O evangelho de São João diz que pelo mistério da Encarnação foi dado aos seres humanos o poder de se tornarem filhos de Deus.
Este dom não acontece por vontade da carne ou do sangue, mas por vontade de Deus. Foi para isso que o Logos Encarnou e habitou no nosso meio (Jo 1, 12-14).
O ser humano, portanto, não fica acabado pelo facto de termos nascido da carne. Eis a razão pela qual é preciso nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).
A pessoa humana só atinge a plenitude com a filiação divina. Mas a paternidade divina precisa da mediação da paternidade humana para realizar a dimensão humano-divina.
Por outras palavras, para ter filhos humanos, Deus Pai precisa dos pais humanos. Podemos dizer a paternidade humana encontra a sua plenitude na paternidade divina.
A paternidade humana e a divina não são concorrentes, pois não se passam ao mesmo nível da realidade:
A paternidade humana é histórica e a divina é eterna. A paternidade divina é espiritual e a humana é biológica e psíquica.
As famílias humanas assentam nos laços do sangue. A Família divina, pelo contrário, assenta nos laços do Espírito Santo.
A maneira de a Família humana caminhar para a divina é criar laços de comunhão e amor que ultrapassem os laços do sangue.
São Paulo diz que todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai, bem como irmãos e co-herdeiros com Cristo (Rm 8, 14-17).
A nossa união a Jesus Cristo é de tipo orgânico. É como a união dos membros do corpo com a cabeça (1 Cor 10, 17; 12, 27).
O evangelho de São João diz que a união de Cristo com a Humanidade é semelhante à união orgânica que existe entre a cepa da videira e os seus ramos (Jo 15, 1-7).
A grandeza da paternidade humana está no facto de se ultrapassar a si mesma e ser mediação para acontecer a paternidade divina.
Calmeiro Matias
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