Somos colaboradores de Deus na tarefa da nossa criação.
De facto, nós nascemos para nos construir. Levamos no mais íntimo do nosso ser uma interioridade espiritual a crescer.
No interior do nosso ser corporal emerge o nosso ser espiritual como o pintainho dentro do ovo.
Isto quer dizer que não somos uma alma estática vinda de fora e entrando no nosso corpo como algo acabado.
O nosso ser exterior é o útero generoso que abriga a nossa vida espiritual, possibilitando a sua plena gestação.
A bíblia chama coração ao núcleo mais nobre do nosso ser espiritual e que é o ponto de encontro com Deus e os outros.
Na verdade, Deus criou-nos para o encontro e a comunhão. Para podermos ser autores de nós mesmos, Deus não nos criou acabados.
Por outras palavras, Deus criou-nos, para que nos criemos. É por esta razão que, ao nascer, já trazemos connosco um leque de talentos que tornam possível a nossa realização.
Isto quer dizer que começamos por ser o que os outros fizeram de nós, pois é deles que recebemos a matéria-prima para nos criarmos.
Não escolhemos a raça, a língua, a família, a cultura ou a nacionalidade. Encontrámo-nos na vida com estes dados já estabelecidos.
Apesar de não os termos escolhido, os talentos formam o alicerce sobre o qual vamos a estruturando o nosso ser.
Na verdade, levamos no mais íntimo de nós uma pessoa a estruturar-se modo livre, consciente, responsável e capaz de amar.
Como o leque dos talentos não se repete, a Humanidade está a emergir no concreto de cada pessoa de modo único, original e irrepetível.
Isto quer dizer que está a emergir dentro de nós uma obra-prima feita de espírito cuja matriz é o nosso corpo feito de barro.
A força que faz emergir esta obra-prima é a dinâmica das relações de amor. Isto quer dizer que a emergência do nosso ser interior é uma tarefa que ninguém pode realizar por nós, pois Deus criou-nos para que nos criemos.
É verdade que Deus está connosco, mas não nunca nos substitui. Nascemos para renascer e comungar. O nosso ser interior, por ser por ser pessoal e espiritual é definitivo e eterno.
O nosso ser exterior, pelo contrário, é passageiro e mortal. Envelhece e vai-se degradando de modo progressivo e irreversível.
Calmeiro Matias
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