II-A ESTRUTURA DIALOGANTE DA CONSCIÊNCIA HUMANA
Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo vai-se adaptando às nossas capacidades e talentos, a fim de interagir connosco de modo adequado e fecundo.
A marcha da nossa humanização caminha em diálogo com o Espírito Santo e com os que nos marcaram ao longo da nossa história.
Isto quer dizer que no coração da pessoa em construção acontece a convergência de Deus, com os outros de quem recebemos os talentos e com o nosso livre arbítrio.
O livre arbítrio é a capacidade psíquica de uma pessoa optar pelo bem ou pelo mal. É através do modo como a pessoa orienta o seu livre arbítrio que decide ser ou não fiel aos apelos do Espírito Santo e aos valores que recebeu dos outros.
Isto quer dizer que a pessoa se constrói sempre em diálogo com os outros e com o sopro da vida que Deus insuflou no interior do barro primordial do qual saiu Adão.
À medida que a pessoa se vai humanizando, o Espírito Santo, cheio de ternura maternal incorpora-nos progressivamente na Família de Deus, a fim de sermos divinizados.
O Espírito Santo, diz São Paulo, introduz-nos na Família de Deus como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-17).
Consciente desta força divinizante do Espírito Santo, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Como abamos de ver, a voz do Espírito Santo faz-se ouvir de modo especial na nossa consciência, convidando-nos a responder aos apelos do amor.
Quando agimos de acordo com a nossa consciência estamos de facto a responder aos apelos do Espírito Santo no íntimo da nossa consciência.
Sempre que ouvimos a nossa consciência a interpelar-nos no sentido de sairmos de nós e ir ao encontro dos irmãos, no fundo estamos a escutar a voz do Espírito Santo.
É isto que o evangelho de São João quer dizer quando nos pede para nascermos de novo pelo Espírito Santo, a fim de tomarmos parte na Família de Deus (Jo 3, 3-6).
De facto, não somos capazes de nos realizar sem os outros e sem esta interacção interior com o Espírito Santo.
Agora já não nos será difícil compreender como o ser humano não nasce consciente.
De facto, a consciência humana vai-se moldando de modo gradual e progressivo.
É também por este facto que não há duas consciências iguais, pois a formação da consciência depende da história concreta da pessoa.
Na verdade, não há duas consciências iguais, pelo facto de não haver duas pessoas com histórias rigorosamente iguais.
A formação da consciência começa por ser o resultado do nosso processo educativo no qual emergimos e crescemos.
Ao habitarmo-nos, isto é, ao tornarmo-nos conscientes já estamos habitados pelos outros.
É também por este motivo que há consciências bem formadas e consciências mal formadas.
Apesar de tudo isto, a consciência é o último recurso para o agir de uma pessoa, pois é o encontro da pessoa com Deus e com os outros que a moldaram.
Jesus disse que não temos o direito de julgar os irmãos.De facto, não temos nas nossas mãos a história das pessoas.
Não conhecemos nunca de modo perfeito os traumas, condicionamentos ou possibilidades que a história de certa pessoa lhe concedeu.
Na verdade, mesmo quando vemos uma pessoa fazer o mal não sabemos se ela está a ser má ou vítima do mal.
A sociedade tem o dever de se defende do mal, mas nunca saberemos se a pessoa que faz o mal é vítima ou culpada desse mal.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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