Para o pensamento bíblico, o conhecimento de Deus, não é uma questão meramente intelectual.
Conhecer Deus é algo que implica uma comunhão orgânica com ele mediante o Espírito Santo:
“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.
Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor.” (1 Jo 4, 7-8). Segundo a Primeira Carta de São João, o amor de Deus não é separado do amor dos irmãos.
Por outras palavras, o amor aos irmãos é o caminho seguro para chegarmos ao conhecimento de Deus:
“A Deus nunca ninguém o viu. Mas se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós” (1 Jo 4, 12).
E logo a seguir acrescenta: “Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso, pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê.
Nós recebemos de Jesus este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão” (1 Jo 4, 20-21).
São Paulo diz que todo o que ama a Deus é conhecido por Deus, no sentido de se constituir uma interacção amorosa entre Deus e o ser humano:
“ Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Deus (1 Cor 8, 3). O conhecimento de Deus, diz a Primeira Carta aos Coríntios, não é uma conquista da ciência humana.
Na verdade, só pelo amor podemos chegar ao verdadeiro conhecimento de Deus: “A ciência incha, mas o amor edifica” (1 Cor 8, 1).
O princípio animador desta interacção fecunda entre Deus e o Homem é o Espírito Santo:
“Nós damo-nos conta de permanecer em Deus e ele em nós, porque ele nos fez participar do seu Espírito” (1 Jo 4, 13).
São Paulo diz que ninguém pode conhecer Jesus Cristo ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo:
“Ninguém é capaz de Dizer: “Cristo é o Senhor ressuscitado” a não ser pelo Espírito Santo” (1 Cor 12, 3).
Conhecer Cristo é fazer com ele uma só carne. Eis a razão pela qual comemos a carne de Cristo (Jo 6, 54-57).
A comunhão, na Eucaristia, é um momento privilegiado para o crente fortalecer este conhecimento de Cristo.
Por isso, comer a carne de Cristo, significa unir-se a Cristo ressuscitado mediante o Espírito Santo (Jo 6, 62-63).
São Paulo diz que a união a Cristo implica fazer parte do corpo de Cristo:
Comemos um só pão porque formamos um só Corpo, isto é, uma união orgânica, isto é, interactiva e fecunda (cf. 1 Cor 10, 17).
O mesmo diz o evangelho de João: “Permanecei em mim que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim acontecerá também convosco, se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu e eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer.” (Jo 15, 4-5).
Calmeiro Matias
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