O conhecimento de Cristo é a mediação fundamental para conhecermos Deus Pai, diz o evangelho de São João:
“Há tanto tempo que estou convosco, Filipe, e ainda não me conheces? Quem me vê, vê o Pai.” (Jo 14, 18).
À medida que conhecemos Cristo, então passamos a conhecer o Pai, isto é, a fazer uma união orgânica com Deus Pai, Deus Filho no Espírito Santo:
“Nesse dia compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo J0 14, 20).
Eis o que significa realmente conhecer Cristo e, através dele, conhecer Deus Pai.
Como sacramento, a Eucaristia exprime exactamente esta união com o Senhor: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.
Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).
A meta desta união orgânica é a comunhão universal da Humanidade com a Divindade:
“Pai, não rogo apenas por eles, mas igualmente por todos os que hão acreditar em mim por meio da sua palavra, a fim de que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti.
Deste modo eles estarão em nós, e o mundo acreditará que tu me enviaste. Pai, eu dei-lhes a glória que me deste, a fim de que todos sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, a fim de eles poderem chegar à perfeição da unidade (…).
Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu conheci-te e estes reconheceram que tu me enviaste.
Eu dei-lhes a conhecer quem tu és e continuarei a dar-te a conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu esteja neles também” (Jo 17, 20-26).
O princípio animador desta interacção amorosa e fecunda é o Espírito Santo: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).
Isto quer dizer que o Espírito Santo nos faz participar de modo orgânico na própria união do Pai e o Filho.
No evangelho de São João, Jesus explicita esta união orgânica com as seguintes palavras: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).
É esta a razão pela qual São Paulo exclama com júbilo: “Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
Vós não recebestes um espírito de escravidão, mas recebestes um Espírito de adopção que faz de vós filhos adoptivos. É por este Espírito que clamamos “Abba”, ó Pai” (Rm 8, 14-15).
Conhecer Cristo, diz a Carta aos Filipenses, é configurar a nossa mente com a sua (Flp 2, 5; cf. 1 Cor 2, 16).
A Carta aos Gálatas sublinha que o conhecimento de Cristo implica uma união muito especial com Cristo e os irmãos: “Vós todos sois apenas um em Cristo” (Ga 3, 29).
Este tipo de união modifica-nos e configura-nos com o próprio Cristo. Eis o modo como São Paulo explicitou este mistério: “Já não sou eu que vivo mas Cristo que vive em mim” (Ga 2, 10).
Conhecer o Senhor, diz a Carta aos Colossences, implica despir-se do homem velho configurado com Adão e revestir-se do homem novo, configurado com Cristo:
“Não mintais uns aos outros, já que vos despistes do homem velho, com as suas más acções, e vos revestistes do homem novo, aquele que, para chegar ao conhecimento, não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador.
No homem novo já não há grego nem judeu, circunciso ou incircunciso, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas apenas Cristo que é tudo em todos e está em todos” (Col 3, 9-11).
Calmeiro Matias
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