sábado, 20 de dezembro de 2008

A UNIÃO DO HUMANO COM O DIVINO EM CRISTO-III

III-O DIVINO OPTIMIZA O HUMANO

Podemos dizer com toda a verdade que em Jesus Cristo o divino, ao unir-se ao humano, não o anula. Pelo contrário, optimiza-o.

Também nós, ao sermos assumidos na comunhão familiar da Santíssima Trindade, não somos anulados, mas optimizados nas nossas capacidades de amar e comungar.

A encarnação não pode acontecer num animal precisamente pelo facto de os animais não serem pessoas.

Se a encarnação aconteceu na Humanidade, isto deve-se ao facto de existir proporcionalidade entre as pessoas humanas e divinas.

O mistério da Encarnação é em tudo semelhante ao mistério da Trindade. Como sabemos, Deus é uma comunhão de três pessoas formando, não uma pessoa, mas um Deus que é comunhão de pessoas.

No evangelho de São João, Jesus Cristo, para afirmar a sua união orgânica com Deus Pai, diz que ele e o Pai fazem um (Jo 10, 30).

Nesta união do Pai e do Filho, as duas pessoas não se fundem, nem confundem. O mesmo acontece com a união humano-divina do Filho Eterno de Deus e de Jesus de Nazaré, o Filho de Maria.

Esta união é animada pelo Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Por outras palavras, Jesus Cristo não é uma casca de homem ocupada interiormente pela Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Segundo os diversos dogmas cristológicos, Jesus tinha uma alma humana, isto é, uma interioridade espiritual humana.

Tinha também uma vontade humana, distinta da vontade da Segunda pessoa da Santíssima Trindade.

Além disso, Jesus tinha consciência e liberdade humanas, as quais não eram anuladas pelas divinas.

Por outras palavras, Jesus não era um homem substituído pelo Filho Eterno de Deus. O Espírito Santo é uma pessoa divina. Com seu jeito maternal de amar ele optimiza as relações de amor e fortalece os vínculos de comunhão entre as pessoas.

São Paulo diz que é pelo Espírito Santo que os seres humanos são filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com o Filho de Deus. (Rm 8, 14-17).

Ele é o princípio animador dessa união orgânica que resulta do mistério da Encarnação. O Espírito Santo interage de modo adequado e apropriado com cada pessoa.

Relaciona-se de modo único, original e irrepetível com cada um de nós. Está em mim, por mim e para mim, o que não significa que, por este facto, esteja contra alguém.

O evangelho de São João diz que também nós, graças a Jesus Cristo, somos incorporados na comunhão orgânica da Santíssima Trindade (Jo 17, 21-23).

Por outras palavras, pelo mistério da Encarnação a Divindade enxertou-se na Humanidade, a fim de as pessoas humanas serem assumidas e incorporadas na comunhão familiar das pessoas divinas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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