sábado, 22 de novembro de 2008

DEUS E O HOMEM COMO SERES DE RELAÇÕES-III

III-DEUS COMO MISTÉRIO DE RELAÇÕES

É no facto de ser uma pessoa talhada para as relações de amor e comunhão que o homem se revela melhor como um ser criado á imagem e semelhança de Deus.

Deus é uma comunidade de amor onde as relações aparecem como fundamentais para definir a identidade de uma pessoa divina, bem como o seu jeito de interagir com as outras pessoas.

E é assim que a primeira pessoa da Santíssima Trindade se constitui como Pai. Deus Pai nunca procriou. No entanto, gerou o seu Filho Unigénito mediante uma relação de doação plena de tipo paternal.

Do mesmo modo, a segunda pessoa da Trindade Divina é Filho, não por ter sido dada à luz, mas porque numa atitude de acolhimento pleno do amor do Pai se constitui com uma identidade de Filho.

Por seu lado o Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar age como princípio dinamizador de relações e vínculo maternal de comunhão orgânica.

A primeira pessoa divina é, na Comunhão Trinitária, o Amor a realizar-se em matiz paternal, isto é, a constituir-se pessoa como amor iniciativa e dom gratuito.

Na segunda pessoa, o Amor concretiza-se em matiz filial, o modo de a pessoa se constituir mediante o outro que se dá de modo paternal.

Na terceira pessoa, o Amor realiza-se como ponto de encontro e reciprocidade amorosa. Por outras palavras, o Espírito Santo é o amor como vínculo maternal de comunhão e convite à reciprocidade.

O Espírito Santo facilita que o Filho saboreie o Amor de Deus Pai e o Pai saboreia o amor do Filho a deixar-se ser totalmente pela vontade do Pai.

Após o mistério da Encarnação o Filho, ao entregar-se plenamente ao Pai, entrega-se também a nós, pois pelo mistério da Encarnação foi-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1,12-14).

Para isso nos conduziu à plenitude da filiação divina pelo mistério da Encarnação. Por outras palavras, nesta comunhão trinitária, o Espírito Santo optimiza a interacção amorosa do Pai e do Filho.

É este o modo de o Espírito Santo realizar o seu jeito maternal de amar. O mesmo acontece em relação à incorporação do Homem na Família de Deus.

São Paulo diz que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

Ao acolher o dom agradecido do Filho, o Pai acolhe-nos juntamente com ele. Após a Encarnação, a Humanidade faz uma união orgânica com o Filho Eterno de Deus.

Como vemos, a natureza divina realiza-se em cada uma das três pessoas divinas de modo único, original e irrepetível.

De modo idêntico, também a natureza humana se realiza de modo único, original e irrepetível em cada pessoa humana.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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