VI-SABOREANDO A TERNURADE DEUS
A criação, isto é, a marcha da humanização é iniciada com o beijo primordial no barro amassado.
Através deste beijo o hálito da vida entrou no interior do barro e o Homem tornou-se barro com coração.
O texto do Génesis sugere que Deus, depois de o barro estar amassado, lhe deu um beijo. Como consequência, o sopro gerador de vida espiritual entrou no Homem e este tornou-se um ser vivente, isto é um ser animado de vida espiritual.
Podemos chamar a este beijo a intervenção especial de Deus na criação do Homem (Gn 2, 7). O segundo beijo é dado por Deus ao chegar a plenitude dos tempos, isto é, a fase dos acabamentos.
A Encarnação é o segundo beijo através do qual o Espírito Santo nos é comunicado, mas agora de forma intrínseca em virtude de fazermos uma união orgânica com o Filho de Deus.
O Espírito Santo é Água Viva que se torna uma nascente a brotar Vida Eterna no nosso íntimo, como Jesus diz à Samaritana (Jo 4, 14).
Aqui, o Espírito Santo completa em nós a obra da nossa divinização e é-nos comunicado no momento da ressurreição de Cristo (Jo 7, 37-39).
Segundo a linguagem sacramental da Eucaristia, o Espírito Santo é o sangue da Nova e Eterna Aliança que alimenta e dinamiza a união orgânica que nos liga a Cristo.
Com o mistério da Encarnação iniciou-se a plenitude dos tempos, isto é, a fase dos acabamentos ou da divinização do Homem.
São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Com esta expressão, São Paulo quer significar o dom da graça que nos une a Cristo de modo orgânico:
“Fomos baptizados num mesmo Espírito, a fim de formarmos um só Corpo” (1 Cor 12, 13). Estes beijos de Deus são uma dinâmica histórica que se concretiza de modo gradual e progressivo, os quais nos configuram com Cristo através de um novo nascimento, diz Jesus:
“O que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 6). Podemos exultar com São Paulo reconhecendo que Cristo é o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).
O primeiro beijo dá-nos a possibilidade de sermos humanos, o segundo dá-nos a possibilidade de sermos divinos.
O segundo dá-nos a possibilidade de sermos divinos, como diz São João: “Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram dos laços do sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade de um homem, mas sim de Deus.
E o Verbo encarnou e veio habitar entre nós” (Jo 1, 12-14). Jesus ressuscitado alimenta-nos com a sua carne e o seu sangue, os quais não são uma realidade de ordem biológica, mas espiritual.
O Espírito Santo é que dá vida a carne não serve para nada (Jo 6, 62-63). São Paulo diz que a carne e o sangue como ordem biológica, não podem fazer par do Reino de Deus (1 Cor 15, 50).
O nosso coração é, de facto, o templo do Espírito Santo como diz São Paulo:
“Nós é que somos o templo do Deus vivo, como disse o próprio Deus: Habitarei e caminharei no meio deles, serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2 Cor 6, 16).
É com estas palavras bonitas que São Paulo interpreta o mistério do Emanuel, o Deus connosco com o qual nós estamos unido de modo orgânica e dinâmico.
Eis o que ele diz na Primeira Carta aos Coríntios: “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que está em vós e que recebestes de Deus? “ (1 Cor 6, 19).
Para terminar podemos dizer que o Conhecimento de Deus é, realmente, uma experiência de Vida Eterna.
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