À medida que um ser humano se humaniza emerge como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de amar.
A tarefa da humanização dura a vida toda de uma pessoa. Estamos na História para nos humanizarmos e, deste modo, atingirmos a meta da divinização.
A Comunhão Universal para a qual convergem os seres humanos é a festa universal do Reino de Deus.
Isto quer dizer que o projecto de Deus para a Humanidade engloba duas dimensões: a criação e a salvação.
A salvação da pessoa humana consiste na sua incorporação na Família de Deus. Eis as palavras de São Paulo:
“Na verdade, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão que vos encha de medo.
Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção que faz de vós filhos adoptivos. É por este Espírito que clamamos “Abba” ó Pai.
O próprio Espírito Santo dá testemunho no nosso íntimo de que realmente somos filhos de Deus.
Ora, se somos filhos também somos herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 14-16).
Graças a esta presença dinâmica do Espírito Santo em nós, Deus torna-se realmente o Emanuel, isto é, o Deus connosco, como diz o evangelho de São Mateus:
“Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho a quem chamarão Emanuel, isto é, Deus connosco” (Mt 1, 23).
Pelo primeiro beijo, o Espírito Santo Deus vai-nos moldando à imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 26-27).
Pelo segundo, vai-nos incorporando na Família Divina (Jo 1, 12-14). Pelo primeiro beijo, o Espírito Santo facilita a nossa caminhada no processo da humanização.
O Espírito Santo é o Espírito de Cristo ressuscitado. Assim como ressuscitou Jesus também nos vai ressuscitando com ele.
O sacramento da Eucaristia exprime esta união orgânica com Cristo, dizendo que nós e Jesus fazemos um como ele é um com o Filho Eterno de Deus e, através dele, é um com o Pai:
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo quem me come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).
E foi assim que o Filho unigénito de Deus, ao encarnar se tornou o primogénito de muitos irmãos, como diz São Paulo (Rm 8, 29).
São Paulo não se cansava de insistir que o Espírito Santo habita no nosso coração. Em primeiro lugar diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
Na Primeira Carta aos Coríntios, ele diz que o nosso coração é um templo no qual habita o Espírito Santo:
“Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16).
Repete ainda esta mesma ideia na Segunda Carta aos Coríntios: “Nós é que somos o templo do Deus vivo, como disse o próprio Deus:
Habitarei e caminharei no meio deles, serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2 Cor 6, 16).
Diz ainda: “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo recebestes de Deus e que está em vós? “ (1 Cor 6, 19).
A presença do Espírito Santo é nós é uma fonte de santidade: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor 3, 16-17).
Eis como o Livro do Apocalipse descreve a comunhão definitiva do Homem com Deus na plenitude do Reino:
“E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: ‘Esta é a morada de Deus entre os homens.
Ele habitará com os homens e eles serão o seu povo. Deus estará com eles e será o seu Deus, enxugando todas as lágrimas dos seus olhos, pois já não haverá mais morte nem pranto nem dor”. (Apc 21, 3-4).
Calmeiro Matias
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