Lembremo-nos deste princípio: Quando uma pessoa sente ódio por alguém não consegue ter paz interior.
A nossa inteligência fica obscurecida e o nosso coração gera negativismo. A situação de ódio e rotura com o irmão, bloqueia as interacções com a presença amorosa do Deus Criador em nós.
Nestas circunstâncias não conseguimos cultivar uma verdadeira serenidade. Na verdade, quando odiamos alguém somos nós os principais prejudicados.
Foi esta a razão pela qual Jesus nos mandou orar pelos nossos inimigos: “Digo-vos a vós que me escutais: amai os vossos inimigos e fazei bem aos que vos odeiam.
Abençoai os que vos amaldiçoam e rezai pelos que vos caluniam” (Lc 6, 27-28). À medida que a pessoa reza pelos inimigos começa a sentir-se liberta do remoinho que a faz girar à volta dos sentimentos negativos que só a desgastam, perturbam a sua paz e bloqueiam as suas capacidades criadoras.
As nuvens de ódio que escurecem o nosso coração só podem ser diluídas mediante um propósito firme de perdoar.
Quando comunicamos significativamente com outras pessoas, estamos a estruturar-nos como pessoas capazes de comunhão.
Pouco a pouco, e sem nós darmos por isso, as relações vão criando uma reciprocidade entre nós e os outros.
O modo como vemos o outro começa a ser também o modo como ele nos vê a nós e o modo como o outro nos trata converte-se, pouco a pouco, no modo como nós o tratamos a ele.
Todo o ser pessoal está talhado para o encontro e a reciprocidade amorosa. Por outras palavras, as pessoas conhecem-se e possuem-se na medida em que interagem com as outras.
Nas nossas relações com os outros encontramo-nos e possuímo-nos, do mesmo modo os outros, nas suas relações connosco encontram-se e possuem-se.
É também através das relações que o nosso psiquismo se estrutura e o nosso ser espiritual emerge esse robustece.
Basta pensarmos que a pessoa não é capaz de amar antes de ter sido amada. Por outras palavras, é o amor dos outros que nos capacita para amar.
Este aspecto é fundamental, pois a pessoa só se humaniza mediante o amor. Podemos dizer que as relações são, de facto, a dinâmica que faz emergir e crescer a pessoa na sua identidade fundamental.
Calmeiro Matias
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