domingo, 18 de outubro de 2009

MEDITANDO SOBRE O SER E O AGIR DE DEUS-II

II-DEUS É FIEL, VERDADEIRO E SEMPRE NOVO

Se o amor de Deus Pai é uma novidade constante, então o Filho de Deus está constantemente a ser gerado.

Deus é um verbo (acção, acontecimento, dinamismo) no presentre: “Eu Sou”. Isto quer dizer que Deus é um novidade constante, a acontecer no presente.

Face à novidade constante do amor de Deus Pai, o Filho Eterno de Deus exprime o seu amor filial de maneira sempre nova.

Deus Pai ama com amor ágape, isto é, como doação incondicional que não é motivada por qualquer outra doação prévia.

Isto quer dizer que o amor paternal de Deus Pai não é precedido de qualquer outro estímulo amoroso.

Por seu lado, o Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar, é o coração, isto é, o princípio animador da comunhão trinitária.

A Primeira Carta de São João diz que Deus é amor e que o modo de o conhecermos em profundidade é começarmos a amar (1 Jo 4, 7-8).

Agora podemos compreender melhor como a oração ao jeito de Cristo tem de ser sempre uma oração feita no Espírito Santo.

E isto é possível, diz São Paulo, porque o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações.

Eis as palavras da Primeira Carta de São João: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus.

Quem não ama não pode conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8). Estas palavras significam que o conhecimento de Deus é, afinal, uma actividade do coração.

O homem que se mantém fiel à Aliança de Deus receberá como prémio as bênçãos prometidas e a vida em plenitude da vida:

“O Senhor respondeu: muito bem, servo bom e fiel! Uma vez que foste fiel em pequenas coisas, vou conceder-te domínio sobre coisas grandes.

Vem e partilha a felicidade do teu Senhor” (Mt 25, 23). A fidelidade de Deus, diz a Carta aos Hebreus, manifesta-se no facto de ele manter inalterável a sua Aliança e o seu amor para connosco.

“Conservemo-nos firmes na esperança, pois aquele que fez a promessa é fiel” (Heb 10, 23). A fidelidade de Deus é maior que o nosso pecado. Por outras palavras, nem o pecado dos homens consegue anular a fidelidade de Deus, como diz o profeta Jeremias:

“Israel e Judá não foram esquecidos pelo Deus Altíssimo, apesar de a sua terra estar cheia de culpa e iniquidade diante do Santo de Israel” (Jer 51, 5).

Apesar das nossas infidelidades, diz São Paulo, Deus continuará a ser fiel, pois não pode negar-se a si mesmo (2 Tim 2, 13).

Se nós estamos salvos, isso deve-se à fidelidade de Deus, diz a Segunda Carta aos Coríntios:
“Aquele que nos confirma juntamente convosco em Cristo é Deus.

Foi ele que nos marcou com o seu selo, colocando nos nossos corações o penhor do Espírito Santo” (2 Cor 1, 21-22).

Chocado com a infidelidade do Povo, o profeta Jeremias anuncia uma Nova Aliança, a qual não assenta em leis ou preceitos, mas na comunicação do Espírito Santo:

Não será como a aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para ao fazer sair da terra do Egipto, Aliança que eles não cumpriram, apesar de eu ser o seu Deus, oráculo do Senhor.

Esta será a Aliança que vou estabelecer naqueles dias com a casa de Israel, oráculo do Senhor:
imprimirei a minha lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.

Ninguém precisará de ensinar o seu próximo dizendo: conhece o Senhor, pois todos me conhecerão, desde o maior ao mais pequeno.

A todos perdoarei as suas faltas e não mais me lembrarei dos seus pecados” (Jer 31, 31-34). A vontade de Deus para nós varia, não porque Deus seja inconstante ou arbitrário, mas porque nós somos seres em construção.

Por outras palavras, Deus interage com as pessoas de modo adequado à realização e crescimento de cada uma.

É muito perigoso brincar com Deus. Não porque Deus se vingue, mas essa atitude é o sinal de que a pessoa já entrou no caminho do malogro e do fracasso.

O Novo Testamento diz que Jesus estava permanente em sintonia com a vontade do Pai:

“O meu alimento, diz ele no evangelho de São João, é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

E ainda: “Desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou.

E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas que os ressuscite no último dia.

Sim, esta é a vontade de meu Pai: quem vê o Filho e acredita nele tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 38-40).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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