quando vistos na perspectiva do Novo.

Vistos nesta perspectiva interactiva, torna-se claro que tanto o Novo Testamento como o Antigo pertencem um ao outro e nenhum deles está completo sem o outro.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



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