quarta-feira, 21 de outubro de 2009

DEUS MOLDOU-NOS PARA A VIDA ETERNA-II

II-ENCARNAÇÃO E VIDA ETERNA

O evangelho de São João diz que a Encarnação é a possibilidade de possuirmos a vida eterna:

“Aos que o receberam, aos que crêem nele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram dos laços do sangue. Também não nasceram de um impulso da carne nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, essa glória que ele possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de Graça e Verdade” (Jo 1, 12-14).

A Vida Eterna resulta da nossa incorporação na Família de Deus cujo resultado é a nossa divinização.

A Primeira Carta de São João diz que a dinâmica da vida eterna é o amor: “Nós sabemos que passámos da morte para a vida, porque amamos os irmãos.

Quem não ama permanece na morte. Todo o que tem ódio ao seu irmão é homicida e vós bem sabeis que nenhum homicida tem dentro de si a Vida Eterna” (1 Jo 3, 14-15).

A Vida Eterna é um dom que nos vem de Deus através de Jesus Cristo ressuscitado. Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “Deus deu-nos a vida eterna, pois esta vida está no seu Filho.

Quem tem o Filho tem a Vida, quem não tem o Filho não tem a Vida” (1 Jo 5, 11-12). A Vida Eterna atinge a sua plenitude no Reino de Deus, mas está a emergir na História.

Graças ao acontecimento histórico de Jesus Cristo, a pessoa vai sendo divinizada na medida em que se humaniza.

Jesus propõe-nos um jeito novo de viver, o qual nos possibilita uma interacção nova com o Espírito Santo, condição para atingirmos o conhecimento de Deus.

O evangelho de São João diz que a vida eterna consiste em conhecer a Deus: “Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem tu enviaste” (Jo 17, 3).

Conhecer, na Bíblia, significa interagir de modo amoroso e fecundo. O conhecimento de Deus e de Jesus Cristo implica uma união orgânica que é a fonte de uma nova qualidade de vida:

“Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11, 27).

Conhecer Deus é, pois, interagir de modo amoroso e fecundo com as pessoas divinas. Este conhecimento é algo que só pode acontecer pela acção do Espírito Santo, como diz o evangelho de São Lucas:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

Sim, Pai, porque foi esta a tua vontade e o teu agrado” (Lc 10, 21). Como este texto nos indica, o conhecimento de Deus não é uma questão teórica, mas uma experiência viva feita no Espírito Santo.

A Primeira Carta de São João diz-nos que o conhecimento de Deus é uma questão de amor:

“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. Todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.

O que não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus á amor” (1 Jo 4, 7-8). Depois acrescenta: “A Deus nunca ninguém o viu, mas se nos amarmos, Deus permanece em nós e o seu amor chega à perfeição em nós” (1 Jo 4, 12).

A razão de isto ser assim é porque Deus é amor, como diz a Primeira Carta de São João: “Deus é amor. Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4, 16).

Jesus disse a Filipe que o seu jeito de ser e amor são a revelação do jeito de ser e amar do Pai:
“Há tanto tempo que estou convosco e não me ficastes a conhecer, Filipe?

Quem me vê, vê o Pai. Como é que ainda me dizes mostra-nos o Pai?” (Jo 14, 8-9). O grande guia na caminhada do conhecimento de Deus é o Espírito Santo.

Não por nos comunicar muitos conceitos, mas por nos conduzir para atitudes de amor idênticas às de Cristo:

“Fui-vos dizendo estas coisas enquanto estava convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, recordando-vos as coisas que vos disse” (Jo 14, 25-26).

Jesus disse aos discípulos que o Espírito Santo tem a tarefa de completar a sua missão, conduzindo-os para a Verdade plena:

“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender por agora. Mas quando vier o Espírito da Verdade ele há-de guiar-vos para a verdade completa” (Jo 16, 12-13).

A Verdade plena é o conhecimento de Deus que culmina numa perfeita interacção amorosa e fecunda.

No evangelho de São Mateus, Jesus diz que não há conhecimento de Deus que não passe pelo amor aos irmãos:

“Então os justos vão responder a Jesus: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?

Quando te vimos peregrino e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?

Então o rei responder-lhes-à: “Em verdade em verdade vos digo: sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 37-40).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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