A Humanidade faz parte da cúpula personalizada da Criação. Esta cúpula é constituída pelas pessoas humanas, as divinas e todas as outras que possam existir.
A morada Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas cujas coordenadas se situam na interioridade máxima de todas as coisas.
Isto quer dizer que Deus chega sempre até nós a partir de dentro!
Por ser constituída por pessoas e estar chamada a comungar com Deus, a Humanidade faz parte do melhor que a Criação conseguiu concretizar.
Apesar de não serem iguais às pessoas divinas as pessoas humanas são-lhe proporcionais.
Por se estar a edificar como comunhão de pessoas, a Humanidade é já proporcional à Divindade.
Na verdade, já pode acontecer interacção e comunhão amorosa entre o Homem e Deus. Por outras palavras, as pessoas humanas não são divinas por natureza, mas graças ao acontecimento da Encarnação já fazem parte da Família de Deus.
Pela Encarnação o divino enxertou-se no humano, a fim de a Humanidade ser divinizada.
As pessoas revelam-se, quer contando a sua história pessoal, quer começando a relacionar-se em profundidade.
Apesar de a identidade dos seres humanos ser histórica, a sua vida profunda, por ser pessoal e espiritual, já tem sabor a eternidade.
Por ter sido criado para comungar com Deus, a plenitude do humano é o divino. Ao criar-nos à sua imagem e semelhança, Deus talhou-nos paras sermos membros da Família Divina, pois a Santíssima Trindade tem uma configuração de comunhão familiar:
A Primeira Pessoa da Trindade Divina tem um jeito paternal de amar. A Segunda ama com um jeito filial e a Terceira, o Espírito Santo, é o amor maternal de Deus.
Graças a Jesus Cristo, a Humanidade já está, portanto, incorporada na comunhão familiar divina.
A Humanidade é todos e cada um dos seres humanos. Não apenas os que vivem hoje na história, mas também todos os que nos precederam.
Os seres humanos que vivem actualmente na História formam a parcela dos que estão de turno na edificação da Humanidade.
Os que nos precederam são a multidão dos que já realizaram a missão histórica da sua realização como pessoas, colocando o alicerce deste edifício em construção que é o Homem.
Nós, os que estamos hoje no turno da História Humana, estamos a caminhar para a plenitude da Comunhão Universal da Família de Deus.
Os que nos precederam na História, já atingiram a meta para a qual nós estamos a caminhar.
Mas entre eles e nós existe uma união orgânica e interactiva que é a Comunhão Universal dos Santos.
Mas eles continuam organicamente unidos a nós e nós a eles, formando a comunhão Universal dos Santos.
Com Jesus Cristo chegou a plenitude dos tempos. O tempo da gestação chegou ao fim. Agora é o tempo do parto que vai dar origem ao nascimento dos filhos de Deus, como diz a Carta aos Gálatas:
“Mas quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho (…), a fim de recebermos a adopção de filhos.
E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho que clama: Abba, Pai Querido!
Deste modo já não és escravo mas filho. Ora, se és filho és também herdeiro por graça de Deus” Gal 4, 4-7).
Após a Encarnação, esse enxerto maravilhoso do divino no humano, os seres humanos, à medida que se humanizam são já divinizados.
Com efeito, graças à união que nos liga a Cristo e, por ele, à Santíssima Trindade, já vivemos a vida da graça.
Isto quer dizer que a vida humana já está a ser optimizada de modo permanente pela acção do Espírito Santo que nos vai incorporando de modo gradual e progressivo na Família de Deus.
Através da evolução animal, o barro foi-se amassando até adquirir a sua configuração adequada, isto é, a complexidade própria do ser humano.
Depois, Deus deu-lhe o beijo primordial e o hálito da vida de Deus passou para o interior do barro dando origem ao Homem em construção.
Imaginando o plano da criação como se fosse um dia, diríamos que ao nascer da aurora, Deus amassou o barrou e comunicou-lhe a força personalizante do Espírito Santo.
Ao meio-dia, o Filho de Deus enxertou a sua vida divina no Homem pelo mistério da Encarnação, inaugurando a plenitude dos tempos e o parto que dá origem ao nascimento dos filhos de Deus.
A fome de felicidade e plenitude que levamos em nós são o sinal de que a nossa vocação é a incorporação na própria Família de Deus.
O acontecimento de Cristo ressuscitado é a garantia de que Deus não nos frustrou e de que estamos a caminhar de modo seguro para a plenitude da Vida Eterna.
O apelo interior que nos convida a crescer e a realizarmo-nos como pessoas tem sentido pleno, pois o ser humano não nasce acabado.
Tudo isto quer dizer que não estamos a construir para o vazio da morte e a nossa meta não é a perda definitiva da nossa identidade pessoal-espiritual.
No Reino de Deus, a pessoa é assumida e optimizada na Comunhão da própria Santíssima Trindade.
O Homem não nasce acabado. Deus criou-nos para que nos criemos mediante decisões, opções e realizações com a densidade do amor.
Cada pessoa está chamada a ser como quiser ir sendo através de uma cadeia de escolhas, opções e projectos de vida.
É verdade que ninguém nos pode realizar nesta tarefa da nossa construção. Mas também é verdade que ninguém se pode realizar sozinho, pois a humanização é uma tarefa de amor.
O Homem sonhado por Deus tem um rosto comunitário. O Livro do Génesis diz Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança, criando-os homem e mulher (Gn 1, 26-27).
Calmeiro Matias
Sem comentários:
Enviar um comentário