No Reino de Deus cada pessoa é um ponto de encontro e uma mediação para acontecer a Comunhão humano-divina.
São Paulo diz que o Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).
Como mediações de introdução na Comunhão Universal, as pessoas são uma concretização única, original e irrepetível do património da Comunhão Universal.
Na verdade, o Reino de Deus é constituído apenas por pessoas que se encontram em perfeita reciprocidade amorosa.
O Reino de Deus, portanto, é a esfera da Comunhão e da novidade permanente. Na Festa da Vida Eterna os seres humanos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito com que treinou durante a sua génese pessoal na História.
Por outras palavras, os ressuscitados continuam com a identidade resultante da sua realização pessoal na história.
Somos pessoas em construção. A nossa identidade espiritual é precisamente o jeito de interagir e comungar com as pessoas humanas e as divinas.
É com este jeito que nós tomaremos parte na Comunhão Universal da Família de Deus. O Reino de Deus é a esfera do amor, essa dinâmica universal de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.
A universalização do Reino de Deus aconteceu com o acontecimento da morte e ressurreição de Jesus.
Na verdade, Jesus Cristo venceu a morte no próprio acto de morrer. Enquanto, sobre a cruz, ia morrendo o que no homem é mortal, o imortal ia sendo glorificado e incorporado na comunhão da Santíssima Trindade.
Deste modo, ao morrer o último elemento daquilo que em Jesus era mortal, o imortal, isto é, a sua interioridade espiritual, estava plenamente ressuscitada.
Isto quer dizer que Cristo não esteve um só minuto sob o domínio da morte, como convinha ao Senhor da Vida!
Foi assim que Cristo, ao morrer, destruiu a nossa morte e ao ressuscitar restaurou e conduziu a nossa vida à plenitude.
Deste modo o Espírito Santo realizou em Cristo a vitória sobre a morte, não apenas para si, mas também para todos nós.
Foi assim que aconteceu a plenitude dos tempos, isto é, a fase da recriação e da divinização da Humanidade.
Se não tivesse havido pecado, a salvação em Cristo consistiria apenas na nossa divinização, pois não era necessário restaurar o Homem distorcido pelo pecado.
Neste caso teria bastado conduzir a Humanidade à sua plenitude pela assunção na comunhão da Santíssima Trindade.
Eis as palavras de São Paulo sobre a plenitude à qual Deus nos conduziu em Cristo: “Foi assim que Deus nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e fiéis ao amor, caminhando na sua presença.
Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo de acordo com a sua vontade, a fim de ser louvado e glorificado pela graça que derramou sobre nós (…).
Foi este o modo como Deus nos manifestou o mistério da sua vontade e o seu plano amoroso, a fim de conduzir os tempos à sua plenitude, reunindo sob o domínio de Cristo tudo o que existe.” (Ef 1, 4-10).
Podemos dizer que o Reino de Deus é a esfera da Comunhão Universal cuja dinâmica é o amor.
Calmeiro Matias
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