quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DO DEUS VINGATIVO AO DEUS PAI AMOROSO-III

III-JESUS PERDOA PECADOS E DEFENDE OS PECADORES

Foi a pregação apocalíptica de São João que motivou Jesus a retirar-se para o deserto, a fim de melhor conhecer o plano de Deus sobre a sua missão messiânica.

Os evangelhos acentuam que Jesus estava preocupado por conhecere e ser fiel à vontade do Pai:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34). E ainda: “Não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30).

Os evangelho deixam bem claro que Jesus não via a sua missão como uma tarefa destinada a matar os pecadores.

O modo de actuar de Jesus demonstra que nunca se atribuiu o papel de executor da ira de Deus.

Mas não há dúvida de que Jesus via a destruição do pecado como um dos aspectos centrais da sua missão.

A destruição do pecado era uma tarefa essencial para acontecer a libertação dos pecadores.

Muitas vezes Jesus se opôs à prática cruel do judaísmo que matava os pecadores, julgando prestar assim um serviço à justiça de Deus.

E assim, por exemplo, Jesus tomou a defesa da mulher adúltera, apesar de ser totalmente contra
o pecado do adultério (Jo 8, 3-11).

Outra vez entrou em casa de Zaqueu e sentou-se à mesa para tomar uma refeição com pecadores e marginais, diz São Lucas (Lc 19, 7-8).

São Paulo entendeu muito bem a missão libertadora de Jesus que veio para salvar os pecadores e não para os destruir.

Eis o que ele diz na Primeira Carta a Timóteo: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro” (1 Tim 1,15).

O próprio Jesus disse muitas vezes que a vontade de Deus é a salvação dos pecadores:

No relato da Anunciação, São Mateus põe na boca do anjo as seguintes palavras dirigidas a José:
“Ela dará à luz um filho e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vem para salvar o povo dos sus pecados” (Mt 1, 21).

Um diz em que discutia com os fariseus, Jesus disse-lhes: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” (Lc 5, 32).

Jesus sabia distinguir muito bem entre pecado e pecador. O pecado é para ser destruído, pois oprime o Homem. O pecador, pelo contrário, é para ser liberto e salvo.

Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Quem comete o pecado é escravo do pecado” (Jo 8, 34).

Por isso os fariseus o acusavam de ser infiel a Deus, pois até comia com os pecadores: “Estando Jesus em casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à mesa com ele e os seus discípulos.

Vendo isto, os fariseus perguntaram aos discípulos: “Porque come o vosso mestre com os publicanos e os pecadores?” (Mt 9, 10-11; cf. Mc 2, 15-16; Lc 5, 30).

Jesus manifesta sempre grande alegria quando um pecador se liberta do pecado que o oprime:
“Alegrai-vos comigo porque encontrei a minha ovelha perdida!

Eu vos digo que haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converta do que por noventa e nove justos que não precisa de conversão” (Lc 15, 6-7).

A parábola do Filho Pródigo é um ensinamento genial de Jesus para exprimir o amor incondicional de Deus para com os pecadores.

Segundo esta parábola, o pecador pode estar seguro de encontrar sempre o Pai do Céu de braços abertos para o acolher (Lc 15, 11-32).

Eis o que São Paulo diz no Livro dos Actos dos Apóstolos: “Sabei que é por este Jesus que a remissão dos pecados vos é anunciada” (Act 13, 38).

Isto quer dizer que os textos apocalípticos que falam da segunda vinda de Jesus para destruir os pecadores são obra dos Apóstolos, não de Jesus.

Estes textos são provenientes dos apocalipses do dia da ira dos profetas. Como Jesus não realizou estas profecias durante a sua primeira vinda, pensam os Apóstolos, é porque as vai realizar na segunda.

O Pai pregado por Jesus é sempre apresentado como um Pai bondoso e nunca e nunca o Deus vingativo dos textos proféticos do dia da ira.

Ao ensinar os discípulos a rezar, Jesus ensinou-os a tratar Deus como Pai bondoso sempre disposto a ajudar-nos. Jesus dizia que Deus é bom e boas são as coisas que vêm de Deus (Mt 6, 9-13).

O evangelho de São João diz que Deus Pai enviou o seu Filho ao mundo para salvar os pecadores:

“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o munda seja salvo” (Jo 3, 17).

Na Primeira Carta a Timóteo São Paulo exprime de maneira muito bonita o plano sonhado por Deus para a Humanidade:

“Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 4).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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