Com o salto da hominização, a vida entrou no limiar da vida espiritual. Com a entrada no limiar da hominização, o barro ficou amassado, isto é, a marcha evolutiva atingiu a complexidade biológica do Homem.
Inicia-se a marcha da humanização, tarefa que temos de realizar e da qual ninguém nos pode substituir.
Na verdade, Deus criou-nos para que nos criemos, a fim de podermos emergir como pessoas livres, conscientes e responsáveis.
Bloquear este processo é morrer, isto é, recusar-se a ser mais pessoa mediante a dinâmica do amor.
Isto quer dizer que é agora o tempo da nossa gestação. É agora a nossa vez de nos construirmos, dando continuidade à História Humana.
Muitos estiveram antes de nós. E se não destruirmos a nossa Terra bonita e fecunda, muitos outros virão enriquecer o património da Comunhão Humana Universal.
Nesta tarefa ninguém se pode realizar sozinho. Com efeito, a marcha da humanização é uma tarefa de amor.
Esta é, realmente, a vocação fundamental da pessoa em construção. Eis a grande tarefa da vida a desabrochar, a qual está talhada para o face a face da comunhão do Homem com Deus.
Nesta comunhão humano-divina, a pessoa possui-se na medida em que se dá.
É o mistério da pessoa talhada para a reciprocidade, dinâmica na qual recebe na medida em que dá.
Sem densidade pessoal, a vida não subsiste eternamente.Além disso, a vida só é vida plena na medida em que é vida partilhada.
A pessoa que se isola entra na lógica da morte eterna. Na verdade, o estado de inferno não é mais que a pessoa totalmente isolada sem possibilidade de interacção e comunhão amorosa.
No estado de inferno, a pessoa não tem ninguém que lhe diga: “Gosto muito de ti! Dá-me a tua mão e vamos fazer uma festa.
Nesta situação, o ser humano não se encontra nem se possui, pois a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa.
Ao atingir a densidade pessoal-espiritual, a vida tornou-se vida com maiúscula, passando a fazer parte da cúpula personalizada do Universo.
Por tomar parte na sua própria realização, a vida espiritual acontece em cada pessoa de modo único, original e irrepetível.
Só as opções e escolhas orientadas pelo amor fazem desabrochar e fortalecer-se a interioridade pessoal.
À medida que a pessoa amadurece, mais dona se torna do seu processo de humanização,
Mais se torna capaz de interagir e comungar com as outras pessoas.
Realizar-se como pessoa é fazer emergir o que falta ao interior do nosso ser em gestação.
Com efeito, é este o único modo de vencer as fronteiras da finitude.
Com o salto da vida pessoal, a marcha evolutiva atingiu o sucesso do irreversível e definitivo.
Com Jesus Cristo esta aspiração foi definitivamente realizada.
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