II-A CRUZ E A DINÂMICA DA SALVAÇÃO
Foi a partir da cruz que aconteceu difusão salvadora do Espírito Santo. No momento em que o soldado introduziu a lança no coração de Jesus crucificado, saiu sangue e Água, diz o evangelho de São João (Jo 19, 34).
A água é a Água Viva como Jesus tinha ensinado aos Apóstolos, a qual faz emergir uma fonte de Vida Eterna no coração das pessoas (Jo 7, 37-38).
A Água Viva, acrescenta o evangelho, é o Espírito Santo, a força ressuscitadora de Jesus que também nos vai ressuscitando com ele.
As pessoas que beberem desta Água, disse Jesus à Samaritana, nunca mais terão sede (Jo 4, 14).
Do mesmo modo, o sangue que brotou do lado de Jesus, é o sangue da Nova e Eterna Aliança, isto é, o Espírito Santo que é, na verdade, o sangue de Cristo ressuscitado.
Os que são vivificados por este sangue recebem a Vida Eterna e ressuscitam com Jesus Cristo, como disse o mesmo Cristo (Jo 6, 54-55).
Foi a partir da cruz que o Espírito Santo rompe com as fronteiras estreitas da fé judaica.
Quando São João afirma que no momento da morte e ressurreição de Jesus o véu do templo se rasgou de alto a baixo também quer dizer que, nesse momento, Jesus pôs fim às fronteiras estreitas da religião judaica.
Por outras palavras, com a ressurreição de Cristo, a força salvadora do Espírito Santo adquire dimensões universais.
No momento em que Jesus morre e ressuscita no alto da cruz, a primeira pessoa que o reconheceu como Filho de Deus foi o centurião romano, o qual era pagão.
Cristo não nos fala de um Deus Pai cruel, um Deus incapaz de perdoar sem exigir tormentos e maus tratos.
As pessoas que interpretavam a morte de Jesus como um sacrifício expiatório exigido por Deus Pai estavam de facto a desfigurar o rosto de Deus.
Estas pessoas não se davam conta que Deus é uma Família Trinitária cujos laços são o amor e a comunhão.
O que Deus Pai sente em relação a nós também o sente o seu Filho Unigénito, bem como o Espírito Santo.
Jesus curava os doentes e perdoava os pecados, afirmando que era esta a vontade de Deus Pai.
Justificava o seu procedimento, dizendo que estava a proceder de Acordo com a missão que o Pai lhe tinha confiado:
“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
Noutra passagem ainda mais explícita, afirma: “Eu não desci do Céu para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou.
E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas o ressuscite no último dia” (Jo 6, 38-39).
Se é este o jeito de Deus Pai amar e perdoar, como é que ele podia ter exigido ao seu Filho aquela morte cruel?
Deus não ama o pecado, e a morte de Jesus foi um pecado perpetrado pelos judeus daquele tempo.
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