quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SABOREANDO A NOSSA CAMINHADA PARA DEUS

Pai Santo,
A tua morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto quer dizer que tu te tornas presente a nós sempre a partir de dentro. No ponto onde
termina a nossa interioridade espiritual limitada, começa a vossa morada espiritual ilimitada.

Podemos dizer que o ponto de encontro entre o Homem e Deus é o coração humano. É isto que a Carta aos Romanos quer dizer quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo põe-nos em Comunhão contigo, Pai Santo, e com o teu Filho, incorporando, deste modo, na Família da Santíssima Trindade.

Espírito Santo,
Apesar de estares tão próximo de nós, tu nunca nos invades ou manipulas. Na verdade, tu estás connosco, mas nunca estás em nosso lugar.

A tua presença junto a nós é dinâmica, criativa e amorosa. Quando abrimos o nosso coração ao amor tu tornas-te, Espírito Santo, uma presença que nos faz renascer, como Jesus diz no evangelho de São João (Jo 3, 6).

O Livro do Génesis diz que tu és o hálito de Deus que faz emergir no nosso íntimo a vida espiritual: “Então o Senhor Deus formou o Homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o hálito da vida.

E foi assim que o Homem se transformou num ser com vida espiritual” (Gn 2, 7). A nossa grande vocação sobre a terra é realizarmos a tarefa da nossa construção pessoal, a fim de atingirmos a comunhão humana universal.

De facto, nascemos para nos irmos construindo, sendo dóceis ao Espírito Santo, como disse Jesus: “Em verdade em verdade te digo: quem não nascer do Alto, não pode ver o Reino de Deus.

Nicodemos perguntou: “Como pode um homem nascer sendo velho? Porventura poderá entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer?

Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: quem não nascer do Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus.

Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 3-6).
Com estas palavras, Jesus quis ensinar que a pessoa humana é um ser em processo de humanização, a qual acontece como emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal.

Com efeito, a emergência espiritual da pessoa é um processo histórico e progressivo. É por esta razão que a pessoa, para se dizer, a tem de contar uma história.

Na verdade, a pessoa humana só consegue comunicar a sua realidade de modo profundo, contando uma história.
A força que faz emergir e fortalece o homem espiritual é o amor. É por esta razão que a pessoa bem-amada se vai constituindo como pessoa bem estruturada.
O mal-amado, pelo contrário, emerge como pessoa mal estruturada e, portanto, condicionada nos seus talentos.

Na verdade, todos nós nascemos com um leque de talentos que são a matéria-prima da nossa realização pessoal.

Ninguém é herói por ter recebido muitos talentos. Do mesmo modo, ninguém é culpado se o feixe das suas capacidades é limitado.

A heroicidade está na fidelidade aos talentos que recebemos, isto é, às possibilidades de realização que temos em nossas mãos.

Pai Santo,
A nossa fé diz-nos que, a Divindade é uma comunhão orgânica de pessoas e que a Humanidade está a emergir à imagem e semelhança da Divindade.

Com o aparecimento da vida espiritual na marcha evolutiva surgiu no Universo a capacidade de amar, dando origem ao aparecimento de seres pessoais.

Por ser espiritual, a vida pessoal entrou no limiar da imortalidade, passando afazer parte da esfera da comunhão amorosa cujo coração é a Santíssima Trindade.

Como o leque dos talentos pessoais não se repete, cada pessoa emerge de modo único, original e irrepetível.

Eis a razão pela qual ninguém está a mais nesta caminhada para a comunhão universal da Família de Deus.

A Encarnação, isto é, o enxerto do divino no humano tornou-se possível graças ao facto de a Humanidade ser pessoas e a Divindade também.

É verdade que as pessoas humanas nãos são iguais às divinas, mas são-lhe proporcionais. Na verdade, já pode acontecer interacção amorosa entre Deus e o Homem.

Graças a este mistério da Encarnação, diz o evangelho de São João, Deus deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).
Aleluia!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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