segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

VOCAÇÃO PARA A FRATERNIDADE UNIVERSAL

Pai Santo,
No princípio, o teu amor de pai orientava-se de modo exclusivo para o teu Filho Unigénito.

Pelo mistério da Encarnação o Filho Eterno de Deus dividiu connosco a sua herança de Filho Único e nós passamos a ser co-herdeiros com ele, tornando-nos, por isso, filhos de Deus (cf. Rm 8, 14-17; Gal 4, 4-7).

Filho Eterno de Deus,
Nós te damos graças por teres partilhado connosco o amor infinito com que o Pai te ama desde toda a eternidade.

Por tomarmos parte contigo no amor paternal de Deus, já podemos dizer contigo “Abba, Pai Querido”.

E foi assim que passamos a fazer parte do mistério da Fraternidade Universal, cujo princípio animador é o Espírito Santo.

Primeiro decidiste fazer-te irmão de todos nós. Depois deste-nos o mandamento do amor ao próximo, colocando-nos, deste modo, em situação universal de fraternidade.

Jesus Cristo,
Neste momento recordo as tuas palavras quando confiastes aos Apóstolos o mandamento do amor, dizendo:

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12).
Espírito Santo,

Com teu jeito maternal de amar tu optimizas as relações entre os seres humanos irmãos, conduzindo-os, deste modo, à Família Universal de Deus.

Tu és no nosso íntimo o grande construtor do jeito fraternal de amar, ajudando-nos a passar do coração egoísta de Caim, para o coração fraterno de Jesus Cristo.

Deste modo aperfeiçoas algo que em nós está esboçado, pois somos seres talhados para a comunhão fraterna.

Na verdade, nós precisamos da estima dos outros para sermos capazes de gostarmos de nós.
A comunhão fraterna é a grande meta da humanização.
De facto, a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Reduzida a si, a pessoa está em estado de perdição. Com efeito, o estado de inferno não é mais que a ausência total e definitiva da comunhão.

Na verdade, os seres humanos apenas podem estruturar-se de modo equilibrado em contexto de fraternidade, pois as pessoas não são ilhas.

Eis alguns passos importantes que nos ajudam a moldar um coração capaz de comunhão fraterna:

Tentar compreender o outro na sua realidade mais profunda e nas suas diferenças, pois a pessoa tem muita dificuldade em se realizar quando se sente rejeitada nas suas diferenças.

Assim, por exemplo, uma pessoa não consegue dar-se se não se sente amada e valorizada pelos outros.

É importante habituar-se a confiar nos outros e agir de modo a merecer a sua confiança. Guardar segredo sobre as comunicações e segredos que os outros nos comunicam para merecermos a sua confiança.

Estar atentos ao que os outros fazem e saber valorizar as suas realizações. Comunicar sempre numa linha de verdade e autenticidade.

Compreender e aceitar a história pessoal das outras pessoas, a fim de os compreender e aceitar melhor.

Tomar consciência de que os outros são um dom de Deus para nós. Na verdade só tornando-nos irmãos dos outros podemos ser filhos de Deus e, deste modo, fortalecer a fraternidade universal, o único jardim onde acontece a plenitude humana.

É importante reconhecer que ninguém é bom em tudo, esforçando-se por aceitar as qualidades dos outros, a fim destas se tornarem carismas, isto é, dons para nós.

Recordar-se que o Espírito Santo está nos nossos irmãos, tal como está em nós, compreendendo que nós não somos os únicos detentores da verdade.

Referindo-se à fraternidade da comunidade cristã, São Paulo diz o seguinte:
“Há um só corpo e um só Espírito (...). Há um único Senhor, uma única Fé, um único baptismo.
Há um só Deus e Pai de todos que está acima de todos, actua por meio de todos e se encontra no coração de todos” (Ef 4, 4-6).

É importante estar disposto para falar quando é necessário e estar disponível para escutar, sinal de apreço e respeito pelos irmãos.

Na verdade, quem se recusa a escutar os outros com respeito não merece ser escutado.
Espírito Santo,

Ajuda-nos a construir um coração fraterno, a veste indispensável para tomar parte na Comunhão do Reino de Deus.

Ajuda-nos a ser construtores de fraternidade na História, pois esta é a maneira de sermos incorporados na Comunhão Universal da Família de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias





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