II-A VIDA QUE VENCE A MORTE
A curva da vida a caminhar para a morte é implacável e impõe-se a todos os seres vivos.
Os passos fundamentais da a orientar-se para a morte são: nascimento, crescimento, envelhecimento e morte.
Apenas a vida pessoal, por ser espiritual, escapa à lei implacável desta curva da vida a caminhar para a morte.
O processo histórico da humanização tem uma vertente exterior, isto é, social e histórica e a vertente interior ou espiritual.
A nível espiritual a pessoa não está talhada para o vazio da morte, mas para a plenitude da comunhão com Deus.
É por esta razão que Jesus disse que temos de nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).
O ser humano renasce na medida em que emerge como interioridade pessoal. Este renascimento acontece pela dinâmica do amor.
Nascemos para entrar no processo da humanização cuja lei é: emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal do Reino de Deus.
Emergir como pessoa significa crescer em densidade espiritual e capacidade de interagir amorosamente com os outros.
A plenitude da pessoa, portanto, não está em si, mas na comunhão com os outros. Renascer significa emergir como pessoa a convergir para a comunhão.
A interioridade da pessoa cresce em dinâmica de relações. Além disso, por ser espiritual, tem densidade de vida eterna.
O Espírito Santo é a pessoa que anima as relações familiares entre Deus e o Homem.
O Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo, a fim de possibilitar a comunhão orgânica entre Deus e o Homem.
É verdade que as pessoas humanas não são iguais às divinas, mas são-lhe proporcionais.
O nosso ser é constituído por duas faces profundamente diferentes: a face exterior que é física e a face interior que é espiritual.
O nosso ser exterior mede-se por quilos, densidade de emoções e propriedades adquiridas. É avaliado pelo que tem.
O ser interior, pelo contrário, constitui a nossa identidade definitiva e mede-se pela capacidade de amar.
Poroutras palavras a nossa face interior não vale pelo que tem mas sim que é.
O nosso ser exterior está votado à morte. É como a casca do ovo depois de o pintainho ter nascido: só lhe resta entrar nos circuitos físicos e químicos da Natureza.
Apenas a nossa interioridade pessoal, por ser espiritual, pertence à esfera da transcendência, a qual é constituída pela comunhão das pessoas divinas, humanas e todas as outras que possam
existir.
Por outras palavras, o nosso ser exterior acaba no silêncio da solidão cósmica, tal como as plantas ou animais após a morte.
O nosso ser interior, pelo contrário, está chamado à plenitude amorosa da Comunhão Universal.
Eis o que significa termos sido criados à imagem e semelhança de Deus e estarmos a caminhar para a comunhão dos ressuscitados com Cristo.
É este o coração do nosso ser onde foi derramado o amor de Deus pelo Espírito Santo que nos é dado (Rm 5, 5).
Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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1 comentário:
Agradeço-lhe muito muito esta partilha...
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